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ABordaGem em Saúde e Qualidade de Vida

No documento CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA (páginas 138-151)

A defi nição de saúde não fi ca clara quando se almeja defi ni-la de modo conclusivo, apenas associando-a ao bem-estar e em bons níveis de aptidão física. Isso se deve ao fato de que quando se menciona “saúde” não podemos deixar de levar em conta os aspectos que interferem nesse signifi cado, como: meio ambiente, aspectos socioeconômicos, biológicos, culturais, afetivos e psíquicos (DARIDO, 2010).

Partindo dessa noção mais dinâmica da concepção de saúde, podemos analisar os PCNs (BRASIL,1997; 1998) como orientações que fundamentam a compreensão de saúde na execução da cidadania, alegando que é necessário preparar os escolares a se apropriarem de princípios, tomar decisões, fazer atividades e produzir atitudes saudáveis na realidade em que estão envolvidos.

Nesse sentido, as estratégias profi láticas (preventivas) complementam as atividades curativas e de reabilitação, e por isso não podem existir isoladamente, justifi cando, também, a inclusão do assunto na instituição.

De fato, são objetivos educacionais: compreender, debater, conscientizar e instrumentalizar os discentes na Educação Física.

A saúde está tradicionalmente relacionada à área, muito embora tal conexão estivesse focada ao atributo abalizadamente biológico e tecnicista. Ultrapassando essa concepção histórica, a partir de um novo destaque trazido pelos PCNs (BRASIL, 1997; 1998), os conteúdos da Educação Física necessitam gerar refl exão sobre o conceito de saúde de modo mais amplo, a fi m de que as dimensões sociais, mentais, afetivas e culturais sejam privilegiadas.

Reconhecer, por conseguinte, o papel da atuação dos meios de comunicação relacionados à saúde e à atividade física vincula-se à tarefa do professor de Educação Física, responsabilizando-o por fazer uma leitura crítica do cenário atual. Por exemplo, abrindo um jornal, lendo uma revista ou assistindo à TV, é fácil visualizar diversos apelos e realizações em prol da atividade física.

Os meios de comunicação, focalizados em vender ou disseminar vestimentas desportivas, propagandas de academias, tênis, máquinas de ginástica e musculação, vitaminas, dietas e infi ndáveis materiais, maquinários e produtos alimentares, trazem por trás de todos esses fatores um discurso de convicção e do sonho de um corpo belo, saudável e associado, em sua ampla maioria, com a melhora da saúde.

Os meios de

Nesse contexto, é recomendado ao professor de Educação Física:

• Constatar o contexto da saúde na profi ssão criando e incentivando discussões e refl exões que possibilitam ao aluno fazer uma leitura crítica do meio em que está inserido. Tais discussões podem vir acompanhadas de pesquisas anteriores ou posteriores, verifi cação de acontecimentos exibidos pelos meios de comunicação, apontamentos produzidos ao longo as aulas de Educação Física.

• Trabalhar em aula as associações entre a saúde e o esporte.

• O professor precisa desnudar esse cenário, pois, afi nal de contas, será que o esporte é só saúde?

• Mostrar, por exemplo, a utilização abusiva do doping no meio esportivo?

• Ou ainda, qual a justifi cativa saudável em meio a tantas lesões causadas pela prática do esporte?

• Levar os estudantes a debater uma “malhação” desmedida.

• Será que somente praticantes de atividades físicas têm uma vida saudável?

• Paradigmas de corpo ditados pelos meios de comunicação – onde está a saúde nesta história?

• Ser magro(a) será que é sinônimo de ser saudável?

• O professor poderá promover estudos que relacionam atividade física e nutrição, atividade física e obesidade, entre outras.

• Tratar com os alunos a questão das “dores do dia seguinte” e dos fatores negativos associados à baixa frequência de atividade física durante a semana e as sensações frequentes que ocorrem entre os “atletas de fi nal de semana”.

• Poderá instigar estudos e discussões sobre como preparar o corpo, a notar seus níveis, comprovando práticas corporais que trabalhem com essas demandas.

A seguir é apresentado um exemplo de plano de aula de ginástica que trabalha questões de saúde e qualidade de vida.

Quadro 10 – Exemplo de Plano de Aula para o Bloco de Ginástica relacionado ao Tema Transversal Saúde e Qualidade de Vida CONTEÚDO

Oportunizar aos alunos a percepção de imagem corporal, movimentos corporais e novas possibilidades de desenvolvimento pessoal, utilizando a ginástica artística e rítmica, e discutir sobre imagem corporal – alunos entre 11 e 15 anos.

