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Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e a sindrome da imunodeficiência adquirida (AIDS)

No documento AS MULHERES E OS DIREITOS CIVIS (páginas 133-138)

PLANO DE AÇÃO DA CONFERÊNCIA MUNDIAL DE POPULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

D. Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e a sindrome da imunodeficiência adquirida (AIDS)

Bases para a ação

28. A epidemia de AIDS é um grande problema tanto nos países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento. A OMS esti-ma que o número cumulativo de casos de AIDS em todo o mundo

tenha chegado a 2,5 milhões de pessoas por volta dos meados de 1993, e que mais de 14 milhões de pessoas foram infectadas pelo HIV desde o começo da epidemia, cifra cujo aumento se projeta até entre 30 e 40 milhões de pessoas contaminadas por volta do final da década, se estratégias efetivas de prevenção não forem adotadas.

Até meados de 1993, cerca de quatro quintos de todas as pessoas já infectadas pelo HIV viviam em países em desenvolvimento, onde a infecção estava sendo transmitida principalmente na relação hete-rossexual, e a quantidade de novos casos estava aumentando mais rapidamente entre as mulheres. Consequentemente, crianças em número cada vez maior estavam ficando órfãs, correndo elas própri-as altos riscos de doença e de morte. Em muitos países, a epidemia se expande atualmente das zonas urbanas para as rurais e entre áreas rurais, afetando a produção econômica e agrícola.

OBJETIVOS

29. Os objetivos são:

(a)Evitar, reduzir a disseminação da infecção pelo HIV e minimizar seu impacto; aumentar a conscientização acerca das con-seqüências desastrosas da infecção pelo HIV e da AIDS e doenças fatais associadas, nos níveis individual, comunitário e nacional, e acerca dos meios para evitá-lo; corrigir as injustiças econômicas e sociais baseadas no gênero e na raça, as quais aumentam a vulnera-bilidade à doença;

(b) Assegurar que os indivíduos afetados pelo HIV tenham a devida assistência médica e não sejam discriminados por causa da infecção; oferecer aconselhamento e demais apoios às pessoas in-fectadas pelo HIV, e aliviar o sofrimento das pessoas que vivem com a AIDS, bem como o sofrimento dos seus familiares, especialmente os órfãos; assegurar que sejam respeitados os direitos individuais e a confidencialidade de pessoas infectadas pelo HIV; assegurar que programas de saúde, sexual e reprodutiva se ocupem da infecção pelo HIV e da AIDS;

(c) Intensificar a pesquisa de métodos de controle da epidemia do HIV / AIDS e descobrir um tratamento eficiente para o mal.

AÇÕES

30. Os governos devem avaliar o impacto demográfico e o im-pacto sobre o desenvolvimento produzidos pela infecção pelo HIV e a AIDS. A epidemia da AIDS deve ser controlada por uma aborda-gem multissetorial que dispense suficiente atenção às suas ramifi-cações sócio-econômicas, inclusive o pesado ônus para a infra-es-trutura de saúde e para a renda familiar, o impacto negativo na for-ça de trabalho e na produtividade, e o crescente número de crianfor-ças na orfandade. Planos e estratégias nacionais multissetoriais para o tratamento da AIDS devem ser integrados em estratégias de popu-lação e de desenvolvimento. Devem ser estudados os fatores sócio-econômicos que estão na base da disseminação da infecção pelo HIV, e criados programas para tratar dos problemas enfrentados pelos órfãos gerados pela epidemia da AIDS.

