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O presente trabalho teve como objetivo exibir um panorama geral dos principais aspectos que compõem a questão dos resíduos eletroeletrônicos, trazendo como comparativo o contexto brasileiro com o da União Europeia. Escolheu-se analisar a UE por possuir um sistema de gestão de REE muito bem desenvolvido, reconhecido e referenciado mundialmente. Assim, ao trazer o cenário do Brasil em paralelo, observou-se alguns pontos importantes a serem discutidos.

Os resíduos eletroeletrônicos adquiriram uma grande importância no contexto mundial. Evidencia-se que um dos principais motivos advém da diversidade e complexidade de compostos e elementos químicos que compõem os EEE. Tal composição conta com materiais de alto valor agregado, além de metais pesados e outras substâncias tóxicas prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente, influenciando, assim, as três esferas da sustentabilidade: social, econômica e ambiental (ABDI, 2013).

Segundo Kiddee, Naidu & Wong (2013), apenas um número limitado de estudos acerca da interação dos REE com a saúde humana e o meio ambiente foi produzido na década passada. Os REE representam 70% das substâncias perigosas que acabam em aterros e seus componentes tóxicos vem se acumulando nos ecossistemas terrestre e aquático, causando desequilíbrio ambiental e impactos às pessoas que os manipulam. Embora a literatura recente mostre um aumento no número de estudos acerca destes resíduos e seus impactos, a sua crescente geração e complexa composição exigem um incentivo maior à realização de pesquisas acerca do tema (PACE, 2019).

Ao longo das décadas algumas iniciativas e legislações a respeito dos REE foram se desenvolvendo à nível mundial. Analisando a evolução do cenário brasileiro, ressalta-se que não havia uma legislação federal concernente aos resíduos sólidos no país até 2010, quando foi instituída a PNRS. Quase 10 anos depois das determinações feitas pela política nacional, foi assinado o acordo setorial para implementação de sistemas de logística reversa de REE no Brasil. Antes disso, no âmbito federal, havia apenas a NBR 16156:2013 específica sobre o tema, que se aplica às organizações que atuam com a remanufatura dos REE, além das resoluções CONAMA 401 e 452, que não tratam diretamente dos REE, mas se aplicam a eles. No caso da União Europeia, a Diretiva 2008/98/CE é a mais atualizada norma referente aos resíduos sólidos vigente. No entanto, desde a década de 70 existiam legislações sobre o tema nas Comunidades Europeias. No início de 2003 foram publicadas as Diretivas WEEE, relativa aos REE, e a Rohs, relativa à restrição do uso de determinadas substâncias perigosas em EEE, reformuladas em 2012 e 2011, respectivamente. A Figura 23 mostra a

evolução dos instrumentos regulatórios e legislações sobre os resíduos sólidos e específicas dos REE no Brasil e na UE. Observa-se, assim, que quando se trata de políticas públicas sobre os eletroeletrônicos, o Brasil está em grande atraso se comparado à UE, mas vem evoluindo com suas legislações e iniciativas internas.

Figura 2​3 - Linha do tempo comparativa das legislações e instrumentos regulatórios no Brasil e na UE

Fonte: Elaborada pelos autores.

Atualmente, o resíduo eletrônico é o fluxo de resíduos que mais cresce no mundo e, quando associado ao constante crescimento populacional, traz um quadro preocupante. Com os padrões instaurados de produção e consumo em massa, a obsolescência programada e o modelo econômico linear vigente, a geração exacerbada de REE se tornou uma questão global.

O consumo de EEE aumenta, em média, 2,5 Mt por ano, excluindo os painéis fotovoltaicos (BALDÉ C. P. et al., 2020), enquanto a população mundial deve chegar a 10 bilhões em 2060 (OECD, 2018). Em 2019, foram geradas 53,6 Mt de REE no mundo, superando, dois anos antes, o valor que havia sido estimado para 2021. Com a crescente demanda e dependência da sociedade por dispositivos eletroeletrônicos, a previsão é serem geradas 74,7 Mt de REE em 2030. A Tabela 13 mostra a composição da geração mundial de 2019 de acordo com as categorias da Diretiva WEEE (BALDÉ et al., 2020).

Tabela 13 - Composição da geração mundial de REE, em 2019, por categorias da Diretiva WEEE

Fonte: Elaborada pelos autores.

