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Diretrizes Curriculares e a Educação Física Escolar

No documento CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA (páginas 33-38)

A Educação Física escolar é parte do projeto geral de escolarização e, portanto, está articulada aos projetos político-pedagógicos das instituições (BRASIL, 2002). Existem críticas enfáticas às orientações curriculares sobre os conteúdos da Educação Física escolar serem informações sem associação com a realidade dos alunos. Em geral, as orientações curriculares apresentadas pelos estados seguem os PCNs e indicam cinco conteúdos por excelência que são sempre abordados e desenvolvidos durante a formação dos alunos no contexto da intervenção da Educação Física escolar: os jogos, os esportes, as danças, as lutas e a ginástica (BRASIL, 1998a).

No entanto, a Educação Física escolar, nos últimos 20 anos, incorporou diversas práticas físicas em seu currículo, consequentes das mudanças metodológicas da confi guração e concepção atual do currículo escolar. Existem tendências em uma ampla participação da comunidade acadêmica em conexão com as instituições escolares para o desenvolvimento do plano de atividades e

Ao iniciar as discussões sobre as diretrizes da Educação Física escolar, é essencial reconhecer alguns desafi os na proposta das atividades. Por exemplo, ainda é perceptível a existência do dualismo corpo e mente como base teórico-científi ca da Educação Física que mantém a associação dos conceitos da disciplina com as práticas da dimensão procedimental. Dentre os desafi os para serem sanados estão as práticas sugeridas pelos currículos baseadas exclusivamente em conteúdo de esporte. Algumas orientações curriculares municipais muitas vezes são desprovidas de conteúdo real, baseado em situações do cotidiano do escolar e do contexto social em que vive.

Por exemplo, propostas de jogos regionais podem ser utilizadas a fi m de melhorar as capacidades e habilidades físicas, mas também mostram fenômenos sociais, os elementos formais e informais que lhe são inerentes – o jogo ocorre em razão de atos voluntários por parte dos escolares que desejam jogar. Ele também pode ser visto e explicado de maneira fenomenológica, ou seja, é desenvolvido e explicitado em uma realidade espacial e temporal própria, orientado através de suas regras, e que promove a evasão momentânea do contexto por conta de sua adesão emocional por parte do aluno. Diante desse exposto, é possível levantar diversas refl exões sobre as situações específi cas do jogo e tratá-las como estudo de caso associado com a importância de valores, atitudes, deveres, direitos e ações de companheirismo durante a partida.

Outro desafi o da Educação Física atual é a banalização do conhecimento sobre a cultura corporal e a abordagem metodológica do ensino dos conteúdos, pela repetição mecânica de técnicas sem valorização subjetiva e sobre a restrição do conhecimento oferecido aos escolares nas modalidades trabalhadas e não na sugestão de adaptação dos blocos de conteúdo para pessoas com defi ciências físicas ou mentais. Isso pode ser desenvolvido com outras disciplinas que permitam o estudo dos conteúdos da Educação Física em múltiplas dimensões da vida.

Refl ita sobre os questionamentos em relação aos alunos de Educação Física escolar e se os objetivos dos Parâmetros Curriculares Nacionais apresentados nas questões abaixo estão sendo alcançados (BRASIL, 2002):

• Atualmente o aluno compreende a cidadania como participação social e política. O que isso signifi ca para o exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais? Isso pode ser associado com o cotidiano? Podem ser inclusas atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo

para si o mesmo respeito durante a aplicação dos conteúdos da educação física?

• O aluno se posiciona de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais? O professor pode utilizar o diálogo como forma de mediar confl itos e de tomar decisões coletivas?

• O aluno conhece características fundamentais do Brasil em suas diferentes dimensões para construir progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal?

• O aluno conhece e valoriza a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais?

• O conteúdo ministrado nas aulas tem aspectos integrantes, dependentes e torna os alunos agentes transformadores do ambiente, identifi cando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente?

• O professor desenvolve no aluno o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confi ança em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no exercício da cidadania?

