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CAPÍTULO 5 ESTRUTURA CONCEITUAL SEGUNDO O COMIITÊ DE

5.8 Elementos das Demonstrações Contábeis

5.8.2 Ativos

O item ativo tem embutido como benefício econômico futuro o seu potencial em contribuir, direta ou indiretamente, para o fluxo de caixa ou equivalentes de caixa para a entidade, sendo esse potencial produtivo quando o recurso integrar as atividades operacionais da entidade. O ativo também pode ter a forma de conversibilidade em caixa, equivalentes de caixa ou ainda ter capacidade de reduzir as saídas de caixa, como na ocorrência de um processo industrial alternativo que diminua os custos de produção.

Normalmente, os ativos de uma entidade são utilizados na produção de mercadorias ou prestação de serviços capazes de atender as expectativas e necessidades dos clientes. Estes clientes, tendo suas expectativas e necessidades devidamente atendidas através de produtos ou serviços oferecidos pela entidade, se dispõem a pagar por eles, contribuindo assim para o fluxo de caixa da mesma. Considerado a natureza do elemento caixa, o próprio, por si, presta um serviço à entidade.

Considerando os benefícios econômicos futuros que um ativo pode gerar para entidade, tomam-se como exemplo, as seguintes maneiras da utilização deste ativo:

a. Pode ser utilizado isoladamente ou em conjunto com outros ativos na produção de mercadorias e serviços a serem comercializados pela entidade;

b. Pode ser trocado por outros ativos;

c. Pode ser utilizado na liquidação de um passivo;

d. Pode ser distribuído aos proprietários da entidade.

Existem muitos ativos (ex: máquinas e equipamentos indústriais) que possuem uma substância física, não sendo essencial a mesma para existência de um ativo. Desta forma, patentes e direitos autorais também são considerados ativos, desde que sejam controlados por determinada entidade e que deles sejam esperados benefícios econômicos futuros. Os elementos do Ativo, tais como, contas a receber e imóveis, estão vinculados a direitos legais, inclusive o direito de propriedade. Assim, para que seja considerada a existência de um ativo, o direito de propriedade não é fator primordial. Apresenta-se, como exemplo, um imóvel, objeto de arrendamento, que poderá ser considerado um ativo se a entidade tiver o controle dos benefícios econômicos decorrentes da propriedade, ainda que essa geralmente seja proveniente da existência de direitos legais, um item pode ser definido como ativo mesmo quando não exista o controle legal. Considera-se como exemplo, o "know-how" adquirido através de uma atividade de desenvolvimento de produto que pode ser definido como ativo quando, mantendo o "know-how" em segredo, a entidade controla os benefícios econômicos provenientes desse ativo.

Afirma-se também que os ativos de uma entidade são conseqüências de transações ou outros eventos ocorridos no passado. As entidades, na maioria das vezes, obtêm ativos comprando- os ou fabricando-os, mas, no entanto, outras transações ou eventos podem gerar ativos, como por exemplo, um imóvel recebido do governo como parte de um programa para motivar o crescimento econômico da região onde a entidade se localiza ou da descoberta de jazidas minerais. Em contrapartida, transações ou eventos previstos para acontecerem no futuro não

podem resultar, por si só, no reconhecimento de ativos, apresentando-se como exemplo: somente a intenção de adquirir estoques não atende, por si só, a definição de um ativo.

Apesar de existir uma forte associação entre incorrer em gastos e gerar ativos, ambas as atividades não necessariamente coincidem entre si, pois o fato de uma entidade ter incorrido num gasto pode evidenciar sua busca por futuros benefícios econômicos, mas não é prova conclusiva de que a definição de ativo tenha sido obtida. Também a falta de um gasto não impede que um item atenda a definição de ativo e seja qualificado para reconhecimento no balanço patrimonial. Por exemplo, os itens doados à entidade podem satisfazer a definição de ativo.

5.8.3 Passivos

Para a existência de um passivo, deve ser considerada característica primordial: a entidade deverá ter uma obrigação presente. Afirma-se que “Uma obrigação é um dever ou responsabilidade de agir ou fazer de uma certa maneira.”(CPC, 2008, p.18), sendo que essas obrigações podem ser legalmente exigíveis em conseqüência de um contrato ou de requisitos estatutários. Toma-se como exemplo, as contas a pagar por mercadorias e serviços recebidos.

As obrigações também poderão ser decorrentes de práticas usuais de negócios, usos e costumes e da vontade de manter boas relações comerciais ou agir de maneira eqüitativa. Se uma entidade decide, por exemplo, por uma questão de política mercadológica ou de imagem, corrigir defeitos em seus produtos, mesmo com prazo de garantia desses produtos já expirados quando tais defeitos foram conhecidos, o montante que espera gastar com os produtos já vendidos constituem-se passivos.