Como ainda não há uma divisão ou classificação de EEE amplamente adotada a nível

mundial, as classificações utilizadas divergem dependendo da região. No Brasil considera-se

uma classificação não oficial que divide os dispositivos em linhas, levando em conta principalmente a composição, e diz respeito aos EEE de uso doméstico (ABINEE, 2017). Já

na UE utiliza-se a classificação da Diretiva WEEE, que divide os equipamentos em 6

categorias e traz as lâmpadas como parte dos REE, divergindo da PNRS, que mantém as

lâmpadas em uma categoria diferente (UNIÃO EUROPEIA, 2012). De toda a geração mundial de REE em 2019, apenas 17,4% foi formalmente

documentada para ter uma coleta e destinação final correta. Ou seja, 44,3 Mt de REE têm

destino incerto e seu paradeiro e impactos ambientais variam nas diferentes regiões do

mundo. Desde 2014 a geração anual mundial de REE aumentou em quase 12 Mt e as

atividades de coleta e reciclagem não estão acompanhando o montante gerado. A Tabela 14 e

as Figuras 24 e 25 resumem os dados de geração encontrados para o mundo, Europa, América

Latina, União Europeia e Brasil, nos anos de 2014, 2016 e 2019 (BALDÉ et al., 2015, 2017, 2020; MAGALINE, KUHER e BALDÉ, 2015).

Tabela 14 - Dados de geração, em Mt e kg/hab., para o mundo, Europa, América Latina, União Europeia e Brasil, nos anos de 2014, 2016 e 2019

Fonte: Elaborado pelos autores.

Figura 24 - Dados de geração, em Mt, para o mundo, Europa, América Latina, União Europeia e Brasil, nos anos de 2014, 2016 e 2019

Figura 25 - Dados de geração, em kg/hab, para o mundo, Europa, América Latina, União Europeia e Brasil, nos anos de 2014, 2016 e 2019

Fonte: Elaborado pelos autores.

A geração mundial de REE tem crescido de forma acelerada. Baldé et al. (2017), havia estimado um total de 52 Mt para 2021, valor que foi superado dois anos antes, em 2019. As economias emergentes estão contribuindo com grande parte desta geração, com taxas de crescimento anuais de consumo de EEE cada vez maiores, alimentadas pelas constantes inovações, redução nos custos e escassez ou ausência de iniciativas e normas reguladoras. O Brasil, por exemplo, teve uma taxa de crescimento anual média na geração de REE quase 4 vezes maior de 2016 a 2019 (203 kt por ano) do que de 2014 a 2016 (55 kt por ano). Isto se aplica também a toda América Latina, que teve esta mesma taxa quase 3 vezes maior no segundo período de análise (BALDÉ et al., 2015, 2017, 2020; MAGALINE, KUHER e BALDÉ, 2015).

O continente europeu, por outro lado, teve um aumento médio anual de 350 kt de 2014 a 2016, mas teve uma diminuição média de 100 kt por ano de 2016 a 2019, mostrando claramente a diferença de ter legislações específicas sobre os REE abrangendo quase 100% da população. No continente americano, embora já tenha ocorrido um progresso considerável em relação à implementação de regulamentações específicas, pouco mais de 30% da população é coberta por políticas de REE. A União Europeia também teve diminuição na geração a partir

de 2016, sendo que o valor gerado em 2019 foi menor que o de 2014 (BALDÉ et al., 2015,

2017, 2020). Quando se trata de coleta e reciclagem dos REE, a União Europeia conta com algumas

das maiores taxas de coleta do mundo, países como a Estônia, a Croácia e a Áustria, que

coletam mais de 70% dos REE. No Brasil este número é incerto e estimado em 2%

(SENADO FEDERAL, 2019). Sendo o quinto maior produtor mundial e tendo gerado mais

REE que qualquer Estado da UE em 2019, esse valor demonstra a urgente necessidade de se

implementar um sistema funcional para os eletrônicos no país, baseado nos princípios da

economia circular e em busca do uso sustentável dos resíduos e recursos (FUNDAÇÃO

ELLEN MACARTHUR, 2018). A coleta e obtenção de informações a respeito do volume de REE gerado em um país é

essencial para implementar um sistema de gestão adequado. A União Europeia possui as

coletas de dados e estatísticas mais completas, regulares e harmonizadas do mundo,

administradas pela​Eurostat​. No entanto, os dados de REE documentados para ser coletados e

reciclados mais recentes são de 2017 e 2016, dependendo do país. No Brasil a disponibilidade de dados é baixa e os valores encontrados são estimativas

feitas por estudos como o da ABDI (2013), que considerou o volume de venda de cada

produto em kg/ano, as importações, as exportações e o percentual do Mercado Cinza por ano.

