• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 1 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE RUMO À

1.4 Normas Internacionais de Contabilidade

1.4.1 International Accounting Standard Board IASB

1.4.1.2 Desenvolvimento

Já em 1974, o ainda denominado IASC publicou a Explosure Draft, que posteriormente foi denominada IAS 1, intitulada “Diclosure of Accounting Policies”. Em 1982, o IASC e o IFAC assinam um compromisso de cooperação mutua. Em 1987, o IASC se une à IOSCO (International Organization of Securities Commissions), apoiando o projeto de comparabilidade. Em 1988, o FASB finalmente se une ao IASB, declarando em 1991 que planeja apoiar as Normas Internacionais de Contabilidade. (PAULO, 2002, p.57)

Em 1995, o IASC iniciou trabalhos junto à IOSCO (International Organization of Securities Commissions) com intuito de chegar ao um conjunto de Padrões Contábeis internacionais, obtendo apoio de órgãos reguladores das bolsas de valores dos países e expandindo a aceitação das normas internacionais pelas bolsas de valores do mundo todo.

Em 1995, se antecipando à decisão da IOSCO, o IASC decidiu aceitar a necessidade de completar seu conjunto básico de normas. Em julho do mesmo ano, o IASC e a IOSCO publicaram os termos do acordo, segundo o qual o IASC implementaria um programa de trabalho, o qual foi concluído no final de 2000, compreendendo todas as áreas que, segundo a IOSCO, necessitariam ser revistas para se chegar a um conjunto básico de normas (tal conjunto foi denominado “core standards”). (CARVALHO & LEMES, 2004, p.04)

No Congresso Americano, através da National Securities Market Improvement Act, em 1996, o IASC encarregou a SEC (Securities and Exchange Commission) de proporcionar a base ao desenvolvimento de padrões contábeis internacionais e de apresentar relatórios ao Congresso

sobre a “perspectiva para a finalização bem-sucedida de um conjunto de padrões contábeis internacionais que poderia ser aceito pela Comissão (SEC) para oferta e registro de valores mobiliários por empresas estrangeiras nos Estados Unidos”. (CARVALHO & LEMES, 2004, p.04)

No ano de 1998, os presidentes de Bancos Centrais e Ministros da área econômica do Grupo dos 7 (G7), formado pelos países Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, França, Itália, Japão e Canadá, se comprometeram a assegurar que as instituições do setor privado em seus países cumpram com princípios e práticas contábeis internacionalmente aprovados.

No mês de maio de 2000, a IOSCO recomendou que seus membros permitissem, às empresas multinacionais, a utilização do conjunto de normas internacionais do IASC na elaboração das demonstrações financeiras destinadas à captação de recursos e à oferta de ações em mercados externos.

Em março de 2000, em São Paulo, na 1ª reunião do “Board” em um país sul-americano desde a criação desse Comitê, foi aprovada reestruturação do IASC que teve por objetivo melhorar a condição do mesmo, a partir do então denominado IASB (International Accounting Standards Board) – sucessor do IASC, como órgão emissor do conjunto global de normas contábeis no futuro, através de um perfil mais técnico e menos sujeito às críticas e ingerências de interesses nacionais ou de grupos.

O endosso dos Padrões Internacionais emitidos pelo IASC, adotados como suas próprias normas contábeis, com ou sem adaptações, a permissão de outros países para que empresas adotem os Padrões do IASB internamente e a Comunicação emitida em junho de 2000 pela Comissão Européia propondo que todas as companhias com registro em bolsa na União Européia preparem suas demonstrações consolidadas usando os Padrões do IASB tem sido ações efetivas para referendar o trabalho desse “Board”. (CARVALHO & LEMES, 2004, p.04)

Até o ano de 2000, a participação do FASB no projeto de aprovação de um conjunto único de normas de aceite mundial, era tratada pelo mesmo como sem importância, pois a maioria de seus membros acreditavam na superioridade das normas norte-americanas ante as outras. No entanto, após os recentes escândalos financeiros e as atitudes punitivas tomadas pela SEC, esperou-se uma melhoria na qualidade das informações divulgadas. No início de 2003, ao analisar os relatórios das quinhentas maiores empresas norte-americanas, a SEC verificou que

as principais falhas encontradas, de acordo com a BusinessWeek (CARVALHO & LEMES, 2004, p.05) foram:

a) Relatório da Administração - muitas empresas falham em analisar a tendência, os riscos, os fluxos de caixa e a necessidade de capital;

b) Contabilidade – as empresas negligenciam as explicações sobre as políticas contábeis usadas por elas e sobre as conseqüências no lucro divulgado das diferentes interpretações de tais políticas; c) Receitas – as empresas não divulgam aos investidores quais as regras adotadas na decisão do que contabilizar como receita, especialmente aquelas de tecnologia, energia, farmacêutica e varejo; d) Impairment – as empresas não divulgam os cálculos realizados quando reconhecem perdas de valor em ativos como marcas, patentes e fundo de comércio;

e) Pensão - as empresas nem sempre divulgam a taxa de juros e as projeções atuariais que usam para calcular o passivo de seus fundos de pensão.

