UM LUGAR PARA CONSERVAR
RESPOSTAS POR COMUNIDADE
%
Ausência de titulação definitiva 09 56 Possuem histórico de posse (recibo de compra e
venda)
06 37 Poucos têm titulação de terra 06 37
Grande parte das terras foi vendida para pessoas de fora da comunidade
02 12 Famílias com repasse de terras por herança 02 12
Pagamento de Imposto Territorial Rural – ITR 02 12
Tem protocolo de ocupação 02 12
Titulação coletiva (4 famílias) 01 06 Solicitação de assentamento agroextrativista 01 06
Fonte: ISAM, 2005
A questão fundiária também foi tema da Assembléia do Irurama. Seus organizadores convidaram para falar deste tema uma pessoa que atuou ativamente nas comunidades do Eixo Forte e que resgatou um pouco da história da situação fundiária nessa região. O outro convidado seria um representante do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA que não se fez presente, o que deixou um estado de decepção e revolta no ar, tanto pelo lado da coordenação do evento, como pelo lado dos participantes.
E, também fico indignada quando mais uma vez o INCRA não vem para um debate, para uma discussão tão importante, por que várias atividades, vários eventos que nós temos realizado que é muito importante a presença do INCRA, por que é o órgão que é responsável pela questão das terras públicas, das terras da União. Então a gente já nem critica demais o [Instituto de Terra do Pará] ITERPA, por que o ITERPA não tem nenhuma história pelo menos daqui. Mas, o INCRA, inclusive vai ser agora transformado numa Superintendência, que bom vai ter um poder maior de decisão, aqui próximo da gente. Mas, de que adianta ter um poder maior se não vem para a discussão, para saber aquilo que é melhor para nós. Enquanto, as coisas forem decididas em gabinetes para o povo, nunca vai dar certo. (ASSEMBLEIA DE IRURAMA, 2005, p. 37)
Esta indignação tem por trás a preocupação da posse da terra, tema que foi bastante debatido para o caso de criação da APA. Principalmente, o representante do IBAMA, deixou claro que, a posse da terra numa APA é propriedade privada. O que a diferencia dos outros tipos de posse de terras é que sendo uma posse de terra dentro de uma UC, o uso desta será ‘disciplinado’ para que assim haja a proteção dos recursos naturais aí existentes, objetivando o bem-estar das populações residentes. A propriedade privada e o uso racional da terra estão garantidos em uma APA, o que a faz uma categoria de UC ideal para áreas que têm a presença
de populações locais. Como iremos voltar a essa discussão quando falarmos sobre a criação da APA – Alter do Chão abordaremos com mais detalhes esse assunto no próximo capítulo.
2.3.4 Organização Comunitária
Neste item, o levantamento mostra as organizações internas e externas ao Eixo Forte que são reconhecidas pelos comunitários ouvidos pelo Levantamento. Isto é importante para se evidenciar, de um lado, como as comunidades se organizam e, de outro, quais as instituições externas, ou seja, que não são da comunidade, mas que atuam nesta área, em atividades diversas, que as mesmas reconhecem. Os QUADROS 09 e 10 reproduzem os resultados do Levantamento e mostram a forte influência sindical – tanto interna como externa – na região. Isto advém, principalmente, do fato da região ter uma concentração rural, baseada na pequena propriedade agrícola familiar. A identificação deste fato também demonstra uma relação intensa na região, do rural com o ambiental que pode ser benéfica se a mesma tiver assentada na vontade de proteger e/ou conservar a terra como fonte de vida e sobrevivência das comunidades aí existentes.
