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A SATISFAÇÃO CONJUGAL E AS RELAÇÕES COM A SAÚDE MENTAL

Dos 8 (oito) periódicos selecionados à pesquisa, 3 (três) relacionavam satisfação conjugal à saúde mental dos cônjuges. Sendo que, os demais não faziam relação da satisfação conjugal com a saúde mental dos cônjuges.

Conforme mostra o gráfico 4, foram encontradas 4 (quatro) categorizações para o segundo objetivo específico, aos quais aparecem por freqüência de periódicos. 1 2 3 1 Aspectos biológicos Aspectos psicológicos Aspectos sociais Aspectos bio-psico- sociais

5.2.1 As faces da Saúde mental para esta pesquisa

O conceito de saúde mental esta relacionada ao campo de atuação profissional, ao qual, envolve uma grande área de conhecimento voltada para ações interdisciplinares. Muito embora apresente vários significados na literatura.

A saúde/ doença de modo geral segundo Rolland (1995), possui diferentes percepções de entendimento sobre o mesmo fenômeno, dependendo do grupo que as enquadra. Os grupos classificam a saúde/ doença como sendo de causas - biológicas psicológicas e sociais, ao que parece nesta pesquisa os autores possuem o mesmo entendimento sobre a saúde mental, pois estas foram consideradas como sendo de causas – biológicas (NORGREN et al., 2004), psicológicas (VILLA et al., 2007) e sociais (PERLIN; DINIZ, 2005), ou até mesmo reuniam estas três dimensões (NORGREN et al., 2004).

Autores Relações com a saúde mentaldos cônjuges Categorias de análise

NORGREN, Maria de Betânia Paes et al

“Os relacionamentos íntimos são aspectos centrais da vida adulta e a qualidade dos mesmos tem implicações não só na saúde mental, mas também na saúde física e vida profissional de homens e mulheres”.

• Aspectos biológicos: saúde física.

• Aspectos psicológicos: saúde mental.

• Aspectos sociais: vida profissional de homens e mulheres.

=

Aspectos bio-psico-sociais

PERLIN, Giovana & DINIZ, Gláucia.

“A opção pelo estilo de vida de duplo trabalho pode ser muito estressante devido à grande necessidade de mudanças e/ou adaptações em papéis que antes eram bem definidos”.

• Aspectos sociais: vida de duplo trabalho.

VILLA, Miriam Bratfisch et al

“[...] as habilidades sociais nos diversos contextos de vida [conjugal] (Caballo, 1998; Del Prette & Del Prette, 1996, 1999; Mackay, 1998), [...] esta diretamente ligada à saúde mental e ao ajustamento psicossocial (Trower, 1995)”.

• Aspectos sociais: habilidades sociais nos diversos contextos de vida [conjugal].

• Aspectos psicológicos: à saúde mental.

Segundo Perlin; Diniz (2005), sobre a avaliação da satisfação conjugal no casamento de homens e mulheres que optam por relacionamentos de duplo trabalho, estes autores puderam identificar que, “a opção pelo estilo de vida de duplo trabalho pode ser muito estressante devido à grande necessidade de mudança e/ ou adaptações em papéis que antes eram bem definidos” pela sociedade, podendo interferir na saúde de homens e mulheres. Esta mesma percepção de que os aspectos sociais podem gerar sofrimento psíquico é entendido por alguns autores como Burke, (1976 apud MCGOLDRICK, 1995b). Burke, (1976 apud MCGOLDRICK, 1995b) entende que as mudanças nas normas e crenças sociais podem causar insatisfação conjugal, principalmente ao homem, pois papéis que eram bem definidos socialmente estão mudando para atender novas exigências sociais. Uma destas mudanças sociais e a ascensão do status feminino perante a profissionalização, ao qual acabaria por deixar o homem inseguro na relação conjugal, e isto se deve à independência financeira da mulher perante o homem. O mesmo é entendido por Goldenberg (2001) no que se refere às mudanças sociais, só que em relação à insatisfação das mulheres. Segundo esta autora, as conquistas feministas da mulher no meio social vieram contribuir significantemente para o excesso de trabalho, isto devido às jornadas de trabalho dentro e fora do lar, podendo prejudicar a saúde da mulher moderna e a satisfação conjugal. Esta idéia de Goldenberg (2001) corrobora com o que diz Traverso-Yépez (2001), segundo este autor a doença não se reduz simplesmente a uma causa orgânica esta se relaciona também com as características de cada sociedade e cultura, entendendo- se que as novas demandas sociais contribuem muitas das vezes para o adoecimento mental. Isso também corrobora com a idéia de Crochík (1998) sobre a formação da subjetividade (1998). Este autor entende que “o método para se estudar a subjetividade deve ser, portanto, o que leva a procurar no indivíduo as marcas da sociedade (p. 4)”, isto é, para se entender o adoecimento psíquico basta entender o contexto no qual os sujeitos estão inseridos.