TEMA DA AULA

- Saúde e qualidade de vida relacionadas à Ginástica Artística e Rítmica.

OBJETIVO GERAL

• Conhecimento prévio das ginásticas a serem trabalhadas com os alunos.

• Resgate histórico das ginásticas e discussão sobre percepção de imagem corporal.

• Atividades de pesquisa das ginásticas artística e rítmica com aparelhos.

• Apresentação de vídeos das modalidades ginásticas que ilustram a origem e a execução dos movimentos e coreografi as. Assim, podemos despertar o interesse que, certamente, auxilia no trabalho a ser desenvolvido.

• Confecção dos materiais a serem utilizados, o arco e a fi ta.

• Construção de coreografi as para apresentar ao fi nal da etapa.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Desenvolver expressão corporal a partir de movimentos da ginástica;

- Desenvolver coordenação motora grossa em deslocamentos, saltos e piruetas.

- Desenvolver força e resistência através de práticas lúdicas associadas às práticas da ginástica para todos.

DIMENSÕES CONCEITUAIS, PROCEDIMENTAIS E ATITUDINAIS Conteúdo Conceitual:

– Aprendizagem de ações da Ginástica Rítmica e Artística.

– Aprendizagem de aspectos históricos dessas duas ginásticas.

– Aprendizagem sobre a concepção específi ca dos gestos de cada uma dessas ginásticas através de vídeos.

– Aprendizagem sobre modelos estéticos e sobre transtornos alimentares e de imagem de muitos atletas dessas modalidades.

Conteúdo Procedimental:

– Vivências de atividades da Ginástica Artística e Rítmica.

– Desenvolvimento dos materiais utilizados na aula (por exemplo: arco e fi ta).

Conteúdo Atitudinal:

– Desenvolver autoestima e respeito próprio.

– Discutir sobre os valores reais de elementos cognitivos e afetivos, além da imagem corporal.

– Discutir sobre respeito ao próximo e sobre igualdade social.

PRÁTICAS, METODOLOGIAS E PROCEDIMENTOS 1ª Parte:

PARTE INICIAL

1a Atividade – Será formada uma roda para falar sobre as ginásticas artística e rítmica e sobre percepção corporal. Além da apresentação histórica, nesse momento, o professor apresentará vídeos ilustrativos de movimentos básicos das ginásticas artística e rítmica, mostrando que a percepção de imagem é um problema constatado nessas modalidades; em seguida, os alunos tentarão realizar as ações específi cas mostradas por vídeos.

2ª Parte:

PARTE PRINCIPAL

1a Atividade –Os alunos tentarão desenvolver arcos e fi tas com material alternativo, como: jornal, saco de lixo, pedados de tecido, entre outros. Em seguida, realizarão movimentos específi cos com esse material.

2a Atividade – Em grupos de quatro pessoas, os escolares desenvolverão coreografi as utilizando o material construído e pelo menos dois tipos de giros/rolamentos, dois tipos de deslocamentos e duas formações diferentes.

3a Atividade – Serão discutidos aspectos associados à imagem corporal e transtorno de imagem. A discussão tratará da aceitação social junto à imagem e com os desafi os que isso pode trazer, como exemplo, redução de autoestima e transtorno alimentar.

Exemplifi car sobre o desafi o que é prevalente nas ginásticas artística e rítmica.

Trabalho:

Os grupos apresentarão um ou dois movimentos da coreografi a para a sala, que tentará mimetizar os movimentos, conforme a música escolhida pelo professor.

3ª Parte:

PARTE FINAL

- Discutir sobre autoestima e respeito pelo próximo.

- Discutir sobre os desafi os associados aos transtornos alimentares.

- Sinalizar que na próxima aula haverá o avanço no ensino dos movimentos de acrobacia.

RECURSOS

- Material sucateado, caixa de som, equipamento audiovisual.

AVALIAÇÃO - Observar o posicionamento dos alunos nas discussões.

- Verifi car como o grupo interage diante das atividades propostas.

- Observar o interesse dos alunos nas demandas de transtorno de imagem e alimentar.

PARA SABER MAIS

“OURO” BRA FINAL GINÁSTICA RÍTMICA. Disponível em:< https://www.youtube.

com/watch?v=8rpS__7Bexw>. Acesso em: 24 jan. 2018.

DAIANE DOS SANTOS (BRA) FX EF MEETING INTERNATIONAL 2011. Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=txgDluTyLT4>. Acesso em: 24 jan. 2018.

REFERÊNCIAS Vídeos

CONJUNTO (BRA) 5 FITAS FINAL JOGOS PAN AMERICANOS TORONTO 2015.

Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=mo--NFyY8cE>. Acesso em: 24 jan.

2018.

GYMNASTICS FOR ALL: A CHILD CENTERED APPROACH. Disponível em: <https://

www.youtube.com/watch?v=BBxYlbBFMMc>. Acesso em: 23 jan. 2018.

Artigo

VIEIRA, J. L. L. et al. Distúrbios de atitudes alimentares e distorção da imagem corporal no contexto competitivo da ginástica rítmica. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 15, n. 6, p. 410-414, 2009. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-86922009000700001&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 17 maio 2018.

Fonte: A autora.

Atividade de Estudos:

1) O que é qualidade de vida?

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Meio AmBiente e ResponsaBilidade Social

Assuntos vinculados ao meio ambiente estão sendo discutidos com elevada regularidade nos últimos anos, haja vista que a população tem se demonstrado muito sensível aos desdobramentos desequilibrados dos recursos naturais em torno do nosso planeta (MEDEIROS, 2011).

As refl exões em torno da concepção de desenvolvimento sustentável parecem possuir o foco desse debate e a elucidação sobre os diferentes signifi cados se faz preciso do ponto de vista da responsabilidade social vinculada ao meio ambiente (MEDEIROS, 2011). Existe a necessidade de equilibrarmos o consumo com a produção de recursos por parte da natureza, dessa forma, estaríamos garantindo uma relação de sustentabilidade. Porém, o entendimento de que existe uma cadeia de relações denominada ecossistema, na qual cada uma das pessoas interfere e requer mediação, precisa ser mais bem estudado durante as aulas de Educação Física (DARIDO, 2011).

A necessidade de realização de conteúdos aptos para conferir esclarecimentos sobre a ligação entre a sociedade e a natureza também oferece colaborações para a compreensão da relevância da Educação Física e dos Esportes no trabalho com atitudes, formação de princípios, educação e aprendizagem de capacidades e métodos no sentido da construção de comportamentos “ambientalmente corretos”.

As intervenções nas aulas de Educação Física, bem como nos acontecimentos temáticos guiados para as demandas associadas ao meio ambiente, mostram-se como um caminho possível para o direcionamento do trabalho. Assim, o conteúdo consegue auxiliar os discentes na identifi cação das particularidades do lugar físico em que acontecem as aulas (quadra, campo, ginásio, entre outros) e no que se refere às condições do piso, da qualidade do ar, do tratamento sonoro, da incidência/ausência de luz e calor, entre outros aspectos (DARIDO, 2011).

Em suma, é possível efetuar investigações sobre as melhores situações para a prática de atividade física e esportes em meio ambiente, pensando que todos nós temos a responsabilidade social de reduzir os danos causados ao ecossistema.

Levar os estudantes a vivenciar circunstâncias práticas em ambientes diferentes (parque, praça, praia, clube, entre outros), a fi m de estabelecer comparações com a realidade vivida no dia a dia auxilia na compreensão sobre o meio ambiente.

Assim como conteúdos associados ao ato de pesquisar e vivenciar situações que revelam a essência de determinadas atividades processadas na instituição e nas aulas de Educação Física.

TEMA DA AULA

- Discussão sobre os problemas que ocorrem no meio ambiente, desenvolvimento de jogos com material sucateado e contato com o meio ambiente.

OBJETIVO GERAL

Trabalhar com os alunos métodos pedagógicos de equilíbrio, movimentos de domínio e controle de força através de atividades lúdicas que permitam refl exão.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Desenvolver jogos a partir das questões sobre problemas associados ao meio ambiente.

- Desenvolver elementos cognitivos com a elaboração de jogos em meio ambiente.

- Desenvolver habilidades e capacidades físicas com a prática de jogos em meio ambiente.

DIMENSÕES CONCEITUAIS, PROCEDIMENTAIS E ATITUDINAIS Conteúdo Conceitual:

– Aprendizagem de problemas e possíveis soluções para as questões ambientais.

– Aprendizagem dos conceitos associados com as atividades em meio ambiente.

Conteúdo Procedimental:

– Vivências de atividades em meio ambiente.

– Vivência de jogos em meio ambiente.

– Elaboração dos jogos em meio ambiente.

Conteúdo Atitudinal:

– Desenvolver regras de conduta e jogos próprios para serem realizados em meio ambiente

– Desenvolver componentes de

responsabilidade social e companheirismo durante o desenvolvimento dos jogos.

– Aprender estratégias de utilização das próprias habilidades físicas e cognitivas para as atividades propostas pelos colegas.