QUADRO 09: Grupos Internos Reconhecidos na Região do Eixo Forte
GRUPOS INTERNOS Nº. DE COMUNIDADES %* Delegacia Sindical 13 81 Clubes de Futebol 13 81 Associação Comunitária 10 62 Coordenação/Conselho Comunitário 05 31 Grupo de Jovens 07 44 Equipe Catequética 10 62 Igreja Evangélica 06 37 Igreja Católica 06 37 Grupo de Mulheres 05 31 Grupo de Mães 03 19 Grupo Folclórico 02 12 Grupo de Artesanato/Pintura 02 12 Conselho Escolar 02 12 Grupo de Barraqueiros 02 12 Grupo de Catraieiros 01 06 Fonte: ISAM, 2005
QUADRO 10: Grupos Externos Reconhecidos na Região do Eixo Forte
GRUPOS EXTERNOS Nº. DE
COMUNIDADES
%*
Sindicato dos Trabalhadores Rurais – STR 09 56
Associação dos Moradores do Eixo Forte – AMEIFOR 05 31
Pastoral da Criança 05 31
Pastoral Social 04 25
Associação dos Produtores de Santarém – APRUSAN 03 19
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural – EMATER 03 19
Casa Familiar Rural - CFR
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA
02 12 Grupo GUARDIÃO
Associação das Organizações de Mulheres Trabalhadoras do Baixo Amazonas - AOMT-BAM
Centro de Estudo, Pesquisa e Formação do Baixo Amazonas - CEFT-BAM
ROTARY CLUB
Grupo de Defesa da Amazônia – GDA Comissão Pastoral da Terra - CPT
Colônia de Pescadores zona 20 de Santarém - Z-20
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE
SEMTUR ISAM
Universidade Luterana do Brasil - ULBRA RÁDIO COMUNITÁRIA
ASSOCIAÇÃO INDÍGENA ONG VILA VIVA
Conselho Nacional dos Seringueiros - CNS
01 6
Fonte: ISAM, 2005
*Os percentuais acima são obtidos pelo número de comunidades que responderam as questões.
Isto também foi uma evidência percebida nas intervenções de alguns comunitários e/ou participantes da Assembléia do Irurama:
[...] como é que nós vamos continuar vivendo se nós não entendemos o que é esse processo de defender aquilo que é nosso, principalmente o meio ambiente, a floresta, a terra, a vida, a vida do ser humano, a vida dos animais, a vida de todos (ASSEMBLEIA DE IRURAMA, 2005, p. 05).
A gente tem esse espaço, ele é garantido por lei, nós temos que participar desse Conselho Gestor, que é o Conselho que vai em conjunto com o ISAM administrar essa área de proteção ambiental. Então, se você quer proteger a terra onde você mora e assegurar que as gerações futuras tenham acesso aos recursos que você tem hoje, você tem que se preocupar com isso. E, essa é uma grande oportunidade, a gente tem que arregaçar as mangas e trabalhar (ASSEMBLEIA DE IRURAMA, 2005, p. 37).
[...] uma maneira direta da gente proteger essa área é a gente não vender as nossas terras, não abrir mão das terras. A gente está preocupado com os ditos forasteiros, mas também muita gente, nossos irmãos comunitários acabam vendendo as terras e prejudicando toda a comunidade. Então, a gente tem que começar em cada
comunidade a discussão de proteger a terra (ASSEMBLEIA DE IRURAMA, 2005, p. 38).
Nas citações acima fica claro a preocupação dos que moram na região do Eixo Forte com a proteção da terra ou meio ambiente como a sua fonte de sobrevivência. Proteger a terra e se organizar nos sindicatos rurais, nas associações comunitárias, sociais e religiosas estão na base das comunidades do distrito de Alter do Chão, que fazem parte da região do Eixo Forte. Isto mostra o nível elevado de organização das mesmas, onde os comunitários demonstram um exercício de participação e cidadania que se reflete no seu interesse em discutir e conhecer o processo de criação da APA como mais uma alternativa reconhecida de organização em prol da conservação de onde vivem.
2.3.5 Situação Ambiental
O Levantamento do ISAM indagou aqui quais os principais problemas ambientais sentidos pelas comunidades, quais suas principais causas e conseqüências. O resultado obtido com relação aos principais problemas ambientais encontra-se no QUADRO 11:
QUADRO 11: Principais Problemas Ambientais citados na Região do Eixo Forte PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS
CITADOS
Nº. DE RESPOSTAS