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Análise Retrospectiva da Evolução da Economia do Estado da Bahia e de sua Matriz Energética

PETRÓLEO

6.2. Crescimento econômico e social recente do Estado

6.2.4 Agropecuária

A cadeia produtiva da agroindústria envolve desde empresas dos segmentos de comercialização e distribuição a indústrias de insumos – pesticidas, fertilizantes, rações, insumos veterinários – e de equipamentos para a agricultura. Dentro de uma perspectiva mais ampla, inclui os setores de processamento básico (secagem, embalagem, beneficiamento), setores de processamento de matéria-prima agrícola, tais como o setor têxtil, calçados e papel e celulose.

Inclui, também, o setor energético, por conta da produção de energia através do uso de biomassa, situação em que o Brasil é líder mundial. Dentro desta visão mais ampla de agroindústria, a participação deste setor representa mais de 30% de toda a economia do País e compõe os setores com maior competitividade no mercado internacional.

Na Bahia, a agroindústria não está organizada na maioria dos municípios agrícolas, principalmente naqueles voltados para a fruticultura. As principais dificuldades apresentadas pelos produtores são de acesso ao crédito, disponibilidade de tecnologias para aumentar a competitividade, controle de qualidade dos produtos, transporte, armazenamento e qualificação profissional.

A citricultura no Estado da Bahia tem crescido nos últimos anos, devido à escassez de terras em São Paulo e Sergipe, primeiro e segundo produtores nacionais de sucos. A Bahia é o quarto produtor nacional de suco de laranja e possui apenas uma fabrica para industrialização do suco. A instalação de indústria processadora foi o fator que propiciou o desenvolvimento da citricultura baiana e sergipana, possibilitando a ampliação do mercado e estimulando a expansão da cultura. O custo da matéria-prima, em média 25% inferior aos valores praticados em São Paulo, mão de obra barata, e pouco uso de defensivos agrícolas, tornam bastante favorável o desenvolvimento da indústria cítrica no Estado; porém, algumas barreiras ainda têm que serem vencidas, tais como: melhoria dos métodos de cultivo e de colheita e uma forte participação da indústria paulista nos mercados nacional e internacional.

A produção de soja no Oeste do estado, em 2004, apresentou uma elevação da produção em 52%, em relação a 2003, aproximando-se dos 2,4 milhões de toneladas, segundo dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do IBGE. Embora se verifique uma redução da área plantada, de 850 mil para 821 mil hectares, o aumento da produção deve-se ao aumento da produtividade da lavoura por hectare, em torno de 61% (de 1,8 ton./ha em 2003, para 2,9 ton./ha em 2004).

Com o propósito de controlar a praga da ferrugem asiática nas plantações de soja, implantou- se o Programa de Monitoramento Estratégico de Manejo da Ferrugem da Soja, desenvolvido pelo Governo do Estado, com a participação da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB), Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), EMBRAPA Soja (pesquisas de sementes mais resistentes ao fungo), Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA) e a Fundação Bahia, além dos agricultores.

De acordo com o LSPA/IBGE, a produção de milho ultrapassou 1,6 milhões de toneladas, representando uma elevação de 34,1% em relação a 2003. Este aumento deveu-se aos processos de

rotação de culturas entre milho e soja e, em parte, pela redução da área plantada desta última, refletindo os prejuízos causados pela propagação da ferrugem da soja no ano anterior.

O LSPA/IBGE apontou uma discreta elevação da produção baiana de feijão, em torno de 0,9%, em relação a 2003, apesar da área plantada ter apresentado uma expansão de 5,7%.

A safra de cana-de-açúcar aumentou em 2004, com quase 5 milhões de toneladas produzidas, de acordo com o LSPA/IBGE. No campo institucional e de pesquisa, destaca-se a criação do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), parceria firmada entre a EMBRAPA e a Copersucar, para o desenvolvimento do setor sucroalcooleiro. Com três unidades de pesquisa em São Paulo e uma no município de Camamu, na Bahia, o CTC tem como objetivo desenvolver e expandir conhecimento técnico e tecnologia para melhorar a produção e a produtividade da transformação da cana-de-açúcar (SEI, 2004b).

