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Assistência primária de saúde e o setor de assistência à saúde Bases para a ação

No documento AS MULHERES E OS DIREITOS CIVIS (páginas 122-126)

PLANO DE AÇÃO DA CONFERÊNCIA MUNDIAL DE POPULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

A. Assistência primária de saúde e o setor de assistência à saúde Bases para a ação

1. Uma das principais realizações do século XX foi o aumento sem precedentes da longevidade humana. Nos últimos cinqüenta anos, a expectativa de vida ao nascer se ampliou em geral, no mun-do inteiro, em cerca de 20 anos, e o risco de morte no primeiro ano de vida foi reduzido em quase dois terços. Não obstante, essas con-quistas carecem de melhorias muito maiores já previstas no Plano de Ação sobre População Mundial e na Declaração de Alma Ata, adotados pela Conferência Internacional sobre a Assistência Primá-ria de Saúde, em 1978. Existem ainda, em muitos países, popula-ções nacionais inteiras e grupos populacionais de dimensão consi-derável que estão sujeitos a altas taxas de morbidade e de mortali-dade. Muitas vezes são substanciais as diferenças ligadas à situa-ção sócio-econômica ou à etnia. Em muitos países de economia em transição, a taxa de mortalidade aumentou consideravelmente, em conseqüência das mortes causadas por acidentes e violência.

2. Os incrementos na expectativa de vida registrados na maior parte do mundo refletem progressos significativos na saúde pública e no acesso aos serviços primários de saúde. Entre as realizações notáveis estão a vacinação de quase 80 por cento das crianças do mundo e o uso generalizado de tratamentos de baixo custo, como a terapia da reidratação oral, para assegurar a sobrevivência de um número maior de crianças. Todavia, estas realizações não se verifi-caram em todos os países, e doenças que podem ser evitadas ou tratadas ainda são a causa mortis principal de crianças. Além disso,

*A Santa Sé expressou sua reserva geral sobre este capítulo, que deve ser interpretada nos termos da declaração feita por seu representante na 14ª Sessão Plenária, em 13 de setembro de 1994.

grandes segmentos de muitas populações que continuam sem dis-por de água tratada e de instalações sanitárias são forçados a vive-rem em condições de congestionamento e carentes de nutrição ade-quada. Grandes parcelas da população permanecem correndo risco de doenças infecciosas, parasitárias e transmitidas pela água, como a tuberculose, a malária e a esquistossomose. Além disso, são cada vez mais preocupantes, em muitos países, os efeitos para a saúde decorrentes da degradação ambiental e da exposição a substâncias perigosas no local de trabalho. Do mesmo modo, o consumo cres-cente de fumo, de álcool e de drogas provocará um notável aumento de doenças crônicas dispendiosas entre pessoas na idade ativa e idosos. O impacto da redução nos gastos com saúde e outros servi-ços sociais, que tem ocorrido em muitos países em conseqüência da retração do setor público, da incorreta alocação dos recursos dispo-níveis de saúde, das políticas de ajuste estrutural e da transição para economias de mercado tem antecipado mudanças significati-vas nos estilos de vida, nos meios de vida e nos padrões de consu-mo, constituindo também um fator de incremento da morbidade e da mortalidade. Embora as reformas econômicas sejam essenciais a um desenvolvimento econômico sustentado, é igualmente essenci-al que o planejamento e a execução dos programas de ajuste estru-tural incorporem também a dimensão social.

OBJETIVOS

3. Os objetivos são:

(a) Ampliar a acessibilidade, inclusive financeira, a disponibili-dade e a aceitabilidisponibili-dade dos serviços e facilidisponibili-dades de assistência à saúde para todas as pessoas, de acordo com os compromissos na-cionais de prover acesso à assistência básica de saúde para todos;

(b) Ampliar a duração da vida saudável e melhorar a qualidade de vida de todos os povos, e reduzir as disparidades na expectativa de vida dentro dos países e entre os países.

AÇÕES

4. Todos os países devem fazer do acesso à assistência básica de saúde e da promoção da saúde as estratégias centrais para reduzir a

mortalidade e a morbidade. Recursos suficientes devem ser alocados de modo que os serviços primários de saúde possam cobrir toda a população. Os governos devem reforçar as atividades de informa-ção, educação e comunicação sobre saúde e nutriinforma-ção, de modo a capacitar as pessoas para aumentarem o controle e a melhoria da sua saúde. Os governos devem prover as facilidades necessárias de apoio para atender à demanda criada.

5. De acordo com a Declaração de Alma Ata, todos os países devem reduzir a mortalidade e a morbidade e procurar tornar a as-sistência primária de saúde, inclusive a asas-sistência à saúde repro-dutiva, universalmente disponível por volta do final desta década.

