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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

2 REVISÃO DA BIBLIOGRAFIA

3.5 PROTOCOLO DE ESTUDO DE CASO

3.6.3 Pontos de Inferência e Operações de Recorte

Os pontos de inferência são originados a partir das relações estabelecidas entre as diversas unidades do protocolo em uma mesma sequência de fala dos entrevistados. Sequências estas marcadas tanto nos perfis quanto nos relatórios, pela consoante “S”. Portanto, como exemplo, um ponto de inferência denominado S2(a21-b63) significa que na segunda sequência de

81 fala, o entrevistado relacionou as UTs “parceiros” e “interoperabilidade”. Para checar exatamente o que foi relatado neste ponto de inferência, o leitor pode recorrer ao relatório de entrevista e localizar na coluna direita os momentos em que aparece “S2” e nas linhas inferiores os momentos em que aparecem as UTs mencionadas no referido ponto, no caso do exemplo, “a21-b63”.

Já as operações de recorte18 são

aplicadas também após a conclusão dos perfis de análise de cada caso. Partindo de uma leitura isenta19 de cada perfil, são

feitas operações de recorte para agupar os pontos de inferência, segundo a frequência, com que relacionam as unidades de contexto. Os diagramas de operações de recorte são lidos da esquerda para a direita conforme exemplificado na figura 17 ao lado.

Figura 17. Diagrama de operações de

recorte.

18Operações de recorte: Meios de se extrair elementos de um texto em

unidades comparáveis de categorização para análise temática e de modalidade de codificação para o registo de dados (BARDIN, 2010). Neste caso foram extraídas as relações promovidas entre as unidades de análise (UC) na fala do entrevistado, para as quais foram elaborados os diagramas (codificação) com o objetivo de tornar claro visualmente a dinâmica da entrevista de cada caso e facilitar a interpretação da pesquisadora, porém sem promover comparações.

19 Derivada do termo “leitura flutuante” de Bardin (2010), a leitura

isenta se caracteriza como o primeiro contato com o material de análise, livre de quaisquer conceitos anteriores. Desse ato de desconsiderar elementos prévios que possam orientar a interpretação, foi denominado no corpo desta pesquisa como “leitura isenta” o primeiro contato com os perfis de análise elaborados para cada caso.

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A leitura isenta é definida como um primeiro olhar livre de critérios ou de definições prévias em geral. Para esclarecer a leitura do esquema, adotando os pontos S1 a S3 como exemplo, todos são de sequências de falas iniciadas relatando ou mencionando os métodos de projeto empregados (UC-A) e seguem seu relato abordando, principalmente, a relação com o uso efetivo da tecnologia.

O fato de haver linhas ligando as unidades de contexto, A com B e C também (comprovado pela maior quantidade de linhas após a primeira coluna de UCs), aponta que em determinados momentos, temas dessas unidades foram mencionados. No entanto, na leitura deste diagrama, não é relavante saber qual o direcionamento de cada ponto, isoladamente, e sim avaliar as conexões estabelecidas em conjunto, também avaliando a influências de uma UC sobre outra.

A interpretação qualitativa será apresentada em cima desses pontos de inferência em conjunto com dois instrumentos elaborados com base na literatura: (1) ciclo de melhoramento contínuo e (2) os quatro aspectos de delimitação da pesquisa, abordados no próximo item. O ciclo de melhoramento contínuo foi elaborado com base em Nome et al (2010). Os autores criaram um ciclo de desvalorização de BIM baseado na questão de aferição e de validação dessas ferramentas.

Em diferentes meios profissionais e acadêmicos é necessário aferir a precisão de determinada ferramenta de modo a assegurar que os resultados obtidos estejam dento de um padrão aceitável de confiabilidade. Sem este padrão mínimo, passa a existir o risco real de afetar adversamente o desempenho de uma dada edificação. Neste caso postula-se que o desuso de produtos específicos para uma dada disciplina seja tão prejudicial à percepção do potencial das ferramentas BIM, quanto o uso de ferramentas sem a devida validação (Nome et al, 2010).

83 Com base nesse raciocínio, foi elaborado um ciclo que parte do conhecimento conceitual da tecnologia, empregado ou não na forma de implantação.

A figura 18, aborda o fato de que uma implantação feita de maneira consciente pode impulsionar um desempenho mais eficiente do sistema, um consumo apropriado por parte do profissional e a melhoria das informações geradas.

