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3. CADEIAS PRODUTIVAS PRODUTIVAS NA AGRICULTURA

3.4 Abordagem logística nas cadeias produtivas

Sob o ponto de vista sistêmico, o estudo das cadeias produtivas tem permitido que áreas analisadas isoladamente (como a agricultura, a indústria e a distribuição)

possam ser observadas de forma integrada no intuito de identificar disfunções comerciais, tecnológicas, logísticas e legais.

A partir da identificação de ações desconexas, é possível encontrar ferramentas ou estratégias gerenciais que aumentem o nível de coordenação e eficiência de uma cadeia. Nesta perspectiva, segundo Schultz (2001), as abordagens de redes e da Gestão da Cadeia de Suprimento (GCS) estão entre os principais aportes teóricos que podem contribuir na busca por competitividade dos sistemas agroindustriais.

Schultz (2001) cita, ainda, que a abordagem da GCS trata das questões relativas à distribuição e à logística entre os agentes das cadeias produtivas, com o objetivo de diminuir custos, aumentar a eficiência, através de uma maior coordenação e sincronização dos processos de cooperação e troca de informações, ou seja, por meio do desenvolvimento de estratégias. Segundo Bowersox et al. (2006), a GCS compreende organizações que colaboram para alavancar o posicionamento estratégico. Uma estratégia da cadeia de suprimentos é um arranjo do canal baseado na dependência reconhecida e na gestão de relacionamento. Operações de cadeias de suprimento exigem processos gerenciais que atravessam áreas funcionais dentro de empresas e conectam parceiros comerciais e clientes para além das fronteiras organizacionais.

A Logística é o processo que gera valor à cadeia de suprimento a partir da configuração do tempo, sendo a combinação da gestão de pedidos de uma organização, de seu inventário, do transporte, do armazenamento, do manuseio e embalagem de materiais, enquanto procedimentos integrados numa rede de instalações (BOWERSOX et al., 2006).

O valor gerado resulta na sinergia entre as empresas e no fluxo otimizado de produtos e de serviços dentro do arranjo da cadeia de suprimentos. De acordo cm Schefer (2009), o agronegócio se utiliza de uma visão sistêmica das cadeias produtivas agroindustriais, envolvendo todos os setores de insumos, produção rural, transformação, distribuição e comercialização. Pode-se dizer que a logística está inserida em todas as fases, agregando valor ao agronegócio. E, pelo fato da logística estar inserida em todas as etapas, representando custos, entende-se que é importante ter o enfoque logístico e o controle de todas as atividades relacionadas à gestão das cadeias produtivas.

Para Figueiredo e Arkader (1998 apud Schultz, 2001), o conceito de GCS surgiu como uma evolução natural do conceito de logística integrada. Enquanto esta representa uma integração interna de atividades, a GCS representa uma integração externa, pois estende a coordenação dos fluxos de materiais e de informações aos fornecedores e clientes finais.

Os conceitos de Logística e Gestão de Cadeias de Suprimento são aplicados em sistemas agroindustriais por alguns estudiosos. Segundo Batalha (2007), a Logística Agroindustrial busca gerir o sistema agroindustrial, permitindo, ao menor custo possível, dispor os produtos no momento certo e nas quantidades adequadas, em atendimento às necessidades e com maior tempo de vida útil dos produtos no momento da transferência de insumos entre os agentes da cadeia de abastecimento. Entre os principais elementos que compõem uma cadeia agroindustrial tem-se: estrutura de instalações, procedimentos para processamento de pedidos e previsão de necessidades, transporte (organização do serviço, nível e custo do serviço, modais de transporte, integração de modais), manutenção de estoques, armazenamento e manuseio de materiais e produtos.

Observa-se a semelhança dos termos utilizados pela logística da agroindústria com os da Logística Empresarial. No entanto, Nunes (2009) reforça que, a diferenciação se dá em termos de produtos, os quais possuem atributos técnicos a serem considerados nas operações logísticas. Os produtos agrícolas possuem características peculiares como perecibilidade, ciclo de vida curto, cuidados e técnicas de manejo, armazenagem e movimentação etc.

No que tange à organização sistêmica da cadeia, Batalha (2007), considera três subsistemas: a comercialização (empresas que estão em contato com o cliente final); a industrialização (abrange as empresas responsáveis pela transformação das matérias- primas em produtos finais); e a produção de matérias-primas (empresas que fornecem matérias–primas iniciais). Outros estudos trazem abordagens mais abrangentes, ao considerar a logística como sendo um macroprocesso. Faria e Costa (2005 apud Nunes, 2009) elencam três processos básicos oriundos do macroprocesso da logística:

Logística de abastecimento: atividades que colocam os materiais e componentes disponíveis à produção e à distribuição, utilizando técnicas de armazenagem, movimentação, estocagem e transporte.

Logística de planta: envolve atividades de suporte à produção, ocorrendo manuseio e movimentação de materiais para dentro da planta de produção.

Logística de distribuição: parte do composto de marketing, buscando agregar valor ao cliente, de forma estratégica.

Estes processos são orientados por fluxos de informações, materiais e financeiros, representados na Figura 07.

Figura 07 – Fluxos Logísticos na Agricultura.

Fonte: DINIZ e FIGUEIREDO (2007 apud NUNES, 2009).

As organizações mais estruturadas realizam uma melhor gestão destes fluxos, o que não ocorre com as pequenas empresas e com os produtores de pequeno porte que formam a agricultura familiar. Os problemas enfrentados pelo segmento concernem à incapacidade organizacional, subutilização de recursos, falta de conhecimento técnico e de mercado, escalas de produção inadequadas, falta de tecnologias apropriadas ou mau uso das existentes, dentre outros. O foco de muitos produtores concentra-se apenas na capacidade produtiva, sem englobar a gestão de outros processos como estocagem, comercialização, distribuição e transporte. Esta última atividade (os transportes) pode ser percebida nos três processos logísticos citados (abastecimento, planta e distribuição) e necessita de estruturação adequada para funcionar de modo eficiente e sistemático, auxiliando toda a cadeia de produção.

Ressalte-se que, qualquer processo de produção, inclusive o agrícola, de qualquer território, exige eficiente sistema de transportes, já que estes servem de ponte

entre suprimento, produção e distribuição física de produtos que atendem a mercados muitas vezes distantes e cujos custos, tempos e condições de deslocamentos precisam ser otimizados (SANTIAGO, 2005).