O crescimento da lavoura cafeeira foi de 30% da produção física, devido ao aumento do rendimento da lavoura e pelos ajustes nos resultados da safra de 2003. O Estado possui reconhecimento no País como um grande produtor de cafés especiais, destinados ao mercado internacional. Esse mercado tem conseguido gerar alguns bons resultados, apesar das dificuldades enfrentadas pelos produtores.

O crescimento da produção de mandioca foi de 7,5%, em relação a 2003. O aumento da área plantada em 2004 foi estimulado pelos preços da raiz e da farinha no período anterior; como conseqüência, a maior oferta atingiu negativamente os preços em 2004.

A produção de algodão foi a que mais se destacou neste período, segundo a pesquisa do LSPA/IBGE; houve um aumento de 150% na produção, em relação a 2003. A área plantada superou os 200 mil hectares, o que corresponde a um aumento de 135% em relação ao ano anterior, o que se refletiu na produção de 690 mil toneladas em 2004. O Governo do Estado tem atuado através do Programa de Revitalização da Lavoura Algodoeira e do Programa Bloqueio ao Bicudo, em parceria com instituições como a AIBA, Associação Baiana dos Produtores de Algodão (ABAPA), Fundo de Desenvolvimento Agroindustrial (FUNDEAGRO), Fundação Bahia e EBDA. As iniciativas públicas e privadas demonstram interesse na consolidação da cotonicultura no Estado e o enfrentamento dos problemas que impuseram a decadência à lavoura (bicudo, abertura da economia, escassez de créditos e financiamentos, etc.) nos final dos anos 1980 e início dos anos 1990 (SEI, 2004c).

A estimativa de crescimento da agricultura baiana como um todo em 2004 foi de 17,1% (SEI, 2004a), resultado bem próximo ao observado no LSPA-IBGE, com uma taxa de 19,6%.

A pecuária no Estado representava, em 2003, 31,3% do setor agropecuário e a estimativa de crescimento em 2004 foi de 3,0%. Segundo a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia, o Estado, com cerca de 10 milhões de cabeças da pecuária bovina, está entre os seis maiores produtores de pecuária do País; porém, mesmo com o controle da aftosa, ainda não exporta cortes, apesar do Estado já contar com unidades frigoríficas, atendendo às exigências do SIF – Serviço de Inspeção Federal, e que poderão ser adequadas, com obras complementares, às normas para exportação (SEI, 2004b).

A expansão das exportações dos principais produtos da agropecuária do Estado, em volume, foi de 40,3%, quando comparado ao mesmo período em 2003. As receitas neste período aumentaram em 38,3%, com destaque para as exportações de grãos e óleos vegetais, refletindo o dinamismo das lavouras de soja, milho e algodão. O destaque negativo são as frutas e suas preparações, com quedas de 70,1%, em volume, e 61,33%, em receita, devido ao período não favorável de chuvas (SEI, 2004b).

A atividade de couros e peles consolida-se no Estado, com os pecuaristas atentando para os cuidados nos tratos com os animais, objetivando couros de melhor qualidade, sem defeitos e, portanto, mais valorizados no mercado internacional. O aumento de receita para esta atividade foi de 41,3% em 2004.

O aumento de 39,8% na quantidade exportada de produtos de pesca e aqüicultura, revela o potencial do litoral do Estado, especialmente na criação de camarões.

As exportações de cacau e derivados, embora tenham apresentado uma elevação em quantidade, registraram uma queda na receita das exportações no período, o que se justifica pela conjuntura desfavorável de preços da commodity.

As exportações de grãos garantem bons resultados, mantida a atual estrutura de preços. O aumento substancial da oferta de soja e algodão tende a produzir uma pequena queda nos preço de venda. O início dos tratos culturais das novas safras de verão reserva novas expectativas de resultados para as lavouras baianas. No aspecto produtivo, o controle da ferrugem da soja na Bahia revela a articulação dos agentes envolvidos com a atividade (públicos e privados) e resulta em uma elevação da produção da lavoura.