• Desenvolve no aluno o autoconhecimento e a consciência do cuidado do próprio corpo, valorizando e adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à própria saúde e à saúde coletiva?

• Enquanto professor, o profi ssional de Educação Física utiliza e ensina as diferentes linguagens — verbal, matemática, gráfi ca, plástica e corporal — como meio para produzir, expressar e comunicar suas ideias, interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo às diferentes intenções e situações de comunicação?

• O aluno sabe utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos?

• O aluno é capaz de realizar análise crítica e questionar a realidade ao formular problemas a fi m de resolvê-los, utilizando, para isso, o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verifi cando sua adequação?

Interdisciplinaridade e Educação Física

O conceito de interdisciplinaridade refere-se ao intercâmbio mútuo e à integração entre diferentes disciplinas com o objetivo de enriquecimento recíproco no processo do ensino-aprendizagem – a aplicação da interdisciplinaridade na educação básica é uma indicação dos PCNs associados à busca no rompimento com a educação compartimentada e fragmentada (BRASIL, 2002). Portanto, os PCNs defendem o diálogo entre as disciplinas para que o estudante tenha uma visão global do conhecimento.

Mesmo com essa indicação, alguns professores ainda não relacionam os conteúdos e, muitas vezes, são separados em partes, fazendo com que o escolar não consiga entender a interação entre as diferentes atividades e temas de cada matéria. Isso torna a aquisição e retenção do conhecimento uma experiência escolar fragmentada, com limitação para transferência do conhecimento para outras situações fora da escola.

O planejamento dos blocos de conteúdo precisa considerar as indicações que surgem do diálogo com professores de outras disciplinas. A interdisciplinaridade valoriza a criação e construção de conceitos inovadores e articulados com a realidade do aluno e - por que não? - a desconstrução do saber. A abordagem interdisciplinar favorece o processo de ensino e aprendizagem, pois contribui para que o estudante assuma uma postura participativa diante da própria educação.

Isso evita a diluição dos conteúdos em generalidades, pois todo conhecimento possibilitaria um diálogo constante com outras informações.

As Diretrizes Curriculares Nacionais sugerem que as orientações sejam centradas em abordagens interdisciplinares, nas quais os conteúdos sejam organizados por eixos temáticos em razão da interlocução entre as diversas ciências. Consequentemente, é necessário que os conteúdos tenham uma abordagem mais epistemológica, enquanto objetos de conhecimento. Além disso, a interdisciplinaridade assegura a transversalidade do currículo, isso propicia a interação entre as disciplinas para tratar de um mesmo tema ou conteúdo.

O conceito de interdisciplinaridade

refere-se ao intercâmbio mútuo e à integração entre diferentes disciplinas com o objetivo de

enriquecimento recíproco no processo do

ensino-aprendizagem

A obra Fluxo de Conteúdos (Editora Bom Jesus) foi vencedora do Prêmio Jabuti em 2014. Esse livro foi organizado por Adalberto Scortegagna e Frei Claudino Gilz e produzido em coautoria com outros 12 professores do Colégio Bom Jesus. A obra é um manual para professores que gostariam de alternativas e orientações para o ensino interdisciplinar. Os autores indicam no livro o Fluxo de Conteúdos como uma proposta na abordagem interdisciplinar para a Educação Básica, utilizando, para isso, exemplos do Ensino Médio.

Disponível em:<http://bomjesus.br/sobre/noticias-exibe.

vm?id=83675573>. Acesso em 12 abr. 2018.

Existem dois aspectos fundamentais para interdisciplinaridade: o diálogo constante entre os professores e a compreensão mútua sobre a necessidade de cada disciplina e abordagem na formação constante do estudante.

Atividade de Estudos:

1) A interdisciplinaridade emergiu no século XX como um desafi o para superar o excesso de fragmentação e especialização do ensino, mas também nas pesquisas e ciências. Para entender mais sobre esse tema, tente defi nir o conceito das novas formações das Ciências de Fronteiras, Interdisciplinas e Interciências.

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TendÊncias PedaGÓGicas e Quadro

No documento CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA (páginas 33-38)