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A Questão da Língua e o Contexto da Imigração

Olhando para o panorama em que se deu a imigração italiana para o Sul do Brasil e o tempo decorrido desde o início desse processo de integração dos imigrantes ao novo meio, cabe perguntar o que sucedeu com a(s) língua(s) falada(s) por eles.

8 Sobre o tratamento dado pelos periódicos italianos ao fenômeno da emigração de massa para a América no

último quartel do século XIX, consultar Santos (1990, 1999).

9 Citado por Santos (1999, p. 64).

10 Segundo dados estatísticos citados por Carneiro (1950), no período que compreende os anos de 1819 a 1947,

entraram no Brasil 4.903.991 imigrantes, dos quais 1.513.151 italianos. De acordo com Roy Nash, citado por Piazza (1976, p. 43), entre 1831 a 1920, entraram no Brasil 4.698.277 imigrantes, sendo 1.388.893 italianos.

A questão lingüística nas regiões de colonização européia no Sul do Brasil, mais especificamente nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, passados mais de 180 anos desde que chegaram os primeiros alemães e cerca de 130 anos desde que chegaram os primeiros italianos, costuma ser descrita em três fases: a fase monolíngüe, quando os imigrantes falavam a língua de origem e, paulatinamente, iniciaram a aquisição do português como segunda língua; a fase bilíngüe, em que os imigrantes e seus descendentes usavam o português como língua do meio externo e a língua de seus ancestrais nas comunicações familiares e comunitárias; e a fase inicial de difusão do português, que corresponde às terceira e quarta gerações dos descendentes, quando se iniciou, em graus variáveis, um processo de mortandade das línguas dos imigrantes.

Especificamente com relação à situação lingüística nas regiões de colonização italiana, Frosi (1987b, p. 220) considera que, nas primeiras décadas, prevalece a diversidade dialetal, uma vez que a comunicação se realiza em diversos dialetos italianos12 dentro de um contexto sociocultural marcadamente italiano. Em seguida, o bilingüismo tornar-se-ia realidade, concomitantemente à aculturação dos ítalo-brasileiros, que, progressivamente, mudam e alternam sua linguagem, usos e costumes. Essa segunda fase se acentua na década de 30 com o movimento de “nacionalização do ensino” imposto pelo governo de Getúlio Vargas, que inibia as populações bilíngües de assumirem abertamente seu bilingüismo,13 passa pelo crescimento e expansão da indústria do vinho na década de 40-50 e vai até fins da década de 60, quando começaram a se romper as barreiras do isolamento das comunidades mais afastadas dos maiores centros urbanos, com a construção de estradas, expansão dos meios de comunicação, eletrificação rural e abertura de novas escolas, nas quais o ensino era, obrigatoriamente, em português. A partir de então, apesar do bilingüismo, o português passa a

12 A expressão “dialetos italianos” tanto se refere aos grupos dialetais presentes no Sul do Brasil (vênetos,

lombardo, friulano e trentino) quanto aos subgrupos (grupo lombardo: bergamasco, cremonês, mantuano, milanês; grupo vêneto: feltrino-belunês, paduano, rovigoto, trevisano, veronês, vicentino; grupo trentino: trentino; grupo friulano: friulano) e às variedades em contato. A respeito das diferenças e semelhanças entre os diferentes dialetos italianos, especialmente aqueles falados pelos imigrantes italianos do Sul do Brasil, vejam- se Bunse (1975), Frosi e Mioranza (1983), entre outros.

13 “Com a II Guerra Mundial (1939-1945) houve mais um golpe na possibilidade de manter a língua original

destas imigrações, quando o governo proibiu o uso das línguas estrangeiras, tanto para falar como também para publicações impressas. Cite-se o exemplo do Staffetta Riograndense que teve de mudar seu nome para Correio Riograndense, passando a circular em português. [...] Além de todas as causas ligadas à imigração, veio somar- se a questão da guerra, que não conseguiu pôr um ponto final na conservação da língua original e dos valores culturais, especialmente entre descendentes de italianos. Pelo contrário, ajudou a acrescentar pontos que se tornaram decisivos na criação de um clima adverso na recuperação da história e da pesquisa da imigração italiana no Rio Grande do Sul. Nas famílias, e em muitas pequenas localidades do interior, a proibição de falar e de escrever em língua estrangeira não teve qualquer repercussão.” (Borghetti, 2001, p. 840-841).

predominar sobre as línguas de imigrantes; aos poucos, vai se consolidando a integração dos ítalo-brasileiros à nação.

