• Nenhum resultado encontrado

3. CADEIAS PRODUTIVAS PRODUTIVAS NA AGRICULTURA

3.5 Sistemas de transportes na logística de cadeias produtivas

3.5.1 Fatores condicionantes na escolha dos modais para transporte de cargas

A determinação do modal de transporte numa dada produção relaciona-se com as estratégias de distribuição adotadas. Para Capdeville (2010), a escolha do modo de transporte vai depender do tipo, quantidade e custo do produto, da acessibilidade ou da flexibilidade de entrega e do tempo necessário para esta entrega. Ballou (2006) inclui outras variáveis como a confiabilidade do meio de transporte, sua rastreabilidade, as tarifas dos fretes, a administração das perdas, os danos e o processamento das respectivas reclamações.

Na análise de Martins e Caixeta Filho (2000), os agentes econômicos baseiam-se também na identificação da existência de carga a ser transportada, na identificação do destino a ser atendido e na definição da rota de transporte a ser seguida.

Dada a concepção sistêmica das cadeias de produção, a análise dos locais de instalação das unidades de produção bem como da localização dos fornecedores deve ser feita previamente à decisão do transporte que irá se utilizar, justificando a escolha do modal mais adequado. Para tanto, Ballou (2006) cita que, descobrir as melhores rotas para os veículos ao longo de uma rede de rodovias, ferrovias, hidrovias ou navegação aérea, a fim de minimizar os tempos e as distâncias, constitui problema muito frequente na tomada de decisão. Dessa forma, as técnicas de roteirização e a utilização de softwares são empregadas para buscar alternativas na resolução destes problemas.

Em se tratando de produtos agrícolas, algumas características condicionam a definição dos modais de transporte a serem empregados: a perecibilidade e os altos riscos devido a fatores de natureza biológica, climática etc; sazonalidade da produção e

do consumo (em alguns casos); longas distâncias separando pontos de produção e consumo; baixo valor agregado e o mercado concorrente (CAIXETA FILHO, 2008). A produção pode ser sazonal devido às condições climáticas e ao ambiente em que os produtos agrícolas estão sendo produzidos.

Os produtos agrícolas, dotados de perecibilidade e transportados em condições específicas, estão entre os segmentos de carga aérea que apresentam maior crescimento no mundo (TOZI et al. 2006). Enquanto perecíveis, os produtos agrícolas necessitam chegar ao mercado consumidor com maior rapidez e em boas condições. Por isso, ele precisa de sistemas de apoio bem definidos (BATALHA, 1997). Nesse sentido, os produtores devem levar em consideração os custos de cada transporte sem, no entanto, deixar de analisar o fator serviço, ofertado por cada modal, tendo em vista as características de seus produtos.

No caso brasileiro, mesmo a gestão do agronegócio tendo passado por transformações, o sistema de transportes apresenta, ainda, algumas deficiências que influenciam diretamente a atividade agrícola, cabendo mencionar a concentração no modal rodoviário, elevados níveis de perdas, necessidade de investimentos e de adequação do sistema de transporte para a intermodalidade. Conforme Martins e Caixeta Filho (2000), a identificação dos gargalos no desenvolvimento do planejamento integrado de transportes pode ser um caminho possível e interessante ao setor do agronegócio e aos formuladores de políticas regionais.

De fato, as políticas públicas para a área de transportes passaram por baixos níveis de investimentos no setor e perda da capacidade de planejar as intervenções. Nesse contexto o PNLT representa um busca pela retomada no planejamento nacional de transportes no país, identificando e demandando investimentos para minimizar gargalos. De acordo com a figura 08, espera-se desconcentrar o modal rodoviário e estimular uma maior participação na matriz dos transportes ferroviário e aquaviário. No entanto, as projeções não são de curto prazo.

Além da desconcentração do modal rodoviário, os investimentos geram oportunidades em todo o território nacional, buscando integrações com outros modais, por meio do acesso aos portos, e às pontes sobre travessias fluviais que também são prioritárias. O transporte ferroviário também necessita de maior integração com os outros modais e o crescimento, previsto no PNLT (2009), se dará de forma a melhorar o

escoamento da produção agrícola e mineral , ampliando o acesso a portos e viabilizando trechos inoperantes por meio de conexões ferroviárias.

Figura 08 – Matriz de transporte atual e futura (em %)

Fonte: PNLT, 2009.

No que tange ao transporte aéreo, o governo aposta em parcerias com o setor privado na gestão e financiamento do setor aéreo, além de trabalhar a expansão da oferta de transporte aéreo regular de cargas. Pretende-se aumentar para 1.000 o número de rotas servidas por transporte regular de passageiros e cargas. Outro objetivo é o desenvolvimento de projetos de indução ao desenvolvimento de áreas de expansão de fronteira agrícola, buscando expandir áreas agrícolas com potencial em desenvolvimento.

Nesta perspectiva, projeta-se um cenário mais favorável ao transporte de cargas, promovendo a intermodalidade e ampliação da oferta de transporte de modo geral. Portanto, o planejamento dentro das cadeias produtivas agrícolas é muito importante na definição de estratégias que permitam o uso adequado dos recursos investidos (públicos e privados) em transportes como oportunidade para a comercialização de produtos dos pequenos produtores, agricultores familiares em maior escala.

De fato, quando há deficiência nas vias de escoamento ocorre, por consequência, uma elevação nos custos com transporte que, por sua vez, afeta a competitividade dos produtos, pois os custos adicionais decorrentes desse mau desempenho são acrescidos aos valores do produto final (SANTIAGO, 2005). Nesta perspectiva, cada modal deve apresentar vantagens e desvantagens para uso, assim como a integração entre cada um deles, beneficiando a cadeia produtiva em termos de custos e atendimento às expectativas de clientes.