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A regulamentação contábil no Brasil – cenário atual

CAPÍTULO 2 A EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE NO BRASIL

2.3 A regulamentação contábil no Brasil – cenário atual

A profissão contábil no Brasil, no que abrange as categorias de contadores e técnicos de contabilidade, é regida pelo Decreto Lei nº9.295 de 27/05/1946 e posteriores alterações. Por meio desse decreto foram criados o Conselho Federal de Contabilidade – CFC e os Conselhos Regionais de Contabilidade – CRC’s, com finalidade de fiscalizar o exercício da profissão contábil. Os profissionais que desejarem exercer a profissão contábil, deverão possuir obrigatoriamente, além da qualificação, o registro no CRC do seu respectivo Estado.

No Brasil, a profissão contábil está regulamentada por força de lei e somente os profissionais devidamente registrados no Conselho Regional de Contabilidade – CRC podem exercer a profissão. São duas as categorias profissionais, o Técnico em Contabilidade, profissional que se formou em nível médio, e o Contador, profissional que se formou em nível superior como bacharel em Ciências Contábeis. Em todos os Estados da Federação, existe um CRC, cujas finalidades são registrar e fiscalizar o exercício da profissão contábil. (SANTOS, 2002, p.16)

Segundo Rosa (1999, p.49-50) apesar do CFC ser o órgão máximo de controle do exercício profissional, existem ainda outras entidades que lidam com normas contábeis, de forma sugestiva ou de caráter legal, conforme relacionadas abaixo:

(a) Conselho Federal de Contabilidade – CFC

(b) Instituto Brasileiro de Contadores – IBRACON

(c) Comissão de Valores Mobiliários – CVM

(d) Banco Central do Brasil – BCB

(e) Secretaria da Receita Federal – SRF

No entanto, dentre os citados acima, considerar-se-á no presente trabalho três organismos como sendo preponderantes no estudo da contabilidade no Brasil: CFC, IBRACON e CVM.

2.3.1 Conselho Federal de Contabilidade – CFC

O CFC é responsável por editar e atualizar as Normas Brasileiras de Contabilidade, estabelecendo normas profissionais e técnicas. As normas profissionais dizem respeito ao exercício da profissão e são numeradas sequencialmente e classificadas como NBC-P e as normas técnicas estabelecem conceitos doutrinários, regras e procedimentos aplicados a Contabilidade, também numeradas sequencialmente, classificadas como NBC-T.

Com a Resolução nº529 de 23/10/1981, o CFC se responsabilizou pela elaboração e emissão de normas contábeis obrigatórias a todos os contadores e técnicos em contabilidade. A não observância às referidas normas constitui infração à Lei nº9.295/46 e ao Código de Ética. “Segundo o artigo 1º dessa resolução, as Normas Brasileiras de Contabilidade – NBC, como são denominadas, constituem um corpo da doutrina contábil, que serve de orientação técnica ao exercício profissional, em qualquer de seus aspectos de assessoramento.” (POHLMANN, 1995, p.08).

A Resolução CFC n.º 751/93 de 29 de dezembro de 1993 estabelece em seu artigo 1º que “As Normas Brasileiras de Contabilidade estabelecem regras de conduta profissional e procedimentos técnicos a serem observados quando da realização dos trabalhos previstos na Resolução CFC n.º 560/83, de 28.10.1983, em consonância com os Princípios Fundamentais de Contabilidade.”

2.3.2 Instituto Brasileiro de Contadores – IBRACON

Fundado em 1971, intitulado como Instituto dos Auditores Independentes do Brasil e hoje chamado Instituto Brasileiro de Contadores – IBRACON, associando contadores de todas as áreas da atividade contábil, tem sede nacional em São Paulo e sete seções regionais que cobrem todo o território nacional, trabalhando também em parceria com outras entidades nacionais e internacionais para garantir a excelência e a integridade da profissão. Segundo Pohlmann (1995, p.8), a prova disso é o fato de que o IBRACON é o representante oficial do Brasil junto à Associação Interamericana de Contabilidade (AIC), ao International

Federation of Accountants (IFAC) e ao International Accounting Standards Committee

(IASC).

O IBRACON tem a função de discutir, desenvolver e aprimorar as questões éticas e técnicas da profissão de auditor e de contador, auxiliando na difusão e na correta interpretação das normas que regem a profissão, possibilitando aos profissionais conhecê-la e aplicá-la de forma adequada. Atua também no conjunto das entidades de ensino, colaborando para o aprimoramento da formação profissional, por meio da divulgação das atribuições, do campo de atuação e da importância do trabalho do auditor independente na sociedade.

O IBRACON tem elaborado e publicado vários pronunciamentos técnicos sobre Normas e Procedimentos de Auditoria - NPA e Normas e Procedimentos de Contabilidade - NPC, tendo sido algumas posteriormente oficializadas pela Comissão de Valores Mobiliários - CVM, Banco Central do Brasil e Conselho Federal de Contabilidade, tornando-se de observância obrigatória. (SANTOS, 2002, p.10)

No entanto, as normas emitidas pelo IBRACON, por si só não podem obrigar os profissionais e as entidades contábeis de segui-las.

2.3.3 Comissão de Valores Mobiliários – CVM

A regulamentação para funcionamento do mercado de valores mobiliários e a atuação de seus protagonistas classificando as entidades como companhias abertas, os intermediários financeiros e os investidores, além de outros cujas atividades giram em torno desse universo principal, foi estabelecida pela Lei nº6385/76 que criou a CVM e a Lei nº6404/76 das Sociedades por Ações.

Foi estabelecido que a CVM, a partir de então, teria poderes para disciplinar, normatizar e fiscalizar a atuação dos diversos integrantes do mercado de ações, sendo que esse poder normatizador abrange todas as matérias referentes ao mercado de valores mobiliários no país.

Assim, cabe à CVM disciplinar o registro de companhias abertas, registro de distribuições de valores mobiliários, credenciamento de auditores independentes e administradores de carteiras de valores mobiliários, organização, funcionamento e operações das bolsas de valores, negociação e intermediação no mercado de valores mobiliários, administração de carteiras e a custódia de valores mobiliários, suspensão ou cancelamento de registros, credenciamentos ou autorizações e suspensão de emissão, distribuição ou negociação de determinado valor mobiliário ou decretar recesso de bolsa de valores.

A Comissão de Valores Mobiliários exercerá suas funções a fim de assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de bolsa e de balcão, protegendo os titulares de valores mobiliários contra emissões irregulares e atos ilegais de administradores e acionistas controladores de companhias ou de administradores de carteira de valores mobiliários; evitando ou coibindo fraudes ou manipulação destinadas a criar condições artificiais de demanda, oferta ou preço de valores mobiliários negociados no mercado; assegurando o acesso do público a informações sobre valores mobiliários negociados e as companhias que os tenham emitido; assegurando a observância de práticas comerciais eqüitativas no mercado de valores mobiliários; estimulando a formação de poupança e sua aplicação em valores mobiliários e promovendo a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado de ações e estimulando assim as aplicações permanentes em ações do capital social das companhias abertas.