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Desde 1978, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental - CETESB, por meio do Setor de Operações de Emergência e de suas Agências Ambientais distribuídas no Estado de São Paulo, realiza o atendimento a situações emergenciais que representam riscos ao meio ambiente e à população causadas por eventos acidentais envolvendo produtos quí- micos, nas mais diversas atividades, tendo atuado em mais de 6300 ocorrências em todo o estado. No Estado de São Paulo, a CETESB é órgão integrante do Sistema Estadual de Defesa Civil.

Santa Catarina possui um órgão para atender emergências com PP junto ao porto de Itajaí, a Ecosorb Tecnologia Ambiental, mas a sua base foi inaugurada recentemente, em 14 de março de 2006, e a empresa não possui dados de atendimento no transporte rodoviário. Por isso escolheu-se apresentar dados da CETESB como um exemplo brasileiro.

GRÁFICO 4 – Distribuição Anual das Emergências Químicas Atendidas pela CETESB

Fonte: CETESB, 2006.

O gráfico anterior mostra um baixo número de ocorrências no período de 1978 a 1983, o que se deve ao fato de que a CETESB, na época, atendia basicamente às emergências envolvendo vazamentos de petróleo e derivados no mar. A partir de 1983, dada a sua

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experiência com emergências, a CETESB passou a agir em outras atividades geradoras de acidentes, em especial no transporte rodoviário de produtos perigosos, o que justifica o gradual crescimento de atendimentos no período de 1983 a 1995 (CETESB, 2006).

Segundo a CETESB (2006) de 1995 para 2005 houve um grande aumento no número de acionamentos para atuar em emergências químicas, uma vez que a comunidade e os órgãos públicos passaram a solicitar o apoio da CETESB com maior freqüência e, de certa forma, pode estar associado com o grau de conscientização da sociedade e pela coibição de práticas nocivas ao meio ambiente motivado pela preocupação dos empresários em não infringir a “Lei de Crimes Ambientais”, como ficou conhecida a Lei nº. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 que entrou em vigor em 1999 após a promulgação do Decreto nº 3.179, de 21 de setembro e 1999.

GRÁFICO 5 – Emergências Químicas Atendidas pela CETESB Classificadas por Atividade - Período: 1978 -2004

Fonte: CETESB, 2005.

Os acidentes envolvendo produtos químicos podem ocorrer em qualquer fase de sua utilização, mas não há dúvida que as operações de transporte são as mais críticas, por agregar ao potencial natural de risco, outras variáveis importantes, tais como a exposição ao meio ambiente livre, a possibilidade de acidentes provocados por outros veículos, as condições

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nem sempre ideais de transporte, bem como outras condições adversas, capazes de desencadear emergências a qualquer hora do dia e em qualquer ponto do deslocamento entre o local de despacho da carga e o seu destino final, com sérios impactos sobre o meio ambiente e a saúde das pessoas expostas.

GRÁFICO 6 – Emergências Químicas Atendidas pela CETESB em 2005 Classificadas por Atividade

Fonte: CETESB, 2006.

Analisando os gráficos anteriores, observa-se que o transporte rodoviário de produtos perigosos e postos e sistemas retalhistas de combustíveis são as principais atividades geradoras de emergências químicas, tendência essa que vem se mantendo constante desde o final da década de 80.

Segundo a CETESB (2006) as quatro principais atividades responsáveis pelos acidentes atendidos (transporte rodoviário, postos e sistemas retalhistas, descarte de resíduos químicos e indústria), representam 68,5% dos atendimentos e na sua grande maioria causam em um primeiro momento a contaminação do solo e da água o que justificam serem estes os meios mais afetados em razão dos acidentes com substâncias químicas. O gráfico a seguir mostra

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que em 237 casos (56,5%) houve contaminação do solo, enquanto que em 126 emergências químicas (30%) ocorreu contaminação de um recurso hídrico.

GRÁFICO 7 – Impactos Ambientais Decorrentes das Emergências Químicas Atendidas pela CETESB em 2005

Fonte:CETESB, 2006.

As estatísticas dos acidentes nas rodovias brasileiras são alarmantes, e podem representar mais de 4% das fatalidades em acidentes no transporte rodoviário de todo o mundo (PORATH, 2002). Num país, onde se estima que ocorram mais de um milhão de acidentes com veículos por ano, sendo trezentos e cinqüenta mil com vítimas e cinqüenta mil mortos, o simples ato de dirigir apresenta uma série de riscos àqueles que, diariamente, são obrigados a circular pelo sistema viário, conforme pode ser verificado diariamente pelos meios de comunicação (ALVES, 2003).

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O gráfico a seguir apresenta a distribuição anual das emergências químicas atendidas pela CETESB no transporte rodoviário de produtos perigosos (TRPP) no período de 1983 a 2005.

GRÁFICO 8 – Distribuição Anual das Emergências Químicas no Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos Atendidas pela CETESB

Fonte: CETESB, 2006.