Hoje em dia, o maior ou menor grau de manutenção da língua italiana varia de um lugar para outro e, nos casos em que ainda se verificam situações de uso cotidiano dessa língua de imigrantes juntamente com o português, os estudos têm revelado que a língua da etnia distanciou-se significativamente da língua trazida pelos primeiros imigrantes, constituindo-se numa variedade com características próprias. Essa constatação não é nova. Bunse (1975), ao confrontar material etnolingüístico sobre o viticultor e a vitivinicultura na Antiga Região Colonial Italiana do Rio Grande do Sul14 com o Atlas Lingüístico e

Etnográfico da Itália e da Suíça (A. I. S.), verificou que os dialetos falados na referida região “apresentam as características fonológicas, morfológicas, sintáticas e lexicais dos dialetos do Norte da Itália” (p. 67). Constatou, ainda, que “predomina o dialeto vêneto, respectivamente os subdialetos vênetos, fundido com elementos de outros dialetos setentrionais numa koiné”15 dialetal, principalmente sob o ponto de vista lexical, prevalecendo a fonologia do vêneto” (p. 67).

Na ocupação dos lotes das colônias,16 não foi levado em conta o critério etnolingüístico. As levas de imigrantes italianos eram, em geral, mistas, provenientes de diferentes províncias e, portanto, falantes de dialetos diferentes. O contato de diferentes dialetos italianos no Sul do Brasil deu origem a um modo de falar característico e bastante peculiar, conhecido como talian, ou coiné vêneta (italiano brasileiro). Os vênetos, que vieram em maior quantidade – os números giram em torno de 60% –, irradiaram com maior intensidade seu dialeto e seus costumes. Dessa forma, o dialeto vêneto foi se impondo de forma natural na Região Sul do Brasil. É esse dialeto, aqui modificado pelo contato com outros dialetos italianos, especialmente o lombardo, que dá origem ao talian ou à coiné vêneta.

Foi essa coiné que se defrontou, na escola e na vida sócio-político-econômica, com o português, falado diversamente nas diferentes regiões. A miscigenação lingüística se deu à semelhança da mistura dos sangues. Nas primeiras décadas houve resistência aos casamentos,

14 A “Antiga Região Colonial Italiana” do RS corresponde aos atuais municípios de Caxias do Sul, São Marcos,

Farroupilha, Garibaldi, Bento Gonçalves, Flores da Cunha, Antônio Prado, Nova Prata e Veranópolis.

15 “A coiné, resultado da fusão dos dois grupos mais representativos (vêneto e lombardo), torna-se, pois, o

instrumento lingüístico de comunicação entre as diversas comunidades ítalo-brasileiras tanto no convívio familiar quanto no relacionamento comercial” (Frosi e Mioranza, 1979, p. 99).

depois as barreiras foram caindo. Na língua ocorreu um fenômeno semelhante. Hoje, ao falar o talian (vêneto brasileiro) em qualquer lugar da regione vêneta, os italianos de lá reconhecem a língua, embora na fala vêneta do Brasil apareçam formas e expressões da língua portuguesa e algumas vozes dialetais brasileiras próprias do Sul do Brasil.

De acordo com Giovanni Meo Zilio (2001), o fenômeno mais importante sobre a história dos imigrantes sem história, como alguém melancolicamente definiu, é a manutenção, depois de um século, da própria língua de origem em nível familiar, interfamiliar e, em determinadas ocasiões (festas, jogos, reuniões sociais), até em nível comunitário.

