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4.3.1 Câmara dos Deputados

Um ano depois da aprovação como Marco Legal pelo Conanda, o Sinase foi apresentado como projeto de lei em 13 de julho de 2007, no plenário da Câmara dos Deputados. De acordo com Frasseto et al. (2012, p. 25): “Faltava, ainda, melhorar o marco normativo regulatório do processo judicial de execução das medidas, garantindo mais objetividade na relação entre o juiz, profissionais do programa e os adolescentes”.

A autoria do Projeto de Lei Sinase é registrada no documento de tramitação oficial do site da Câmara como sendo do Poder Executivo. Quem assinou a introdução do anteprojeto de lei para apreciação da Presidência da República foi o jornalista e político Paulo Vannuchi, então ministro de estado chefe da Secretaria Especial de Direitos Humanos e comissário eleito em 2017 da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Nesse texto, ele pontua questões relativas ao processo árduo de consolidação dos direitos atinentes à criança e ao adolescente, “iniciado com o advento do Estatuto da Criança e do Adolescente, que é fruto de mobilização da sociedade civil, durante o processo constituinte originário, que editou a Carta Constitucional de 1988”, e que avançaria mais um passo com a aprovação da versão então apresentada do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo.

Logo após seu registro como projeto de lei, foi encaminhado às comissões de: Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado; Seguridade Social e Família; Finanças e Tributação; Constituição e Justiça e de Cidadania.

Em agosto de 2007, o deputado Luiz Couto, que mais tarde viria a compor a Comissão Especial, pede que a Comissão de Direitos Humanos e Minorias também se manifeste.

O projeto permaneceu por oito meses na Comissão de Segurança Pública e foi devolvido sem manifestação. Rita Camata é designada relatora da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado.

Por tratar-se de um projeto de lei que versava sobre matéria de competência de mais de três comissões permanentes, o Presidente da Câmara, nos termos do inciso II do art. 34 do Regimento Interno da Câmara, criou então a

Comissão Especial do Sinase durante a plenária de 9 de novembro de 200746. Os trabalhos dessa Comissão Especial, com todas as audiências e os pareceres finais de relatores, estendeu-se entre junho de 2008 e abril de 2009 (ANEXO I).

4.3.2 Senado

Quando foi encaminhado ao Senado, em 2009, o projeto de lei teve seu número alterado para PLC n. 134/2009, e foi para as seguintes comissões: Comissão de Assuntos Sociais, tendo como relator o senador Flávio Arns (PSDB); Comissão de Educação, Cultura e Esporte, relatoria da senadora Fátima Cleide (PSB); Comissão de Assuntos Econômicos, com Eduardo Suplicy (PT) como relator; Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, com Lídice da Mata (PT) como relatora; Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, em que Armando Monteiro (PTB) foi o relator.

Nessas comissões no Senado, a tramitação ocorre de uma forma mais rápida, e fica nas mãos de relatores socialmente reconhecidos, como é o caso de Flávio Arns: foi vice-governador do Paraná, anteriormente Secretário da Educação Básica e defensor dos direitos das pessoas com deficiência, em especial dos autistas47. Eduardo Suplicy, senador pelo estado de São Paulo desde a década de 1990, é um dos principais nomes que propuseram os Programas de Renda Básica de Cidadania no governo Lula, tendo escrito dois livros sobre o tema e apresentado projetos de lei na área. A senadora Lídice da Mata, primeira prefeita de Salvador, é economista, feminista e foi ativista da Anistia e Diretas Já. Fátima Cleide é educadora de Rondônia, e começou sua trajetória política no movimento sindical dos professores. O pernambucano Armando Monteiro é o que mais se distingue desse grupo, por ser filho de ex-deputado federal e ex-ministro da Agricultura, e neto de ex-governador do mesmo estado. Sua trajetória profissional relaciona-se aos sindicatos patronais: foi presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

46 Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/atividade- legislativa/legislacao/regimento-interno-da-camara-dos-deputados>. Acesso em: 20 mar. 2015.

47 Conforme apresentado no site: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/385445/ Direitos%20da%20Pessoa%20com%20Deficiencia.pdf?sequence=1>. Acesso em: 19 mar. 2015.

O parecer final incorpora as seguintes emendas: as emendas apresentadas pelo deputado Pedro Wilson de “alteração da redação do artigo 87 do substitutivo da Comissão Especial”; a do deputado Moreira Mendes (PPS-RO), que “dá nova redação aos artigos 76, 77, 78 e 79 do substitutivo adotado pela Comissão Especial”, e, finalmente, pela própria Rita Camata, que “altera a redação dos artigos 76 a 79 da Emenda de Plenário n. 2 oferecida ao Projeto de Lei Sinase”.

4.3.3 Promulgação

Após todas as audiências, Rita Camata apresentou o Parecer da Comissão e o Substitutivo do Projeto de Lei em abril de 2009, em uma reunião de votação na qual se destaca a presença de Maria do Rosário Nunes. Pedagoga e política gaúcha do PT, ela coordenou o programa de governo da candidata Dilma Rousseff nas áreas de direitos humanos, educação e políticas para as mulheres. Após a vitória de Dilma Rousseff em 2010, Maria do Rosário foi quem sucedeu Paulo Vannuchi na Secretaria de Direitos Humanos.

Depois de dois anos no Senado, cinco pareceres das comissões, dois textos substitutivos na Câmara e algumas emendas mais tarde, o projeto de lei foi sancionado pela presidenta Dilma Rousseff.