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Capítulo 5. Validação do Protótipo

2.2 A Noção de Cibernética.

2.3.4 A Sociedade da Informação.

A sociedade da informação começou a dar os primeiros passos em finais da década de 50, com o lançamento do satélite Russo Sputnik (1957). A importância real do lançamento, para o espaço, do Sputnik não foi a inicialização da Era espacial, mas sim, a introdução de uma nova Era ao nível das comunicações [Naisbitt 1988].

Esta sociedade, que cresceu no anonimato assombrada pelo consumismo, surge agora quase adulta, por força das acentuadas evoluções tecnológicas. O estado actual da tecnologia veio antecipar e apressar a chegada da sociedade de informação. As novas tecnologias de informação e comunicação, das quais se destaca a Internet permitem, hoje, com a maior das simplicidades, armazenar, processar, apresentar e comunicar informações, nos mais diversos formatos, oral, escrito ou visual, sem limitações de distância, tempo ou volume [Bangemann, et al. 1994].

Nesta nova era emergente, também conhecida por digital ou pós- industrial, prevalecem muitos dos anteriores conceitos e paradigmas, mas, agora, menos relacionados com o espaço e com o tempo.

A diversificação e a amplitude das novas tecnologias deram o mote, cabendo aos indivíduos, a responsabilidade da sua utilização, no sentido da construção de uma nova sociedade, baseada na própria expressão do conhecimento humano, a informação.

A sociedade de informação, tal como se define no livro verde [MSI 1997], refere-se a um novo modo de desenvolvimento social e económico em que a aquisição, processamento, valorização, transmissão, distribuição e disseminação de informação, conducente à criação de conhecimento e à satisfação das necessidades dos cidadãos e das empresas desempenham um papel central na actividade económica, na criação de riqueza, na definição da qualidade de vida dos cidadãos e das práticas culturais.

A sociedade de informação corresponde, por conseguinte, a uma nova sociedade cujo funcionamento recorre constantemente a redes digitais de informação. Esta alteração da actividade económica, e dos factores determinantes do bem estar social, é resultante do desenvolvimento das novas tecnologias de informação, do audiovisual e das comunicações, com impactos ao nível do trabalho, da educação, da ciência, da saúde, do lazer, dos transportes e do ambiente, entre outros. Os factores de liderança, outrora atribuídos à energia é a força muscular, baseiam-se, agora, nas novas tecnologias de informações e no conhecimento humano.

A evolução económica, mais importante do nosso tempo, é o surgimento de um novo sistema criador de riqueza, baseado na mente, em vez dos músculos humanos [Tofler 1991]. Na sociedade industrial o bem fundamental era o capital, na Era digital passou a ser a informação. A caracterização da Economia da Informação assenta em valores abstractos e, como tal, bastante difíceis de quantificar. Medir a riqueza gerada pelos contextos laborais de índole tecnológica não é, com certeza, uma tarefa fácil, mas a realidade fornece a percepção que ela existe.

Na sociedade de informação muitos dos valores económicos gerados obtêm-se por via de profissões ligadas à informação. Estas profissões existem em todos os sectores de actividade detendo, no entanto, um espaço de intervenção privilegiado, no contexto dos serviços.

No sentido de quantificar o contributo da informação, no âmbito da economia global dos EUA, Porat desenvolveu um estudo onde agrupou as profissões que trabalham a informação, num sector denominado “Sector Secundário da Informação” e mediu a riqueza gerada pelos mesmos. O

estudo de Porat,6 concluiu que o sector secundário da informação foi em

1997, responsável por cerca de 46% do PIB “Produto Interno Bruto” Americano, e por mais de 53% das receitas do mesmo País.

A informação é a fonte da nova riqueza que assenta, agora, no conhecimento “Know-How”.

Ao contrário das outras forças do universo, o conhecimento não está sujeito às leis de conservação. Pode ser adquirido, destruído e é, sobretudo, sinergético. A produtividade do conhecimento está a tornar-se a força da competitividade e do sucesso económico.

