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Alguns países da União Europeia

Em 1997, a Comissão Europeia publicou o Relatório Branco5 sobre Fontes Renováveis de Energia (White Paper on Renewable Energy Sources) em que define a produção de fontes renováveis de energia como prioritária. Este documento propôs que pelo menos 12% do consumo energético da União Europeia fosse constituído por fontes renováveis de energia até 2010.

Em 26 de abril de 1999 a União Europeia lançou a Diretiva 1999/31/CE relativa à deposição de resíduos em aterros. Dentre suas várias demandas, a Diretiva obriga os países membros da União a reduzirem a quantidade de resíduos sólidos municipais biodegradáveis aterrados em 25% até 2006, 50% até 2009 e 65% até 2016, em relação à situação de 1995. Dependendo de sua situação, alguns países membros podem adiar a meta para os anos de 2010, 2013 e 2020, respectivamente. A Diretriz propõe aos países membros que procurem outras formas de descarte dos resíduos orgânicos produzidos, incluindo compostagem e biodigestão com aproveitamento energético (CARVALHO et al., 2016).

Uma diretiva do Parlamento Europeu, lançada em 2001, estabeleceu que, até 2010, pelo menos 22% da eletricidade produzida na União Europeia tinha que vir de fontes renováveis de energia.

A Comissão Europeia elaborou em 2005 o Plano de Ação para a Biomassa. Este plano indicou um grande potencial de utilização da biomassa para gerar energia elétrica na União Europeia. Segundo este documento, a produção de eletricidade a partir da biomassa poderia crescer de 800 TWh em 2003 para 2.200 TWh em 2010.

Na diretiva sobre fontes renováveis de energia, lançada em 2008, foi estabelecida uma meta obrigatória para todos os estados membros da União Europeia. Cada país tem que atingir uma participação de pelo menos 20% de fontes renováveis de energia no seu consumo energético total em 2020. No setor de transportes, a participação de biocombustíveis tem que atingir 10%, para se alcançar o objetivo global de uma participação de 20% de fontes renováveis de energia no sistema energético da União Europeia até 2020. Todos os estados membros são obrigados a elaborar planos de ação nacionais para fontes renováveis de energia (ENGDAHL, 2010).

5.2.1 Alemanha

O desenvolvimento das fontes renováveis de energia é um elemento chave da estratégia energética da Alemanha. Graças a inúmeras medidas de fomento, a participação destas fontes no consumo total de energia deste aumentou cinco vezes, de 2% em 1990, para cerca de 10% em 2009 (EC, 2009).

A Lei das Fontes Renováveis de Energia (Erneuerbare-Energien-Gesetz (EEG)), aprovada em 2000, é a principal política de fomento a estas fontes. Ela estipula tarifas do tipo feed-in, superiores às pagas pelas fontes convencionais de energia, que os operadores da rede elétrica devem pagar pelas fontes renováveis de energia introduzidas na rede. Há diferentes tarifas para as diversas formas de produção de energia renovável, que são pagas ao longo de contratos de 20 anos de duração. A Lei também assegura o acesso à rede para qualquer produtor de energia renovável.

Desde 1991 a Alemanha adotou as tarifas feed-in como principal instrumento de apoio as fontes renováveis de energia. Inicialmente, havia uma única tarifa para todas as tecnologias

empregando tais fontes, o que acabou por privilegiar o desenvolvimento da energia eólica, devido aos custos de geração menores.

A tarifa feed-in paga pela eletricidade gerada com gás de aterro sanitário é mais elevada para usinas com capacidade de geração de até 500 kW, do que para usinas com capacidade instalada entre 500 kW e 5 MW. As tarifas feed-in são mais elevadas quando se utiliza tecnologias inovadoras (EEG, 2007).

