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Superior Tribunal de JustiçaAgRg nos EDcl no AgRg no RECURSO ESPECIAL N. 675.936 - PR

(2004/0124433-5)

RELATOR : MINISTRO OG FERNANDES

AGRAVANTE : SINDICATO NACIONAL DOS DOCENTES DAS INSTITUICÕES DE ENSINO SUPERIOR - ANDES

ADVOGADO : MARCELO TRINDADE DE ALMEIDA E OUTRO(S)

AGRAVADO : CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO PARANÁ - CEFET PR

ADVOGADO : MARCIA MARIA BOZZETTO EMENTA

AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EXECUÇÃO. OBRIGAÇÃO DE FAZER. MULTA POR

DESCUMPRIMENTO DE DECISÃO JUDICIAL. EXCESSO. REDUÇÃO. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES.

1. "Esta Corte Superior já se pronunciou quanto à possibilidade de ser reduzido o valor de multa diária em razão de descumprimento de decisão judicial quando aquela se mostrar exorbitante. Precedentes: REsp 836.349/MG, Rel. Min. José Delgado, 1ª Turma, DJ 09.11.2006; REsp 422966/SP, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, 4ª Turma, DJ 01.03.2004; REsp 775.233/RS, Rel. Min. Luiz Fux, 1ª Turma, DJ 01.08.2006; REsp 793491/RN, Rel. Min. Cesar Rocha, 4ª Turma, DJ 06.11.2006." (AgRg no REsp 1.096.184/RJ, Rel. Min. MAURO

CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/2/2009, DJe 11/3/2009).

2. Agravo regimental a que se nega provimento. ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de

Justiça,

por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do

Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Sebastião Reis Júnior, Vasco Della Giustina

(Desembargador convocado do TJ/RS) e Maria Thereza de Assis Moura votaram

com o Sr. Ministro Relator.

ANEXO J- Agravo de instrumento n. 2012.006755-7

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO CUMULADA COM REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. PEDIDO DE CESSAÇÃO DOS DESCONTOS DE PARCELAS MENSAIS DIRETAMENTE DA CONTA BANCÁRIA DA AUTORA, REFERENTES A EMPRÉSTIMO ALEGADAMENTE ILEGAL. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA MANTIDA. REQUISITOS PREENCHIDOS. VALOR DAS ASTREINTES ELEVADO. ADEQUAÇÃO DO VALOR À ESPÉCIE. MINORAÇÃO OPORTUNA. RECURSO PROVIDO EM PARTE.

Nos termos do artigo 273 do Código de Processo Civil, a concessão da tutela antecipatória dos efeitos da sentença de mérito condiciona-se à demonstração dos seguintes pressupostos: a) prova inequívoca da verossimilhança da alegação; b) fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, ou evidente abuso do direito de defesa ou manifesto propósito protelatório do réu; e, de forma mitigada, c) reversibilidade dos fatos ou dos efeitos decorrentes da execução da medida. Contata a coexistência de tais requisitos, impõe-se deferir a tutela de urgência.

O juiz, a requerimento da parte ou mesmo de ofício, pode fixar multa diária (astreinte) com vistas a garantir a efetividade da decisão judicial (CPC, art. 461, §§ 4º e 5º). Em face do seu caráter eminentemente inibitório, o valor dessa multa deve ser alto o suficiente para que o multado prefira cumprir a ordem judicial; contudo, o valor de tal astreinte não pode ser exorbitante, a ponto de caracterizar o enriquecimento indevido da parte a que se destina.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento n. 2012.006755-7, da comarca de São José (2ª Vara Cível), em que é agravante BV Financeira S.A. Crédito Financiamento e Investimento, e agravada Juraci Ribeiro Perico:

A Segunda Câmara de Direito Civil decidiu, por votação unânime, conhecer do recurso e dar-lhe parcial provimento. Custas legais..

Participaram do julgamento, realizado em 19 de abril de 2012, os Exmos. Srs. Des. Nelson Schaefer Martins (Presidente) e Gilberto Gomes de Oliveira.

Luiz Carlos Freyesleben RELATOR

RELATÓRIO

A BV Financeira S.A. Crédito Financiamento e Investimento agravou da decisão do doutor Juiz de Direito da 2ª Vara Cível da comarca de São José que, em ação de repetição de indébito cumulada com reparação por danos morais e pedido de tutela antecipada, movida contra a agravante por Juraci Ribeiro Perico, deferiu a antecipação pleiteada, com vistas a que a ré cesse os descontos referentes a empréstimo supostamente feito pela autora, sob pena de multa diária no valor de R$ 5.000,00.