Quadro 11 – Exemplo de Plano de Aula para o Bloco de Jogos Relacionado com o Tema Transversal Meio Ambiente e Responsabilidade Social CONTEÚDO

Desenvolvimento de jogos associados ao meio ambiente e à responsabilidade social – alunos de 11 até 14 anos.

PRÁTICAS, METODOLOGIAS E PROCEDIMENTOS 1ª Parte:

PARTE INICIAL

1a Atividade – Desenvolver com os/as educandos/as uma listagem dos principais problemas ambientais locais, com alguns comentários sobre os mesmos, diagnosticando o grau de preocupação e esclarecimento dos mesmos;

b) Apresentar o quadro abaixo e propor o preenchimento com palavras no grupo maior:

preencher com palavras associadas a:

c) Depois de preenchido o quadro, dividir o grupo maior em pequenos grupos, no máximo cinco participantes, e propor elaboração de um jogo utilizando de duas a três palavras de cada quadro.

d) Após concluir a elaboração do jogo, trocar os jogos entre os grupos.

e) Cada grupo deverá mostrar seu jogo, utilizando materiais que estão à disposição (sucata em geral).

f) São escolhidos três jogos para composição da parte principal da aula.

2ª Parte:

PARTE PRINCIPAL 1a Atividade – à escolha 2a Atividade – à escolha 3a Atividade – à escolha 3ª Parte:

PARTE FINAL

- Discutir sobre as difi culdades da redução de danos ao meio ambiente e sobre a responsabilidade social de cada um sobre isso.

- Discutir sobre a formação dos jogos e sobre a difi culdade de execução.

- Sinalizar que na próxima aula haverá o avanço no ensino de atividades realizadas em meio à natureza.

Problemas ambientais Ex.: Poluição

Espaço Cidade

Animais Rato

Plantas Flores

Personagens do jogo Caçadores

Tipo de jogo que pode ser desenvolvido no meio

ambiente Caça ao tesouro

Elementos de cenário Parque

RECURSOS

- Sucatas e um parque.

AVALIAÇÃO

- Observar o modo como os alunos resolvem os desafi os propostos, tanto no que diz respeito à organização das atividades, quanto na execução das tarefas sugeridas.

- Ponderar a maneira como os alunos ajudam os colegas a conceber atividades em grupo.

- Verifi car como foi a assimilação da responsabilidade social e da educação ambiental.

PARA SABER MAIS

EDUCAÇÃO FÍSICA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL. Disponível em:<https://www.

youtube.com/watch?v=C58Xn-2ZqxU>. Acesso em: 23 mar. 2018.

REFERÊNCIAS Vídeos

RELAÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA COM O AMBIENTE. Disponível em:<https://www.

youtube.com/watch?v=lU6ZVy7z88w>. Acesso em: 23 mar. 2018.

EDUCAÇÃO FÍSICA: TEMAS TRANSVERSAIS. Disponível em:<https://www.youtube.

com/watch?v=bJra0-7tgw8>. Acesso em: 23 mar. 2018.

Artigo

DOMINGUES, S. C. et al. Educação ambiental e educação física: possibilidades para a formação de professores. Revista Brasileira de Ciência do Esporte, v. 33, n. 3, p. 559-571, 2011.

Fonte: A autora.

Leia o texto de Linhares e Piemonte (2010) sobre meio ambiente e Educação Ambiental e sua relação com a dignidade da pessoa humana. Disponível em: <http://www.domhelder.edu.br/revista/index.

php/veredas/article/view/192/149>. Acesso em: 17 maio 2018.

Ética

A ética interroga a legitimidade de práticas e princípios consagrados pela tradição e através do costume, englobando tanto a crítica das convivências entre os grupos nas escolas, ante as mesmas, como também na dimensão das atitudes pessoais (SILVA, 2014). Debater ética na instituição é repensar acerca da convivência humana nas suas situações com as muitas dimensões da vida social:

Por exemplo, no meio ambiente, em locais culturais, no trabalho, em momentos

de lazer, ou até mesmo no consumo, assim como em temas sobre sexualidade e saúde. De modo indireto, conscientemente talvez não, mas aulas de Educação Física escolar atuam sobre as atitudes e princípios arraigados nos estudantes.

Entretanto, cabe aqui uma refl exão: que princípios são estes? São aqueles desarticulados da realidade, baseados nos princípios de um determinado grupo ou de um professor? Ou aqueles que respeitam a diferença e que são primordiais para a formação de futuros cidadãos?

Nas atividades físicas de modo geral, os alunos mostram comportamentos de excitação, cansaço, temor, vergonha, felicidade, contentamento, entre outras expressões que precisam ser respeitadas (SILVA, 2014). Os conteúdos da Educação Física trabalham atitudes a serem afetadas pela intensidade e qualidade dos estados afetivos e vivências dos alunos, corporalmente.