A obrigação presente e um compromisso futuro devem ser entendidos de forma distinta. Se a entidade, por meio de sua Administração, tem intenção de adquirir ativos no futuro, a intenção por si só, não consiste em uma obrigação presente. Geralmente, a ocorrência da obrigação se dá somente quando o ativo é entregue ou a entidade assina um acordo irrevogável de aquisição do ativo. No caso do acordo de natureza irrevogável, poderá ser considerado que as conseqüências econômicas de deixar de cumprir essa obrigação, onde existe uma penalidade significativa no descumprimento, deixem a entidade com pouca ou nenhuma alternativa para evitar o desembolso de recursos em favor da outra parte.

No que diz respeito à liquidação de uma obrigação presente, esta normalmente implica a utilização de recursos capazes de gerar benefícios econômicos pela entidade, com intuito de satisfazer o direito da outra parte. De acordo com CPC (2008, p.19), a extinção de uma obrigação presente pode ocorrer de diversas maneiras, tais como:

a. Através de pagamento em dinheiro;

b. Na transferência de outros ativos;

c. Na prestação de serviços;

d. Na substituição da obrigação por outra;

e. Na conversão da obrigação em capital.

Também uma obrigação poderá ser extinta por outros meios, como por exemplo, a renúncia do credor ou pela perda dos seus direitos creditícios.

Os passivos resultam de transações ou de outros eventos passados, como por exemplo, a aquisição de mercadorias e o uso de serviços resultando em contas a pagar, a não ser que sejam pagos adiantadamente ou na entrega, e também recebimento de um empréstimo resulta na obrigação de liquidá-lo. Os passivos futuros podem ser considerados pela entidade através de abatimentos baseados no volume das compras anuais dos clientes, sendo esse caso, no qual a venda das mercadorias no passado é a transação da qual deriva o passivo.

Somente com elevado grau de estimativa alguns passivos podem ser avaliados e descritos como provisão no Brasil. Assim, se a provisão envolve uma obrigação presente e satisfaz os demais critérios de definição de passivo, anteriormente mencionada, ainda que seu valor tenha de ser estimado, ela é considerada um passivo. Têm-se exemplos que incluem obrigações por pagamentos a serem feitos para atender acordos com garantias ainda em vigor e provisões para fazer cumprir obrigações de aposentadoria.

O patrimônio líquido, definido anteriormente como um valor residual, pode também ter subclassificações no balanço patrimonial, como por exemplo: recursos contribuídos pelos acionistas, lucros acumulados, reservas resultantes de apropriações de lucros acumulados e reservas para manutenção do capital podem ser apresentados separadamente. Quando indicarem restrições legais ou sobre a capacidade que a entidade tem de distribuir ou aplicar de outra forma os seus recursos patrimoniais, essas classificações podem ser importantes para a tomada de decisão dos usuários das demonstrações contábeis, podendo também refletir o fato de que acionistas de uma entidade tenham direitos diferentes em relação ao recebimento de dividendos ou reembolso de capital.

No caso de reservas, quando exigida pelo estatuto ou por lei, têm finalidade de proporcionar à entidade e seus credores maior proteção contra os efeitos de prejuízos. Também outras reservas podem ser estabelecidas na finalidade de atender leis que concedem isenções ou reduções nos impostos a pagar, quando feitas transferências para tais reservas. A constituição de reservas legais, estatutárias e fiscais pode representar informações importantes para a tomada de decisão dos usuários e as transferências para tais reservas serão consideradas apropriações de lucros acumulados, não constituindo despesas.

O Patrimônio Líquido terá seu valor representado no Balanço Patrimonial, sendo esse valor dependente da mensuração dos ativos e passivos, sendo, geralmente, somente por coincidência igual ao valor de mercado das ações da entidade ou da soma que poderia obter-se pela venda dos seus ativos e liquidação de seus passivos, ou mesmo da entidade como um todo, numa base de continuidade operacional.

Independentemente do tipo jurídico ou natureza econômica de cada entidade, a definição de patrimônio líquido e os outros aspectos da Estrutura Conceitual proposta pelo CPC são igualmente aplicáveis a todas as entidades, das que desenvolvem atividades comerciais e industriais, bem como outros negócios, sendo elas firmas individuais, sociedades civis, entidades estatais e outras organizações cuja estrutura legal e regulamentar pode ser diferente daquela aplicável às companhias.

5.8.5 Desempenho

Como medida de desempenho ou como base para outras avaliações (retorno do investimento ou resultado por ação, por exemplo), utiliza-se com freqüência o resultado, e sua mensuração tem relação direta com as receitas e as despesas. O reconhecimento e mensuração de receitas e despesas e, por conseguinte, do resultado, dependem em parte dos conceitos de capital e de manutenção do capital utilizados pela entidade na elaboração de suas demonstrações contábeis.

