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Pesquisa e desenvolvimento nesta área no Brasil

A Tabela 6.6 lista grupos de pesquisa, ou laboratórios no Brasil que vêm trabalhando com elementos da cadeia do biogás obtido, sobretudo, a partir de resíduos sólidos urbanos. Esta tabela também mostra a instituição a que pertence o grupo, ou laboratório, o estado da federação onde está localizada a instituição e o ano de início das atividades do grupo, ou laboratório.

Tabela 6.6 Grupos de pesquisa no Brasil que atuam com elementos da cadeia do biogás

Estado Instituição Grupo de Pesquisa ou Laboratório Ano Bahia (BA) Universidade Católica do

Salvador (UCSAL)

Laboratório de Solos 2002 Universidade Federal da

Bahia (UFBA)

Laboratório de Geotécnia Ambiental 1999 Rede de Tecnologias Limpas (TECLIM) 1997 Ceará (CE) Universidade Federal de

Ceará (UFC)

Grupo de Pesquisa em Separação por Adsorção (GPSA)

1999 O nome do grupo de pesquisa não está

disponível Nd Pernambuc o (PE) Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Grupo de Geotécnia Ambiental (GEAM/BUFPE)

Grupo de Processos e Tecnologias Ambientais (GPTA)

Nd Grupo de Resíduos Sólidos da UFPE

(GRS/UFPE)

1994 Laboratório de Métodos Computacionais para

Geomecânica (LMCG) 2003 Minas Gerais (MG) Univesidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Laboratório de Microbiologia (DESA) 2000 O nome do grupo de pesquisa não está

disponível

Nd Soluções Integradas para a Gestão de Resíduos Sólidos (SIGERS) – engenharia de transporte

2001 Soluções Integradas para a Gestão de Resíduos

Sólidos (SIGERS) – engenharia sanitária e ambiental

2001

Universidade Federal de Viçosa (UFV)

Grupo de Pesquisa em Qualidade Ambiental (GPQA)

2012 O nome do grupo de pesquisa não está

disponível

Nd O nome do grupo de pesquisa não está

disponível Nd Rio de Janeiro (RJ) Instituto Nacional de Tecnologia

O nome do grupo de pesquisa não está disponível

Nd Universidade Estadual do

Rio de Janeiro (UERJ)

Laboratório de engenharia Sanitária (LES) 1993 Universidade Federal do

Rio de Janeiro (UFRJ)

Grupo de Estudo sobre Tratamento de Resíduos 1998 Instituto Virtual Internacional de Mudanças

Globais (IVIG/COPPE)

1999 Laboratório de Maquinas Térmicas (LMT) Nd Laboratório Interdisciplinar de Meio Ambiente (LIMA) 1997 São Paulo (SP) Universidade de São Paulo (USP)

O nome do grupo de pesquisa não está disponível

Nd Centro Nacional de Referência em Biomassa

(CENBIO)

1996 Laboratório de Mecânica de Solos, do

Departamento de Getecnia, Escola de Engenharia de São Carlos

Nd

O nome do grupo de pesquisa não está disponível

Nd Centro de Pesquisa em Resíduos Sólidos

(NEPER)

2003 Laboratório em Geosintéticos da ESSC/USP 2001 Universidade Estadual

Júlio de Mesquita Filho (UNESP)

Grupo de Otimização de Sistemas Energéticos (GOSE)

2002 O nome do grupo de pesquisa não está

disponível nd Santa Catarina (SC) Universidade Federal de santa Catarina (UFSC)

Laboratório de Pesquisa em Resíduos Sólidos (LARESO)

1995

Nd: dado não disponível

A relação universidade/instituto de pesquisa-empresa é, via de regra, realizada de forma esporádica, visando resolver problemas pontuais, salvo na área rural, onde é possível encontrar vários projetos de produção de biogás, realizados em parceria com a Embrapa, visando à geração de energia elétrica e calor a partir de dejetos de suínos, gado e aves.

O mercado de fornecedores de equipamentos e serviços para a cadeia do biogás no país é dominada por players internacionais. Detentores de conhecimento e tecnologia maduros e tendo centros de pesquisa localizados sem seus países de origem, esses têm sido atraídos ao Brasil por meio dos programas governamentais de incentivo ao desenvolvimento tecnológico da indústria nacional de biogás (CARVALHO et al., 2016a).

Segundo Carvalho et al. (2016), como a indústria nacional do biogás ainda é incipiente no país e dependente de tecnologia externa, os relacionamentos dos grupos de pesquisa têm sido mais intensos com os órgãos governamentais de financiamento à pesquisa, do que com empresas. Estes órgãos têm buscado estimular a nacionalização de tecnologias e o fortalecimento da interação entre as empresas e as instituições de ciência e tecnologia.

