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Das abordagens acima se inicia a análise focada nos quatro critérios de delimitação da pesquisa referenciando-se

S3 plataforma BIM

3. Das abordagens acima se inicia a análise focada nos quatro critérios de delimitação da pesquisa referenciando-se

na transição CAD - BIM dentro e fora do escritório.

5.2 DOS QUATRO ASPECTOS DE DELIMITAÇÃO

Visualização: Todos os casos abordaram esse aspecto

com entusiasmo. Considerando que engenheiros e analistas de sistemas também participaram das entrevistas, vale destacar que os arquitetos apontam a visualização como sendo um conceito que influencia desde o contexto individual até o coletivo.

Em outros termos, a visualização é explorada desde o momento mais instrospectiva de desenvolvimento de conceitos e de idéias, geralmente nas fases iniciais, passando pela comunicação dentro das equipes internas, nas externas e, por fim, com os clientes. Sendo bastante valorizada a mudança na participação do cliente. Neste sentido vale destacar que, também a diferença nos tipos de clientes, podendo ser pessoa física e pessoa jurídica.

Mesmo com essa distinção que os diferencia ainda em termos de conhecimento técnico, um dos profissionais chama a atenção para o fato de que, independente desse conhecimento técnico, agora o projeto é de fato compreendido pelo cliente. A projeção do espaço físico real para o espaço físico digital é extremamente facilitada, quando se trabalha em três dimensões, independe do conhecimento técnico. Visualizar o espaço físico real no papel ou em uma apresentação que é exposta ao cliente, se torna possível independente da bagagem técnica. Isso gera ganhos tanto na melhoria do desenvolvimento em si quanto na responsabilidade que muitas vezes recai majoritariamente sobre o arquiteto por muitas vezes estar trabalhando em cima de um idéia aprovada por esse cliente, mas sem a sua devida compreensão.

No âmbito individual os arquitetos têm relatado os ganhos principalmente na compatibilização de projetos, ao se trabalhar com elementos de múltiplas disciplinas em um mesmo modelo e

135 se identificar um número maior de interferências já nas fases preliminares, fazendo da adoção da ferramenta, por outros profissionais, uma busca por parte dos que já puderam experimentar tais ganhos.

Finalmente, é válido mencionar que o fato de não precisarem mais traduzir uma informação 3D em 2D para fins de representação, pode gerar ou estimular certo “vício positivo” dos arquitetos no uso do 3D, permitido pela capacidade de o BIM funcionar como uma espécie de tradutor ou codificador 3D - 2D. Essa mudança influencia diretamente a comunicação com equipes internas e externas. Com o objetivo de poderem absorver quase que imediatamente esse potencial, os profissionais vêm encontrando maneiras de transferirem as informações em 3D independente de os problemas de interoperabilidade estarem equacionados, impactando diretamente os aspectos abordados na sequência.

Documentação: Considerada como a fase mecância do

processo tradicional, a documentação projetual é o que muitas vezes faz da compatibilização de projetos uma tarefa complexa, de grande necessidade de concentração. O momento de transição CAD - BIM vem mostrando certa dificuldade relacionada a esse aspecto devido ao que um dos entrevistados denomina como carência de “customização” e “tropicalização” dos sistemas.

Nesse aspecto estão englobadas as demandas apontadas pelos usuários por debates e discussões em termos de padronizações e desenvolvimento de normas de representação em BIM, bem como a criação de famílias. Ainda que na atualidade o mercado já esteja se movimentando nesse sentido, a tarefa não é simples se for considerado que com o CAD, ainda hoje, existem profissionais que não organizam adequadamente layers ou que não preservam a originalidade do desenho do outro.

Portanto, trata-se de um caminhar longo intimamente relacionado à documentação projetual e abordado tanto nos estudos feitos no Brasil, quanto nos dois feitos fora, provenientes de dois mercados muitas vezes mencionados como sendo referências para o Brasil: tanto Estados Unidos quanto países da Europa.

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Ainda assim, fica demonstrado nos estudos que o tempo que se ganha no início do projeto, por não haver mais a necessidade da representação, é revertido nessa etapa ainda de pouco domínio em termos gerais. Conforme mencionado pelo entrevistado do caso B, os profissionais precisam debater esse aspecto através da troca das experiências iniciais, obtidas pelos primeiros que se lançaram a frente na implantação, sendo que certamente, de cada um poderá ser obtida uma visão deferenciada.