Os valores estimados no estudo para o ano de 2014 e 2016 são relativamente próximos aos

valores da Tabela 14, mas o de 2019 difere bastante. Ademais, o valor mais recente de REE

documentado para ser coletado e reciclado no Brasil é do ano de 2012 (ABDI, 2013; BALDÉ

et al., 2020). Portanto, é muito importante a padronização mundial de um sistema metodológico

para os REE, que auxilie na forma como a medição é estruturada e na escolha dos

indicadores. Já existe a metodologia desenvolvida pelo Programa UNU-SCYCLE com o

Grupo de Trabalho sobre Medição do Resíduo Eletrônico (​Task Group on Measuring E-wast​e), que é o método adotado pela UE, que deve ser harmonizada e implementada nos

países do globo (BALDÉ et al., 2020). Ressalta-se que a maioria das informações de geração presentes no trabalho foram

obtidas dos relatórios ​The Global E-waste Monitor ​dos anos de 2015, 2017 e 2020 e do

relatório ​eWaste in Latin America de 2015. Houve algumas divergências dos valores de

geração para os anos de 2014 e 2016 no relatório de 2020, se comparado com os dados dos

referentes aos anos de análise dos anos em questão. Ou seja, utilizou-se os dados de 2014 do relatório de 2015 e os de 2016 do relatório de 2017.

Além da padronização de um sistema funcional e harmonizado para os REE em todo o mundo, é preciso mudar a forma como os dispositivos são produzidos, consumidos e descartados. Para tanto, é necessário abandonar a abordagem linear tradicional e partir em busca da implementação dos princípios da economia circular. O modelo cíclico sugere mudanças em todo o ciclo de vida de um produto, visando o uso de energias renováveis e a não geração de resíduos desde o princípio, moldando um sistema regenerativo e restaurativo. Para tanto, são essenciais novos projetos de EEE, que priorizem componentes ideias para permanecer no ciclo o máximo possível. A abordagem circular reduz os custos com matéria-prima, preserva os recursos naturais, minimiza a dependência dos combustíveis fósseis, diminui emissões de carbono, promove a eco inovação, incentiva o projeto de produtos mais duradouros, minimiza a produção de resíduos, dentre muitas outras vantagens em relação ao modelo tradicional.

Nesse contexto torna-se essencial a utilização dos instrumentos de gestão e gerenciamento com objetivo de promover e avaliar metodologias de processos reversos sustentáveis e integração das esferas econômicas, sociais e ambientais. A ferramenta de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) está se apresentando ao longo dos anos como um instrumento eficiente na gestão dos resíduos de forma geral, pois é possível avaliar todas as etapas do ciclo de vida do produto e associar-se ao processo de logística reversa aumentando o planejamento e eficiência da metodologia reversa de reintegração dos resíduos ao ciclo produtivo.

Estabeleceu-se um comparativo e entre o acordo setorial brasileiro para implementação de sistemas de logística reversa de REE e a Diretiva WEEE, mesmo com naturezas instrumentais diferentes, sendo o primeiro um instrumento regulatório e a diretiva uma legislação, ambos abordam termos específicos sobre os dispositivos eletroeletrônicos e trazem os padrões e controles necessários. A Tabela 15 traz alguns aspectos das legislações passíveis de comparação.

Sobre os sistemas de logística reversa, apesar de algumas similaridades quanto às responsabilidades, ressalta-se que a REP foca nos fabricantes ou nos autores que influenciam de forma decisiva na criação de novos produtos, sendo estes os maiores responsáveis, física e financeiramente, pelo estágio pós-consumo do ciclo de vida do produto. Já o conceito de “responsabilidade compartilhada”, trazido pela PNRS, traz todos os agentes da cadeia como

responsáveis pelo ciclo de vida do produto. No caso do acordo setorial, o financiamento do sistema é feito pelas empresas que aderiram ao acordo.

