• Nenhum resultado encontrado

Adolescentes Base para ação

No documento AS MULHERES E OS DIREITOS CIVIS (páginas 118-122)

PLANO DE AÇÃO DA CONFERÊNCIA MUNDIAL DE POPULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

E. Adolescentes Base para ação

41. As necessidades de saúde reprodutiva dos adolescentes como grupo têm sido até hoje geralmente ignoradas pelos serviços exis-tentes de saúde reprodutiva. A reação das sociedades às necessida-des de saúde reprodutiva dos adolescentes deve ser baseada numa informação que os ajude a atingir o nível de maturidade requerido para a tomada de decisões responsáveis. A informação e os serviços devem ser acessíveis particularmente às adolescentes do sexo

femi-nino, para ajudá-las a compreender sua sexualidade e protegê-las de gestações indesejadas, de doenças sexualmente transmissíveis e dos riscos subsequentes de esterilidade. Isso deve ser combinado com a educação dos homens jovens, no sentido de respeitarem a autodeterminação das mulheres e de compartilharem com elas a responsabilidade em matéria de sexualidade e de reprodução. Esse esforço é singularmente importante para a saúde das mulheres jo-vens e dos seus filhos, para a autodeterminação das mulheres e, em muitos países, para os esforços que visam amenizar o ritmo acelera-do acelera-do crescimento demográfico. A maternidade em idade precoce envolve riscos de morte materna muito maiores do que a média, e os filhos de mães precoces correm mais riscos de morbidade e de mortalidade. A gravidez prematura continua sendo um obstáculo para a melhoria do status educacional, econômico e social das mu-lheres em todas as partes do mundo. Para as mumu-lheres jovens, o casamento e a maternidade precoces podem em geral reduzir seria-mente suas oportunidades de educação e de emprego, e têm toda probabilidade de produzirem um impacto adverso na qualidade das suas vidas e da dos seus filhos.

42. A exigüidade das oportunidades educacionais e econômicas e a exploração sexual são fatores importantes nos elevados níveis de gravidez adolescente. Tanto nos países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento, as adolescentes que não dispõem de alternativas evidentes de vida não se sentem estimuladas a evita-rem a gravidez e o parto.

43. Em muitas sociedades, os adolescentes enfrentam pressões para se engajarem na atividade sexual. As mulheres jovens, parti-cularmente as adolescentes de baixa renda, são especialmente vul-neráveis. Os adolescentes sexualmente ativos de ambos os sexos correm cada vez mais o risco de contrair e de transmitir doenças sexualmente transmissíveis, inclusive o HIV/AIDS, e são tipicamente mal informados sobre os meios de se protegerem. Os programas para adolescentes têm se revelado mais eficientes quando assegu-ram o pleno envolvimento do adolescente na identificação das suas necessidades reprodutivas e sexuais e no planejamento dos progra-mas que possam atender essas necessidades.

OBJETIVOS

44. Os objetivos são:

(a)Tratar os problemas da saúde sexual e reprodutiva do adoles-cente, inclusive a gravidez indesejada, o aborto inseguro e as doen-ças sexualmente transmissíveis, inclusive o HIV/AIDS, com a pro-moção de um comportamento sexual e reprodutivo responsável e sadio, inclusive a abstinência voluntária, com a prestação de servi-ços apropriados e de orientação especificamente conveniente a esse grupo etário;

(b) Reduzir substancialmente as gestações entre adolescentes.

AÇÕES

45. Reconhecendo os direitos, deveres e responsabilidades dos responsáveis parentais e de outras pessoas legalmente responsá-veis por adolescentes no tocante a proverem, de maneira compatí-vel com as capacidades em evolução do adolescente, orientação, aconselhamento em assuntos sexuais e reprodutivos, os países de-vem assegurar que os programas e atitudes dos prestadores de as-sistência à saúde não restrinjam o acesso dos adolescentes aos ser-viços apropriados e à informação de que precisem, inclusive sobre doenças sexualmente transmissíveis e abuso sexual. Assim fazendo e com vistas a conter, inter alia, o abuso sexual, esses serviços de-vem salvaguardar os direitos do adolescente à privacidade, à confidencialidade, ao respeito e ao consentimento informado, res-peitados seus valores culturais e crenças religiosas. Nesse contex-to, os países devem remover, quando necessário, os obstáculos le-gais, regulamentares e sociais à informação sobre saúde reproduti-va e à assistência à saúde para adolescentes.

46. Os países, com o apoio da comunidade internacional, de-vem proteger e promover os direitos do adolescente à educação, à informação e à assistência de saúde reprodutiva, e reduzir signifi-cativamente o número de gestações entre adolescentes.

47. Os governos, em colaboração com as organizações não-go-vernamentais, são instados a atender as necessidades especiais dos adolescentes e criar programas para satisfazer essas necessidades.

Esses programas devem incluir mecanismos de apoio à educação e orientação do adolescente no tocante às relações e à igualdade en-tre os gêneros, à violência contra adolescentes, ao comportamento sexual responsável, à prática responsável de planejamento familiar, à vida familiar, à saúde reprodutiva, às doenças sexualmente trans-missíveis, à infecção por HIV e à prevenção da AIDS. Devem ser criados programas de prevenção e tratamento contra o abuso sexual e o incesto, bem como outros serviços de saúde reprodutiva. Esses programas devem propiciar informações aos adolescentes e fazer um esforço consciente para o fortalecimento de valores sociais e culturais positivos. Adolescentes sexualmente ativos irão requerer informações especiais sobre planejamento familiar, aconselhamento e serviços; as adolescentes que ficarem grávidas precisarão do apoio especial das suas famílias e da comunidade durante a gravidez e nos primeiros cuidados maternos. Os adolescentes devem ser intei-ramente envolvidos no planejamento, na execução e na avaliação dessas informações e serviços, com a devida consideração à orien-tação e às responsabilidades dos responsáveis parentais.

48. Os programas devem envolver e treinar todas as pessoas responsáveis pela orientação a adolescentes no tocante ao seu com-portamento sexual e reprodutivo responsável, particularmente os responsáveis parentais e as famílias, mas também as comunidades, as instituições religiosas, as escolas, os meios de comunicação de massa e os grupos de convivência. Os governos e as organizações não-governamentais devem promover programas destinados à edu-cação dos responsáveis parentais, com o objetivo de melhorar a interação de pais e filhos, em vista de capacitá-los para um melhor cumprimento dos seus deveres educacionais no apoio ao processo de amadurecimento dos seus filhos, particularmente nos campos do comportamento sexual e da saúde reprodutiva.

CAPÍTULO VIII*

SAUDE, MORBIDADE E MORTALIDADE

A. Assistência primária de saúde e o setor de assistência à saúde

No documento AS MULHERES E OS DIREITOS CIVIS (páginas 118-122)