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Conforme CASTRO (2002), acidente é um evento definido ou seqüência de eventos fortuitos e não planejados, que dão origem a uma conseqüência específica e indesejada, em termos de danos humanos, materiais e ambientais.

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A Organização Mundial de Saúde divulgou em 2003, com base em informações de 2001, que os acidentes de trânsito lideraram as estatísticas mundiais de mortes violentas por causas externas, com 1,2 milhões de vítimas por ano. Em segundo lugar está o homicídio, responsável por 600 mil mortes.

No Brasil, o Ministério dos Transportes alerta: 62% dos leitos de traumatologia dos hospitais são ocupados por vítimas de acidentes de trânsito, o que constitui o segundo maior problema de saúde pública do país, só superado pela desnutrição, que ocupa o primeiro lugar. As comparações entre as condições de segurança viária no Brasil e as de outros países, prin- cipalmente os desenvolvidos, devem ser feitas com cautela. Segundo os especialistas em segurança viária, para a realização de uma análise coerente, devem-se adotar os índices de acidentes em relação a uma série de medidas de exposição ao risco, como, por exemplo, número de veículos, número de habitantes, etc. (CETESB, 2005).

O gráfico a seguir demonstra que o número de mortes por quilômetro de rodovia pavimentada e policiada no Brasil é de dez a setenta vezes superior àqueles identificados nos países ricos.

GRÁFICO 3 – Índice de Mortes nas Estradas (1996) – por 1.000 km de Rodovia

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Os índices internacionais de acidentes e fatalidades no trânsito, ilustrados no gráfico anterior, tornam as comparações inevitáveis.

No Brasil, o Ministério das Cidades juntamente com o Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), publicam anualmente o “Anuário estatístico de Acidentes de Trânsito. Abaixo tabelas com número de vítimas no Brasil e em Santa Catarina:

TABELA 8 - Número de vítimas por acidentes no Brasil

2002 2003 2004 2005

Acidentes com vítimas 252.000 334.000 349.000 383.000

Vítimas fatais 19.000 23.000 26.000 26.000

Vítimas não fatais 318.000 439.000 474.000 514.000

Fonte: Anuários DENATRAN (2002 a 2005)

TABELA 9 - Número de vítimas por acidentes em Santa Catarina

2002 2003

Acidentes com vítimas 18.000 16.875

Vítimas fatais 1.500 714

Vítimas não fatais 17.000 20.750

Fonte: Anuários DENATRAN (2002 e 2003)

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) divulga anualmente o relatório denominado “Impactos Sociais e Econômicos dos Acidentes de Trânsito nas Rodovias Brasileiras”. De acordo com a última pesquisa realizada pelo IPEA em parceria com o DENATRAN (2005), os gastos com acidentes nas rodovias brasileiras atingiram o número assustador de R$ 22 bilhões por ano.

Em 2003, o IPEA realizou um estudo com o objetivo de quantificar quais são os custos relacionados aos acidentes de trânsito nas aglomerações urbanas do Brasil. A pesquisa tomou como referência 49 aglomerações urbanas, totalizando 379 municípios, onde estão

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47% da população e 62% da frota de veículos automotores do país. Florianópolis está incluída como aglomeração urbana, abrangendo 4 municípios. Os resultados indicaram o custo de R$ 3,6 bilhões nas aglomerações urbanas e mais R$ 1,7 bilhões em outras áreas urbanas, totalizando um gasto total de R$ 5,3 bilhões somente nas áreas urbanas (valores em R$ de abril/2003).

Considerando o modal de transporte adotado no Brasil, é natural que a movimentação da produção de produtos perigosos, entre outros, seja feita na sua maioria por rodovias e, por conseguinte, que essa atividade de transporte lidere as estatísticas de acidentes ambientais.

Um acidente com produto perigoso é um evento repentino, inesperado e não desejado, onde a liberação de substâncias químicas, biológicas ou radiológicas perigosas em forma de incêndio, explosão, derrame ou vazamento, causa dano a pessoas, propriedades ou ao meio ambiente. Resultando em lesões, perdas de propriedade ou interrupção de serviços e atividades (DEDC, 2005).

Quando um produto escapa ou está na iminência de escapar para o meio ambiente tem-se uma situação denominada de acidente com produto perigoso. Estes acidentes podem variar consideravelmente, dependendo dos produtos envolvidos, suas quantidades, propriedades e características físico-químicas, das condições meteorológicas e do terreno.

Embora os produtos perigosos estejam disseminados por toda à parte e sejam empregados numa gama enorme de atividades, o seu risco potencial não é adequadamente reconhecido por todas as pessoas que direta e indiretamente com eles se envolvem.

Após a segunda guerra mundial, houve um rápido crescimento da indústria química poluidora nos países em desenvolvimento. Na década de 40, nos países desenvolvidos, começam a ocorrer vários acidentes graves com produtos perigosos, principalmente no transporte. Em decorrência disso, os países da Europa Ocidental passaram a se preocupar com o transporte de produtos perigosos, surgindo daí as primeiras propostas que recomendavam o emprego de métodos padronizados para lidar com essa modalidade de transporte. Tais fatos fizeram com que, em 1957, a ONU, atendendo para as possíveis catástrofes e conseqüências para o homem e o meio ambiente, catalogasse e classificasse aproximadamente 2.000 produtos perigosos (ALVES, 2003).

Segundo OLIVEIRA (1997), foi constatado que no período de 1917 a 1986 foram registrados 2.500 acidentes industriais em todo o mundo, sendo que 1.419 ocorreram entre 1981 e 1986, com maior incidência no transporte e na armazenagem destes produtos.

Em 1974, a explosão desastrosa em um reator de produção de caprolactama, em Flixborough (Inglaterra), tornou-se um marco na questão da avaliação de riscos e prevenção

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de perdas na indústria química. O acidente levou ao estabelecimento do Advisory Committee on Major Hazards (ACMH), na Inglaterra, que durou de 1975 a 1983 e introduziu uma legislação para controle de riscos maiores nas indústrias. Em 1976, outro grande acidente em um reator químico, com liberação de dioxina, em Seveso (Itália), gerou um profundo impacto na Europa, tornando-se o estímulo para o desenvolvimento da Diretiva de Seveso – EC Directive on Control of Industrial Major Accident Hazards, em 1982. Outros acidentes de grande impacto se seguiram no mundo, podendo-se citar, entre eles: San Carlos (Espanha, 1978), Bhopal (Índia, 1984), Cidade do Mexico (México, 1984), Chernobyl (Ucrânia, 1986) e Piper Alpha (Mar do Norte, 1988), os quais vieram a reforçar a necessidade de desenvolvimento na área de avaliação de riscos e prevenção de perdas, bem como a necessidade de estabelecimento de diretrizes, regulamentos e legislações sobre o tema, com o objetivo de reduzir ou evitar a ocorrência de acidentes industriais maiores (CETESB, 2006).

Acidente na plataforma “Piper Alpha”, Mar do Norte - 1988

Contaminação decorrente de vazamento tóxico, Seveso, Itália - 1976

Bhopal

Milhares de pessoas mortas devido a vazamento tóxico, Índia - 1984

FIGURA 21 – Desastres Envolvendo Produtos Perigosos

Fonte: CETESB, 2006.

No Brasil ocorreram alguns acidentes de grande porte como, as tragédias da Vila Socó, em São Paulo; o pentaclorofenato de sódio no Rio de Janeiro; o acidente radioativo com Césio em Goiânia; as explosões provocadas por vazamento de gases e indevido uso de explosivos em áreas urbanas densamente povoadas, entre outras.

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