De acordo com o CPC (2008, p.21), as receitas e despesas são definidas da seguinte forma:

a) Receitas - são aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de

entrada de recursos ou aumento de ativos ou diminuição de passivos, que resultam em aumentos do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de contribuição dos proprietários da entidade; e

b) Despesas - são decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma

de saída de recursos ou redução de ativos ou incrementos em passivos, que resultam em decréscimo do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de distribuição aos proprietários da entidade.

Identificando seus aspectos essenciais, as definições acima apresentadas podem não apontar quais critérios que precisam ser satisfeitos para que sejam reconhecidas na demonstração do resultado. No entanto esses critérios serão explicitados mais adiante no presente trabalho.

Desde que ofereçam informações relevantes para tomada de decisão, tanto as receitas quanto as despesas podem ser apresentadas de diferentes maneiras na demonstração do resultado. Por exemplo, é usual distinguir entre receitas e despesas que surgem no andamento das atividades da entidade, pois a fonte de uma receita é relevante na mensuração da capacidade que a entidade tem de gerar caixa ou equivalentes de caixa no futuro. Assim, as receitas oriundas de atividades eventuais, como a venda de um investimento de longo prazo, geralmente não se repetem regularmente, sendo feita esta distinção levando-se em conta a natureza da entidade e suas operações. Itens que decorrem das atividades ordinárias de uma entidade podem ser incomuns em outras entidades. Essa distinção entre itens de receitas e de despesas e a sua combinação de diversas formas também permitem evidenciar várias maneiras de medir o desempenho da entidade, com maior ou menor abrangência de itens. A demonstração do resultado, por exemplo, pode apresentar a margem bruta, o lucro ou prejuízo das atividades ordinárias antes do imposto de renda, o lucro ou o prejuízo das atividades ordinárias depois do imposto de renda e o lucro ou prejuízo líquidos.

5.8.6 Receitas

De acordo com a presente Estrutura Conceitual, a definição de receita compreende receitas e ganhos. Considera-se que a receita surge no andamento das atividades ordinárias de uma determinada entidade. A receita pode ser denominada por uma variedade de nomes: vendas, honorários, juros, dividendos, royalties e aluguéis.

Já os ganhos representam outros itens que se enquadram na definição de receita e que podem ou não surgir no curso das atividades ordinárias da entidade. Representam aumentos nos benefícios econômicos, não diferindo, nesse caso, em natureza, das receitas e não são considerados por esta Estrutura como um elemento separado. Os Ganhos incluem aqueles que resultam da venda de ativos não-correntes.

Os ganhos não realizados também estão incluídos na definição de receita, como por exemplo, os que resultam da reavaliação de títulos negociáveis e de aumentos no valor de ativos a longo prazo. Usualmente, estes ganhos são apresentados separadamente quando são reconhecidos na demonstração do resultado, pois sua divulgação tem utilidade na tomada de decisões econômicas, e são, geralmente, mostrados líquidos das respectivas despesas.

Os itens caixa, contas a receber, mercadorias e serviços recebidos em troca de mercadorias e serviços fornecidos são exemplos de ativos que podem ser recebidos ou aumentados pela receita. A Receita também poderá resultar na liquidação de passivos, como por exemplo, a entidade pode oferecer mercadorias e serviços a um credor por empréstimo em liquidação da obrigação de pagá-lo.

5.8.7 Despesas

A definição de despesas abrange perdas e também despesas que surgem no andamento das atividades ordinárias da entidade. As despesas são consideradas como as surgem no curso das atividades ordinárias da entidade, tais como, o custo das vendas, salários e depreciação, levando a um desembolso ou redução de ativos como caixa e equivalentes de caixa, estoques e ativo imobilizado.

Já as perdas são outros itens que também se enquadram na definição de despesas, mas, no entanto, podem ou não surgir no desenvolvimento das atividades ordinárias da entidade. Representam decréscimos nos benefícios econômicos, não sendo de natureza diferente das demais despesas. Assim, também não são consideradas como um elemento à parte nesta Estrutura Conceitual. As perdas incluem, por exemplo, as que resultam de sinistros como incêndio e inundações, assim como as que decorrem da venda de ativos não-correntes. As perdas não realizadas também são incluídas na definição de despesas, como por exemplo, as que decorrem dos efeitos dos aumentos na taxa de câmbio de uma moeda estrangeira com relação aos empréstimos a pagar na mesma moeda.

Quando reconhecidas na demonstração do resultado, as perdas são normalmente apresentadas em separado, pois sua divulgação é considerada útil na tomada de decisões econômicas, sendo essas perdas geralmente evidenciadas líquidas das respectivas receitas.