• Nenhum resultado encontrado

A forma como foi abordada a revisão da bibliografia objetivou caracterizar o processo de projeto de

S3 plataforma BIM

1. A forma como foi abordada a revisão da bibliografia objetivou caracterizar o processo de projeto de

arquitetura relacionando-o às transformações tecnológicas ao longo da história. Posteriormente, através da definição da plataforma BIM e dos programas disponíveis, o objetivo foi obter a relação entre ambas. Nesse cenário vale ressaltar que ao cruzar a análise do processo de projeto com as definições mais objetivas da plataforma, visando extrair conceitos de BIM que se aplicariam especificamente à arquitetura, percebeu-se que os contextos sociais e culturais dentro dos quais as transformações

126

ocorrem, influenciam sobremaneira a real absorção e a capacidade de gerar mudanças processuais.

Acredita-se assim, que o momento de aquecimento econômico vivenciado pelo Brasil na atualidade e refletido na indústria de construção civil, estimula o amadurecimento do mercado e dos profissionais, influenciando a forma de absorção da tecnologia.

É nesse amadurecimento que se exemplifica uma importante constatação obtida nos estudos, quanto à escolha dos programas usados. Mesmo com uma amostra pequena, foram encontrados escritórios usando Autodesk Revit, Graphisoft ArchiCAD e Bentley Architecture, sendo que cada um deles sustenta com clareza o porquê da escolha.

Justificativas que conferem com os elementos que a literatura coloca para cada um: Revit como o sistema que mais incorpora os conceitos de BIM por ter sido idealizado especificamente para essa tecnologia, sendo bidirecional atingindo avanços em termos de documentação e de produtividade (alvo explícito da empresa C); e da multidisciplinariedade pelo uso de modelos únicos, reforçados ainda pelo Revit MEP (explorados pelas empresas B e E). Já o ArchiCAD considerado um sistema eficiente em termos de interoperabilidade por trabalhar bem a questão dos protocolos IFC (explorado pela empresa A), similarmente ao Bentley Architecture que também se apresenta como um bom sistema interoperável em IFC e bastante adequado para piping ou, tubulação (explorado pela empresa D).

Em todos os casos, tais conceitos foram abordados quando da caracterização do critério de escolha do sistema, havendo ainda uma relação clara com os objetivos apresentados para a implantação e com o tipo de trabalho prestado por cada empresa, bem como considerando os treinamentos, o aprendizado do profissional, o entendimento do que a ferramenta oferece e a cultura presente no mercado (no caso a cultura AutoCAD). Acredita-se que tais elementos sinalizam certa maturidade desses profissionais e cuidados no estabelecimento de critérios claros na implantação.

127 Entrando pois, nos referidos conceitos de BIM aplicados especificamente ao projeto de arquitetura, são apontados elementos que se relacionam de maneira direta com outras áreas, mas que na arquitetura certamente provocarão mudanças metodológicas significativas, repercutindo de forma inevitável nessas outras áreas.

Uso de componentes digitais parametrizados: O fato

de o sistema BIM trabalhar com elementos digitais como portas, paredes e janelas, com a capacidade de serem entendidos como tais, permitem a extração de informações de naturezas diversas que facilitam, por exemplo, a realização de testes de desempenho que auxiliam as tomadas de decisões.

Os estudos forneceram a percepção de que tais elementos têm de fato dinamizado o processo de projeto e vêm justificando a busca de maiores definições que permitam avanços na criação de famílias, para que desse conceito seja extraído o uso potencial da ferramenta, por exemplo.

O fato de os elementos serem entendidos como o que realmente são, significa que eles de fato se comportam como tais, algo que pode minimizar erros de projeto e evitar que só se perceba um conflito ao se passar um corte em um determinado setor do projeto, que a visualização em planta não permitiu detectar. São as surpresas que acontecem com frequência no processo como um todo, e que em muitos casos podem acarretar problemas maiores.

Integração e interdisciplinariedade: Conceitos que

praticamente fornecem diversos outros como desdobramentos, tais como a interoperabilidade, a inter e a multidisciplinariedade, que também podem ser condieradas do ponto de vista dos profissionais e das ferramentas em si, em um panorama mais operacional. Aqui se pretende destacar o potencial de mudança nas metodologias de projeto reforçando a integração entre profissionais.