Produtividade: Este conceito acaba por repetir alguns

fatores mencionados anteriormente, mas que são essenciais na sua abordagem direta. Dizem respeito principalmente, à capacidade de se reverter o tempo anteriormente gasto em tarefas mecânicas, no desenvolvimento em si. Ainda que caricaturado pelo entrevistado da empresa C, se antes de gastava 4 meses desenvolvendo uma idéia e outros 4 representando-a, hoje esse desenvolvimento é antecipado e atinge definições características do executivo ao se dinamizar os 4 meses exemplificados. Os outros 4 são praticamente zerados, possibilitando o retorno ao projeto e a proposição de novas soluções. Nenhum dos casos mencionou ter diminuído prazos contratuais ou aumentado a capacidade de pegar mais projetos. No entanto, a empresa C relata não contratar mais estagiários e hoje trabalhar com uma equipe mais enxuta, mantendo o mesmo potencial de trabalho, similarmente à empresa D, que também avalia ter aumentado a capacidade de fornecer respostas em nível de EV com informações de custo também com equipe reduzida.

Uma das informações prestadas principalmente nos casos A e E, diz respeito às simulações. A empresa E não faz relações entre o fato de considerar os aspectos do comportamento da edificação e o uso de sistemas de simulações e à produtividade impulsionada pelo BIM ou pelo uso do Ecotect. A relação é feita com o setor voltado à pesquisa que a empresa possui. Ainda assim, o relato serve de gancho para o fato de que os demais casos apresentam especificamente a eficiência energética como uma busca por algo a ser considerado nos próximos passos da

137 implantação, influenciando diretamente na escolha dos materiais e nos custos que podem ser estimados com maior margem de acerto desde o início do processo. Essa é uma busca considerada bastante valiosa se de fato for possível de ser considerada com maior embasamento pelos arquitetos, desde projetos residenciais até edifícios comerciais, estimulando que se avaliem cada vez mais as questões de sustentabilidade nos processos.

Interoperabilidade: Da relação entre os estudos de caso

e a literatura de base é possível constatar as primeiras dificuldades sentidas na prática, das quais a interoperabilidade surge com destaque. Mesmo não tendo sido apontada por nenhum dos estudos como um problema introduzido pelo BIM, sua função nesse sistema enquanto processo é ímpar. O contato aproximado com um universo composto por escritórios de pequeno porte, e por empresas consideradas as maiores nos mercados em que atuam, levou a uma percepção que poderia ser considerada ousada e até mesmo precipitada. Mas acredita-se com base nesses estudos que não exista o BIM precessual imaginando-se a possibilidade de trabalhar em um software apenas, algo novamente destacado aqui e abordado em tópicos anteriores.

A utopia apontada por Howell e Batcheler (2004) é de fato sentida na prática. Arquitetos e outros profissionais que lidam com simulações de eficiência energética, por exemplo, possuem suas próprias ferramentas às quais confiam o resultado do seu trabalho. Se usam o EnergyPlus não vão passar a usar o Ecotect apenas por se tratar de um sistema que se comunica melhor com o Revit. Além disso, nesse caso, o nível de informação que um modelo deve conter precisa ser bem menor do que o geralmente os modelos de um projeto arquitetônico possuem, para que seja possível que se façam várias análises em um curto espaço de tempo. Para isso, os arquivos devem ser leves para não sobrecarregar o sistema e não tornar as simulações lentas. Obviamente, trata-se da exposição de um exemplo que pode não ser exatamente assim na prática.

Não foram pesquisados sistemas específicos de eficiência energética para se chegar a tal exemplo. Trata-se apenas de

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ilustrar um raciocínio. Supôr que a solução para o problema da interoperabilidade é que todos trabalhem no mesmo sistema, é onde reside a utopia. Desses estudos fica clara a diversidade de elementos a serem considerados ao abordar a interoperabilidade, termo que, isoladamente, atinge esferas distintas. Há que se considerar interoperabilidade entre sistemas, pessoas e áreas em uma conotação de comunicação. 5.3 DA PERGUNTA DE PESQUISA

Concentrando, portanto, as informações anteriores em uma resposta à pergunta de pesquisa, os estudos realizados demonstram as diversas maneiras de proceder a uma implantação de BIM. No grupo estudado, estão presentes escritórios que fizeram toda uma investigação que precedeu a implantação efetiva e se relacionou diretamente com o passo-a- passo elaborado. Estão presentes também escritórios que, de forma imediata, já saíram usando os programas sem que se comprovasse o conhecimento conceitual de BIM e também vêm apresentando resultados satisfatórios, o que se percebe, aliás, em todos os casos pesquisados.

Acredita-se com isso que, considerando ser a implantação um processo, ainda que o conhecimento conceitual não seja prévio, ele acontece na medida em que se evolui no uso. É nesse aspecto que entra um elemento muito importante também percebido com os estudos: o comprometimento com aquele novo sistema que acaba sendo o diferencial.

Ainda que nenhum dos casos tenha desistido do uso de BIM e retornado ao sistema anterior, em alguns momentos houve relatos por parte dos entrevistados de colegas que desistem precocemente. Nos casos estudados os profissionais estão buscando entender, conhecer e trocar experiências para aprimorarem gradativamente o uso da tecnologia BIM por perceberem, até o momento, mudanças positivas no trabalho que vêm surgindo a partir do uso efetivo.

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