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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

2 REVISÃO DA BIBLIOGRAFIA

2.3 LEVANTAMENTO DAS PESQUISAS EM BIM

2.3.1 Abordagens Nacionais

O tema no Brasil ainda pode ser considerado recente. As primeiras pesquisas que ao menos mencionam a terminologia BIM, datam de 2007. Para embasar esse fato, foram levantados os anais do ENTAC (Encontro Nacional de Tecnologia no Ambiente Construído) de 2004 a 2008 visando identificar os grupos que se focaram em BIM como tema de pesquisas. Nesses congressos, foram encontrados apenas dois trabalhos que mencionavam BIM, de 18 outros previamente selecionados com abordagens correlatas. Esse dado vai de encontro aos resultados de outro levantamento mais aprofundado feito pelas pesquisadoras Andrade & Ruschel (2009), que fizeram a mesma busca nos anais do TIC (Seminário de Tecnologia da Informação e Comunicação na Construção Civil) e do Workshop Brasileiro de Gestão do Processo de Projetos na Construção de Edifícios (WBGPPCE), em todas as suas edições. Foi observado que, “dos

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O termo “modelagem arquitetônica BIM” é colocado em uma das perguntas elaboradas pelos autores em cujas opções de resposta, estão presentes programas que não são da plataforma BIM. Ainda que o trabalho não contemple nenhum comentário, cabe presumir duas possíveis justificativas. Uma delas seria a elaboração de um mesmo formato de respostas para todas as perguntas a serem marcadas pelos entrevistados. A outra, e mais importante, é que por não ter sido inserido nenhum comentário que esclareça essa diferença, pode haver certa confusão por parte dos pesquisadores sobre as características específicas da tecnologia e quais das opções colocadas não são BIM.

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eventos pesquisados, apenas quatro apresentam trabalhos que abordam o BIM: TIC 2007, TIC 2009, VII e VIII WBGPPCE”.

É grande a diversidade de trabalhos em BIM no Brasil, porém o foco das pesquisas é mais direcionado à gestão de projetos, ao trabalho colaborativo e à distância, ou ainda aos sistemas colaborativos voltados para a construção civil. Esses trabalhos são explanatórios e divulgam potencialidades da tecnologia ligadas aos conceitos básicos. As pesquisadoras catalogaram as pesquisas subdividindo-as em quatro grupos: O

primeiro apresenta os conceitos básicos ligados ao BIM, os

benefícios e os desafios do seu uso na construção civil. O

segundo discute e analisa o uso do BIM no processo de projeto

de arquitetura. O terceiro foca a colaboração e a interoperabilidade à luz de aplicativos BIM. Por fim, o quarto grupo investiga a criação de estratégias para a customização de aplicativos BIM usados em projetos de arquitetura (ANDRADE & RUSCHEL, 2009). Ao finalizarem essa investigação, as pesquisadoras também fazem uso das fases de BIM propostas por Tobin (2008) para afirmarem que o uso da tecnologia no Brasil, coincide com a geração BIM 1.0, ressaltando a importância de se aprofundarem as pesquisas na prática de projeto. Para separar alguns trabalhos nacionais de maior destaque encontrados no levantamento bibliográfico deste mestrado, será usada uma abordagem semelhante de 3 dos 4 grupos propostos por Andrade & Ruschel (2009), ressaltando o

segundo grupo, dentro do qual a pesquisa poderia ser inserida.

Seguem, portanto as três categorias estipuladas:

2.3.1.1 Conceitos básicos, benefícios e desafios do uso de BIM na construção civil.

Amorim (2007) discorre sobre o processo de implantação

de BIM destacando suas vantagens e seus potenciais com base em pesquisas internacionais.

Silva (2008) elabora um histórico geral em termos de

39 relatório do Grupo BIM, de São Paulo. Apresentaram definições, classificação das ferramentas e um prospecto de atuação e dos objetivos do grupo no Brasil.

