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Estudos empíricos sobre percepção de suporte social no trabalho –

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2.3 PERCEPÇÃO DE SUPORTE SOCIAL

2.3.2 Estudos empíricos sobre percepção de suporte social no trabalho –

O conceito da percepção de suporte social no trabalho foi criado no Brasil, por esse motivo os estudos empíricos apresentados sobre suporte social no trabalho restringem-se a esse país e não foram localizados estudos internacionais sobre a PSST.

Em relação aos estudos serão apresentados primeiramente alguns resultados de estudos internacionais e nacionais sobre suporte social geral no ambiente de trabalho e depois apresentando os achados brasileiros dos estudos sobre PSST.

Os estudos internacionais são consideráveis na parte de suporte social, verificando a importância do apoio social para o status funcional da vida. Assim, o fortalecimento do apoio social pode ser eficaz na manutenção das habilidades funcionais de uma pessoa em qualquer ambiente.

Pluut, Irieis, Curseu e Liu (2018) constataram três importantes pontos de suporte social que melhoram a vida do indivíduo em casa e no trabalho, 1 - O apoio diário no trabalho e em casa é um amortecedor do processo de conflito entre trabalho e família; 2 - O suporte oferecido pelo supervisor enfraquece o efeito da carga de trabalho na exaustão emocional e o

3 - O apoio do cônjuge enfraquece o efeito do esgotamento emocional no conflito entre trabalho e família, mostrando que existe uma relação positiva do trabalho com o apoio social positivo recebido.

Neste sentido, Weise (2017) estudou a influência do engajamento no suporte social. Os resultados do estudo validaram a influência positiva do suporte social no engajamento em um ambiente organizacional, sendo este um importante antecedente.

As empresas se beneficiam de um ambiente de trabalho favorável e devido à alta correlação de suporte social e engajamento; assim, investir em qualquer uma dessas dimensões provavelmente também beneficiará a outra. Por este meio é importante ter em conta que, para alguns funcionários, as ações de suporte reais podem gerar melhor confiança e produtividade do que o controle excessivo de seus chefes. Além disso, os líderes podem ser capazes de definir uma norma cultural para a relação prevalente de apoio profissional e pessoal, pois essa relação é considerada semelhante para o relacionamento de supervisor. Para determinar o nível ideal de supervisor, os gerentes podem impulsionar o apoio social no ambiente de trabalho promovendo uma cultura regular de feedback em suas equipes, reconhecimento e promover o bom trabalho, sendo uma ferramenta para os líderes dirigirem o suporte social entre seus funcionários.

Weise (2017) destaca que o engajamento em um ambiente laboral precisa ser abordado em estudos maiores com população heterogênea para entender as correlações de demandas e posição, responsabilidades e status, variáveis do indivíduo e da organização. A relação das dimensões pessoal e profissional nas relações de trabalho permanece desconhecida e precisam-se de estudos que se aprofundem sobre essas variáveis, como se objetiva nessa tese.

Ao analisar no cenário nacional o estudo da percepção de suporte social no trabalho teve início com Moraes (2007) que verificou que os antecedentes de saúde organizacional no que tange à integração de pessoas e equipes, são suporte organizacional (R² = 0,47), suporte social no trabalho – emocional (R² = 0,13) e suporte social no trabalho informacional (R² = 0,03). Esses fatores foram os preditores mais fortes no modelo. Assim os empregados que percebem estarem inseridos numa organização que valoriza as suas contribuições, que cuida do seu bem-estar, oferece tratamento justo, fornece retribuição e reconhecimento ao seu esforço no trabalho e onde existem pessoas em quem se possa confiar, que se mostram preocupadas umas com as outras, se valorizam, se gostam e ainda percebem a organização como possuidora de uma rede de comunicação comum, que veicula informações precisas, confiáveis e coerentes são aqueles que mais percebem a organização saudável, ou seja, com a

capacidade de desenvolver alto grau de integração entre os empregados e suas equipes de trabalho.

