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Desde o final da década de 90, o sistema financeiro Brasileiro passou por várias modificações, em que a crescente globalização dos mercados monetários e financeiros levantou questões de ameaças à estabilidade financeira dos países, tanto os desenvolvidos como os em desenvolvimento. O Comitê de Supervisão Bancária da Basiléia (Basle Committee on Banking Supervision), o Banco de Compensações Internacionais (BIS), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial analisaram a necessidade do fortalecimento da solidez dos sistemas financeiros internacionais (FURTADO, 2005).

Histórica e crescentemente, o setor bancário é uma das áreas que mais demandam estudos e pesquisas, tendo em vista não somente as preocupações naturais dos depositantes, como também de investidores, analistas de mercado, pesquisadores, órgãos reguladores e instituições governamentais (SOBREIRA; MARTINS, 2011).

O Comitê de Basileia para Supervisão Bancária divulgou em 1988 o Acordo de Capital, com a proposta de um conjunto mínimo de diretrizes para a adequação de capital em bancos. O objetivo deste Acordo, foi de fortalecer a solidez e estabilidade do sistema bancário, para evitar o chamado “efeito dominó”, por meio de recomendação para os bancos formarem um capital mínimo, de modo a minimizar os riscos de insolvência das instituições bancárias e manter prudência de capital suficiente para fazer frente a possíveis ocorrências de perdas (CUNHA, 2014).

Cunha (2014) ainda ressalta que as medidas sugeridas no Acordo, foram implantadas nos países-membros do Comitê em 1992, onde no Brasil o reflexo direto do Acordo de 1998 se materializou com a Resolução n. 2.099/94, publicada pelo Bacen em agosto de 1994. Esta Resolução estabeleceu que as instituições autorizadas a operar no mercado brasileiro deveriam compor o Patrimônio Líquido Exigido em um valor igual a, no mínimo 8% de seus ativos ponderados por fatores de risco, idêntico ao recomendado pelo Bank for International Settlements (BIS), em novembro de 1997, esse índice foi modificado para 11% no Brasil, consoante determinação Circular n. 2.784/1997 do Bacen.

Uma das causas que desempenham papel relevante na elevação da taxa de crescimento econômico é o desenvolvimento do sistema financeiro, por ser capaz de

mobilizar e direcionar recursos a projetos produtivos, permitindo o investimento e consequentemente o acréscimo de produtividade (SOBREIRA; MARTINS, 2011).

O primeiro Acordo da Basileia (Basileia I) foi concebido para ser aplicado apenas a bancos internacionalmente ativos, em países industrializados, em que apesar da estabilidade do setor financeiro fosse em si um objetivo, havia preocupação de nivelar as condições de competição entre bancos de diferentes países, no qual por estarem submetidos a marcos regulatórios distintos, competiam em condições desiguais no cenário internacional. No decorrer dos anos, Basileia I passou a ser uma importante referência, tanto para países desenvolvidos como para países em desenvolvimento, onde o acordo passou a ser aplicado a todos os bancos, independentemente de seu tamanho, de sua atuação (exclusivamente nacional e/ou internacional) e do caso de as instituições reguladas se limitarem a atividades de curto prazo, ou seja, bancos comercias ou de atuarem em todos os segmentos do crédito (CASTRO, 2007).

Durante a década de 80, o comitê procurou o aumento dos controles internos sobre as instituições, indicando que os bancos observassem as diretrizes uniformes de adequação de capital, com critérios apropriados levando em conta os riscos associados nas operações fora de balanço, que foi anexada uma meta global de 8% para a relação entre o capital e a soma dos ativos e das transações não anotadas no balanço. O Acordo de Basileia I elevou a necessidade dos mercados financeiros nacionais para formar um sistema mais abrangente e rígido de supervisão e regulação das transformações bancárias internacionais, diminuindo o risco de crises, no entanto não se livrando delas (FURTADO, 2005).

O Novo Acordo de Capital, lançado em 1999 consignou as propostas apresentadas e necessárias ao ajuste e aprimoramento do Acordo de 1988, no qual o novo Acordo, descrito na sua última versão no documento da “Convergência Internacional de Mensuração de Capital e Padrões de Capital” de junho de 2004, chamado de Basileia II, e formulado pelo BIS. O documenta é organizado em quatro partes, sendo a primeira, escopo da sua aplicação, apresenta as exigências de capital aplicáveis a um grupo bancário, a segunda parte consiste ao cálculo das exigências de capital mínimo para risco de crédito e risco operacional, como também as determinadas questões a respeito de registros de negociações e a terceira e quarta partes descrevem as expectativas das atividades de revisão de supervisão, bem como da disciplina de mercado, respectivamente (CUNHA, 2014).

De acordo com Cunha (2014) a crise internacional de 2008 mostrou os problemas relativos à desregulamentação financeira, logo o terceiro Acordo de Basileia veio para ampliar as regras contidas nos acordos anteriores, onde aumentou a regulação sobre o sistema financeiro.

Basileia III introduziu importantes modificações, particularmente no tocante às definições de capital. Entre as mudanças, destacam-se uma nova estrutura de capital, priorizando o capital de melhor qualidade e estabelecendo restrições aos instrumentos de capital de menor qualidade; ajustes prudenciais ao capital da instituição; o conceito de capital

conservation buffer, que é o capital adicional para fazer frente a possíveis

perdas; e o conceito de countercyclical buffer, ou capital contracíclico (PINHEIRO; SAVÓIA; SECURATO, 2015, p. 347).

Os principais pontos do Acordo passam por reforço dos requisitos de capital próprio das instituições de crédito; aumento considerável da qualidade desses fundos próprios; redução do risco sistêmico e um período de transição que seja suficiente para acomodar essas exigências (Leite; Reis, 2013).

Leite e Reis (2013) ainda ressaltam alguns dos objetivos do novo acordo, como aumentar a qualidade do capital disponível de modo a assegurar que os bancos lidem melhor com as perdas; aumentar os requerimentos mínimos de capital, inserindo um aumento no capital principal de 2% para 4,5%; criar um colchão de conservação de capital e de um colchão anticíclico de capital, ambos em 2,5% cada e introduzir uma taxa de alavancagem para o sistema e medidas sobre requerimentos mínimos de liquidez, tanto no curto quanto no longo prazo.

Com base nas novas exigências, as instituições serão obrigadas a deter um volume maior de capital e ativos de alta qualidade para limitar os riscos que estão relacionados à concessão de crédito, bem como à negociação de ativos. Ainda, terão que aprimorar seus processos de gerenciamento de risco, disponibilizar ativos de alta qualidade (“colchões” de segurança), aumentar a liquidez para prover a cobertura de desencaixes em períodos de estresse e ampliar a transparência e disponibilidade de informações (LEITE; REIS, 2013, p. 142).

O novo Acordo de Basileia inseriu modificações relevantes no que tange à qualidade do capital dos bancos, além do capital de conservação e do capital contracíclico, inclusive concebendo instrumentos flexíveis aos bancos centrais para diminuir o capital requerido nos momentos de retração econômica, onde o novo acordo irá representar um desafio para diversos bancos brasileiros, que deverão se

capitalizar para atender às novas normas, entre eles estão os maiores bancos públicos (PINHEIRO; SAVÓIA; SECURATO, 2015).

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