Assim, em 2002, diante das crises de confiabilidade do mercado, buscando maior transparência nas informações para que, consequentemente, o custo de capital, os custos de adequação das demonstrações financeiras para outro conjunto de normas e os riscos possam ser reduzidos, atraindo mais investimentos, o FASB assina um acordo de convergência com o IASB.

As iniciativas adotadas para cumprimento do acordo tratam do desenvolvimento de projetos conjuntos, o compartilhamento de pessoal, o alinhamento das agendas, a adoção de projetos menores de curto prazo, a participação em tempo integral de um membro do IASB nos trabalhos do FASB, o monitoramento pelo FASB dos projetos do IASB, o desencadeamento de pesquisas sobre as diferenças existentes entre os US GAAP e os IAS/IFRS e a consideração explícita da convergência em todas as decisões da agenda dos Board. (CARVALHO & LEMES, 2004, p.04)

A partir de 2005, a União Européia deliberou que as companhias abertas da Europa deveriam ter seus balanços consolidados conforme as IAS (International Accounting Standards).

O protocolo firmado entre o FASB e o IASB para convergência de suas normas tem validade até 2009. A SEC, recentemente, levantou a hipótese de virem a ser aceitas demonstrações, nos EEUU, feitas segundo as IFRS (atual nome oficial das normas do IASB). Vários países, como praticamente todos os da União Européia, também estão adotando uma prática ainda com maior dispêndio de custo e trabalho onde se desenvolve uma contabilidade para fins locais e outra, nos balanços consolidados, para fins de divulgação junto aos mercados financeiros, de acordo com o IASB, consequentemente gerando confusão para os gestores das empresas e bem como para os usuários que tomarem conhecimento dos dois conjuntos de informações. (MARTINS et al, 2007, p.28)

Mesmo prevalecendo no IASB o básico da filosofia anglo-saxônica, espera-se, num processo mais amplo e democrático, que um organismo genuinamente internacional se transforme no centro da normatização mundial.

O presente capítulo buscou apresentar um relato sobre a evolução histórica da Contabilidade de maneira global, desde suas origens e registro na pré-história, passando pelo Renascimento, a oficialização das partidas dobradas pelo frei Luca Pacioli, dando início a chamada Escola Européia ou Italiana de Contabilidade.

Relata também que, a partir do Século XX, com o surgimento da abertura do mercado de ações e a crescente evolução da economia americana, fazendo com que os usuários das informações contábeis passassem a se preocupar mais com a evidenciação dessas informações, a Escola Européia teve sua decadência em contrapartida ao surgimento e ascensão da denominada Escola Americana de Contabilidade.

A partir da ascensão da Escola Americana ocorreu a mudança de foco da Contabilidade, que passou a se preocupar com a utilidade da informação contábil para o usuário na tomada de decisão, principalmente no período pós-depressão de 1929. Assim, foi apresentado um histórico da regulamentação da Contabilidade americana, com a criação de organismos que buscavam disciplinar e regulamentar a Contabilidade nos Estados Unidos, tais como a SEC, APB, chegando à fundação, em 1973, de um organismo de regulamentação contábil, o FASB, que passou a emitir normas contábeis que deveriam ser respeitadas pelo mercado. A regulamentação contábil americana, até o surgimento do FASB, indiretamente, impulsionou para que se buscassem, através da junção de vários países, a fundação de um organismo que emitisse normas internacionais, pois os europeus chegaram à conclusão de que o organismo americano de normas contábeis fortaleceria ainda mais o poderio e a influência da Contabilidade norte-americana, que provavelmente tenderia a fazer com que suas normas prevalecessem no mundo todo. Desta forma, não agradava aos europeus a idéia de, em determinado momento, terem que se submeter à regras contábeis estabelecidas pelos norte- americanos.

Ressalta também que com a internacionalização dos mercados, avanços tecnológicos e a abertura econômica no mundo todo, as diferenças encontradas nas práticas contábeis de região para região dificultavam a comparabilidade das demonstrações. Assim, o mundo contábil passou a se preocupar em harmonizar as normas contábeis, para que a informação contábil pudesse atender seu objetivo de fornecer informação útil e apropriada para tomada de decisão. Assim, também em 1973, em Londres, é criado o IASC, hoje denominado IASB, formado por países representantes da Europa e de outros continentes, e que com o passar dos anos foram se associando outros países, inclusive o Brasil. O que prevalece no IASB é basicamente a filosofia anglo-saxônica e espera-se que como organismo internacional consiga se transformar em um centro de normatização contábil de âmbito mundial.

No próximo capítulo apresenta-se a evolução histórica da Contabilidade especificamente no Brasil.