A agravante disse da ausência dos requisitos autorizadores do deferimento da antecipação da tutela, mormente porque a autora não provou a verossimilhança de suas alegações, dizendo da desnecessidade da cominação de multa diária por descumprimento da ordem judicial, bastando a expedição de ofício, pelo juiz de direito competente, para o cumprimento da ordem. Entretanto, destacou que, se vier a ser mantida a condenação, pretende a redução do valor da multa diária. Assim, requereu a impressão de efeito suspensivo sobre o agravo e o provimento deste, com vistas à reforma da decisão increpada.

O Desembargador Domingos Paludo negou o efeito suspensivo (fls. 71-72) e não houve contraminuta (fl. 75).

Este é o relatório.

VOTO

Trata-se de agravo de instrumento interposto contra decisão deferitória de antecipação da tutela, em ação de repetição de indébito cumulada com indenização por danos morais, movida contra a recorrente por Juraci Ribeiro Perico, em que a recorrente disse da falta de prova da verossimilhança das alegações da autora a justificar a concessão da medida antecipatória da tutela. Entretanto, a agravante não tem razão, pois, quanto a isso, a decisão atacada analisou com precisão a matéria, de sorte que recorro às palavras do Doutor Juiz de Direito, as

quais integro a este voto.

Disse Sua Excelência:

"A verossimilhança das alegações encontra-se no fato de a autora ter alegado que nunca contraiu débito com a Requerida, e, ainda, não se pode imputar à Requerente o ônus de provar fato negativo, ou seja, de que não contraiu o empréstimo, devendo a parte contrária apresentar as provas do que alegar conforme art. 333, II, do Código de Processo Civil " (fl. 59).

Portanto, em face da presença da verossimilhança das alegações da autora, mantenho a decisão agravada quanto a tal aspecto. Além disso, a agravante pretende cancelar a multa fixada para o caso do descumprimento da ordem judicial, sob a visão de que bastava o magistrado enviar-lhe ofício para que o comando da sentença fosse cumprido. Todavia, a meu sentir, não tem razão a financeira agravante, no aspecto cancelamento da multa, mormente porque a medida judicial decorre de previsão legal engastada no § 3º do artigo 273 do Código de Processo Civil, com esta redação: "A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua natureza, as normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4º e 5º, e 461- A". O § 4º do artigo 461 reza: "O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito".

Na verdade, sabe-se que a imposição da multa representa, em sua essência, forma coercitiva dirigida a quem esteja subordinado a uma obrigação, para que cumpra a determinação legal, sob pena de multa pecuniária, dispositivo esse criado com o escopo de emprestar maior força à ordem judicial contida em decisão ou sentença. Entretanto, há que se verificar a compatibilidade entre o valor cominado e a obrigação a ser cumprida, de sorte que a pena pecuniária mostre-se eficaz defronte da satisfação dos objetivos daquele que procura o Poder Judiciário para resguardar um direito seu.

De outra parte, a modificação da astreinte mostra-se coerente nos casos em que o valor inicial da multa aplicada é exorbitante ou quando a obrigação torna-se impossível de pagar ou não possa ser, imediatamente, cumprida sem culpa do devedor. Aí abranda-se o rigorismo da coerção imposta, em homenagem aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Tal é a hipótese enfocada.

A astreinte foi arbitrada, inicialmente, em R$ 5.000,00 por desconto indevido e, a meu sentir, mostra-se exorbitante, pois fere os princípios da

razoabilidade e da proporcionalidade, implicando inegável enriquecimento indevido da agravada.

Extrai-se da jurisprudência deste Tribunal:

Conquanto a valoração da multa seja ato discricionário do Magistrado e não exista, a priori, limite para a sua fixação, o julgador, ao analisar as particularidades do caso concreto, a capacidade econômica das partes e a natureza da obrigação a ser cumprida, deverá estabelecer uma soma adequada a influir no ânimo do devedor, sem com isso importar a ruína deste ou a ineficiência da medida.

Nestes termos, verificadas a ineficiência da sanção processual aplicada ao caso concreto e a circunstância de o valor a ser pago ultrapassar em muito o bem jurídico pleiteado, pode o julgador, a fim de evitar o enriquecimento sem causa da parte contrária, adequar o quantum à realidade dos autos (AI n. 2008.001027-0, da Capital, rel. Des. Marcus Tulio Sartorato, j. 1º-4-2008).