Os autores Villa et al. (2007) entendem a importância das habilidades sociais não somente para o sucesso conjugal, mas na saúde mental também. Segundo esses autores as “[...] habilidades sociais nos diversos contextos de vida [entende-se que na vida conjugal também] esta diretamente ligada à saúde mental e ao ajustamento psicossocial”. O mesmo é entendido por Norgren et al. (2004), esses autores entendem que as habilidades sociais - na comunicação e na resolução de

problemas além de importantes à satisfação conjugal também são importantes na saúde mental dos cônjuges. O mesmo corrobora com Capitão et al. (2005) no que se refere aos aspectos psicológicos do adoecer. Segundo este autor a “[...] saúde psicológica engloba [...] a capacidade de pensar de forma clara e objetiva [entende- se que se objetiva o pensar pela comunicação], possuir uma auto-estima adequada e consciência de bem-estar (p. 81)”.

Segundo Norgren et al. (2004), “os relacionamentos íntimos são aspectos centrais da vida adulta, e a qualidade dos mesmos tem implicações não só na saúde mental, mas também na saúde física e vida profissional de homens e mulheres”. O mesmo entendimento de qualidade de vida é percebido por Lancetti; Amarante (2006), estes autores entendem que a saúde como qualidade de vida envolve aspectos biológicos, psicológicos e sociais (bio-psico-social). Do mesmo modo entende Ribeiro (1996), este autor percebe que a saúde envolve todas as dimensões possíveis do sujeito, isto é, os aspetos biológicos, psicológicos e sociais. No que se refere aos aspectos biológicos, Rosen (1994, apud TRAVERSO-YÉPEZ, 2001) entende que este grupo “[...] prioriza o orgânico e propõe que toda doença ou desordem física pode ser explicada por alterações no processo fisiológico resultante de lesões, desequilíbrios bioquímicos, infecções bacterianas ou virais e similiares (p. 50).”

Diante do exposto se percebeu que a saúde possui definições diferentes, e isto depende do grupo que a enquadre, a saúde possui para esta pesquisa critérios biológicos (NORGREN et al., 2004), psicológicos (NORGREN et al., 2004) e sociais (PERLIN; DINIZ, 2005; VILLA et al., 2007; NORGREN et al., 2004), ao qual também abrangem a dimensão bio-psico-social dos sujeitos (NORGREN et al., 2004), ficando claro que depende de quem as observa (ROLLAND,1995). Diante desses achados entende-se assim como Capitão et al. (2005), que a Psicologia como um campo de saber destinado à saúde, deve procurar abranger o indivíduo nas três dimensões citadas, objetivando o estado completo de bem-estar físico, mental e social.

Em seguida serão apresentadas as divergências/ convergências encontradas nas variáveis de satisfação conjugal identificadas nesta pesquisa.

5.3 DIVERGÊNCIAS IDENTIFICADAS NAS VARIÁVEIS INFLUENTES À SATISFAÇÃO CONJUGAL

Prática de crença religiosa

Divergentes Crença religiosa

NORGREN, Maria de Betânia Paes et al.

Comparando casais satisfeitos e insatisfeitos, a autora encontrou como variáveis de satisfação conjugal quando há entre os cônjuges: proximidade, estratégias adequadas de resolução de problemas, coesão, boa habilidade de comunicação, satisfação com o status econômico, prática de crença religiosa, consenso, flexibilidade e presença do sentimento de amor.

VILLA, Miriam Bratfisch et al.

Concluiu-se neste estudo que os ensinamentos religiosos não constituem fator determinante nas habilidades sociais conjugais.

Fonte: autora

Segundo Norgren et al. (2004), no estudo sobre a possível satisfação conjugal em casamentos com mais de 20 anos, comparando casais satisfeitos e casais insatisfeitos com a relação conjugal, os autores identificaram que a satisfação conjugal aumenta quando há além de outras variáveis de satisfação conjugal a prática de crença religiosa. No entanto na pesquisa de Villa et al. (2007), estes puderam concluir que os ensinamentos religiosos não constituem fatores determinantes nas habilidades sociais que garantam a satisfação conjugal. Percebe-se que estes autores divergem no que se refere à prática de crença religiosa como uma das variáveis importantes a satisfação conjugal.

5.4 CONVERGÊNCIAS IDENTIFICADAS NAS VARIÁVEIS INFLUENTES À