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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.2 Análise das práticas de ensino de leitura e escrita das docentes participantes do

4.2.2 Letrar e alfabetizar: as práticas de ensino de leitura e escrita desenvolvidas pela

4.2.2.6 As amiguinhas? Presente

PROCURANDO BEM.

Procurando bem eu sei que tem No inicio do amor eu vejo aaaa Procurando bem eu sei que tem No pé do café eu vejo éééé Procurando bem eu sei que tem No fim do piauí eu vejo iiiii Procurando bem eu sei que tem Na ponta do ovo eu vejo oooo Procurando bem eu sei que tem No meio da lua eu vejo uuuu aaa eeee iiii oooo uuuu

Grupo Triii A subcategoria “As amiguinhas? Presente”, que fez parte das práticas da docente, relaciona-se ao investimento no reconhecimento de vogais. A docente trabalhou seis vezes identificação das vogais em palavras, seis músicas19 com destaque de vogais e duas atividades

escritas de completar palavras com vogais.

Ilustraremos abaixo uma sequência que envolveu reconhecimento de vogais. Na roda de conversa, a temática foi “capoeira”, e a docente apresentou alguns instrumentos que faziam parte da capoeira, como berimbau, atabaque, abobo, pandeiro. Quando a docente questionou se eles sabiam quem usava os instrumentos que ela estava mostrando, algumas crianças disseram que eram os “maloqueiros”. A docente foi explicando que a capoeira era uma dança que existia e que muita gente no bairro dançava. Informou que no dia seguinte teria um capoeirista na escola que eles iriam mostrar e ensinar para eles como se dançava e que esta dança fazia parte da nossa cultura.

Logo depois desta conversa inicial, a docente disponibilizou alguns instrumentos que tinha na bandinha da escola, como o pandeiro e agogô. Quando as crianças brincaram um pouco com os instrumentos, ela solicitou energia para ela acertar a escrita da palavra capoeira. No extrato abaixo, podemos observar como ela explorou as letras nesta palavra.

19

Algumas músicas do grupo Triii faziam parte do repertório da turma, essa era uma das preferidas das crianças seu foco é na repetição de vogais, no entanto, na sala as crianças apreciavam a música, mas não refletiam sobre as vogais simplesmente cantavam com alegria.

P- Vamos fazer energia para tia acertar escrever a palavra CAPOEIRA. P- Faz energia!

Crs- Tam tam râ râ P- CA PO EI RA

P- Aqui embaixo vou colocar as vogais. P- No final da palavra capoeira tem que letra? P- Capoeira tem a vogal A?

A docente escreveu a palavra CAPOEIRA e fez a leitura de forma silabada. Logo depois escreveu as vogais embaixo do nome capoeira, como podemos ver na imagem acima. Na condução da atividade, quando as crianças iam identificando as vogais que eram solicitadas, ela circulava na palavra capoeira a letra e depois ligava as vogais iguais. Quando não foi localizado a vogal U na palavra capoeira, ela escreveu o nome de JÚLIO no quadro e mostrou às crianças.

Como já foi dito, no período da geração de dados, o CEMEI estava vivenciado o Projeto da rede “Pontos Turísticos e Históricos do Jaboatão dos Guararapes”. A sequência exemplificada abaixo está articulada ao projeto e aconteceu em dois momentos, antes do parque e continuou depois do parque. De início a docente chamou todas as crianças para o P- Quantas? Crs- Duas! P- Vamos contar. T - Duas! P - Tem a letra E? Crs -Sim! P- Quantas? Crs -Uma vez! P-Tem I?

Crs - Tem! Ali, uma. P- Quantas? P- Uma letrinha I. P- E O tem? Crs- Tem! P- Onde? -Crs – Ali! P- Tem uma só. P - Tem U ? Crs -Não!

P - Não tem nada de U. Zero. Cr- Coitadinho.

C- Coitadinho do U, nem apareceu aqui nesta palavra! P- Mas o U aparece no nome de Julio.

