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Segundo Leite (2003) existem caminhos diferentes para o retorno dos bens de pós-consumo, sendo uma possibilidade o reuso destes equipamentos caso eles apresentem condições de serem reutilizados, podendo ser destinados para um mercado de segunda mão. Quando os produtos não apresentam mais condições para o reuso, há dois sistemas reversos possíveis. O primeiro canal corresponde ao desmanche, que tem como objetivo reutilizar os componentes, podendo ser utilizada a remanufatura. Tal processo segue as seguintes etapas: coleta, desmonte dos equipamentos, triagem dos componentes, separando os que podem ser reaproveitados e encaminhados para o reuso. Os itens restantes que podem ser reciclados vão para a reciclagem industrial e os que não podem acabam em aterros sanitários e/ou incinerados. O segundo sistema reverso é a reciclagem, que transforma os antigos

componentes em novas matérias-primas, restituindo-os ao processo de produção (LEITE, 2003).

De acordo com Gallo et al. (2012), os produtos que estão na fase final do seu respectivo ciclo de vida podem ser recuperados com diversos processos, abrangendo diferentes níveis de eficiência na utilização dos recursos naturais. Segundo este mesmo autor, o processo de recondicionamento e a remanufatura são considerados exemplos de alternativas com uma maior eficiência de todo o processo, pois recuperam o produto na sua forma integral contando com suas partes e componentes existentes. Já a reciclagem encontra-se no menor nível de efetividade de recuperação do produto, pois permite apenas a recuperação das matérias primas que compõem o resíduo (GALLO et al., 2012).

Para ocorrer os processos de reuso, reciclagem e descarte adequado, é necessário a presença de um sistema estruturado de coleta, seleção, separação de componentes, reciclagem e reintegração final ao ciclo de produção. Nesse contexto, é muito importante a implementação de sistemas de logística reversa e o presente tópico abordará os processos que podem fazer parte das etapas reversas da LR.

3.7.1 Processos de Reuso

A Política Nacional de Resíduos Sólidos apresenta uma definição para o processo de reuso:

Reutilização: processo de aproveitamento dos resíduos sólidos sem sua transformação

biológica, física ou físico-química, observadas as condições e os padrões estabelecidos

pelos órgãos competentes do SISNAMA e, se couber, do SNVS e do SUASA ​(BRASIL,

2010).

As estratégias para reuso dos produtos eletroeletrônicos podem ser classificadas em quatro atividades específicas, segundo o relatório StEP - ​Solving the E-Waste Problem produzido pela United Nations University (UNU, 2009). Tais atividades estão listadas abaixo. ● Remanufatura: o processo de remanufatura consiste em ações voltadas a elaborar novos produtos com a utilização dos componentes e peças de equipamentos eletroeletrônicos antigos. Ao realizar este procedimento, é necessário manter a funcionalidade e as especificações de uso igual a um produto novo. Durante o processo o equipamento é desmontado e passa por uma avaliação dos componentes que podem ser reutilizados para a criação do novo produto, atendendo às determinações de qualidade exigidas (UNU, 2009). Segundo Ljomah et al. (2007) a remanufatura apresenta-se como um processo reverso de um produto que deverá

atender às especificações e padrões de desempenho do respectivo fabricante e assegurar uma garantia equivalente a um produto novo.

● Recondicionamento: a estratégia de recondicionamento compreende práticas para restaurar um equipamento com função e forma que podem ser inferiores se comparadas ao mesmo produto novo. Todavia, é preciso manter o mesmo caráter de funcionalidade. Nesse processo não ocorre a desmontagem completa do equipamento, de forma que apenas os componentes que não apresentam utilidade de acordo com as especificações são substituídos, mantendo, assim, a composição original sem numerosas mudanças (UNU, 2009).

Para Paterson et al. (2017), o processo de recondicionamento resulta no retorno do produto ao mercado com um padrão abaixo do original, e devem ser repostos todos os componentes que apresentam falhas de funcionamento. As garantias emitidas para os equipamentos provenientes deste processo são inferiores às dos produtos novo. O recondicionamento exige menos atividades em comparação à remanufatura, devido às características do processo (PATERSON et al., 2017).

● Reparo: os procedimentos de reparo se caracterizam por retificar os defeitos pontuais apresentados nos componentes dos produtos, realizando-se restaurações específicas para retornar a sua funcionalidade. Caso for necessário, ocorrem apenas pequenas desmontagens do equipamento e, com isso, não acontece mudanças significativas no projeto e no produto (UNU, 2009). Os dispositivos que passam pelo reparo não são restaurados ao padrão original e as garantias emitidas correspondentes ao processo não se aplicam, na maioria dos casos, para todo dispositivo, mas especificamente aos componentes reparados (PATERSON et al., 2017).

● Atualização: são procedimentos mais comuns que são realizados para aumentar e/ou corrigir funcionalidades de desempenho, podendo alterar o equipamento geralmente sem a necessidade do processo de desmontagem (UNU, 2009).

A Tabela 12 apresenta uma síntese das quatro alternativas, abordando as características de cada processo.

Tabela 12 - Comparativo entre os processos de reuso

Fonte: Adaptado de UNU 2009

3.7.2 Processos de Reciclagem

A Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos apresenta uma definição para o processo de reciclagem (Capítulo II, art.3):

Reciclagem: processo de transformação dos resíduos sólidos que envolve a alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à transformação em insumos ou novos produtos, observadas as condições e os padrões estabelecidos pelos órgãos competentes do SISNAMA e, se couber, do SNVS e do SUASA;​ (BRASIL, 2010).

A reciclagem é um processo com uma alta relevância estratégica para o fluxo reverso dos diversos materiais que compõem os REE, apresentando-se como alternativa para o tratamento destes resíduos. O processo de reaproveitamento dos componentes e metais presentes nos REE colabora com a preservação do meio ambiente, mitigando impactos negativos como a redução de extração de recursos não renováveis da natureza ​. A depender do armazenamento e da disposição final dos REE e seus componentes, há também os riscos à saúde humana devido à toxicidade dos mesmos, como já apresentados (GERBASE e OLIVEIRA, 2012).

Para o processo de reciclagem e recuperação dos metais presentes nos EEE, principalmente nas placas de circuito impresso, existem diversas tecnologias com

características e eficiências específicas, além da geração de diferentes subprodutos. De acordo com ILYAS et al. (2010), para os metais presentes nos componentes são utilizadas, em sua maioria, tecnologias como o processamento pirometalúrgico e o processamento hidrometalúrgico, que envolvem um grande número de reações químicas para a restituição dos metais no ciclo produtivo. Ademais, o processo de biolixiviação vem sendo utilizado como um tratamento alternativo para a recuperação dos metais em contraposição às técnicas mais tradicionais (ILYAS et al., 2010).

O processo de biometalurgia é semelhante aos processos hidrometalúrgicos, porém apresenta os microrganismos como base para produção de soluções químicas para a ocorrência das reações de extração dos metais. Assim, destacam-se algumas vantagens competitivas da biometalurgia se comparada à hidrometalurgia, como a economia de insumos e a necessidade de instalações mais simples para ocorrer o processo (​GERBASE, OLIVEIRA 2012).

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