Portanto, a sentença deve ser modificada nessa parte para reduzir a multa de R$ 5.000,00 para R$ 1.000,00 em atenção aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.

Diante do exposto, conheço do agravo de instrumento interposto por BV Financeira S.A. Crédito Financiamento e Investimento, a que dou parcial provimento apenas para diminuir o valor da multa por descumprimento da obrigação, de R$ 5.000,00 para R$ 1.000,00.

ANEXO K- Agravo de instrumento n. 2011.089333-7

AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE

SENTENÇA. MULTA POR INADIMPLEMENTO DE

OBRIGAÇÃO. ALEGADO CERCEIO DE DEFESA.

CONTROVÉRSIA QUE PODE SER SOLVIDA COM A PROVA ENCARTADA NOS AUTOS. DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO PATENTEADO. EXECUTADA QUE NÃO TROUXE À BAILA QUALQUER FATO IMPEDITIVO, MODIFICATIVO OU EXTINTIVO DO DIREITO DA EXEQUENTE. DESCABIDA MINORAÇÃO DO QUANTUM FIXADO A TÍTULO DE ASTREINTE. DECISÃO MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.

I. Em se tratando de impugnação ao cumprimento de sentença despicienda revela-se, via de regra, a produção de nova prova, podendo a controvérsia ser solvida, como o foi, in casu, com fincas na documentação acostada.

II. Na senda do art. 333, incs. I e II, do Código de Processo Civil, se o exequente comprova o fato constitutivo do seu direito (no caso dos autos evidenciando a intimação da executada para cumprir a decisão judicial), e se esta, de sua vez, queda-se inerte e não traz a lume qualquer fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito posto pela parte contrária, a impugnação ao cumprimento de sentença não tem como medrar.

III. "A legislação processual busca dar efetividade às decisões judiciais. Por isto, para evitar o descumprimento de ordens judiciais, as normas processuais estabeleceram a aplicação de multa. Entretanto, algumas partes, em especial grandes conglomerados econômicos, atuam de forma temerária, como em um cassino, realizando uma aposta. Ou seja, desrespeitam frontalmente uma decisão judicial, muitas vezes para pressionar a parte contrária, tendo plena consciência da multa fixada, mas na aposta de que, ao final, conseguirão a redução da multa, em nome da razoabilidade, da proporcionalidade e do enriquecimento ilícito. Não se pode olvidar que bastaria ter cumprido a decisão e nenhuma multa seria aplicada. O Poder Judiciário não pode atuar para estabelecer sua própria desmoralização pública. A parte que assume descumprir uma ordem judicial deve assumir as devidas conseqüências, não lhe sendo lícito pleitear redução da multa quando lhe deu causa por ação e/ou omissão ilícita." (Ação Rescisória n. 2007.032209-3, de Joinville, rel. Des. Lédio Rosa de Andrade, j. 10.9.08). Considerando que o valor da multa diária por descumprimento deflui unicamente do pouco caso da executada de, singelamente, desbloquear linhas telefônicas da acionante, é de ser mantido o quantum aplicado, até porque

revestido de índole axialmente inibitória. Enfim, a multa "deve ser alta para que o devedor desista de seu intento de não cumprir a obrigação específica. Vale dizer, o devedor deve sentir ser preferível cumprir a obrigação na forma específica a pagar o alto valor da multa fixada pelo juiz". (Nelson Nery Junior et allii, in Código de Processo Civil comentado e legislação extravagante. 7ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2003. p. 783).

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento n. 2011.089333-7, da comarca de Blumenau (5ª Vara Cível), em que é/são agravante Brasil Telecom S/A e agravado Cine Hall Comércio de Áudio e Vídeo Ltda ME:

A Segunda Câmara de Direito Público decidiu, à unanimidade, negar provimento ao recurso. Custas na forma da lei.

Participaram do julgamento, realizado nesta data, os Exmos. Srs. Desembargadores Cid Goulart e Newton Janke.

Florianópolis, 13 de março de 2012

João Henrique Blasi RELATOR E PRESIDENTE

RELATÓRIO

Cuida-se de agravo de instrumento interposto por Brasil Telecom S/A, representada pela Advogada Maria Fernanda Kauling, mercê de decisão proferida pelo Juiz Sérgio Agenor Aragão (fls. 18 a 20), que rejeitou impugnação ao cumprimento de sentença em sede de ação de obrigação de fazer e não fazer proposta por Cine Hall Comércio de Áudio e Vídeo Ltda. - ME, representada pela Advogada Ana Paula Kalbusch Soares.