Si può parlare di un'isola linguística, relativamente omogenea, dove la lingua veneta ha finito per trionfare sul lombardo, sul friulano ecc., estendendosi come uma koiné interveneta all’interno di um contesto eterofono (il lusobrasiliano). Essa ci consente di ricostruire, come in vitro, dopo tre o quattro o anche cinque generazioni, la lingua dei nostri nonni o bisnonni, soprattutto per gli aspetti orali non documentati come la pronuncia e l’intonazione, o per l’uso di certi proverbi, modi di dire, canti d’epoca e degli stessi... (...) Così attraverso la storia delle parole (quelle conservate, quelle alterate e quelle sostitute) possiamo ricostruire alcuni spacatti della storia, commossa e commovente, di quelle comunità. (p. 497).17

Luzzatto (1994), ao pesquisar a maneira característica de falar (el nostro parlar) dos imigrantes, assinala que

dos imigrantes italianos que colonizaram o Sul do Brasil, aproximadamente 95% eram provenientes do Vêneto, do Trentino-Alto Ádige, do Friuli-Venezia Giulia, isto é, do Tri- Vêneto, e da Lombardia. Desses imigrantes, mais de 60% possuíam a língua e a cultura vênetas. Tinham falares diferentes, sotaques distintos, mas a língua-mãe era a mesma: o vêneto. Quando aqui chegaram foram instalados em colônias, sem respeitar a origem de cada família. Assim, uma família trentina da Valsugana, por exemplo, passava a ser vizinha de uma friulana, de Pordenome, de um lado, e de outra lombarda, de Bérgamo, com várias famílias vênetas ao seu redor. Evidentemente era preciso entender-se. Daí resultou uma língua de comunicação, uma coiné, muito mais vêneta do que lombarda, ou friulana, ou trentina, pois vêneta era a maioria (p. 21-23).

O vêneto e o trentino foram, sem dúvida, os dialetos italianos que marcaram presença mais forte nos estados do Sul do Brasil. O vêneto tem força acentuada no Rio Grande do Sul, inclusive com produção escrita, textos em prosa e verso, gramática

17 Pode-se falar de uma ilha lingüística, relativamente homogênea, onde a língua vêneta acabou triunfando sobre

o lombardo, sobre o friulano etc., estendendo-se como uma coiné intervêneta ao interior de um contexto eterófono (o lusobrasileiro). Essa língua possibilita reconstruir, como uma espécie de mosaico, depois de quatro ou cinco gerações, a língua de nossos avós e bisavós, sobretudo por seus aspectos orais não documentados como a pronúncia e a entonação, ou pelo uso de certos provérbios, modos de dizer, cantos da época e dos acentos... Assim, através da história da fala (aquela que se conserva, aquela que foi alterada e aquela que foi substituída), é possível reconstruir aspectos da história daquela comunidade (N. T.)

sistematizada18 e, sobretudo, diversos estudos acadêmicos, dissertações e teses de pós- graduação. O trentino, embora também tenha sido estudado sociolingüisticamente, é mais pobre em publicações.

Segundo José Curi (1994, p. 1-2),

se nos limitarmos ao trentino-vêneto ou à coiné italiana que cobre não só o Estado de Santa Catarina, mas todo o Sul do Brasil, não seria absurdo admitirmos uma ‘cultura do talian’, incluindo nesse conceito dialetos como o nosso trentino, o vêneto, o lombardo, o friulano, o piemontês, o vicentino, o padovano, o bergamasco, o napolitano etc., ou, para falar filologicamente, todos os dialetos que denunciam abertamente as suas longínquas matrizes latinas e pré-latinas, já que nossos dialetófonos, embora mais numerosos do Tri-vêneto, trouxeram vozes da Itália lombarda e meridional.

