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Capítulo 7: Aspectos sensitivos

7.2 A suposta privacidade das sensações

A questão do item anterior sobre o “sentido” da suposta privacidade das sensações no interior da linguagem vai nos direcionar nas reflexões deste tema.

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O nosso primeiro passo aqui deve ser o de remover algumas obviedades que podem dificultar a percepção da questão levantada no item anterior: até que ponto é assumido que não podemos saber o que o outro sente? Ou pensar sobre o que pensa o outro? A resposta mais imediata da questão, provavelmente, é resumida como segue: deixo, em geral, valer a comunicação do outro em torno das suas sensações como critério próprio, e ainda assim eu sei da possibilidade que ele tem de fingir, escondendo o que sente. Mas em que medida esta resposta não é prejudicada em comparação com um critério gramatical? Até que ponto podemos aceitar a sua comunicação como um dado genuíno?

Primeiro devemos notar que, em geral, “[d] a sensação do outro eu posso ter

plena segurança”264. Isto porque, o comportamento do outro, quando observado sem ser

notado, geralmente revela o que ele sente, tanto por meio de comportamentos reativos característicos (como aqueles da dor, raiva, etc.), quanto por observação de suas ações (como a orientação do olhar, etc.).

264 MS 144, 100 = PPF, xi, § 340. Original: “Du kannst zwar über den Seelenzustand des Andern

Em um contexto normal, não levantamos a questão se as suas sensações são, para mim, acessíveis ou não: eu freqüentemente entendo-as, embora isto não signifique que eu “sinto-as”. Quanto ao que ele pensa, eu geralmente confio no que ele me diz espontaneamente, ou caso seja questionado.

Em certos casos em que se julga não valer como critério último a comunicação do outro sobre as suas próprias sensações, ele terá de fornecer razões para acreditarmos nele: por exemplo, no caso em que o outro está sob o efeito de alguma

droga265, ou se temos razão para acreditar que ele mente.

Neste segundo caso, no entanto, é fundamental sublinhar o fato de que, para pensar em uma mentira, só precisamos de razões, enquanto que para acreditar que o que o outro diz corresponde à verdade, nós não precisamos de razões específicas: nós não

pensamos de um bebê ou de um cão266 que estão mentindo, ou que fingem sentir uma

dor.

Isto ocorre porque o mentir é um jogo de linguagem que precisa ser aprendido, e como tal se encaixa em uma situação em que se fornecem os desdobramentos reflexivos, com a possibilidade de separar unidade de ação de todas as suas convicções, e os motivos para mentir, situados nas circunstâncias pessoais e materiais em que ocorre a comunicação.

Para constituir um caso de simulação em que os sinais podem ser projetados com o objetivo de fazer as pessoas acreditarem em um determinado conteúdo, é necessário que se tenha uma base de certeza, de verdadeira comunicação, de regras em funcionamento e de comportamentos expressivos de sensações. E é óbvio que para fazer isso, se deve ser capaz de fazer usos funcionais disponíveis que veiculam o conteúdo já sedimentado na normalidade. “Portanto, nem todo o comportamento, em quaisquer

circunstâncias, pode ser disssimulação”.267

A distância entre a expressão (corporal ou verbal) e a interioridade é necessariamente a exceção, não a regra. E se o surgimento de uma mediação entre sentir e exprimir é um momento secundário, derivado, então podemos levantar a seguinte interrogação:

Até que ponto então as minhas sensações são privadas? – Ora, só eu posso saber se eu realmente sinto dor; o outro pode apenas supor. – Num sentido, isto é falso, noutro, absurdo. Se usamos a palavra ‘saber’ como normalmente

265 MS 130, 192 = BPP I, § 137.

266 MS 144, 106 = PPF, xi, 363 e LSPP II, §§ 870-871.

267 MS 137, 104a-104b = LSPP I, § 253. Original: “Also kann nicht alles Benehmen, unter allen

é usada (de que outra maneira usá-la senão assim!), então os outros saberão com muita frequência quando sinto dor. – Sim, mas certamente não com a certeza com que eu propriamente sei! – Ninguém pode, em absoluto, dizer de mim (exceto em tom de brincadeira) que eu sei que sinto dores. Mas o que isso significa - exceto, talvez, que eu sinto dores? 268

O saber, como veremos em outro momento, é algo precedido por um processo de compreensão, enquanto a sensação não deve ser aceita como resultado de um processo. Muito pelo contrário: como o seu início imediato, como o fundamento de um significado. Se eu digo “eu sei que tenho uma dor”, esta pode ser eventualmente um modo de responder a uma dúvida de outros, mas, como expressão ela apresenta o sujeito falante como dividido: de um lado, a dor relacionada a um corpo e, de outro, sua alma como que limitada a tomar nota, sem envolvimento.

