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Acesso, permanência e certificação no curso de Engenharia Agronômica

6 A EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR FEDERAL EM UBERLÂNDIA:

6.4 Acesso, permanência e certificação no curso de Engenharia Agronômica

O curso de Engenharia Agronômica do IFTM Uberlândia – Campus Rural ofereceu 40 vagas para o primeiro semestre de 2013, sendo 32 para o vestibular do instituto e oito para o SISU – neste caso, obtiveram-se 40 matrículas regularizadas.

Nessa turma, 24 ingressantes são do sexo69 masculino e apenas cinco são oriundos de

escolas particulares, ou seja, 35 deles estudaram todo o ensino médio em escolas públicas (cinco destes alunos foram oriundos do curso técnico em Agropecuária integrado ao ensino médio, ofertado pelo IFTM). Quanto à idade desses discentes, 16 possuíam de 16 a 17 anos70 até a data

68 A previsão inicial de investigação das categorias de acesso, permanência e certificação dos alunos nos cursos mais expandidos na rede federal de educação superior de Uberlândia, após a efetivação dos programas de estímulo à expansão deste setor, era de 140 vagas distribuídas da seguinte forma: curso de Engenharia Agronômica – 40 vagas oferecidas pelo IFTM Uberlândia – Campus Rural no 1º semestre de 2013; curso de Sistemas de Informação – 60 vagas ofertadas pela UFU – Campus Santa Mônica no 2º semestre de 2013; curso de Marketing – 40 vagas disponibilizadas pelo IFTM Uberlândia – Campus Centro no 2º semestre de 2014.

No entanto, em campo, a realidade das instituições indicou uma variação nesse montante de vagas recortadas para análise, uma vez que optamos por trabalhar com os alunos regularmente matriculados – houve casos de desistências antes da matrícula e evasão após ela ocorrer. Isso não comprometeu a efetivação da reflexão proposta, mas reduziu o montante de alunos de 140 vagas previstas nos três cursos para 134 matrículas efetivadas neles.

69 Quanto à diferenciação de gênero (masculino e feminino), esta não possui relevância para a investigação. Foi efetuada apenas para averiguar se os cursos mais expandidos possuíam, ainda, o estigma de profissões destinadas aos homens ou às mulheres, pois isto, na maioria das vezes, é criado pela sociedade e assegurado por ela nas interações sociais e educacionais.

70 O recorte de idade (16 a 17 anos) foi acrescentado em campo, uma vez que não prevíamos o ingresso desta clientela tão jovem na educação superior.

da matrícula inicial (2013/1); 19, de 18 a 22 anos; dois já haviam completado 26 anos; e os outros três tinham de 31 a 40 anos de idade.

Na análise das relações entre formação superior e trabalho71 remunerado, o grupo que

declarou possuir alguma ocupação remunerada pertencia à faixa etária de 26 a 40 anos. Dentre os cinco trabalhadores, dois alunos do sexo masculino trabalhavam oito horas diárias, mas foram afastados pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) por tempo indeterminado; dois declararam estar na ativa com seis horas por dia; e uma discente (sexo feminino) declarou trabalhar fora por seis horas noturnas.

Quanto ao ingresso no curso de Engenharia Agronômica no primeiro semestre de 2013, o critério de inserção nele foi baseado na Lei n. 12.711/2012. Do montante das 32 vagas ofertadas por meio do vestibular, 16 foram destinadas à Ampla Concorrência (AC), e as outras 1672 canalizadas para o programa especial de acesso às instituições de educação superior,

conforme a reserva de vagas por meio de modalidades de cotas (L1, L2, L3, L4), além de uma destas vagas ter sido reversada para portadores de deficiência, que neste ano ainda era opcional. No grupo de oito alunos que concorreram às vagas por meio do SISU houve duas cotas para L1 e L2, respectivamente, e quatro para AC. O quadro a seguir demonstra o efetivo das vagas distribuídas no primeiro semestre de 2013 para o referido curso:

Quadro 20 – Distribuição de vagas, incluindo os grupos de reserva, nas modalidades L1, L2, L3, L4, AC e portador de deficiência

Grupos Quantidade de acesso Total

Vestibular SISU L1 2 2 4 L2 2 2 4 L3 4 – 4 L4 11 – 11 AC 12 4 16 Portador de deficiência 1 – 1 40 Fonte: COPESE/IFTM (2013/1).

O curso em questão certificou, no prazo padrão (cinco anos), 11 alunos (27,5%) e possuía, até o início do primeiro semestre de 2018, 16 estudantes que permaneceram retidos no

71 Apenas um trabalhador apresentou documento comprovante de sua atuação (contracheque). Os demais declararam ter ocupações como operador(a) de máquinas agrícolas, comerciante, marceneiro(a) e supervisor(a) de hotel.

72 Das 16 vagas ofertadas para AC, apenas 12 foram preenchidas nessa seleção por meio do vestibular – as outras quatro foram ocupadas via SISU.

curso, ou seja, renovaram matrícula no final de 2017. Já 11 discentes evadiram do curso e dois solicitaram transferência para outra instituição.

Do montante dos 16 alunos que permaneceram retidos no curso, 11 deles já integralizaram mais de 90% das disciplinas, mas não elaboraram o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Com isso, existiu a possibilidade de eles se formarem73 ao final do primeiro

semestre de 201874.

Quanto ao grupo dos 11 alunos formados ao final de 2017 no referido curso, quatro ingressaram com idade entre 16 e 17 anos e saíram com 21 a 22 anos; cinco entraram com 18 a 19 anos e saíram com 23 a 24 anos; um ingressou com 22 anos e saiu com 27 anos; e um ingressou com 26 anos e saiu com 30 anos. Destes, seis são do sexo feminino e apenas quatro foram oriundos de escola particular. Em se tratando do ingresso no referido curso, seis estudantes entraram por meio da reserva de vagas e cinco pelas vagas de AC – dos sete alunos oriundos de escolas públicas, apenas um deles ingressou pelo último critério.

A certificação no prazo padrão, neste caso, não atingiu nenhum aluno trabalhador, haja vista que, do grupo dos cinco estudantes que possuíam atividades remuneradas, apenas três permaneceram no curso e só um conseguiu, conforme a previsão de sua integralização de créditos, formar no final do primeiro semestre de 2018. Os outros dois discentes trabalhadores necessitaram de um tempo maior para conclusão do curso.

Essa necessidade de aumento de tempo para formação do educando trabalhador apareceu também no Campus Centro do IFTM Uberlândia. Já a certificação no curso noturno analisado na UFU apresentou problemas de atraso, dentro do tempo padrão, no geral, tanto para alunos trabalhadores quanto para aqueles que apenas estudam, o que será detalhado na sequência.

73 Nessa problemática de certificação para o curso de Engenharia Agronômica existe o atenuante, destacado pela direção desse instituto, de que os estudantes, principalmente do 10º período, ao ingressarem no estágio, visualizam a possibilidade de inserção na profissão e optam por atrasar o curso (não colam grau) para se dedicarem às atividades requisitadas pelas empresas contratantes, as quais, na sua maioria, oferecem ajuda de custo a eles, o que também estimula a dedicação de tais discentes ao estágio. Porém, o estágio obrigatório contabiliza horas, não requer qualquer abono e é exigido no 10º período para conclusão do curso.

74 A certificação destes 11 discentes no término do primeiro semestre de 2018 dependeu de suas aprovações no TCC, situação também ocorrida com os alunos que permaneceram retidos nos cursos de Sistema de Informação e Tecnologia em Marketing.