Apesar da propalada homogeneização do falar dialetal vêneto, nos casos em que houve assentamento predominante de determinado grupo étnico ao longo de um mesmo travessão, houve o surgimento de ilhas dialetais particularizadas19. Trata-se, todavia, de casos

isolados, pois ainda que a maioria dos imigrantes italianos falasse seus respectivos dialetos, e não a língua italiana da Toscana – a chamada língua nacional, oficial –, todos esses dialetos, se eram díspares na configuração, eram semelhantes na essência, visto que todos tinham base latina. Em razão disso e obviamente da presença mais numerosa de falantes do dialeto vêneto, já a partir da segunda geração dos imigrantes italianos, o contato interdialetal transformou praticamente todos os dialetos italianos trazidos ao Sul do Brasil numa coiné de base vêneta,20 que irá influenciar – e ser influenciada – o português do Sul do Brasil, não só no léxico, mas sobretudo na morfossintaxe e na fonética. O relacionamento dos imigrantes italianos com os luso-brasileiros (negri ou brasiliani) falantes de português, mesmo ocorrendo numa variedade de português distanciada daquela falada nos maiores centros urbanos, e, como tal, considerada padrão, foi o primeiro passo para a interinfluência não só de costumes e técnicas, mas também, e com acentuada intensidade, na língua. Logo no início, o italiano, aos poucos, distanciava-se daquele das origens, impregnado de traços do português. Do mesmo modo, o português, impregnado de traços do italiano, traz, ainda hoje, em muitas comunidades em que prevalecem os descendentes dos primeiros imigrantes, as marcas da língua italiana. Tentaremos demonstrar isso ao longo deste trabalho.

18 Há inclusive o Dicionário português-talian, de Honório Tonial (2001), e o Dicionário vêneto sul-rio-

grandense-português, de Alberto Vitor Stawinski, ambos publicados pela Escola Superior de Teologia de São Lourenço de Brindes.

19 Cf. Frosi (1996, p. 159). 20 Cf. Curi (1997, p. 2).

Considerando o panorama da imigração italiana na área delimitada para o nosso estudo, destacamos os seguintes aspectos que julgamos como relevantes para os nossos objetivos:

1) Recorte temporal – O estudo opera sobre um período de tempo de 130 anos de presença das diversas variedades do adstrato italiano em contato com o português, o que permite prever condições de difusão do português cada vez mais atuantes nas comunidades ítalo-brasileiras, tendo em vista a crescente integração de seus membros à sociedade brasileira.

2) Representatividade demográfica – Os italianos, que vieram da Itália para a Região Sul em grande quantidade (ver estatísticas já citadas), e aqui constituíram famílias com numerosos filhos, representam, atualmente, um contingente significativo de descendentes, fato que, certamente, favorece a difusão de traços lingüísticos associados ao grupo étnico. De acordo com Furlan (1997, p. 22), os ítalo-brasileiros constituem cerca de 38% da população no RS, 22% em SC e 12% no Paraná, totalizando, aproximadamente, 6 milhões de habitantes.

3) Representatividade geográfica – Considerando as colônias originais (colônias velhas) – tanto no Rio Grande do Sul quanto em Santa Catarina, além de assentamentos menores no Paraná – e as colônias novas resultantes das imigrações internas, as áreas ocupadas por italianos representam um espaço considerável na Região Sul do Brasil. Esse espaço é composto, principalmente, por diversos municípios nos vales dos rios Itajaí-Açu, Tubarão e Araranguá, situados em terras entre o mar e a Serra Geral, em Santa Catarina, por diversos municípios nas proximidades de Santa Maria/RS, e por uma centena de outros municípios que ocupam vasta área, desde a Serra gaúcha até o Sudoeste do Paraná, conforme pode ser visualizado no Mapa 2.21

21 O espaço ocupado por descendentes de italianos é, na verdade, maior do que o representado no Mapa 2, visto

que esse mapa refere-se somente às áreas com informantes bilíngües italiano-portugueses do ALERS, ou seja, áreas em que os ítalo-brasileiros representam mais de 50% dos habitantes.

4) Mobilidade geográfica – O assentamento de colonos italianos, inicialmente, em terras montanhosas e cobertas de florestas levou a um isolamento inicial, tanto em relação aos luso-brasileiros, alemães etc., quanto no tocante às comunidades italianas entre si, retardando a integração dessas populações ao novo meio e, conseqüentemente, o acesso ao português e à sua aquisição. Todavia, impelidos a buscar novas terras (colônias novas), num processo de desbravamento, esses migrantes internos transportaram também o material lingüístico utilizado nos locais de colonização inicial (colônias velhas). A topodinâmica22 dessas

migrações certamente repercute nos processos de difusão lingüística, especialmente em situações de contato lingüístico efetivo (ver Mapa 1).