O estudo deixou claro que existe uma grande lacuna entre fazer uso de um software da plataforma BIM e praticar um processo de desenvolvimento de projetos BIM. Um processo BIM

128

praticamente subentende interdisciplinariedade. Uma das maiores bandeiras é a coordenação de processos. Para tanto, é necessário informações de naturezas distintas para que se promova essa interação, e consequentemente se coordene. Para que uma forneça subsídios para a outra ser melhorada ou mesmo estimulada a fazer uso de novas técnicas e novos materiais.

Em outros termos, para que seja constantemente alterada também na sua dinâmica de tomada de decisões. Um software sendo usado em apenas uma disciplina isola de maneira completa esses dois conceitos, que funcionam praticamente como dois dos maiores diferenciais da tecnologia BIM.

Compatibilização de projetos: Um conceito que surge

também quase como desdobramento natural dos apontados anteriormente, é outra característica de destaque do BIM.

Possibilitando uma visão ampla do projeto, a compatibilização em si dos elementos, a identificação de erros e omissões, a produção de vistas e pormenores complexos, não são uma tarefa específica de um processo BIM. Obviamente é uma etapa desenvolvida também em um processo CAD, por ser de extrema importância na detecção de falhas de projeto que vão evitar prejuízos de obra.

Dada a importância dessa fase, é grande a demanda por experiência, atenção e cuidado do profissional. O uso do BIM pode funcionar como um auxílio de peso nessa tarefa e pode ainda, fornecer a extração de quantitativos e de outras informações não gráficas, aí sim, específicas do lado processual do BIM. No entanto, esta função obriga requisitos de interoperabilidade entre sistemas, tida como a capacidade de dois ou mais sistemas trocarem dados entre si, necessitando maiores avanços e exigindo capacidades técnicas dos hardwares utilizados.

Ainda assim, os ganhos de se explorar esse conceito já foram percebidos pelos profissionais dos escritórios, promovendo mudanças em suas metodologias ao extrair as potencialidades da compatibilização de projetos, testadas, por exemplo, no Revit MEP. Ainda no caso da Autodesk, existe o

129 NavisWorks, cuja função é especificamente compatibilização de projetos e a identificação de conflitos.

Industrialização da construção: Outro conceito

bastante abordado nas entrevistas realizadas e que ganha força em com a implantação do BIM na construção civil. A partir desse conceito, fornecedores de produtos e de materiais nas obras, ganham a capacidade de agregar informação importante no processo de desenvolvimento. Para que os modelos virtuais possam de fato representar a realidade de uma obra, a criação de bibliotecas de componentes se torna fundamental, bem como a maior aproximação entre fornecedores, arquitetos e engenheiros do ponto de vista da interdisciplinariedade.

Além de informações detalhadas dos produtos, tais como dimensões e características físicas, também será necessária a divulgação de dados relativos aos seus desempenhos, bem como às normas técnicas, à aplicabilidade e até à manutenção. É o que aponta Fernando Augusto Correa da Silva, diretor da Sinco Consórcio Técnico. Mas muito mais do que mudar o conteúdo dos catálogos dos fornecedores, ele acrescenta a necessidade do investimento em aplicativos que integrem as informações de seus produtos aos softwares em 3D (BARONI, 2011).

Gestão de projetos: O conceito pode ser exemplificado

como o diferencial de maior capacidade de impactar os métodos aplicados por arquitetos frente aos sistemas tradicionais. E aqui a arquitetura é abordada em específico, pois para as construtoras (e implicitamente para as engenharias, obras, empreiteiras e consultoras) avaliar a gestão e administrar bem os processos podem ser consideradas práticas mais comuns como é o caso da construtora descrita no caso D.

Não se trata de insinuar que arquitetos não se preocupam em administrar bem seus processos, mas sim de considerar que em se tratando do ciclo completo de um empreendimento, a gestão é majoritariamente delegada a administradores ou

130

empreiteiros que coordenam quantitativamente todos os envolvidos.

Nesse âmbito da gestão dentro de um panorama ampliado, estão englobadas, a industrialização da construção civil (mencionada anteriormente) e a engenharia simultânea. Todas sistematizadas na revisão da bibliografia (item 2.1.3) e diretamente relacionadas à forma de projetar contemporânea, incentivando inclusive o surgimento de terminologias específicas para a área, como Arquitetura Simultânea.

Seria possível itemizar outros conceitos, pelo fato de um estudo com tais características ter de fato fornecido informações para tanto. Porém acredita-se que muitos deles estão clarificados no decorrer da revisão bibliográfica. Disso ficam destacados os conceitos que, dos casos estudados apareceram com frequência nas entrevistas, presentes ainda com mais detalhe nos relatórios inseridos nos apêndices.

2.

Das atitudes decorrentes do modo de