O problema é que uma dor, como toda sensação, não tem outro significado além da reação que provoca, e uma sensação que não move nenhuma reação não é sentida, isto é, não é, de fato, uma sensação. É óbvio que existem usos da expressão “Eu sei que tenho dor” os quais podemos conceber a partir do acordo habitual para efeitos expressivos específicos. Mas a expressão repousa sobre a indubitabilidade do fato de que eu sinto as minhas sensações, enquanto aos outros compete eventualmente o saber que experiencio sensações.

Podemos ainda ser tentados a dizer que, jogos de palavras à parte, sou eu apenas que sinto (ou sei) privadamente o que sinto: as sensações são privadas. A imagem que se comunica de que “as sensações são privadas” é aquela de que os objetos podem pertencer a diversos sujeitos, mas que de fato estão sempre e apenas em posse de um indivíduo e das quais está privadamente consciente. Wittgenstein contesta a possibilidade de uma imagem semelhante: “Então como você sabe que a experiência que você tem é aquela que chamamos de ‘dor’?” – A experiência que tenho? Qual?

Como a especifico para mim? E (para) um outro?269

Se eu, por exemplo, possuísse um livro de determinado autor, eu poderia afirmar que eu o possuo e não um outro, e em apoio a essa afirmação portaria critérios

268 TS 227b, 162 = PU, § 246. Original: “Inwiefern sind nun meine Empfindungen privat? A Nun,

nur ich kann wissen, ob ich wirklich Schmerzen habe; der Andere kann es nur vermuten. A Das ist in einer Weise falsch, in einer andern unsinnig. Wenn wir das Wort ‘wissen’ gebrauchen, wie es normalerweise gebraucht wird (und wie sollen wir es denn gebrauchen!) dann wissen es Andre sehr häufig, wenn ich Schmerzen habe.a Ja, aber doch nicht mit der Sicherheit, mit der ich selbst es weiß! a Von mir kann man überhaupt nicht sagen (außer etwa im Spaß) ich wisse, daß ich Schmerzen habe. Was soll es denn heißen a außer etwa, daß ich Schmerzen habe?”

269 MS131, 124 = BPP I, §307. Original: “Wie weißt denn Du, daß die Erfahrung, die du hast,

(dasjenige) das ist was wir ‘Schmerz nennen?’” — Die Erfahrung, die ich habe? Welche? Wie spezifiziere ich sie: für mich, und (für) einen Andern? Ver também: TS 227b, 165 = PU, §253; TS

intersubjetivos para a identificação do objeto em questão, a saber, o livro. Mas, quando eu afirmo que “o outro não pode ter (sentir) as minhas dores”, ou que “as sensações são privadas”, não me refiro a um confronto entre objetos. A questão aqui não é o da localização da dor no meu corpo, o que pode ser explicado de acordo com critérios externos, e como tal, também confrontados e imaginados de forma diferente de como ela é. A questão central aqui é a de critério de identidade pessoal. Eu posso sentir a dor em um lugar ou em outro no meu corpo, mas não posso senti-la fora do meu corpo, e isso não por necessidade empírica, mas porque a posse do próprio corpo e a possibilidade de reagir a sensações pertencem a uma codefinição.

Não se trata de imaginar projetivamente a dor, mas de senti-la, de tomá-la, sofrê-la e reagir a ela: o que sente a dor é sempre o meu corpo. E a localização de sensações no corpo, como vimos, é uma informação que não pertence ao conteúdo das sensações, mas depende dos comportamentos que ela provoca: sem a possibilidade de uma transição das sensações à ação do corpo não é possível localizar fisicamente a sensação.

