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A(s) medida(s) de resiliência

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2.4 RESILIÊNCIA

2.4.2 A(s) medida(s) de resiliência

Paludo e Koller (2006) comentam que, apesar dos diversos métodos utilizados para compreender a resiliência psicológica terem se mostrado úteis para compreender as estruturas psicológicas que estão conectadas aos seus resultados cognitivos e fisiológicos, não há consenso sobre a melhor maneira de mensurar ou avaliar aspectos relacionados ao fenômeno, uma vez que a área ainda possui muita confusão conceitual que se reflete nas medidas existentes. A literatura revela a preocupação com a construção de medidas de boas propriedades psicométricas.

Batista e Oliveira (2008, p. 138), construíram e revalidaram a escala de resiliência composta por 15 itens (a= 0,90) que se referem à “capacidade de lidar com problemas de

forma proativa, autônoma e determinada, buscando alternativas, juntamente com a confiança em si próprio”.

Lopes e Martins (2011), analisando os instrumentos que se propõem a medir a resiliência, optaram por um instrumento com ampla utilização em pesquisas internacionais e que apresentasse boas características psicométricas no estudo original. A partir desse critério, o instrumento que se mostrou bastante adequado foi a Connor-Davidson Resilience Scale (CD-RISC), desenvolvida por Connor e Davidson (2003), composta por 25 itens. Em 2007, foi revalidada por análise fatorial confirmatória por Campbell-Sills e Stein (2007) que consolidou uma versão abreviada (CD-RISC-10). As autoras em estudos brasileiros confirmaram a mesma estrutura unifatorial apresentada no instrumento (CD-RISC-10) relatada no estudo confirmatório de Campbell-Sills e Stein (2007), reunindo os 10 itens no fator nomeado resiliência. O coeficiente de precisão encontrado (0,82) é satisfatório, pois segundo Hair, Anderson, Tatham e Black (2005) e Pasquali (2009), o limite inferior geralmente aceito é de 0,70.

Carvalho et al. (2014) adaptaram e validaram para o contexto de trabalho e das organizações no Brasil a Escala de Resiliência para Adultos (RSA). A versão da RSA foi originalmente elaborada por Hjemdal, Roazzi, Dias, Roazzi e Vikan (2009) e reavaliada com seus 33 itens, aos quais os participantes respondem em uma escala Likert de 7 pontos. A estrutura fatorial foi confirmada, mostrando-se capaz de mensurar seis fatores com Alphas de Cronbach variando entre 0,51 a 0,75. A RSA apresenta um potencial para explicar e intervir em fenômenos psicossociais relacionados ao trabalho, à medida em que permite compreender as possiblidades e os limites colocados para os processos de adaptação no ambiente organizacional. Porém, nota-se que Alphas com 0,51 são muito baixos para determinação de um fenômeno significativo.

Carvalho, Borges, Vikan e Hjemdal (2011) realizaram um estudo sobre resiliência e socialização organizacional entre servidores públicos brasileiros e noruegueses, junto a uma amostra de servidores docentes e técnico-administrativos brasileiros e noruegueses. Análises de regressão hierárquica foram desenvolvidas com o intuito de observar e comparar a capacidade preditiva da resiliência em relação à socialização organizacional. Os resultados demonstraram, de modo geral, que a resiliência contribuiu significativamente para explicar os resultados de socialização organizacional, independentemente da nacionalidade e da ocupação. A capacidade preditiva da resiliência em relação à socialização organizacional foi maior entre os novos servidores brasileiros.

O questionário utilizado nesse estudo foi a Escala de Resiliência para Adultos (RSA) (Hjemdal, Friborg, Stiles, Rosenvinge, & Martinussen, 2006), que tem sua versão original em norueguês e foi adaptada e validada para a língua portuguesa por Hjemdal et al. (2009). A RSA contém 33 itens, estruturados em uma escala de sete pontos em formato de diferencial semântico, na qual cada item é organizado como um continuum, cujos opostos apresentam alternativas de resposta com conteúdo positivo e negativo. Após o processo de adaptação e validação, a estrutura fatorial foi confirmada, mostrando-se capaz de mensurar seis fatores (anteriormente mencionados), cujos alphas de Cronbach variam de 0,56 a 0,79. A RSA apresenta um potencial para explicar e intervir em fenômenos psicossociais relacionados ao trabalho, na medida em que permite compreender as possiblidades e os limites colocados para os processos de adaptação no ambiente organizacional. Alphas com valores baixos, acabam sendo um problema para replicação do instrumento.

Gomide Júnior, Silvestrin e Oliveira (2015), em seu estudo sobre bem-estar no trabalho: o impacto das satisfações com os suportes organizacionais e o papel mediador da resiliência no trabalho, validaram um instrumento de medida para resiliência no trabalho. Para isso, o instrumento de medida de resiliência construído e validado por Batista e Oliveira (2008) foi adaptado para situações relativas ao trabalho. O instrumento adaptado foi respondido por 164 trabalhadores formalmente empregados em organizações do Triângulo Mineiro, que completaram, pelo menos, o ensino fundamental, constituindo uma amostragem por conveniência, sendo 59,8% do sexo feminino, predominando os participantes com curso superior incompleto e completo (51,9%). A amostra apresentou idade média de 31,05 anos (DP=9,8 anos), variando entre 18 e 63 anos, e tempo médio de trabalho na organização de 4,7 anos (DP= 6,4 anos). Foi realizada uma análise exploratória dos dados com o objetivo de verificar a precisão do arquivo de dados. Para verificar a estrutura fatorial do instrumento, foram realizadas análises dos componentes principais (PC) e análise dos eixos principais (PAF/oblimin) para confirmação da estrutura fatorial (cargas iguais ou superiores a 0,40; autovalores iguais ou superiores a 1,5). A configuração final do instrumento foi de uma medida unifatorial, composta por 15 itens, com cargas entre 0,43 e 0,77 e confiabilidade (Alpha de Cronbach) de 0,87 (KMO igual a 0,869).

Martins, Siqueira e Emilio (2010) construíram e validaram a Escala de Avaliação de Resiliência – EAR. Ela possui 23 itens e avalia cinco fatores: adaptação ou aceitação positiva de mudança (α = 0,87), espiritualidade (α = 0,90), resignação diante da vida (α = 0,72), competência pessoal (α = 0,73) e persistência diante das dificuldades (α = 0,78). As respostas são registradas em escala tipo Likert que varia de um a cinco (1= Nunca é verdade; 2 =

Raramente é verdade; 3 = Algumas vezes é verdade; 4 = Frequentemente é verdade; 5 = Sempre é verdade). A escala possui uma forma completa com 32 itens e uma forma reduzida com 23 itens. Por decisão do autor, será utilizado a escala reduzida de Martins, Emílio e Siqueira (2011) para investigação desse estudo.

Assim, a resiliência foi designada como variável moderadora desse modelo, sendo considerada um recurso pessoal no trabalho dentro do modelo JD-R e a seguir será demonstrado seus impactos e explicações na investigação.

3 OBJETIVO E HIPÓTESES

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