O desenvolvimento moral do indivíduo está diretamente relacionado à afetividade e à racionalidade, e nas aulas de esportes, por exemplo, ocorrem situações que possibilitam uma intensa mobilização afetiva e de interação social (SILVA, 2014). Tal cenário apresenta-se como ambiente ideal para explicitação, argumentação e análise sobre as atitudes e princípios éticos ou não éticos para si e/ou para os outros. Trabalhar atitudes é muito difícil e envolve, em primeiro lugar, a contradição entre o que o professor quer e o que o sistema social vivenciado pelo aluno precisa, assim como esses componentes podem receber infl uências dos meios de comunicação. Por conseguinte, há difi culdade de priorizar métodos nitidamente estabelecidos para trabalhá-los, já que não temos tradição em ensinar valores de maneira explícita.

Além da intervenção no instante adequado, é recomendado ao professor de Educação Física a construção de formas e espaços para que tais princípios sejam exercidos, cultivados e abordados durante as aulas. Tais métodos precisam englobar: a vivência do “ato de considerar e respeitar”; efetuar atuações conjuntas;

dialogar de fato com colegas e professores; a experiência de adquirir solidariedade e ser solidário; o acesso aos saberes que permitam a compreensão, a assistência e a análise crítica de circunstâncias concretas dentro e fora da escola.

Atividade de Estudos:

1) Vejamos como isso pode ocorrer nas aulas de Educação Física escolar. Certos discentes são apontados mais habilidosos que outros no futebol, por exemplo, por isso são supervalorizados, enquanto os menos habilidosos são desconsiderados ou indesejados. O que você acha que o professor pode promover nesse exemplo? alternativas que contemplem e valorizem as vantagens de cada aluno. Por exemplo, podemos notar que, ao longo da execução de um jogo, normalmente ocorrem discussões, até mesmo brigas entre os participantes a respeito da validade ou não de um gol ou ponto. O conteúdo consegue levar os discentes a repensar e debater sobre desafi os achados durante a atividade, expressando opiniões, questionamentos e dúvidas. Depois disto, ele pode voltar à vivência da atividade a qual adquire maior signifi cado para os alunos. Levar os alunos a discutir as regras presentes nas modalidades desportivas e suas necessidades, considerando sua adequação à realidade do grupo, para que não discriminem e excluam qualquer aluno. O professor pode solicitar no conteúdo uma pesquisa sobre as regras nas diferentes modalidades desportivas, bem como a construção ou alteração dessas regras por grupos de alunos e a experimentação dessas reformas para constatar e repudiar as circunstâncias de abuso e desrespeito, como agressões físicas ou verbais, apelidos pejorativos e discriminações em geral.

Nas práticas desportivas o entendimento é, certas vezes, difi cultado, já que todos almejam falar ao mesmo tempo, motivados por comportamentos emotivos, mas o exercício de saber ouvir, realizar e debater a atividade é essencial. É dessa habilidade e conhecimento que o cidadão necessitará na sua vida, no seu uso diário da cidadania.

A seguir é apresentado um exemplo de plano de aula de esporte que trabalha questões de ética e cidadania, para compreensão de como colocar em prática os O conteúdo signifi cado para os

alunos.

Quadro 12 – Exemplo de Plano de Aula para o Bloco de Esporte Relacionado com o Tema Transversal Ética CONTEÚDO

Apresentar diferentes tipos de práticas esportivas e regras, tratar dos componentes éticos associados à regra de cada modalidade aos alunos e conhecê-los, promover dinâmica entre os escolares, conceituar esportes coletivos – alunos entre 9 e 11 anos.

TEMA DA AULA

- Apresentação, movimentos e habilidades básicas de handebol, futebol, voleibol e basquetebol. Tratar dos componentes éticos associados com a regra de cada modalidade.

OBJETIVO GERAL

• Conhecimento prévio das atividades coletivas a serem trabalhadas com os alunos.

• Apresentar os conceitos sobre esportes coletivos, com destaque para diferenciação entre futebol, basquetebol, handebol e voleibol.

• Apresentar componentes éticos associados com a regra das modalidades.

• Atividades com combinação entre esses esportes coletivos.

• Desenvolvimento de atividades que exigem cooperação entre os alunos.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

– Desenvolver habilidade específi ca dos esportes coletivos;

– Desenvolver coordenação motora grossa e fi na em deslocamentos, saltos e atividades

– Desenvolver coordenação motora grossa e fi na em deslocamentos, saltos e atividades

No documento CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA (páginas 138-151)