Cr - No meu também! Disse MIGUEL.

cantinho da frente junto ao quadro, fixou um cartaz com a segunda parte da letra do hino da cidade, fez um breve resgate do projeto, mostrou a bandeira de Jaboatão dos Guararapes que estava exposta na sala, colocou o hino para tocar, fez a leitura apontada do hino e depois solicitou que as crianças circulassem as vogais. Vejamos como foi realizada a leitura.

Trabalhando o Projeto Jaboatão

P- Lembram desse hino? Crs- Sim, de Jaboatão.

P- Está música é o hino da nossa cidade. Olha a bandeira da nossa cidade. Vamos ler juntos o cartaz. P- Nós vamos ler o trecho do hino.

(....)

P- Lembram da palavra Jaboatonense? P- São aqueles que nasceram em Jaboatão. P- Tia, eu nasci em Jaboatão.

P- Gente, aqui na sala tem gente que nasceu e outros que não nasceram em Jaboatão. Crs1 – Eu nasci!

Crs2 – Eu também.

P- Tia Tulipa não lembra de todos, vamos ver no cartaz que fizemos. P- A maioria nasceu em Jaboatão, é Jaboatonense.

Crs- Tia, e eu?

P- Vamos olhar aqui no gráfico que fizemos. Você nasceu em Recife. P- Vocês lembram dos nossos pontos turísticos?

Crs- Eu lembro.

P- Olhem ali no cartaz os nosso pontos turísticos.

P- Agora vocês vão pintar as vogais no hino de Jaboatão: P- Vamos procurar as vogais: A-E-I-OU.

P- Vem, Samuel, procure a letra A no texto e pinte. P- Samuel pintou.

P- Palmas para Samuel. P- Deixa eu ver outra pessoa.

Crs - Eu tia! Eu! (gritavam as crianças)

P- Calma, vem Alanna. Procure a letrinha E e pinte. P- Faz energia pra ela, tam tam tam....

P- Pinte, bem forte. P- Ela acertou? Crs- Sim!

P- Palmas para Alanna. As crianças aplaudiam.

P-Agora vai vir um menino. Vem Davi! Procure a letrinha I, pinte o I. P-Ele acertou? Palmas para Davi.

P- João acha a letrinha O. P- João vai acertar a vogal O. P- João acertou?

Crs- Sim! (responderam as crianças) P- Palmas!

P- Agora vem Estefany! Procure a letrinha A e pinte bem bonito. P- Ela acertou? Palmas para ela.

P- Vem Aleff, procure a letrinha O. P- Olhem pra cá,

P- Tia Tulipa pediu para Aleff pintar a letra O. Esta é a letra O? Crs- Não! (Gritaram as crianças).

P- Esta é outra. Qual é esta letrinha? - U (responderam as crianças).

Observamos que na chamada ao quadro algumas crianças precisaram de ajuda para circular as vogais, mesmo o texto estando em letra bastão. Depois que todos foram ao quadro e circularam as vogais, a docente colocou novamente o hino solicitando que as crianças escutassem com atenção. Em seguida, a docente fez um resgate dos pontos turísticos da cidade, mostrando os cartazes que estavam expostos na sala.

Observamos também as vogais sendo exploradas de forma escrita na música que as crianças estavam ensaiando “O cravo e a rosa”. Depois de brincar de roda com a música fazendo gestos para a apresentação do folclore, a docente escreveu o título da música no quadro, desenhou o cravo e a rosa, conversaram sobre a música e depois solicitou que as crianças identificassem vogais, realizando a contagem das mesmas.

No décimo dia de observação vimos como a docente estabeleceu uma conversa inicial sobre os meios de transportes. A partir da música “Baratas Alienígenas, Grupo Triii”, solicitou que cada criança fosse dizendo o meio de transporte que já tinha viajado ou gostaria de viajar, registrando em forma de lista, ao lado do nome do meio de ela desenhava os meios de transporte. Na hora da leitura das palavras da lista as crianças tinha facilidade, pois tinha o desenho ao lado do nome de cada meio de transporte. Vejamos a análise que fez a partir da lista.