6 O estudo da economia de informação - Definição e quantificação de More Porat foi

publicado pelo departamento do comércio/secção de telecomunicações, em Maio de 1977 e citado por Jonh Naisbit [Naisbit 1997].

O conhecimento é, hoje, a indústria que fornece à economia os recursos centrais e essenciais à produção [Drucker 1980].

Nesta óptica os sistemas da sociedade, humanos ou organizacionais, devem ser, basicamente, pensados como “Sistemas de Informação”.

O crescimento do mercado das comunicações móveis, a banalização das tecnologias associadas à Internet, o desenvolvimento da indústria que permite a criação de conteúdos em ambiente multimédia, a integração dos diversos serviços de telecomunicações com os computadores e as tecnologias audiovisuais, vão, certamente, potenciar o desempenho dos sistemas de informação e permitir a descentralização das organizações, no sentido da construção de Empresas Virtuais.

Estas organizações sobrevivem do conhecimento e dos recursos necessários para a produção de trabalho. A informação é o elemento chave e, contrariamente aos processos de automatização convencional, as organizações virtuais utilizam as capacidades intelectuais, em detrimento da força muscular. O conhecimento dos empregados é, actualmente, um dos activos mais valiosos das empresas [www.infoservi.com 1998].

A desmaterialização das organizações será, porventura, um dos principais contributos que as empresas obtêm por via da sociedade de informação.

As empresas de hoje não necessitam de se concentrar fisicamente num espaço geográfico próximo. As redes de comunicações de dados, e as restantes tecnologias de informação, abrem novos horizontes, quer ao nível da implantação dos factores de produção, quer ao nível da comercialização dos produtos.

O Mundo torna-se, cada vez mais, uma aldeia global, povoada por

comunidades virtuais, constituídas em torno de uma nova esfera pública7,

denominada Internet. A nova esfera pública, típica da sociedade de informação, embora virtual, permite outras formas de acção social, que vão muito além da simples troca de opiniões e informação. É nessa nova esfera pública que as comunidades virtuais podem, hoje, trocar bens e serviços. É nessa nova esfera pública que se desenvolve um novo contexto comercial, em que o consumidor é rei.

Figura 2.7 - Fluxo Comercial, típico da Sociedade da Informação.

7 Por “esfera pública” entende-se um domínio da vida social, na qual se pode formar

a opinião pública. O acesso à esfera pública está, em princípio, aberta à comunidade. Constitui-se uma parcela da esfera pública cada vez que um grupo de pessoas se junta no sentido de trocar informações. Os cidadãos da comunidade agem como público quando abordam questões de interesse geral, sem estarem sujeitos à coacção, estando assim garantida a sua liberdade de opinião [Abermas 1984].

Industria

Marketing&

Ciber-Cliente

É no seio da sociedade de informação que nasce uma nova forma de comércio, denominada “Comércio Electrónico”.

Os contornos sociais do comércio electrónico herdam muitas das premissas típicas da sociedade de consumo. O Cibercliente tem ao seu dispor toda a informação de que necessita para a sua decisão de compra, sendo, por isso, ainda mais informado que o consumidor. Os factores de competitividade centram-se, sobretudo, no tempo e na personalização do produto. Os produtos normalizados dão lugar à confecção de produtos altamente diferenciados e concebidos à medida das pretensões do cliente.

À função marketing cabe, agora, a responsabilidade de elaborar prospecções para nichos individuais de mercado. Cada cliente é um cliente, e as modas são mais voláteis do que nunca. A obtenção de sinergias e economias de escala são, neste cenário, muito difíceis de conseguir. Perspectivar áreas de negócio, onde estes factores possam ocorrer, afigura-se um óptimo indicador de sucesso. As empresas deverão, tão rapidamente quanto possível, adaptarem-se convenientemente a este novo cenário comercial.