Mas, ao mesmo tempo, a ação voluntária e seus limites definem as fronteiras entre subjetividade e objetividade: entre o que eu posso diretamente fazer e o que eu não posso voluntariamente dirigir é o estado limite entre o que sou e o mundo, a alteridade. O corpo, quando eu sinto dor é um corpo que, até certo ponto, devo poder (ser capaz de) acionar. Portanto, não faz sentido supor que eu seja capaz de sentir dor no corpo dos outros: sente dor aquele que sente, que reage, e, no máximo, podíamos sentir dor em um corpo comum para mim e para o outro (como no caso de gêmeos siameses), mas não que podemos sentir dor em outro corpo.

A dor e o comportamento de dor caminham juntos, mas o comportamento de sofrimento do outro não é a premissa de uma dedução inferida a partir do meu sofrimento. Eu não imagino a dor do outro “atrás” de seu comportamento, mas este me

“representa” a sua dor enquanto convivo com o seu comportamento270.

O que Wittgenstein nos diz é que o jogo de linguagem que determina o significado de “dor” envolve também um comportamento reativo típico de sentir. Este momento não é, porém, de uma suposta inferência: “Desde quando eu tenho uma dor eu também tenho um comportamento reativo da dor, quando vejo um comportamento semelhante no outro deduzo que sente dor”.

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Mas como isso acontece? Como a dor entra no jogo de linguagem se não como “imagem”? Mediante treinamento e na qualidade da minha atitude com aqueles que sofrem. Tendo experimentado por mim mesmo e sendo capaz de imaginar a dor, eu posso imaginar estar no lugar daquele que sofre, e ser capaz de agir de acordo com um conjunto de regras estabelecidas socialmente para poder ajudá-lo.

O momento em que esta análise incorre à inadequação é quando contrasta uma qualidade autêntica de um experiència em primeira pessoa à exterioridade de um mero aprender “um conjunto de regras sobre quando atribuir uma dor a outros e sobre como ajudá-los”. E Kripke ilustra este contraste com o exemplo dos comportamentos corporais e linguísticos de natureza sexual em uma criança que não tenha feito essa experiência “do interno”; aqui, diz ele, a compreensão não pode ser de uma “qualidade crua e mecânica”, que irá desaparecer quando a criança for capaz de entrar neste mundo

como quem sente suas “próprias sensações eróticas”. 271

No caso de dor, este contraste seria ocultado pelo fato de que todos, de fato, tenham experimentado um pouco de dor desde a mais tenra idade. Agora, há, inegavelmente, um fenômeno real por trás dessa notação: na verdade, temos experiências que são reconhecidas como o verdadeiro preenchimento de sentido de algo que anteriormente se sabia apenas abstratamente, algo de que se sabia dos contextos de uso cotidiano sem, porém, algumas importantes conexões com outros usos.

No entanto, estas experiências não criam o significado, o enriquece, e frente a este enriquecimento podemos estar inclinados a dizer algo como: “Agora eu sei do que se tratava!” “Agora sei o que posso falar sobre isso”, e a imputar autenticidade do conhecimento às “sensações de primeira pessoa”. Não há uma imposição sensível imediata, mas há uma integração no quadro de um saber-perceber. E isto acontece porque as experiências que enriquecem o significado, se são sensações, são por sua vez, partes das estruturas de significados dotados de contextos, propósitos e consequências, e o propósito é inteiramente de comportamentos e afeições que se integram ao significado abstrato anterior.

Os comportamentos corporais e gramaticais com que se aprende “a versão abstrata” do significado já têm um sentido e sensações, e não devem ser concebidos como “as regras exteriores”, como sinais vazios que carecem de preenchimento sensível. Portanto, já tendo experimentado o conteúdo desse conceito, de alguma forma

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mais ou menos pobre, a integração experimental sucessiva e em graus distintos, preserva o significado, especificando-o sem distorcê-lo.

Em cada caso, não são, no entanto, as “sensações” na primeira pessoa a ser decisiva, mas o todo da nova experiência em que se conectam as sensações de fontes variadas, motivações internas, relações com os outros, etc.