Podemos citar outras diferenças existentes entre as duas políticas como a abrangência de resíduos que elas contemplam, enquanto o acordo setorial engloba apenas EEE de uso doméstico e suas embalagens, descartados particularmente por pessoa física, a Diretiva WEEE contempla os EEE de uso doméstico e os destinados a uso profissional, abrangendo uma quantidade bem maior de resíduos. Com relação às taxas de coleta e metas de valorização, a nova política brasileira está bem atrasada se comparada à da União Europeia, que já passou por várias fases desde 2003. O acordo setorial traz como meta final, após cinco anos, recolher no mínimo 17% do peso dos EEE comercializados no mercado interno nacional no ano base. Além disso, a legislação não traz metas específicas de valorização, reuso e reciclagem, apenas determina que 100% dos REE recebidos tenham uma destinação final correta, preferencialmente reciclagem.

Tabela 15 - Aspectos comparativos entre o acordo setorial brasileiro e a Diretiva WEEE da União Europeia

Fonte: Elaborado pelos autores.

As alternativas de reintegração dos REE ao mercado quando finalizam seu ciclo de vida são os processos de reuso e reciclagem, sendo importante destacar a distinção entre eles. Cada metodologia apresenta tecnologias diferentes e mais eficientes para o reaproveitamento do produto de acordo com o objetivo final do processo e a especificidade do resíduo, ressaltando que ambos processo podem ser utilizados em um mesmo sistema de logística reversa. Observa-se que para o procedimento de reuso não é necessário o processo de conversão química dos elementos e para reciclagem ocorre a transformação energética que incorpora esses elementos novamente ao ciclo produtivo. Essas diferenças, como apresentado no trabalho, estão presentes nas definições de reuso e reciclagem trazidas pela PNRS, evidenciando elucidações distintas para cada uma das etapas reversas.

Nos procedimentos de reuso observa-se, de acordo com a Tabela 12, que o processo de remanufatura é o único que reintegra o equipamento eletroeletrônico na cadeia produtiva com sua funcionalidade original e confiabilidade. Os procedimentos de reciclagem abordados evidenciam que existem basicamente dois métodos tradicionais para extração de metais presentes nos REE, os quais são a pirometalurgia e a hidrometalurgia. Destaca-se o processo de biometalurgia apresentado como um procedimento alternativo com vantagens econômicas e ambientais, mostrando a importância em se investir em tecnologias inovadoras para extração dos metais e outros componentes dos resíduos eletroeletrônicos.

Um ponto importante é analisar não apenas a questão tecnológica a ser aplicada, mas também os impactos dos subprodutos gerados que cada processo pode ocasionar para o meio ambiente e à saúde humana, realizando uma avaliação completa para uma decisão mais assertiva. Sundin e Lee (2011) produziram um estudo comparativo entre o desempenho ambiental da remanufatura em relação à reciclagem de diversos materiais e a produção de novos produtos eletroeletrônicos. Ao observar os resultados, demonstrou-se que a remanufatura, em geral, se mostra como a alternativa mais viável ao levar em consideração os impactos ambientais de redução da utilização e esgotamento de recursos naturais. Também foi apresentada a atenuação do potencial de aquecimento global e a possibilidade de manuseio com maior segurança dos materiais que apresentam toxicidade para as pessoas e meio ambiente.

Como proposta final do trabalho elaborou-se um diagrama apresentando as relações existentes nos diferentes assuntos abordados, representado na Figura 26. Tais interações foram explicitadas no decorrer da revisão de literatura e o diagrama traz as correlações existentes entre os diferentes assuntos. Ficou claro como a cadeia dos resíduos eletroeletrônicos é abrangente e como todos os aspectos envolvidos possuem diferentes intersetorialidades e graus de complexidade.

Figura 26 - Diagrama de correlação entre os diferentes temas acerca dos REE.

6. CONCLUSÕES

Sobre a contextualização do panorama dos resíduos eletroeletrônicos, conclui-se, primeiramente, a grande importância do tema nos diferentes contextos a nível internacional e a complexidade existente em cada nicho dos REE. Ao abordar as informações sobre Brasil e a União Europeia, realizando um comparativo, visou-se tangibilizar o estudo ancorado com dados para obterem-se pontos a serem discutidos e analisados.

