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A REGIÃO DO EIXO FORTE E SEUS ASPECTOS RELEVANTES

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UM LUGAR PARA CONSERVAR

2.3 A REGIÃO DO EIXO FORTE E SEUS ASPECTOS RELEVANTES

Como descrito anteriormente, em nota de rodapé, a região do Eixo Forte faz parte do distrito de Alter do Chão e é composta por dezoito comunidades46: Alter do Chão, Caranazal, Cucurunã, Irurama, Jatobá, Juá, Pajuçara, Ponta de Pedras, Ponte Alta, Santa Luzia, Santa Maria, Santa Rosa, São Brás, São Francisco de Carapanari, São Pedro, São Raimundo, São Sebastião e Vila Nova. Estas comunidades que, em sua maioria, encontram-se ao longo da PA – 457 rodovia que as liga à Santarém são importantes por serem próximas da vila de Alter do Chão, que também é parte integrante da região do Eixo Forte. Isto tem relevância para nós por que ao investigarmos o processo de criação da APA – Alter do Chão, que será descrito no

CAPÍTULO III, percebeu-se que tal processo foi uma demanda que se iniciou na vila de

Alter do Chão, mas que logo se disseminou para as demais comunidades do Eixo Forte. A conseqüência imediata deste fato foi a discussão, nessas comunidades, da necessidade de se criar a APA – Alter do Chão, o que aos poucos foi ganhando a adesão de todas as comunidades do Eixo Forte, a ponto de hoje, todas quererem fazer parte da referida APA. Por isso, a importância de se buscar conhecer um pouquinho dos aspectos relevantes, no que tange a socioeconomia desta região, haja vista ainda hoje serem muito poucos, diríamos quase nada, os estudos referentes a esta área: a região do Eixo Forte.

A descrição dos aspectos relevantes da socioeconomia local da região do Eixo Forte, que será apresentado aqui, tem por base o resultado do “Levantamento Preliminar feito junto às Comunidades do Eixo Forte” (ANEXO B). Este levantamento foi realizado pelo ISAM, com o apoio da Associação dos Moradores do Eixo Forte – AMEIFOR47, Grupo de Defesa da Amazônia – GDA48 e do IBAMA. O período de realização desse levantamento foi de 03 a 20 de maio de 2005, onde foram visitadas das dezoito comunidades, dezesseis. Apenas as comunidades de Cucurunã e São Pedro não deram as informações solicitadas pelo Levantamento. Segundo membro responsável da equipe desse levantamento: “A equipe que foi para lá, foram duas vezes, mas não foi possível reunir as pessoas e, já vai fazer o

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No que se refere ao número de comunidades existentes na região do Eixo Forte, as informações coletadas no ISAM não são consensuais e, por isso, paira uma dúvida se são 17 ou 18 comunidades. Trabalharei com dezoito, respeitando o número de vezes que tais comunidades aparecem nas minhas pesquisas, depoimentos e na Assembléia do Irurama. Mas, fica aqui o reconhecimento de que tal área precisa ser mais bem estudada e mapeada.

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É a Associação que congrega a representação de todas as comunidades da região do Eixo Forte, no distrito de Alter do Chão.

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É uma Organização não Governamental - ONG local, sem fins lucrativos, que atua na região em defesa dos direitos dos povos da Amazônia.

levantamento das comunidades que foram visitadas” (Assembléia do Irurama, 2005, p. 38). Fazer o levantamento somente com as dezesseis comunidades justifica-se por que a equipe do ISAM tinha um prazo de até 20 de junho de 2005, data marcada para a realização da ‘Assembléia de Esclarecimento sobre a APA – Alter do Chão’, na comunidade do Irurama, para apresentar de forma preliminar tais dados como um dos instrumentos que subsidiaria as discussões desta Assembléia, cujo Relatório encontra-se no ANEXO C. Esta Assembléia que ficou conhecida como “Assembléia Geral sobre a APA – Alter do Chão” ou Assembléia do Irurama, foi organizada pelo ISAM, com o objetivo de esclarecer as dezoito comunidades sobre o que seria uma APA, quais as implicações positivas e negativas de se criar uma APA, para desta forma, inicia-se de fato a implantação da mesma, haja vista esta ter sido criada, mas não implantada, como será descrito no próximo capítulo.

