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Saúde da mulher e maternidade segura Bases para a ação

No documento AS MULHERES E OS DIREITOS CIVIS (páginas 129-133)

PLANO DE AÇÃO DA CONFERÊNCIA MUNDIAL DE POPULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

C. Saúde da mulher e maternidade segura Bases para a ação

19. Complicações relacionadas com a gravidez e o parto estão, em muitas partes do mundo em desenvolvimento, entre as causas principais de mortalidade de mulheres na idade reprodutiva. No

âmbito global, foi estimado que cerca de um meio milhão de mulhe-res morre anualmente de causas ligadas à gravidez, 99 por cento delas nos países em desenvolvimento. É enorme a distância exis-tente entre as taxas de mortalidade materna das regiões desenvol-vidas e das regiões em desenvolvimento: em 1988, essa distância variava de mais de 700 por 100.000 nascimentos nos países menos desenvolvidos, para cerca de 26 por 100.000 nascimentos nas regi-ões desenvolvidas. Taxas de 1.000 ou mais mortes maternas para cada 100.000 nascimentos têm sido registradas em várias regiões rurais da África, estando as mulheres multíparas sujeitas a alto risco de morte durante seus anos reprodutivos. De acordo com a Organi-zação Mundial de Saúde, o risco contínuo de morrer de causas rela-cionadas com a gravidez ou de parto é de 1 em 20 em alguns países em desenvolvimento, comparado com 1 em 10.000 em alguns paí-ses desenvolvidos. A idade em que a mulher começa e para de dar à luz, o intervalo entre cada nascimento, o número total de gestações durante a vida e as circunstâncias sócio-culturais e econômicas em que vive, tudo isso influi na morbidade e mortalidade maternas.

Atualmente, cerca de 90 por cento dos países, representando 96 por cento da população mundial, têm políticas que permitem o aborto, sob várias condições legais, para salvar a vida de uma mulher. Toda-via, uma significativa proporção de abortos realizados é auto-induzida ou de alguma outra forma inseguro, resultando numa gran-de percentagem gran-de mortes maternas ou danos irreversíveis para as mulheres envolvidas. As mortes maternas têm conseqüências muito sérias na família, tendo em vista o papel crucial desempenhado pela mãe na saúde e no bem-estar de seus filhos. A morte da mãe aumenta o risco para a sobrevivência dos seus filhos pequenos, especialmen-te se a família não especialmen-tem condições de prover uma substituta para o papel da mãe. Uma maior atenção às necessidades de saúde repro-dutiva das moças e adolescentes poderia evitar uma grande inci-dência de morbidade e de mortalidade maternas, com a prevenção de gestações indesejadas e de qualquer tipo de aborto mal conduzi-do subseqüentemente. A maternidade segura tem siconduzi-do aceita em muitos países como estratégia para reduzir a morbidade e a morta-lidade maternas.

OBJETIVOS

20. Os objetivos são:

(a)Promover a saúde da mulher e a maternidade segura; alcan-çar uma redução rápida e substancial da morbidade e da mortalida-de maternas e reduzir as diferenças observadas entre países em desenvolvimento e países desenvolvidos, bem como dentro dos pa-íses. Na base de um compromisso com a saúde e o bem-estar da mulher, reduzir consideravelmente a quantidade de mortes e a morbidade decorrentes de aborto inseguro;

(b) Melhorar a saúde e o estado de nutrição da mulher, especial-mente da mulher grávida e que amamenta.

AÇÕES

21. Os países devem envidar esforços para conseguir reduções significativas da mortalidade materna até por volta do ano 2015:

redução de 50 por cento, por volta do ano 2000, dos níveis de morta-lidade materna observados em 1990, e de mais 50 por cento por volta de 2015. A realização desses objetivos terá diferentes implica-ções para países com diferentes níveis de mortalidade materna em 1990. Países com níveis intermediários de mortalidade devem pre-tender alcançar, por volta do ano 2005, uma taxa de mortalidade materna abaixo de 100 para cada 100.000 nascimentos; e, por volta do ano 2015, uma taxa de mortalidade materna de menos de 60 por 100.000 nascimentos. Países com os níveis mais altos de mortalida-de mortalida-devem visar alcançar, por volta do ano 2005, uma taxa mortalida-de morta-lidade materna abaixo de 125 para cada 100.000 nascimentos; e, por volta de 2015, de menos de 75 para cada 100.000 nascimentos.