No que se refere à saúde organizacional voltado para o fator flexibilidade e adaptabilidade às demandas externas, o suporte organizacional explicou 53%, seguido de suporte social no trabalho informacional (R² = 0,03) que explicou mais do que o suporte emocional no trabalho (R² = 0,02). Desta forma, quando os empregados percebem estarem inseridos numa organização que valoriza as suas contribuições, cuida do seu bem-estar, oferece tratamento justo, fornece retribuição, reconhecimento ao seu esforço no trabalho, percebendo a organização como possuidora de uma rede de comunicação comum que veicula informações transparentes, precisas, confiáveis e coerentes e ainda percebem que existem pessoas em quem confiar, são aqueles que percebem a organização com a capacidade de ser flexível e adaptável às demandas externas, ou seja, mais saudável. Segundo Moraes (2007), um ponto interessante é que nenhum dos modelos reteve a variável suporte social instrumental ou material no trabalho, ou seja, a parte de suporte financeiro não foi um bom preditor para saúde organizacional, ficando o poder de explicação com suporte emocional e informacional no trabalho.

Alves (2011) estudou o impacto das percepções de suporte organizacional e social no trabalho no bem-estar no trabalho da enfermagem. A amostra do estudo foi composta por 340 trabalhadores de Enfermagem, que responderam escalas válidas dos construtos investigados. Os principais resultados mostraram que a percepção de suporte organizacional (PSO) explicou 29% do comprometimento organizacional afetivo e 21% do envolvimento com o trabalho; a percepção de suporte social no trabalho (PSST) instrumental configurou-se como a principal variável na explicação da satisfação com o salário, com a tarefa e com as promoções, com percentuais variando entre 18 e 19%; a satisfação com os colegas foi explicada pela PSST emocional (19%); e, por fim, a PSST informacional e a PSO explicaram 23% da variância da satisfação com a chefia. Portanto, os maiores percentuais foram atribuídos à PSO e à PSST instrumental, indicando que a administração hospitalar deve tecer estratégias para oferecer apoio material e gerencial, além de valorizar a contribuição dos profissionais da área de Enfermagem, tendo em vista que o nível de bem-estar da equipe de saúde pode ter reflexos na qualidade do atendimento prestado aos pacientes.

Lima (2011) buscou entender o capital psicológico como moderador entre percepções de suporte no ambiente social e no contexto organizacional de empreendimentos econômicos solidários. Participaram desse estudo 106 cooperados, que responderam aos questionários de capital psicológico, percepção de suporte social e social no trabalho. Foram realizadas

análises descritivas, correlações entre as variáveis (r de Pearson) e regressão linear e os resultados indicaram correlações positivas e significativas entre percepção de suporte social e as três dimensões de percepções de suporte social no trabalho e confirmaram o capital psicológico como moderador entre percepções de suporte social e percepções de suporte social no trabalho. O estudo foi um importante incentivo aos empreendedores econômicos solidários, pois sugere que o capital psicológico tem um grande impacto na percepção de suporte social, indicando com que as cooperativas desenvolvam melhores modelos de gestão que auxiliem as pessoas a perceberem melhor suporte informacional e emocional das cooperativas para que se possa alcançar maior participação dos cooperados.

Andrade e Estivalete (2013) estudaram a influência dos valores organizacionais sobre a percepção de suporte social no trabalho, sob a perspectiva dos colaboradores do setor bancário público e privado. Entre as variáveis investigadas, os valores organizacionais prioritários foram domínio e prestígio, evidenciando a primazia em relação à liderança de mercado, bem como a imagem e reconhecimento da sociedade. Esses resultados revelam que as organizações bancárias, inseridas num mercado altamente competitivo, encontraram nos valores domínio e prestígio sustentação para suas práticas em busca de seus objetivos focais. Analisando o suporte social no trabalho, a maior incidência foi atribuída ao suporte social informacional, associado ao compartilhamento e acesso a informações, enquanto a menor prioridade foi atribuída ao suporte social emocional, relacionado ao apoio entre os colegas, através de manifestações de preocupação e afeto. Assim, diante de um cenário caracterizado pela competitividade e transformações contínuas, onde as situações estressantes fazem parte do dia-a-dia do trabalho bancário, esse diagnóstico oferece um pertinente ponto de partida aos dirigentes e gestores destas organizações em busca de novas formas de gestão que priorizem o suporte social no trabalho.

Verifica-se então que são inúmeros os benefícios para as organizações que adotam práticas relacionadas ao suporte social no trabalho (Moraes, 2007; Andrade & Estivalete, 2013; Feeney e Collins, 2014; Weise, 2017). Assim, testar modelos que prevejam suporte social emocional, informacional e instrumental no trabalho e liderança autêntica como preditores ou antecedentes do engajamento são fundamentais explicar o impacto no engajamento e entender o papel moderador da resiliência nessa relação.

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