Os países devem buscar atingir, por volta do ano 2005, uma expec-tativa de vida ao nascer superior aos 70 anos e, por volta de 2015, superior aos 75 anos. Os países com índices mais altos de mortali-dade devem visar, por volta do ano 2005, uma expectativa de vida superior aos 65 anos e, por volta do ano 2015, superior aos 70 anos.

Esforços para assegurar uma vida mais saudável e mais longa para todos devem enfatizar a redução dos diferenciais da morbidade e da mortalidade entre homens e mulheres, assim como entre regiões geográficas, classes sociais e grupos indígenas e étnicos.

6. O papel das mulheres como primeiras guardiães da saúde da família deve ser reconhecido e apoiado. Devem ser providenciados o acesso aos cuidados básicos de saúde, a expansão da educação sa-nitária, a disponibilidade de remédios comuns a preço de custo e a reavaliação dos serviços primários de saúde, inclusive os de saúde reprodutiva, para facilitar o uso adequado do tempo das mulheres.

7. Os governos devem assegurar a participação da comunidade no planejamento da política de saúde, especialmente com relação à assistência a longo prazo às pessoas idosas, às pessoas com defici-ência e àquelas infectadas pelo HIV e outras doenças endêmicas.

Essa participação também deve ser promovida pelos programas de sobrevivência infantil e de saúde materna, de apoio ao aleitamento, pelos programas para a detecção e tratamento precoce do câncer do sistema reprodutivo e nos de prevenção da infecção pelo HIV e de outras doenças sexualmente transmissíveis.

8. Todos os países devem reexaminar os currículos de treina-mento e a delegação de responsabilidades no sistema de prestação de assistência à saúde, para reduzir o freqüente, desnecessário e dispendioso recurso a médicos e a instalações primárias e secundá-rias de assistência, embora mantendo serviços de referência efeti-vos. O acesso aos serviços de saúde deve ser assegurado a todas as pessoas e especialmente aos grupos mais desfavorecidos e vulnerá-veis. Os governos devem fazer com que os serviços de assistência básica de saúde sejam financeiramente mais sustentáveis, assegu-rando, ao mesmo tempo, o acesso eqüitativo e a integração dos ser-viços de saúde reprodutiva, inclusive os serser-viços maternais e infan-tis de saúde e de planejamento familiar, e fazendo uso adequado dos serviços de base comunitária, dos esquemas de comercialização social e de recuperação do custo, com vistas a aumentar a quantida-de e a qualidaquantida-de quantida-de serviços disponíveis. Deve-se promover o envolvimento das usuárias/usuários e da comunidade no gerencia-mento financeiro dos serviços de saúde.

9. Através da transferência de tecnologia, os países em desen-volvimento devem ser ajudados a construir sua capacidade de pro-duzir drogas genéricas para o mercado nacional e para assegurar sua ampla disponibilidade e acessibilidade. Para atender, na próxi-ma década e nas seguintes, ao aumento substancial da depróxi-manda de vacinas, antibióticos e outros artigos, a comunidade internacional, quando viável, precisa reforçar, nos países em desenvolvimento, os mecanismos globais, regionais e locais para a produção desses arti-gos, bem como o controle da sua qualidade e aquisição. A comuni-dade internacional deve facilitar a cooperação regional na fabrica-ção, no controle de qualidade e na distribuição de vacinas.

10. Todos os países devem dar prioridade às medidas que me-lhorem a qualidade de vida e a saúde, assegurando um meio ambi-ente seguro e saudável para todos os segmentos da população, por meio de medidas que visem evitar congestionamentos de moradia, reduzir a poluição do ar, assegurar acesso a água tratada e ao sane-amento, melhorar o manejo dos resíduos e aumentar a segurança do local de trabalho. Atenção especial deve ser dada às condições de vida dos pobres e dos desfavorecidos nas zonas rurais e urbanas.

O impacto dos problemas ambientais sobre a saúde, particularmen-te a saúde dos grupos vulneráveis, deve ser controlado regularmen-te pelos governos.

11. A reforma do setor e da política de saúde, inclusive a alocação racional dos recursos, deve ser promovida para a consecução dos objetivos estabelecidos. Todos os governos devem achar meios de maximizar a relação custo-eficácia dos programas de saúde para au-mentar a expectativa de vida, reduzir a morbidade e a mortalidade e assegurar a toda a população acesso aos serviços básicos de saúde.

B. Sobrevivência e saúde da criança

No documento AS MULHERES E OS DIREITOS CIVIS (páginas 122-126)