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3. Fundamentação Teórica

3.2. A “Teia” na Sociedade da Informação e do Conhecimento

Obviamente que no sentido em que temos vindo a falar sobre a sociedade da informação e do conhecimento num contexto de globalização informacional suportada pelas novas tecnologias faz algum sentido referir a evolução que a própria Web (ou

Internet), elemento fundamental e estruturante em todo este processo, vem sofrendo ao

longo da última década.

Quando em Agosto de 1991 Tim Berners-Lee, o pai da WWW, construiu o primeiro website, unicamente com página de texto, estaria longe de imaginar que quase duas décadas depois estaríamos já a falar em Web semântica.

Inicialmente lançada como plataforma de trabalho/investigação, limitada na sua interactividade, composta apenas por páginas estáticas, e caracterizada pela acção monopolizadora da Microsoft enquanto fornecedora de aplicações, a www rapidamente evoluiu em vários sentidos, tanto em termos de linguagem, como até no próprio conceito, sendo hoje vista como uma plataforma onde tudo está acessível e em que publicar online deixa de exigir a criação de páginas Web, ou de saber alojá-las num

servidor, e onde a utilização de software livre ou Open Source ganha, a cada dia que passa, mais credibilidade e utilizadores.

Num trabalho publicado em 2005 Tim O’Reilly propõe, pela primeira, o termo

Web 2.0 na perspectiva da emergência de um novo paradigma, não só informacional

mas também, e sobretudo, social, ou seja, uma maneira diferente de as pessoas se relacionarem, gerando novos comportamentos e criando novas comunidades. Neste contexto, a Web assume-se como uma plataforma onde se constroem novas formas de socialização – aquilo a que, em alternativa à designação Web 2.0, se costuma denominar de Web Social – uma plataforma, centrada no utilizador, produtor e, simultaneamente, consumidor de conteúdos, sendo exactamente esta possibilidade - capacidade que qualquer utilizador possui de poder produzir, publicar e partilhar conteúdos - que se constitui como um dos traços fundamentais da Web 2.0.

―The primary use of the Internet has been as a source of information, but now the growing participation and interaction of Internet users is modifying this. The rise of user-created content is becoming a central element of the World Wide Web. Individual Internet users are increasingly making their own personal contributions instead of merely surfing the web. User-created content takes many forms, ranging from sharing short movies (Youtube), pictures (Flickr), to the creation of an on-line encyclopaedia (Wikipedia) or the creation of a personal blog. Though some of this content is doubtless trivial, it signals a development with important parallels in, as well as applications for, education.‖ (OECD: 2008)

De forma natural criam-se comunidades de utilizadores baseados em interesses comuns; a facilidade em publicar conteúdos e em comentar os respectivos ―posts‖ fazem disparar o número de utilizadores das chamadas redes sociais online como o

MySpace, o Facebook, ou o Hi5, ora apelando ao poder de síntese no microblogging Twitter, ora partilhando mundos virtuais no Second Life, mas, quer uns, quer outros,

facilitando e até estimulando processos de interacção e de aprendizagem, se transpostos para ambientes educativos, mais estruturados e pedagogicamente relevantes.

Durante gerações, alunos e professores trabalharam quase sempre de forma autónoma e compartimentada; actualmente, os recursos existentes online e as ferramentas de fácil utilização/publicação da Web 2.0 constituem uma excelente oportunidade para que professores e alunos possam aprender colaborativamente, divulgando e partilhando experiências e saberes.

Os trabalhos de professores e alunos deixam de estar limitados à escola ou à turma ficando disponíveis em toda a rede, acrescendo um ónus de responsabilidade sobre os seus autores. As ideias apresentadas, por exemplo, num blogue são, como salienta

Siemens (2002), ―the starting point for dialogue, not the ending point‖ referindo ainda que,

―Knowledge is acquired and shaped as a social process - resulting in spiraling: I say something, you comment on it, I evaluate it, comment and present a new perspective, you take it to the next level... and the process repeats until a concept has been thoroughly explored.‖

Se as chamadas redes sociais são uma característica e imagem de marca da Web

2.0 não são seguramente a única.

Os blogues e a Wikipedia representam outras tantas faces da mesma moeda. Ambos registaram um crescimento maciço – de algumas centenas no início de 2003 os blogues cresceram até aos 60 milhões em 2006, sem se vislumbrar ainda o fim deste crescimento; estas novas formas de criação e partilha estimulam, não só o aparecimento de novos modelos de negócios, mas também novos paradigmas de ensino e aprendizagem.

Entretanto, numa altura em que a Web 2.0 mal se instalou na vida dos

cibernautas, e fruto de rápidas e incessantes mutações, ainda sem tempo de assimilar

métodos e conceitos inovadores, já começamos a ouvir falar em mais um passo dado em direcção a uma verdadeira transmutação do próprio conceito de pesquisa da informação.

Referimo-nos à já apelidada de Web 3.0 ou, mais pomposamente, também chamada de Web Semântica. Nesta terceira fase que se adivinha para a Web pretende-se que a rede se organize e faça um uso ainda mais inteligente do conhecimento já disponibilizado online.

A Web 3.0 é a visão de uma era em que os motores de busca não se limitam a recolher e apresentar os dados que andam dispersos pela Internet, mas antes são capazes de ―digerir‖ essa informação e produzir respostas concretas, isto é, sistemas que conseguirão não só apresentar dados ou informações, mas também dar contexto e sentido a esses dados.

Em resumo, a diferença entre a Web 2.0 e a Web 3.0 é a diferença entre obter uma lista de respostas (utilizando o Google), ou uma solução concreta e personalizada para uma determinada pergunta (usando o Bing da Microsoft), ou a diferença entre a