Ao analisar os aspectos referentes aos instrumentos regulatórios vigentes, pode-se concluir que os REE começam a receber destaque internacionalmente com diferentes iniciativas a partir da Convenção da Basileia, a cerca de 30 anos atrás. Nesse contexto, a União Europeia demonstra um desenvolvimento mais avançado que o Brasil, criando suas duas principais diretivas com foco nos REE no ano de 2003. Sete anos depois, em 2010, ocorre no Brasil a regulamentação da Política Nacional dos Resíduos Sólidos, que é abrangente para todos os resíduos e traz pouca informação sobre os REE, mas foi um marco no país. Quase dez anos depois da PNRS, no fim de 2019, foi assinado o acordo setorial para os REE no Brasil, prometendo algumas mudanças e avanços acerca do tema.

Relacionando as questões normativas à geração no âmbito internacional é interessante perceber que o bloco dos países que compõem a União Europeia apresentou uma taxa de crescimento anual média na geração de REE inferior ao Brasil no período analisado. Com isso, é perceptível a diferença que a presença de uma legislação mais madura contribui para uma regularização de uma geração mais consciente e adequada.

Sobre a temática de gestão e gerenciamento, a economia circular surge como base para estruturar uma forma alternativa ao modelo tradicional, buscando a reintegração dos resíduos no ciclo produtivo. Assim, ferramentas de gestão como a ACV (Análise do Ciclo de Vida) e processos de logística reversa adquirem alto grau de relevância na esfera econômica, ambiental e também na social da atualidade. Esses instrumentos são complementares, ou seja, podem ser usados em conjunto para gerar uma estrutura de processo reverso mais eficiente.

Ao tratar de logística reversa com foco nos REE, foi feito um comparativo entre o Brasil e a União Europeia analisando os pontos abordados nos instrumentos regulatórios existentes nos respectivos lugares. Notou-se a diferença nos agentes responsáveis pela cadeia reversa, trazendo os conceitos de responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto (PNRS) e responsabilidade estendida do produtor (WEEE), de forma que o modelo brasileiro apresenta-se menos eficiente para a LR.

Um dos grandes fatores limitantes da logística reversa no Brasil em relação à Europa ocorre pelo modelo adotado no Brasil de responsabilidade compartilhada entre todos atores da

cadeia reversa, não definindo atribuições claras em cada etapa e assim diluindo a responsabilidade do fabricante ou importador em relação ao seu produto, diferença essa observada no modelo de responsabilidade estendida ao produtor, adotada pela União Européia. Importante ressaltar também que o modelo compartilhado de responsabilidade não estimula os fabricantes a pensarem em design de produtos que minimizem os impactos ambientais,

Quando se trata da abrangência dos tipos de resíduos e metas de recolha, nota-se a distância do Brasil com seu Acordo Setorial quando comparado à UE com a Diretiva WEEE, reforçando a importância das iniciativas e legislações e suas respectivas evoluções ao longo dos anos.

As alternativas e tecnologias para o fim de vida dos resíduos integram a parte final do processo reverso, tornando-se fundamentais para finalizar o ciclo de vida e reintegrar os materiais no mercado econômico, diminuindo os impactos ambientais e à saúde humana. É válido ressaltar a importância de investimentos em tecnologias inovadoras de reuso e reciclagem que se adequem à complexidade da composição dos REE. Tal composição dificulta a padronização de uma tecnologia para esses resíduos e, quando aliada ao alto crescimento no mercado, torna-se fundamental que esses processos sejam cada vez mais eficientes e com menos impactos à saúde e ao meio ambiente.

Por fim, destaca-se a importância de se estudar os temas expostos, compreendendo a interação existente de cada tópico apresentado, para a construção de estudos e modelos de gestão e gerenciamento que englobam cada vez mais todos os aspectos e dimensões dos REE.

Nesse contexto, as recomendações para trabalhos futuros são baseadas em aprofundamentos de cada tema apresentado, pois o foco do trabalho foi estudar um panorama geral dos resíduos eletroeletrônicos abrangendo os diversos aspectos existentes.

Assim, elencou-se pontos relevantes para o aprofundamento em trabalhos futuros, tais como a relação dos instrumentos regulatórios, por exemplo. Pode-se realizar um estudo mais profundo sobre as legislações e iniciativas estaduais e municipais referentes aos REE no Brasil, além de estudos comparativos com outros países e/ou blocos políticos, a exemplo os

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