5) Diversidade dialetal do italiano falado pelos imigrantes – A imigração para um novo meio (Brasil) pôs em contato diferentes variedades dialetais, representativas das regiões de procedência dos imigrantes na Itália. Conforme a procedência das famílias, têm-se desde colônias formadas predominantemente por italianos que falavam o mesmo dialeto até colônias formadas por italianos que falavam dialetos bastante diferentes (como se sabe, na distribuição dos lotes, não havia um critério etnolingüístico). O contato interdialetal desencadeou, deste modo, nas novas comunidades, ao longo do período, um processo de maior ou menor nivelamento lingüístico (Sprachausgleich), com predomínio de uma ou de outra variedade dialetal ou mesmo um mixing de traços de diferentes variedades.

6) Coiné vêneta – Os vênetos, que representam cerca de 60% dos imigrantes italianos, irradiaram com maior intensidade seu dialeto, razão pela qual ele se impôs e, modificado pelo contato com os outros dialetos italianos, veio a se constituir numa variedade peculiar, denominada talian ou coiné vêneta.

Em termos do contato (histórico, geográfico, social), onde se deu essa imigração, valem ainda as seguintes considerações:

22 Cf. Thun (1996, p. 212).

7) Comparação com outras etnias, especialmente a alemã. Quando os italianos chegaram no Brasil, os alemães aqui já estavam há cerca de 50 anos. Isso, obviamente, teve conseqüências na distribuição de relações de poder e no número de descendentes: embora os italianos tenham vindo em maior número, quando eles aqui chegaram, os alemães já estavam na segunda geração.23 Do início da colonização européia até a década de 70 do séc. XIX, tendo em vista o modelo econômico e outros aspectos culturais e religiosos, as famílias de imigrantes, seja de italianos, seja de alemães, eram, em geral, numerosas, o que obrigava os descendentes a buscar novas terras para o próprio sustento.

8) Religião – Desde o início, os italianos praticavam a religião católica, que era a religião oficial do novo país, ao contrário dos alemães, que eram predominantemente protestantes. De certa forma, essa diferença religiosa, associada a outros aspectos lingüísticos e culturais, fez com que os alemães, mesmo tendo chegado ao Brasil antes dos italianos, preservassem mais sua língua e cultura.

9) Papel da semelhança lingüística e cultural – Os italianos constituem um grupo de cultura de língua românica, portanto mais semelhante ao português do que a língua alemã, as línguas eslavas e asiáticas. Indaga-se, por isso, nas pesquisas, se a maior facilidade de intercompreensão tenha propiciado uma integração mais rápida dos italianos e uma language shift mais intensa das variedades dos imigrantes italianos. Cabe ponderar, no entanto, que a semelhança entre as línguas italiana e portuguesa nem sempre se aplicam à comparação entre dialetos dessas línguas. Muitos casos, mesmo dois dialetos da mesma língua, podem ser ininteligíveis entre si. Tal ocorre, por exemplo, entre dialetos do baixo e alto alemão.

23 Apesar das restrições do governo prussiano à imigração para o Brasil (Rescrito de Von Heydt, que vigorou de

1869 a 1896), a imigração de alemães para o Brasil não estava proibida. Por isso, mesmo representando percentuais menores em relação aos italianos, os alemães continuaram a migrar para o Sul do Brasil na segunda metade do século XIX e início do século XX.

10) Período de desenvolvimento – Embora polêmico, deve-se considerar, também, que a imigração italiana ocorreu num período de maior desenvolvimento do que o período em que se iniciou a imigração alemã. Na época da imigração italiana, estavam em curso a Revolução Industrial, os processos de urbanização, a construção de ferrovias e outras vias de comunicação, entre outros aspectos que, de certo modo, facilitaram a integração dos italianos ao novo meio, a despeito das imensas dificuldades e do isolamento iniciais.