Entretanto, todos os países devem reduzir a morbidade e a mortali-dade maternas a níveis que não constituam mais um problema de saúde pública. Devem ser reduzidas as disparidades nas taxas de mortalidade materna dentro dos países e entre regiões geográficas, entre grupos sócios-econômicos e étnicos.

22. Todos os países, com o apoio de todos os segmentos da co-munidade internacional, devem ampliar a prestação de serviços de saúde materna no contexto dos cuidados primários de saúde. Esses serviços, baseados no conceito de escolha informada, devem incluir

educação sobre maternidade segura; cuidados pré- natais que se-jam focalizados e efetivos; programas de nutrição materna; assistência adequada no parto, que evite recursos excessivos a cirurgias cesaria-nas e proporcione atendimento de emergências obstétricas; serviços de referência para complicações de gravidez, de parto e de aborto;

cuidados pré-natais e planejamento familiar. Todos os nascimentos devem ser assistidos por pessoas treinadas, preferivelmente enfermei-ras e parteienfermei-ras, ou no mínimo por atendentes treinadas em parto. As causas fundamentais de morbidade e de mortalidade maternas devem ser identificadas, e atenção deve ser dispensada ao desenvolvimento de estratégias para superá-las e à criação de mecanismos adequa-dos de avaliação e monitoramento — para acompanhar o progresso alcançado na redução da mortalidade e da morbidade maternas, devendo-se ainda promover a eficiência de programas em andamento.

Devem ser desenvolvidos programas e educação para engajar o apoio dos homens na saúde materna e na maternidade segura.

23. Todos os países, especialmente os países em desenvolvimen-to, devem visar, com o apoio da comunidade internacional, a conti-nuação da redução das taxas de mortalidade materna, através de medidas preventivas, detecção e controle de gestações e partos de alto risco, particularmente no caso de adolescentes e mulheres que experimentam partos tardios.

24. Todos os países devem projetar e executar programas espe-ciais para atender às necessidades nutricionais das mulheres na idade produtiva, especialmente as que estão grávidas ou amamen-tando, e devem dispensar atenção particular à prevenção e ao trata-mento da anemia de base nutricional, bem como dos males causa-dos por deficiência de iodo. Prioridade deve ser dada à melhoria da situação nutricional e de saúde das jovens do sexo feminino, por meio de educação e treinamento como parte de programas de saú-de materna e saú-de maternidasaú-de segura. Adolescentes saú-de ambos os sexos devem receber informações, educação e orientação para ajudá-los a adiar a formação da família, a atividade sexual prematura e a primeira gravidez.

25. Em nenhuma hipótese o aborto deve ser promovido como método de planejamento familiar. Todos os governos e

organiza-ções intergovernamentais e não-governamentais relevantes são insta-dos a reforçar seus compromissos com a saúde da mulher, a considerar o impacto do aborto inseguro sobre a saúde como um problema de saúde pública, reduzindo o recurso ao aborto e ampliando e melho-rando os serviços de planejamento familiar. A prevenção das gesta-ções indesejadas deve ter alta prioridade, e todo esforço deve ser feito para eliminar a necessidade de aborto. Mulheres que experimentam gestações indesejadas devem ter pronto acesso a informações confiáveis e aconselhamento compassivo. Todas as medidas ou mudanças relati-vas ao aborto no sistema de saúde só podem ser definidas, no âmbi-to nacional ou local, de acordo com o processo legislativo nacional.

Em circunstâncias em que o aborto não contrarie a lei, esse aborto deve ser seguro. Em todos os casos, as mulheres devem ter acesso a serviços de qualidade para o tratamento de complicações resultan-tes do aborto. Os serviços de orientação pós-aborto, de educação e de planejamento familiar devem estar imediatamente disponíveis, o que também ajudará a evitar os abortos repetidos.

26. Programas para reduzir a morbidade e a mortalidade mater-na devem incluir informação e serviços de saúde reprodutiva, in-clusive serviços de planejamento familiar. Para reduzir gestações de alto risco, programas de maternidade sadia e segura devem in-cluir orientação e informação de planejamento familiar.

27. Todos os países precisam buscar, com uma certa urgência, mudanças no comportamento sexual de alto risco, bem como conceber estratégias para assegurar que os homens partilhem a responsabilida-de no terreno da saúresponsabilida-de sexual e reprodutiva, inclusive no que se refe-re ao planejamento familiar, à prefe-revenção e ao controle das doenças sexualmente transmissíveis, como a infecção pelo HIV e a AIDS.

D. Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV)

No documento AS MULHERES E OS DIREITOS CIVIS (páginas 129-133)