Malcontente, a agravante, por entender que inexistem valores a executar por conta da multa cominatória exequenda, pois alega não ter havido descumprimento, sustenta, em suma, cerceio de defesa e excesso de execução (fls. 2 a 11).

A Desembargadora Cláudia Lambert de Faria, em decisão unipessoal, indeferiu o pedido de efeito suspensivo almejado (fls. 24 a 29).

Não foram deduzidas contrarrazões (fl. 34).

O Procurador de Justiça André Carvalho disse não haver interesse do Ministério Público no feito (fl. 37).

É o relatório. VOTO

A controvérsia consiste em examinar se houve --- ou não --- descumprimento de determinação judicial relacionada ao desbloqueio de linhas telefônicas e, consequentemente, se é --- ou não --- cabível a aplicação de multa.

De pronto, consigno que a preliminar de cerceamento de defesa avulta desfundamentada, pois, tratando-se de impugnação ao cumprimento de sentença, despicienda revela-se, via de regra, a produção de nova prova, podendo a controvérsia ser cabalmente solvida, como o foi, in casu, com fincas na documentação acostada.

No mais, andou bem a Desembargadora Cláudia Lambert de Faria ao indeferir o efeito suspensivo almejado, assim fundamentando seu entender:

De início, no que tange ao argumento de que as linhas telefônicas foram restabelecidas em cumprimento à decisão judicial, destaca-se que a agravante não comprovou, satisfatoriamente, o adimplemento da obrigação, ônus que lhe incumbia, conforme o disposto no artigo 333, inciso II, do Código de Processo Civil.

para informar o período exato em que as linhas telefônicas permaneceram bloqueadas (fl. 92 – autos de origem), a recorrente limitou-se a apresentar a documentação de fls. 95/141 (autos de origem), que, por si só, não é capaz de comprovar a sua alegação, tendo em vista que são documentos retirados do sistema interno da empresa de telefonia, que não demonstram claramente o período em que as linhas telefônicas estavam bloqueadas ou liberadas. O mesmo ocorre com os documentos de fls. 06/19, juntados para provar o cumprimento da obrigação, salientando-se que caberia à agravante informar detalhadamente quando foram bloqueadas e liberadas as linhas telefônicas, a fim de possibilitar a comparação com os documentos acostados.

[...]

No que se refere ao cabimento da aplicação da multa ao caso concreto e o valor executado, sabe-se que segundo entendimento reiterado deste Tribunal, a fixação de multa diária para a hipótese de descumprimento da obrigação de fazer é perfeitamente legal e necessária, considerando que sua finalidade é, justamente, a de compelir a parte a providenciar o cumprimento de tal obrigação.

Sobre o tema, lecionam Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery: "Imposição da multa. Deve ser imposta a multa, de ofício ou a requerimento da parte. O valor deve ser significativamente alto, justamente porque tem natureza inibitória. O juiz não deve ficar com receio de fixar o valor em quantia alta, pensando no pagamento. O objetivo das astreintes não é obrigar o réu a pagar o valor da multa, mas obrigá-lo a cumprir a obrigação na forma específica. A multa é apenas inibitória. Deve ser alta para que o devedor desista de seu intento de não cumprir a obrigação específica. Vale dizer, o devedor deve sentir ser preferível cumprir a obrigação na forma específica a pagar o alto valor da multa fixada pelo juiz. (in Código de Processo Civil comentado e legislação extravagante. 7ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2003. p. 782/783)."

Assim sendo, o objetivo da multa cominatória é assegurar o cumprimento da obrigação. Portanto, sua fixação deve ser sempre pautada em critérios de razoabilidade e proporcionalidade, de modo que não seja ínfima, a ponto de nem sequer coagir a parte demandada a arcar com suas obrigações, e tampouco excessiva, capaz de ocasionar o enriquecimento sem causa da parte que se tornar credora, podendo ser alterada pelo magistrado, a qualquer momento, caso se mostre irrisória ou elevada (art. 461,§ 6º, do CPC).

Analisando os autos de origem, observa-se que a agravante foi devidamente intimada para desbloquear as linhas telefônicas, sob pena de multa diária no valor de R$ 500,00 (fl. 274 – autos de origem). No entanto, diante do descumprimento da ordem judicial, o agravado requereu a execução da

astreinte, não tendo a recorrente comprovado que cumpriu com a determinação

de juízo a quo.