Para tal Levantamento foram realizadas visitas e, nessas visitas, a equipe se reunia com os membros de cada comunidade, que se dispuseram a responder questões que vão desde dados gerais, infra-estrutura existente, organização comunitária, situação ambiental, situação fundiária até a discussão sobre a APA – Alter do Chão. E, o que será apresentado aqui são os resultados obtidos neste Levantamento por achar relevante, haja vista ser um dos raros levantamentos em que a abordagem é para a região do Eixo Forte e, não somente para a vila de Alter do Chão. Sem esquecer que tais dados são preliminares e foram representados apenas de forma quantitativa e/ou pontual, no documento fornecido pelo órgão responsável49. Uma outra questão relevante é que, ao apresentar esse Levantamento, é possível traçar, de forma inicial e geral, a relação dessas comunidades ouvidas com a criação da APA – Alter do Chão, identificando os seus principais aspectos relevantes no que tange a região do Eixo Forte e a APA.

2.3.1 Dados Gerais

Em se tratando dos Dados Gerais contidos no Levantamento do ISAM, o mesmo mostra que existe um total de 1.093 famílias nas dezesseis comunidades visitadas, onde pelas informações o número de pessoas gira em torno de 5.054 aproximadamente. Tal dado não se distancia tanto do Censo Demográfico para o ano de 2000, do IBGE, para o distrito de Alter do Chão como mostra o QUADRO 05, e permite deduzirmos que a região do Eixo Forte é a mais habitada do referido Distrito.

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Portanto, as análises que se seguem estão baseadas na exposição da pessoa responsável pelo levantamento na Assembléia do Irurama e de conclusões da autora desta dissertação.

QUADRO 05: População Residente no Distrito de Alter do Chão por Sexo e Zona

SEXO ZONA RURAL ZONA URBANA TOTAL

Homens 2.846 708 3.554

Mulheres 2.519 667 3.186

Total 5.365 1.375 6.740

Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000.

Em se tratando de tempo de fundação, a comunidade mais antiga da região é a vila de Alter do Chão com mais de 344 anos e, a mais nova tem apenas 10 anos de existência que é a comunidade de São Raimundo. As demais comunidades giram em torno de 13 a 150 anos de existência. Perguntados sobre a origem das famílias de cada comunidade visitada, segundo membro do ISAM, responsável por esse levantamento:

No resumo, a maioria disse que são da própria comunidade, mas também teve resposta de pessoas que disseram que vieram do Lago Grande, do Curuaí, do Arapiuns, Água Preta, própria Santarém da cidade, Alenquer, Maranhão, teve até gente do Sul, Santa Catarina, mas é mais recente. Teve gente que disse que era da várzea, do planalto, enfim, e da própria área do Eixo Forte, que se deslocou. Então esse é um pouco o retrato da origem da população dessas comunidades (ASSEMBLEIA DE IRURAMA, 2005, p. 39).

Com este apanhado geral é perceptível que a região do Eixo Forte é uma área povoada. Sendo assim, uma das justificativas mais fortes para a escolha da categoria de UC, APA. Pois, como foi identificada no capítulo anterior, a APA permite ocupação de sua área, desde que esta seja feita de forma ordenada e disciplinada, evitando possíveis conflitos - como os causados por desapropriação de terras, por exemplo – se fosse um outro tipo qualquer de categoria de UC.

2.3.2 Infra-Estrutura

Em termos de infra-estrutura existente, o levantamento questionou as comunidades ouvidas sobre a existência ou não de postos de saúde, agentes de saúde, energia elétrica, posto telefônico/linha telefônica, transporte coletivo, ensino fundamental (até a 5ª série), ensino fundamental (até a 8ª série), ensino médio, abastecimento de água e pequena produção (agricultura, criação, pesca e artesanato). O resultado segue no QUADRO 06:

QUADRO 06: Infra-estrutura Existente

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