Conforme a CETESB (2005) a ordem crescente do gráfico anterior deve ser interpretada com cautela, pois os números se referem aos acidentes em que a CETESB foi notificada da ocorrência e prestou o devido atendimento; portanto, em 1983, quando iniciou o atendimento a acidentes envolvendo o transporte rodoviário de produtos perigosos, a CETESB foi informada e prestou atendimento a somente dois casos. À medida que foi dada publicidade a essa atribuição, as notificações passaram a ser mais freqüentes, tendo como conseqüência um aumento gradativo no número de acionamentos.

Apesar do aumento gradativo na movimentação de produtos perigosos por via terrestre desde 1999, o número de acidentes no TRPP tem se mantido constante, fato que pode estar associado ao rigor da legislação vigente no país e ao grau de conscientização dos empresários dos setores de transporte e indústria, evidenciados pelos inúmeros fóruns de debate promovidos pela iniciativa privada e órgãos públicos competentes, no âmbito estadual e federal (CETESB, 2006).

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O gráfico a seguir demonstra que os acidentes atendidos pela CETESB no transporte rodoviário se distribuem de forma equilibrada durante os meses do ano.

GRÁFICO 9 – Distribuição Mensal dos Acidentes Atendidos pela CETESB no Transporte Rodoviário – Período 1983 a 2004

Fonte: CETESB, 2005.

Por se constituírem fontes de risco, os produtos perigosos são classificados com base no tipo de perigo que representam, conforme as Recomendações para o Transporte de Produtos Perigosos das Nações Unidas. O sistema internacional de classificação dos produtos perigosos considera nove classes de risco: Classe 1- (explosivos), Classe 2 (gases), Classe 3 (líquidos inflamáveis), Classe 4 (sólidos inflamáveis, substâncias sujeitas a combustão espontânea, substâncias que em contato com a água emitem gases inflamáveis), Classe 5 (substâncias oxidantes, peróxidos orgânicos), Classe 6 (substâncias tóxicas, substâncias infectantes), Classe 7 (materiais radioativos), Classe 8 (corrosivos) e Classe 9 (substâncias perigosas diversas), já citadas anteriormente.

Ocorrendo um acidente, cada classe de risco implica em danos específicos aos usuários da via, à população lindeira, ao meio ambiente e ao patrimônio público e privado. Essa especificidade está relacionada a uma série de fatores como: características do produto transportado, quantidade vazada, vulnerabilidade do entorno, condições atmosféricas, entre outros fatores que atuam ou podem atuar de forma conjunta ou isoladamente.

Observa-se no gráfico a seguir que 36% dos acidentes atendidos pela CETESB no transporte rodoviário envolvem a classe 3, líquidos inflamáveis, seguido pela classe 8, corrosivos, com 22% e pela classe 2, gases, com 10%. Esta estatística pode ser tomada como

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base para Santa Catarina, pois conforme os dados levantados pelo Departamento Estadual de Defesa Civil, durante as Operações de Controle do Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos, quase 50% dos veículos fiscalizados transportavam combustíveis, seguido pela classe 2 gases e pela classe 8 corrosivos, entre 10 e 20%. Se essas três classes são as que mais circulam no Estado, é provável que o maior índice de acidentes envolva o transporte de produtos dessas três classes. A tabela contendo os dados das porcentagens de produtos por classe, transportados no Estado de Santa Catarina será apresentada posteriormente, junto com os demais dados levantados na presente dissertação.

GRÁFICO 10 – Acidentes Atendidos pela CETESB no Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos por Classe de Risco – Período 1983 a 2004

Fonte: CETESB, 2005.

É importante considerar que as emergências envolvendo produtos perigosos não se restringem só às áreas diretamente atingidas pelo acidente, mas bem como as regiões limítrofes. Caso o acidente provoque vazamento e este venha a atingir um rio, um lago, o lençol freático ou até mesmo o mar, os danos e prejuízos imputados a sociedade são incalculáveis. Dessa forma, os cidadãos bem como a fauna e a flora, que se localizem próximas ao acidente, correm riscos de serem afetados por estes produtos denominados de perigosos.

O gráfico a seguir apresenta os impactos ao meio ambiente decorrente da atividade do transporte rodoviário de produtos perigosos.

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GRÁFICO 11 – Impactos Ambientais das Emergências Químicas de 2005 Atendidas pela CETESB no Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos

Fonte: CETESB, 2006.

Observa-se no gráfico anterior que das 197 emergências químicas envolvendo o transporte de produtos perigosos atendidas pela CETESB em 2005, 72,6% geraram contaminação de solo, 20,3% geraram contaminação dos recursos hídricos e 10,7% geraram contaminação do ar. É importante ressaltar que um mesmo acidente pode ter ocasionado a contaminação de mais de um compartimento ambiental. Estes dados reforçam a necessidade de se ter ações de gerenciamento de riscos e de medidas de intervenção a serem desencadeadas nas situações de emergência envolvendo o transporte rodoviário de produtos perigosos (CETESB, 2006).