Assim, verifica-se que o valor postulado na execução é decorrente do inadimplemento da empresa de telefonia, que, por culpa exclusiva sua, não deu, de imediato, cumprimento à ordem judicial. Portanto, não se pode falar em enriquecimento sem causa do agravado, uma vez que houve causa para a exigência da multa, consistente no inadimplemento da agravada.

Ademais, observa-se que, inicialmente, a astreinte foi fixada em R$ 500,00, valor este que se mostrou adequado, se considerarmos a grande capacidade financeira da recorrente e a necessidade de compeli-la ao cumprimento da ordem judicial, tanto é que tal arbitramento não foi objeto de agravo de instrumento pela agravante. Com efeito, mesmo que o acúmulo da multa tenha atingido uma elevada quantia, frise-se, novamente, que foi a própria recorrente que voluntariamente oportunizou essa acumulação, diante do desrespeito à determinação do juiz.

limitação da multa, devendo ser mantido o valor executado, até porque a demora no cumprimento da decisão judicial foi de inteira responsabilidade da agravante e, também, porque a alteração do montante significaria permitir que a recorrente continue a descumprir as obrigações que lhe são impostas, tendo em vista benefício da redução no momento da execução da astreinte. (fls. 25 a 29)

Na senda do art. 333, incs. I e II, do Código de Processo Civil, se o exequente patenteia o fato constitutivo do seu direito (no caso dos autos carreando prova da intimação da executada para cumprir a decisão judicial), e se esta, de sua vez, queda-se inerte e não traz a lume qualquer fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito posto pela parte contrária, a impugnação ao cumprimento de sentença não tem como medrar.

Quanto ao alegado excesso de execução, valho-me de precedente desta Corte. Veja-se:

AÇÃO RESCISÓRIA. VIOLAÇÃO LITERAL DE DISPOSITIVO LEGAL NOS TERMOS DO ART. 485, V, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. PRETENDIDA REDUÇÃO DE MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE DECISÃO JUDICIAL. DECISÃO MANTIDA. PRETENSÃO DEDUZIDA JULGADA IMPROCEDENTE.

[...]

Desta forma, não há falar em valor exacerbado da multa, pois esta foi, como dito, fixada de maneira razoável e proporcional. Desproporcional e irrazoável foi, isto sim, o descumprimento da ordem judicial efetuado pela autora. O valor atual da multa é resultado, tão-só, de sua desídia e renitência. A atitude ilícita da autora é a única responsável pelo valor final da multa. Não pode beneficiar-se de sua própria torpeza.

Por derradeiro, de forma geral, é de ser considerado um fator crucial para o bom desenvolvimento da prestação jurisdicional. A legislação processual busca dar efetividade às decisões judiciais. Por isto, para evitar o descumprimento de ordens judiciais, as normas processuais estabeleceram a aplicação de multa. Entretanto, algumas partes, em especial grandes conglomerados econômicos, atuam de forma temerária, como em um cassino, realizando uma aposta. Ou seja, desrespeitam frontalmente uma decisão judicial, muitas vezes para pressionar a parte contrária, tendo plena consciência da multa fixada, mas na aposta de que, ao final, conseguirão a redução da multa, em nome da razoabilidade, da proporcionalidade e do enriquecimento ilícito. Não se pode olvidar que bastaria ter cumprido a decisão e nenhuma multa seria aplicada. O Poder Judiciário não pode atuar para estabelecer sua própria desmoralização pública. A parte que assume descumprir uma ordem judicial deve assumir as devidas conseqüências, não lhe sendo lícito pleitear redução da multa quando lhe deu causa por ação e/ou omissão ilícita. (Ação Rescisória n. 2007.032209-3, de Joinville, rel. Des. Lédio Rosa de Andrade, j. 10.9.08)

Registre-se que a decisão antes invocada restou confirmada pelo Superior Tribunal de Justiça, como extrai-se do Informativo n. 490:

DESCUMPRIMENTO DE ORDEM JUDICIAL. REDUÇÃO DE MULTA COMINATÓRIA.

A Turma, por maioria, entendeu ser impossível reduzir a multa diária fixada em ação revisional de contrato de arrendamento mercantil na qual o autor pediu liminarmente a exclusão do seu nome das listas de cadastros de inadimplentes. A liminar foi deferida na origem, ficando fixada multa diária de R$ 5.000,00 em

caso de descumprimento. Por ter mantido a inscrição por mais de 249 dias, o montante devido pela empresa ré superou os R$ 3.000.000,00. O relator