7 PROPOSTAS DE NOVAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE

FOMENTO AO BIOGÁS COMO VETOR ENERGÉTICO

Um conjunto adequado de políticas públicas requer a adoção de uma visão de futuro que norteará seus objetivos de curto, médio e longo prazo. Esta visão precisa considerar as diversas fontes de biogás pelo território nacional e sua característica descentralizada. O maior potencial, em termos de volume (mais de 80%), se encontra em atividades agrícolas, mas como os desafios técnicos e econômicos do biogás são semelhantes, os agentes que atuam na cadeia de valor do biogás podem diversificar sua base de clientes e fortalecer seus modelos de negócio. As políticas de apoio ao aproveitamento energético do biogás oriundo dos vários substratos precisam se relacionar entre si e facilitar a participação de empresas nacionais e estrangeiras.

Por outro lado, o planejamento governamental precisa considerar o biogás como uma fonte de energia com desafios e particularidades distintas de outras fontes de biomassa. O aproveitamento energético do biogás ainda é precário no país, sendo necessários instrumentos de fomento que considerem explicitamente este início de desenvolvimento tecnológico. Em suma, o governo precisa de uma estratégia para o aproveitamento energético de biogás com objetivos claros de curto, médio e longo prazos e instrumentos adequados para atingi-los.

Estes esforços dotariam o país com uma fonte descentralizada de energia caracterizada por certa versatilidade, pois poderia ser usada de formas diversas. Além de poder ser consumido como gás industrial, o biogás pode ser usado para gerar eletricidade, ou ser refinado para gerar biometano, dependendo de sua qualidade e quantidade e das particularidades do projeto. Esta versatilidade é importante para o país superar diversos dos seus desafios de infraestrutura. Por exemplo, no caso do biometano, sua produção local permitiria contornar as dificuldades decorrentes da ausência de uma rede de gasodutos suficientemente extensa pelo território nacional.

As informações contidas nos capítulos anteriores permitem detectar as principais barreiras que obstruem avanços no desenvolvimento dos elementos que compõem a cadeia de valor do biogás como vetor energético. Neste capítulo são propostas novas políticas públicas que têm como objetivo superar estas barreiras e fomentar, de uma forma mais eficaz do que ocorre atualmente, o biogás como vetor energético no Brasil.

Tendo como ponto de partida o relatório técnico intitulado “Políticas industriais, tecnológicas e energéticas de fomento ao aproveitamento energético do biogás de resíduos sólidos urbanos”, apresentado no âmbito de um projeto de P&D da Chamada ANEEL n° 14/2012 (CARVALHO et al., 2016b), foram identificadas quatro categorias de políticas públicas que podem fomentar, com distintas perspectivas, a produção e uso energético do biogás no Brasil a partir de vários tipos de resíduos.

As políticas pelo lado da oferta atuam diretamente sobre os fabricantes de equipamentos, construtoras e operadoras de biogás. Elas melhoram a competitividade destes elementos da cadeia de valor do biogás por meio de ações que atuam diretamente no desenvolvimento de novas tecnologias, tornando-as mais baratas e acessíveis, ou nos indicadores de rentabilidade, graças a subsídios fiscais ou creditícios.

As políticas pelo lado da demanda atuam no fim da cadeia criando consumidores para o produto “biogás”, mesmo sendo ele mais caro do que outras fontes de energia. Uma maneira de se atingir este objetivo é estabelecer tarifas do tipo feed-in, ou preços-tetos em leilões, superiores aos preços médios pagos por energéticos tradicionais, concorrentes com o biogás, e rateando o sobrecusto com um conjunto amplo de consumidores. Outro instrumento que tem sido utilizado em alguns países é fixar um valor máximo de emissões de gases que causam o efeito estufa para cada participante do setor energético e criar um mercado onde é possível realizar transações de certificados de emissões. Para atingir suas metas, muitos agentes vão adquirir, neste mercado, certificados de fontes de baixas emissões e menos competitivas, como é o caso do biogás (CARVALHO et al., 2016b).

Na terceira categoria se encontram as políticas transversais. Elas atuam ao longo da cadeia de valor do biogás e, em geral, são complementares com outras políticas governamentais. Nesta categoria se enquadram as campanhas de comunicação, que ajudam na aceitação social dos projetos de aproveitamento energético de biogás, publicações, cursos e treinamentos sobre diversos aspectos tecnológicos ou mercadológicos desta atividade. Ademais, informações técnicas ou de mercado são de grande ajuda para empresas e comunidades que desejam implantar uma instalação de produção e uso energético do biogás (QUADROS; TAVARES; et al., 2015).

Outro tipo de políticas de apoio ao biogás são as políticas de cunho ambiental para a gestão de resíduos de uma forma geral, ou algum tipo de resíduo em particular, como os resíduos sólidos urbanos. Estas políticas visam a redução de impactos ambientais negativos através de uma gestão sustentável dos resíduos. Em geral estas políticas contemplam o reuso e

a reciclagem, quando aplicáveis, e o aproveitamento energético dos resíduos, como importantes fontes renováveis de energia.