Em síntese, as relações expostas entre sensações e subjetividade podem alcançar a seguinte estrutura codefinidora: as sensações são o momento imediato das reações corporais, e as reações são o limite no comportamento entre as atividades (voluntárias) e as passividades. Mas o âmbito da ação voluntária define o espaço da subjetividade, e assim, as sensações são o início imediato da subjetividade e, portanto, não é possível que um sujeito sinta sensações como sensações de outro sujeito.

Diante de cada objeção como: “É uma questão de definição: se a um solitário se associa a um outro não o chamamos mais solitário, e isso é o suficiente”, nós devemos responder: o limite entre a minha participação solitária e aquela de um outro é real e importante, porque não se trata apenas de um novo “conceito”, mas de um novo “jogo”.

Devemos agora considerar um segundo lado da mesma questão, que transporta a questão da suposta privacidade das sensações para o plano da constituição de uma linguagem privada. E lemos esta questão corretamente enunciada na seguinte passagem:

O que acontece com a linguagem que descreve minhas vivências interiores e que só eu mesmo posso entender? Como designo minhas sensações com palavras? -Como de costume? -As palavras que expressam minhas sensações se acham conectadas, portanto, às expressões naturais de minhas sensações? -Neste caso, a minha linguagem não é ‘privada’. Uma outra pessoa seria capaz de compreendê-la como eu. -Mas se eu não possuir expressões naturais da sensação mas somente a sensação? Eu associo, então, simplesmente, nomes às sensações, e emprego estes nomes em uma descrição. 272

A posição em que colocamos a suposta formulação de uma “linguagem privada” é de interesse fundamental para compreendermos qual o espaço podemos atribuir à subjetividade individual. De fato, como vimos acima, a linguagem das sensações se insere como um novo comportamento sobre a raiz do comportamento

272 TS 227b, 166 = PU, § 256. Orignal: “Wie ist es nun mit der Sprache, die meine innern Erlebnisse

beschreibt und die nur ich selbst verstehen kann? Wie bezeichne ich meine Empfindungen mit Worten?– Sowie wir’s gewöhnlich tun? Sind also meine Empfindungsworte mit meinen natürlichen Empfindungsäußerungen verknüpft?a In diesem Falle ist meine Sprache nicht ‘privat’. Ein Anderer könnte sie verstehen, wie ich.- Aber wie, wenn ich keine natürlichen. Äußerungen der Empfindung, sondern nur die Empfindung besäße? Und nun assoziiere ich einfach Namen mit den Empfindungen und verwende diese Namen in einer Beschreibung.”

reativo a uma sensação: isto é, da expressão reativa imediata para a exclamação gramatical, até o jogo de linguagem com palavras e proposições, esses momentos podem representar sumariamente um processo de transição da sensação para a linguagem que a expressa.

Seguindo fielmente este percurso, a linguagem das sensações não é absolutamente privada: eu compreendo as expressões de raiva, dor, alegria sem a necessidade de construir uma hipótese que leva de seu comportamento exterior aos meus sentimentos internos – essas expressões são o seu significado. Fazemos, em vez disso, a proposta contrária, de que não existem comportamentos característicos das sensações, ou mesmo não para todas as sensações (de pressão, de calor, para as impressões de cor, etc.). Em alusão a essas sensações, não podemos construir uma linguagem privada que designa apenas os elementos da minha paisagem interior, e que possa assim descrever os seus contornos?

Uma vez aceito e consolidado que a inserção em uma articulação gramatical é fundamental para a atribuição de sentido às sensações, a questão de saber se pode haver uma linguagem privada seria equivalente à questão de saber se pode haver significados individuais, ou em outras palavras, se o eu individual seja fundamento ou fundamentado em relação à intersubjetividade gramatical.

Com algumas observações de Wittgenstein em mente273, podemos dizer que

um batismo privado das sensações surge como o equivalente de seguir a regra da designação correta com a crença de seguir a regra, e que suprime as fronteiras entre a regra e o desvio dela. Quanto à anotação correta ou incorreta das sensações não posso saber ao reler o diário. Seria, então, legítimo dizer que eu anotei cada vez uma sensação, ou pelo menos “alguma coisa”? O conceito de ‘sensação’, como todos os conceitos

psicológicos, é parte da nossa linguagem comum, não da linguagem privada274. E não

podemos nos esquecer disso.

