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A REALIDADE ECONÓMICO-FINANCEIRA DAS FARMÁCIAS

PARTE I REVISÃO DA LITERATURA

CAPÍTULO 1. O SETOR DA FARMÁCIA

1.3. A REALIDADE ECONÓMICO-FINANCEIRA DAS FARMÁCIAS

Com base na informação fornecido pela PORDATA (2013) havia em Portugal em 2012, era 3.000 farmácias. A sua evolução, à qual não são alheias as barreiras à entrada no mercado, no período de 1990 a 2012, está refletida no quadro seguinte.

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Figura 9 - Evolução do número de farmácias em Portugal (1990 a 2012) Fonte: PORDATA (2013)

Como se pode verificar através da figura anterior a evolução nos últimos 10 anos do número de farmácias em Portugal passou por duas fases de crescimento (2002 – 2004 e 2009 – 2012) e por uma fase de estagnação entre 2004 e 2009.

Segundo o Banco de Portugal (2013), o volume médio de vendas anual das farmácias foi, em 2011, de cerca de 1,07 milhões de euros e o volume total de negócios ascendeu a 2.4 mil milhões, tendo os resultados líquidos do exercício ultrapassado os 50 mil euros. Facilmente podemos concluir que o peso do setor na economia é bastante significativo, Antão e Grenha (2012) referem que o setor emprega cerca de 21.500 pessoas e, partindo dos dados reais de 2010 e históricos e prospetivos de 2011 e 2012, a média do volume de negócios, em 2012, ascende a 1 314 360,00 €.

No entanto, já no ano de 2008 conforme Barbosa (2012), a margem de lucro das farmácias é das mais baixas a nível europeu.

Conforme Barros, Martins e Moura (2012) tem-se assistido a um decréscimo dos custos marginais, compensado pelo aumento dos gastos fixos, que quase dobraram. Tal significa que, sendo as margens das farmácias calculadas sobre o custo dos medicamentos, uma margem positiva não implica necessariamente uma rentabilidade positiva para as farmácias, já que têm de ser cobertos os gastos fixos.

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Nesta perspetiva, as farmácias terão de ter uma margem sobre o custo dos medicamentos superior à que tem sido considerada necessária, pelo que deverão ser adequadas as políticas, atentando na relação entre o preço e o custo médio (que considera o custo fixo), em vez de se centrarem no custo marginal. As reduções de preços que se têm verificado desde 2010 resultam numa quebra de volume de negócios anual de 11,45%, provocando, em 2011, uma média de lucro negativo. Em 2012, o lucro da farmácia média2 também foi negativo, o que leva a concluir que as margens atuais são inferiores às necessárias para que as farmácias tenham lucro. A farmácia média para garantir um lucro nulo necessitaria de uma margem líquida de 4,5% e de uma bruta de 22,9%, situação que se agravará se for vendida uma quantidade de medicamentos de menor valor, pois os gastos fixos terão de ser cobertos com um menor volume de vendas. Se forem tomados em linha de conta os gastos de financiamento e os gastos relevantes numa realidade com dificuldades de financiamento, a sustentabilidade das farmácias a curto prazo tende a deteriora-se ainda mais (Barros, Martins e Moura, 2012).

Antão e Grenha (2012) efetuaram uma avaliação económica e financeira do setor das Farmácias com base na informação histórica referente a 2010 e informação prospetiva relativa a 2011 e 2012, tendo concluído o seguinte:

 A situação económica e financeira da farmácia média apresenta uma degradação expressiva dos resultados e da rendibilidade das vendas. Partindo da rendibilidade de 3,1% em 2010, assiste-se a uma degradação para uma rendibilidade de - 3,7%, na estimativa para 2012.

 Os resultados líquidos e operacionais têm um declínio constante no período histórico e no prospetivo, de 5,3% em 2010 para – 2,3%, em 2012;

 Os gastos fixos, apesar da sua estabilidade em termos absolutos, em relação ao volume de negócios apresentam uma tendência de aumento acentuado, em que assumem relevância os custos com pessoal;

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 Da degradação dos resultados líquidos do setor tem resultado uma descida acentuada da percentagem de IRC liquidado pelo setor em termos do volume de negócios, o que representa uma perda de receita fiscal;

 Para 2012 prevê-se uma transferência do número de farmácias para escalão de volume de negócios inferior, passando-se de 37% das farmácias com volume de negócios inferior à média em 2010, para 46% em 2012;

Devido ao agravamento da situação económica e financeira das farmácias em 2012, todos os escalões têm uma rendibilidade líquida das vendas negativa e a farmácia média apresenta um resultado líquido negativo de 39.891 euros (Antão e Grenha, 2012).

Esta realidade, que evidencia um contexto económico-financeiro difícil, implica uma atuação concertada dos agentes envolvidos de modo a conciliar a sustentabilidade do setor das farmácias, garantindo e respeitando o seu papel na comunidade e do SNS.

Para alcançar este objetivo, todos os passos são importantes. O Decreto-Lei nº 171/2012, de 1 de agosto, que altera Decreto-Lei nº 307/2007, de 31 de agosto, vem corrigir alguns aspetos respeitantes ao regime jurídico estabelecido para as farmácias de oficina, salientando-se o novo procedimento para o licenciamento, assim como vem introduzir medidas excecionais para farmácias em dificuldades económicas, visando garantir a viabilidade económica do funcionamento de algumas. Poderão usufruir de tal regime as farmácias cujo valor de faturação ao SNS seja igual ou inferior a 60% do valor da faturação média anual por farmácia ao SNS, no ano civil anterior, beneficiando, designadamente, da dispensa da obrigatoriedade do 2.º farmacêutico, da redução das áreas mínimas fixadas pelo INFARMED e da redução do horário de funcionamento. Tendo em conta tudo aquilo que aqui foi descrito podemos afirmar que para o gestor financeiro atuar dentro da empresa de modo eficiente, usando os seus conhecimentos na tomada de decisões, pode desenvolver projetos ou planos de ação necessários a otimizar resultados, tendo em conta todas essas medidas.

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Recorde-se, a propósito, que uma correta gestão financeira possibilita que se tenha um controlo mais eficiente dos recursos da empresa, entendendo-se que a importância da gestão financeira é tão significativa como produzir ou vender.

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