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A partir das recomendações encontradas na literatura, trabalhamos na revisão e adaptação do primeiro modelo de diário criado para o projeto NPO, para uso na pesquisa da tese.

Nesse processo, reestruturamos o formulário de perguntas sobre uma situação de uso, reformulamos o funcionamento das perguntas extras – presente no verso de todos os cartões –, e adaptamos os denominados cartões especiais para conterem questões relativas ao perfil dos jovens, funcionando como um espécie de formulário

sobre dados contextuais, a ser preenchido de uma só vez pelo participante, sem precisar datar os cartões como foi solicitado no estudo de diário do NPO.

Nas Figuras de 16 a 17 é possível verificar como ficaram os novos cartões que compuseram o estudo de diário da tese. Considerando o pré-teste da metodologia realizado em Leuven (Etapa 6) ante da pesquisa de campo no Brasil (Etapa 8), a primeira versão do diário foi em inglês. Figura 16 – Exemplo de cartões formulário elaborados para o pré-teste da metodologia com perguntas extras (frente padrão e 2 versos) Fonte: Acervo de pesquisa da tese. Figura 17 – Exemplos de cartões de perfil elaborados para o pré-teste da metodologia (2 frentes e verso padrão) Fonte: Acervo de pesquisa da tese. Tal como feito no projeto NPO, para facilitar a análise futura do material, cada conjunto de cartões recebeu uma cor diferente, aplicada no canto superior esquerdo de todos os cartões (frente e verso).

Considerando uma proposta distinta de aplicação do estudo de diários que estávamos concebendo, reescrevemos as instruções de uso do material contida em um cartão, bem como o exemplo de preenchimento apresentado no verso, agora a partir do novo formulário (Figura 18). Também nesse momento, por conta do pré- teste, criamos provisoriamente instruções e exemplos de preenchimento baseados no contexto de Leuven. Figura 18 – Cartão de instruções com exemplo de preenchimento no verso usado no pré-teste Fonte: Acervo de pesquisa da tese. Além de melhorar os cartões e orientá-los aos objetivos de nossa investigação de tese, estudamos com um colega do Mintlab uma solução para o melhor armazenamento dos mesmos. A tentativa foi chegar em uma solução ainda mais portátil para acondicionar os cartões e sobretudo durável, diferentemente da embalagem inicialmente feita para o diário do projeto NPO.

Nesse sentido, lançamos mão do uso de caixas plásticas coloridas, adquiridas em uma tabacaria de Leuven já que tem como função primária o acondicionamento de carteiras de cigarro (de 20 unidades). Para uso das caixas, reduzimos o tamanho dos cartões de acordo com as medidas da nova solução de armazenamento. De sete centímetros de largura e 10,2 de altura, os cartões passaram a ter as seguintes dimensões: 6,5 X 8,7 cm (Figura 19).

Figura 19 – Cartões do projeto NPO usados no processo de adaptação do diário Fonte: Acervo de pesquisa da tese. O intuito era que esta pudesse ser levada de forma segura com o participante para onde quer que ele fosse, considerando que o diário seria utilizado por jovens que se deslocam bastante, incluindo os de Cametá, que moram na beira do rio e que o principal meio de transporte são pequenas embarcações. Esse, inclusive, foi fator determinante para mantermos o interesse por criar um diário impresso, que não exigisse qualquer tipo de aparato eletrônico, tampouco conexão à internet. Apesar das facilidades que seriam agregadas com o uso de uma ferramenta eletrônica e online de coleta de dados, para nós isso poderia, além de gerar gastos para os participantes, causar certo constrangimento no momento de recrutar jovens, que não tivessem disponibilidade de dispositivo ou acesso à internet.

Além dos cartões do tipo formulário e de dados contextuais, disponibilizamos dentro da caixa uma caneta pequena para que o participante tivesse sempre a mão para fazer os registros no diário. Na Figura 20 é possível verificar o novo modo de apresentação do diário, este concebido para uso na pesquisa da tese.

Figura 20 – Caixa plástica, caneta e conjunto de cartões elaborados no pré-teste da metodologia

Visando em um primeiro momento o pré-teste da metodologia em Leuven, o diário criado continha 93 cartões, sendo:

• 80 cartões formulário com dez campos a serem preenchidos, caracterizando o momento específico de assistência de um vídeo: o horário e onde estava assistindo, o título do conteúdo, informações sobre a tela, fonte de conteúdo/provedor, tipo de conteúdo e conexão à internet (se utilizada) e se a experiência foi individual ou acompanhada de alguém. No verso de cada cartão havia uma pergunta extra. Ao todo haviam oito diferentes questões que foram distribuídas nos cartões, estas relacionadas ao uso de segunda tela, práticas de comentar/compartilhar conteúdo nas redes sociais, opinião/impressão sobre o conteúdo assistido, como se chegou a assistir esse conteúdo, e possíveis atividades multi-tarefa realizadas em paralelo à assistência de TV (multitasking);

• 12 cartões na cor preta com perguntas sobre o perfil da participante (dados pessoais e informações sobre posse e uso de tecnologia);

• 1 cartão de instruções, contendo no verso um exemplo de como realizar o preenchimento o cartão formulário.

Na Figura 21, é possível visualizar todos os materiais contidos e o conteúdo de cada tipo de cartão.

Com base nas recomendações encontradas na literatura, acreditamos que o material do estudo de diário desenvolvido para esta tese apresenta formato híbrido, já que tem características tanto dos diários de projetos experimentais quanto de viés naturalista reconhecidas por Alaszewski (2006).

Ainda que este permita um preenchimento livre e não linear pelo participante, nosso diário apresenta nos cartões uma estrutura de formulário, de rápido preenchimento, e que orienta como o sujeito deve relatar os momentos de assistência de vídeos. Este favorece o jovem a fazer registros em um formato orientado de determinadas informações, o que exige bem menos esforço do participante se comparado ao que geralmente é solicitado aos sujeitos investigados na Psicologia e em áreas da saúde.

A partir da criação da primeira versão do material do estudo de diário, foi possível conduzir um pré-teste da metodologia e verificar como a associação proposta entre diário e entrevista iria funcionar. Os detalhes dessa Etapa Metodológica são apresentados na seção seguinte.