Assim, o que pode precisamente acontecer é que eu simplesmente digo que se trata da mesma dor, nos limites dos conceitos intersubjetivamente válidos os quais eu havia descrito no dia anterior. Mas que, se alguma coisa mudou no “interno” da dor, talvez, por exemplo, que ontem era uma dor reumática e hoje pós-cirúrgica, isto eu não sei.

273 MS 136, 2b = BPP II, § 62; MS 148, 149, p. 17 = LSD, p. 45; TS 227b, 167-168 = PU, § 258. 274

Agora, se o problema do reconhecimento da sensação depende do fato de que ela ainda não tenha lugar em um jogo de referências, associações e diferenças, eu não poderia inventar uma aplicação semelhante? Mas, eu posso pensar em algo sem utilizar a linguagem comum? Posso imaginar um uso para um sinal, uma regra de aplicação articulada sem falar para mim mesmo? E mesmo supondo que isto seja possível, e que eu tenha concebido, por intuição, uma aplicação do sinal privado, em que medida a identidade da sensação é essencial para a aplicação do sinal, e em que medida esta aplicação ainda é privada?

Imaginemos agora um emprego para o registro em meu diário do signo ‘S’. Eu faço a seguinte experiência: Sempre que tenho uma determinada sensação, um medidor me mostra que a minha pressão sanguínea sobe. Desta forma me são dadas as condições para indicar uma elevação da minha pressão sanguínea sem o auxílio de um aparelho. Este é um resultado útil. E agora parece ser totalmente indiferente se reconheci corretamente ou não a sensação. Supomos que eu erre constantemente em sua identificação; não tem importância. E isto já mostra que a suposição do erro era apenas aparente. 275

Se a sensação tivesse, a cada vez, um aspecto diferente, ora de leveza ora de plenitude, isso seria irrelevante para determinar a acepção do termo sensação aqui em questão, isto é, a cada aspecto haverá um significado diferente. O erro quanto à identificação da sensação é aqui, o seu critério de identidade, o seu significado gramatical e o seu sentido na minha vida, enquanto substrato sensível, antes de alcançar suas especificações características de ulteriores aplicações, ou até mesmo ser considerada como irrelevante em determinadas aplicações.

Tomemos o caso de sabor de diferentes tipos de café. Provo o café pela primeira vez, e eu não posso fazer diferenças entre quase todos os tipos. Se eu quero um café eu não penso um café preto ou com figos secos, fraco ou forte, etc., mas em um café em geral, um café anônimo da mercearia, sem caracteres distinguíveis. Quando o saboreio não registro o sabor particular do café. Após beber muitos tipos diferentes por um longo período, eu adquiri a capacidade de distinguir até mesmo a época de colheita de café, e considerar as características, por exemplo, de um “Café do jacu” e “Três Corações”, o que me parecia anteriormente um absurdo. Um processo de evolução dos

275 TS 227b, 172-173 = PU, § 270. Original: “Denken wir uns nun eine Verwendung des Eintragens

dês Zeichens ‘E’ in mein Tagebuch. Ich mache folgende Erfahrung: Wenn immer ich eine bestimmte Empfindung habe, zeigt mir ein Manometer, daß mein Blutdruck steigt. So werde ich in den Stand gesetzt, ein Steigen meines Blutdrucks ohne Zuhilfenahme eines Apparats anzusagen. Dies ist ein nützliches Ergebnis. Und nun scheint es hier ganz gleichgültig zu sein, ob ich die Empfindung richtig wiedererkannt habe, oder nicht. Nehmen wir an, ich irre mich beständig bei ihrer Identifizierung, so macht es gar nichts. Und das zeigt schon, daß die Annahme dieses Irrtums nur ein Schein war.”

gostos deste tipo não é incomum, e ele pode ser encontrado em todos os níveis da percepção sensorial. É preciso dizer que as sensações relacionadas com o tipo de café já existissem, mas que simplesmente faltassem as “categorias” para recordá-las e diferenciá-las? De certa forma, parece ser necessário expressar-se, desta forma, uma vez