2.3.1.2 Análise do uso de CAD/BIM no processo de projeto de arquitetura.

Ayres e Scheer (2007) descrevem as ferramentas CAD

englobando o BIM como um CAD voltado à modelagem do produto. Os pesquisadores destacam vantagens e desvantagens de cada tipo de CAD separando-os em CAD geométrico (prancheta digital), CAD 3D (maquete eletrônica) e CAD BIM.

Scheer et al (2007) conduzem a pesquisa em dois

escritórios de arquitetura de Curitiba por meio de estudos de caso em uma análise qualitativa. O objetivo foi identificar os impactos do uso das diferentes tecnologias da informação utilizadas em termos de gerenciamento da informação, visualização da informação e produtividade. Os resultados demonstram vantagens e desvantagens das diferentes tecnologias de acordo com cada aspecto abordado.

Souza et al (2009) fazem uma abordagem semelhante em

13 escritórios de arquitetura brasileiros, identificando as influências no processo de projeto, as oportunidades potencias que surgem a partir do uso, vantagens e desvantagens da adoção da ferramenta. Os dados são analisados quantitativamente.

Também podem ser inseridos nesse grupo os trabalhos voltados ao ensino nas escolas de arquitetura a exemplo de

Celani (2003) e Kowaltolski (2006). Ambas ressaltam o uso

potencial do CAD como exercício da criatividade sem mencionarem o termo BIM, porém tratando de aspectos que sugerem suas características.

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2.3.1.3 Colaboração, interoperabilidade, engenharia simultânea e gestão de projetos.

Ferreira (2007) se concentra em um dos termos mais

encontrados nas publicações em BIM: Engenharia Simultânea. Com base nisso o autor se foca em aspectos como otimização de tempo, de recursos e integração entre profissionais articulando a evolução desta ao BIM e apresentando a plataforma com um desdobramento natural da Engenharia Simultânea. O autor finaliza destacando a necessidade de mais pesquisas nacionais.

Crespo e Ruschel (2007) abordam outro conceito

também muito comum nos trabalhos: a colaboração. Elas definem BIM como “uma nova geração de ferramentas CAD inteligentes orientadas ao objeto que gerenciam a informação da construção no ciclo de vida do projeto, a ferramenta marca o início de um novo caminho a ser explorado pelos profissionais que atuam na área de AEC voltado à colaboração, à interoperabilidade e à reutilização da informação”.

Coelho e Novaes (2008) mostram a necessidade de

revisão nos processos em termos de colaboração com a adoção de BIM, reforçando o fato de a adoção da plataforma não poder ser encarada apenas como troca de tecnologia.

As pesquisas de Melhado (2001) e Fabricio & Melhado (2003), apesar de não serem tão recentes, são relevantes em termos de Engenharia Simultânea e de Gestão de Projetos, por mostrarem um direcionamento claro à adoção e ao uso de BIM.

Também uma pesquisa realizada em Belo Horizonte por

Menezes et al (2008) cabe ser destacada. Os pesquisadores

investigaram a comunicação gráfica e digital entre engenheiros e arquitetos nos projetos de arquitetura e estruturas, supondo subutilização das ferramentas CAD nesse processo. Apesar de a hipótese não ter sido confirmada, foram gerados indícios isolados de subutilização do CAD em alguns resultados das perguntas feitas. Ao questionarem os critérios utilizados pelos profissionais na organização dos layers, os autores atribuem uma relação com o uso prévio das cópias heliográficas na forma de organização desses layers (separados por espessuras de traços

41 ao invés de elementos arquitetônicos em 44,4% das respostas) configurando assim, subutilização dos recursos oferecidos pela ferramenta. Esse fato pode demonstrar que os profissionais mantêm o raciocínio anterior no uso da nova mídia. Tentar manipular a ferramenta com o raciocínio de outra, como mostram Menezes et al (2008), é apenas um exemplo. Algo que se reforça com as colocações feitas acerca da fase de transição gerando mudança nas formas de trabalho praticadas pelos profissionais.