Essa cadeia pode contribuir tanto para o melhoramento contínuo do sistema em si quanto para a forma com que este sistema é empregado em prol da qualidade do projeto que está sendo desenvolvido pelo arquiteto. Por outro lado, a implantação e o consequente uso inconscientes retardariam o aperfeiçoamento da relação entre usuário e ferramenta, prejudicando o melhoramento contínuo.

Figura 18. Ciclo de melhoramento contínuo. Baseado em Nome et al (2010).

O ciclo decorre, portanto, do fato de que uma mudança de procedimentos e de métodos, quando não realizada de forma planejada, madura e articulada, pode causar ineficiência no manejo e no consumo da informação ou no potencial gerado pela ferramenta. O raciocínio levantado aqui é que, tal como Menezes et al (2008) supuseram com o CAD, escritórios podem estar implantando o BIM sem um conhecimento maior acerca das

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mudanças necessárias em um escritório de arquitetura, fator que pode afetar outros segmentos da cadeia de AEC.

Já em termos da definição dos aspectos delimitantes, Sheer et al (2007) são exemplo de autores que fizeram uso da produtividade, da visualização da informação, do gerenciamento da informação e da interoperabilidade para comparar os sistemas CAD e BIM em dois estudos de caso realizados em escritórios de arquitetura de Curitiba. Os aspectos são inseridos como forma de caracterizar o processo de projeto nos escritórios e posteriormente como parâmetros de comparação qualitativa entre os sistemas denominados pelos autores como “CAD2D” e “CAD-BIM”.

Nessa denominação cabe uma ressalva: deveria haver um cuidado ao se adotar a terminologia CAD para diferenciar um processo de projeto bidimensional de um processo de projeto BIM, pois, ao se fazer isso, há o risco de se deixar implícito que a diferença entre os sistemas fica a cargo do 3D. Uma capacidade que os sistemas CAD também possuem. Apesar de não explicitarem o porquê da denominação adotada (CAD2D x CAD- BIM), os autores demonstram ter clareza dessa diferença conceitual na interpretação dos dados.

A figura 19, concentra as etapas de definição, preparação e coleta sugeridas por Yin (2001); e de pré-análise, análise temática e resultados sugeridas por Bardin (2010) nos critérios de análise de conteúdo; definindo assim, a metodologia geral aplicada e englobando Nome et al (2010) e Scheer et al (2007).

Os modelos relatados tiveram bases metodológicas, que auxiliaram no estudo de caso e na análise de conteúdo (YIN, 20101 e BARDIN (2010), respectivamente) e bibliográficas, que auxiliaram com suas pesquisas em BIM (NOME et al, 2010 e SHEER et al, 2007 respectivamente), descritos na figura 20.

85 Figura 19. Quadro final de análise de conteúdo baseada em

convergência temática.

Resumindo, portanto, a forma de analisar os resultados de maneira global, os quatro aspectos de delimitação são retomados como forma de categorizar as inferências e as informações gerais levantadas.

Na sequência, a figura 20 concentra como foram articuladas as referências de metodologia e de outras pesquisas no delineamento da forma de análise dos resultados.

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Figura 20. Referências para análise dos dados.

Para cada empresa serão apresentados os perfis de análise (a exemplo da figura 16) montados segundo a sequência de fala do entrevistado e as relações estabelecidas entre as unidades de contexto previstas no protocolo.

Abaixo de cada perfil é apresentada uma tabela (conforme exemplo abaixo - tabela 6) com uma listagem dos pontos de possíveis inferências presentes nos relatórios, aqui identificados pela letra “S”, que os relaciona à sequência em que foram abordados durante as entrevistas.

Na coluna intermediária encontram-se descritas as unidades de contexto do referido ponto juntamente com suas respectivas unidades de registro (coluna lateral direita). Por fim, abaixo da cada tabela serão inseridas as discussões referentes à análise de cada estudo.

Tabela 6. Pontos de inferência “ESCRITÓRIO EXEMPLO”

Primeira sequência de fala - S1.

sequência un. de contexto un. de registro

S1

métodos de

projeto

caracterização dos métodos de projeto*, interface externa, relação com parceiros, experiência em BIM, interoperabilidade, problemas.

87 Da leitura isenta feita a partir do perfil concluído, foram feitas operações de recorte visando agrupar os pontos de inferência de acordo com a relação estabelecida pelas unidades de contexto. Para justificar esse agrupamento e embasar a interpretação qualitativa, foi elaborado um esquema fundamentado em operações de recorte. Esse esquema (exemplificado na figura 17 inserido anteriormente) considera unicamente as unidades de contexto e tem como objetivo esclarecer em termos visuais se existe a predominância de alguma unidade de contexto e como se deu as relações entre essas unidades durante as falas.