A Lei da Energia (Energiewirsstschaftsgesetz (EnWG)), na Alemanha, foi emendada para incentivar o uso do biogás. Além disso, a EEG, a Lei Federal de Controle das Emissões (Bundes-Immissionsschuttzgesetz (BImSchG)), e a Lei de Aquecimento com Fontes Renováveis de Energia (Emeuerbare-Energien-Wärmegesetz (EEWärmeG)) geram demanda para o biometano.

Desde que o biometano oriundo do biogás tenha qualidade semelhante ao gás natural e quando for técnica e economicamente viável, o biometano tem prioridade de acesso à rede de gás. Os custos de conexão à rede de gás são divididos entre os fornecedores de biometano e os operadores da rede. Estes últimos passam a ser os proprietários dos pontos de conexão e arcam com seus custos de operação e manutenção (EC, 2009).

5.2.2 Reino Unido

O governo do Reino Unido introduziu três tipos de incentivos financeiros para encorajar o desenvolvimento de fontes renováveis de energia no país: a aquisição obrigatória de certificados de geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis (Renewables

Obligation Certificates (ROC)); o Programa de Incentivo à Produção de Calor a partir de

Fontes Renováveis de Energia (Renewable Heat Incentive (RHI)); e tarifas do tipo feed-in (FITs) para geradores de eletricidade de pequeno porte, a partir de fontes renováveis.

Os fornecedores de eletricidade no Reino Unido devem adquirir, todo ano, um número crescente de certificados (ROCs) emitidos por geradores que utilizam fontes renováveis de energia. A pontuação destes certificados varia de acordo com a fonte e tecnologia utilizados. Por exemplo, a utilização de gás de aterro para gerar eletricidade tem direito a 0,25 ROC/MWh (OFGEM, 2013).

O Reino Unido criou em 2011 um pagamento aos consumidores que produzirem parte ou todo o calor consumido na sua habitação ou empresa por meio de fontes renováveis de

energia. O consumidor/produtor ganha duplamente, pela economia na conta de combustível fóssil ou eletricidade gasta para produzir calor e pelo pagamento que recebe através do Programa RHI. Estes pagamentos ocorrem durante 20 anos, a partir do registro do consumidor como produtor independente.

Existem dois tipos de tarifas feed-in no Reino Unido para geradores de eletricidade, de pequeno porte, a partir de fontes renováveis de energia: uma tarifa para cada kWh de eletricidade gerada e uma tarifa para cada kWh de eletricidade vendida para a rede nacional de transmissão. As tarifas feed-in de geração a partir da digestão anaeróbia são: instalações com capacidades instaladas menores ou iguais a 250 kW têm direito a 15,16 p/kWh; entre 250 e 500 kW têm direito a 14,02 p/kWh e entre 500 kW e 5 MW têm direito a 9,24 p/kWh (DALMO; SANTANA, 2014).

A venda da eletricidade gerada a partir de fontes renováveis de energia para a rede nacional de transmissão requer a assinatura de um Acordo de Compra de Energia (Power

Purchase Agreement (PPA)) entre o gerador e um fornecedor de eletricidade. A conexão do

gerador pode ser na rede de transmissão, em uma rede de distribuição, ou diretamente na alimentação da instalação do cliente final.

O biometano, no Reino Unido, pode ser injetado na rede nacional de transporte de gás em alta pressão, ou em uma rede local de distribuição de gás em baixa pressão. Para ser utilizado nestas redes de gás, o biometano precisa estar compatível com as características do gás natural, ou seja, estar seco, livre de impurezas e com um teor de metano superior a 95%.

Há poucos veículos a biometano ou gás natural veicular (GNV) no Reino Unido, e a infraestrutura para o fornecimento de combustível veicular a biometano é escassa. Outros países, como, por exemplo, a Suécia e a Alemanha, têm investido fortemente na infraestrutura da cadeia de fornecimento e em estratégias de fomento para o biometano. No final de década passada havia apenas 15 postos de abastecimento de GNV/biometano no Reino Unido, em comparação com cerca de 800 na Alemanha (AD, 2009).