31. Programas para reduzir a disseminação da infecção pelo HIV devem dar prioridade a campanhas de informação, educação e co-municação, para aumentar a conscientização e enfatizar mudanças de comportamento. Educação e informação sexuais devem ser ofe-recidas tantos aos infectados como aos não-infectados, e especial-mente aos adolescentes. Prestadores de serviços de saúde, inclusi-ve de planejamento familiar, precisam ser treinados no aconse-lhamento sobre doenças sexualmente transmissíveis e sobre a in-fecção pelo HIV, inclusive na avaliação e na identificação dos com-portamentos de alto risco que requerem atenção e serviços espe-ciais. É preciso empreender um treinamento na promoção do com-portamento sexual seguro e responsável, inclusive a abstinência voluntária e o uso de camisinhas; um treinamento na não-utilização de instrumentos e produtos de sangue contaminados, e na preven-ção do uso compartilhado de agulhas entre os usuários de drogas injetáveis. Os governos devem formular diretrizes e criar serviços de aconselhamento sobre a AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis nos serviços primários de saúde. Sempre que possí-vel, programas de saúde reprodutiva, inclusive programas de pla-nejamento familiar, devem incluir instalações para o diagnóstico e o tratamento das doenças sexualmente transmissíveis mais comuns, inclusive da infecção do aparelho reprodutivo, reconhecendo que

muitas doenças sexualmente transmissíveis aumentam o risco de transmissão do HIV. A correlação entre a prevenção da infecção pelo HIV e a prevenção e tratamento da tuberculose deve ser estabelecida.

32. Os governos devem mobilizar todos os segmentos da socie-dade para controlar a epidemia da AIDS, inclusive organizações não-governamentais, organizações comunitárias, lideranças religio-sas, setor privado, mídia, escolas e instituições de saúde. A mobi-lização nos âmbitos da família e da comunidade deve ter toda prio-ridade. As comunidades precisam desenvolver estratégias que aten-dam às percepções locais das prioridades dadas às questões de saú-de associadas à disseminação do HIV e das doenças sexualmente transmissíveis.

33. A comunidade internacional deve mobilizar os recursos hu-manos e financeiros necessários para reduzir a taxa de transmissão da infecção pelo HIV. Para isso, a pesquisa deve ser promovida e apoiada por todos os países, numa ampla gama de abordagens, para evitar a transmissão do HIV, buscando a cura da doença. Comuni-dades de pesquisa e de doadores de fundos devem apoiar e somar seus esforços aos empreendimentos atuais para encontrar uma va-cina e para desenvolver métodos de controle para a mulher, como microbicidas vaginais, para a prevenção da infecção pelo HIV. É preciso também que se aumente o apoio ao tratamento e à assistên-cia das pessoas infectadas pelo HIV e dos pacientes da AIDS. Deve ser enfatizada a coordenação das atividades para combater a epide-mia da AIDS. Particular atenção deve ser dispensada às atividades do sistema das Nações Unidas em nível nacional, onde medidas tais como programas conjuntos podem melhorar a coordenação e assegurar o uso mais eficiente de recursos escassos. A comunidade internacional deve também mobilizar seus esforços para monitorar e avaliar os resultados destas várias tentativas, na busca de novas estratégias.

34. Os governos devem desenvolver políticas e diretrizes para proteger os direitos individuais das pessoas infectadas pelo HIV, e das suas famílias, eliminando sua discriminação. Os serviços para detectar a infecção do HIV devem ser reforçados, bem como se deve assegurar a confidencialidade. Programas especiais devem ser

con-cebidos para prover a assistência e o apoio emocional necessário aos homens e mulheres afetados pela AIDS, e para aconselhar suas famílias e parentes próximos.

35. O comportamento sexual responsável, incluindo-se a absti-nência sexual voluntária, para a prevenção da infecção do HIV, deve ser promovido e incluído nos programas de educação e de informa-ção. Camisinhas e drogas para a prevenção e tratamento das doen-ças sexualmente transmissíveis devem estar amplamente disponí-veis, sendo incluídas em todas as listas de drogas essenciais. Ações efetivas devem ser empreendidas para maior controle da qualidade de produtos derivados do sangue e da descontaminação de equipa-mentos.

No documento AS MULHERES E OS DIREITOS CIVIS (páginas 133-138)