Volta do parque/ retorno a lista

Depois que todos estavam bem tranquilos a docente voltou para o trabalho com a lista. Inicialmente fez a leitura pausada de cada palavra da lista, logo depois pronunciava as letras de cada palavra. P- Que palavra é esta aqui?

Crs- BICICLETA! P- BI CI CLE TA

P- Depois da bicicleta, tem o quê? Crs – BARCO!

- O o é uma bolinha...

E assim a professora prosseguiu chamado todas as crianças da turma.

- Agora todos dando as mãos e escutar nosso hino em pé. Ao término do hino todos sentaram em seus lugares.

No extrato acima, vemos que nesta atividade o foco da docente era no reconhecimento das vogais nos nomes dos meios de transportes. No entanto, algumas crianças fizeram associações de algumas letras com as letras dos seus nomes, como no caso de Cr3, que reconheceu na palavra avião a letra do seu nome, apontando a letra V. Inferimos que isso se deva ao intenso trabalho que a docente vinha fazendo envolvendo as letras dos nomes das crianças. Durante a atividade, algumas crianças apresentavam dúvidas quanto ao formato de algumas letras, como, por exemplo, na análise da palavra BICICLETA. Quando a docente P- Vamos ler de novo.

P –BAR CO

P- Depois do barco? P- A VI ÃO

Crs - ÔNIBUS

P- Tem gente daqui da sala que volta pra casa de ônibus. P- Ô NI BUS

P- Deixa tia colocar aqui embaixo: P- A E I O U

P - Na palavra BI CI CLE TA tem a vogal A? P- Olhem bem direitinho.

Crs- Tem! P- Quantas? Crs- uma vez P- Tem a vogal E? Crs- Tem! P- Quantas vezes? Crs – Uma vez. P- Tem I? Crs- Tem! P- Quantas vezes? Crs – Duas vezes. P- Isso, duas vezes. P- Tem a vogal O? Crs- Não!

P- Não tem.

P – Na palavra BICICLETA tem a vogal U? Cr1- Tem, tia!

Crs- Não!

P- Você acha que tem? Na palavra BI CI CLE TA, onde? Cr1 – Ali, tia! Embaixo, tia!(apontou a letra C)

P- Aqui é o C.

P- Vamos olhar direitinho. Crs- Não tem.

Cr2 - No meu nome tem o U disse MIGUEL. P- Verdade, Miguel, no seu nome tem a letra U.

A docente utilizou a mesma estratégia com todas as palavras da lista e, na palavra AVIÃO, aconteceu o seguinte episódio:

P –Vitor, na palavra avião tem a vogal I?

Cr3- Tia tem. E tem a letra do meu nome (Disse ele apontando o V)

questionou se na palavra tinha a letra U, a maioria das crianças gritaram em coro que não, mas a docente, que estava com a escuta atenta, ouviu Cr1 dizer que em BICICLETA tinha a letra U. Nessa situação, a docente perguntou onde a criança estava vendo a letra U, e a criança mostrou o C, provavelmente por conta da semelhança do traçado dessa letra com a da letra U, ainda que em posição diferente. Nesse momento, a docente explicou que aquela letra era o C. De acordo com Morais (2012), “ as letras têm formatos fixos e pequenas variações produzem mudanças em sua identidade...” (p. 51). Este princípio do SEA é possível de ser trabalhado na Educação Infantil e foi visto durante o curso de formação do PNAIC-EI.

O reconhecimento de vogais foi muito presente na prática da docente. Presenciamos em vários momentos a ênfase em vogais, como já explicitamos, em músicas, em duas fichas de atividades que solicitavam que as crianças completassem lacunas de palavras com vogais, reconhecimento de vogais em listas e até mesmo no momento da leitura livre, no qual a docente solicitou que as crianças observassem se tinha vogais nos livros literários que estavam folheando, vimos também às letras sendo trabalhadas de forma significativa. Diante desses indícios, inferimos que a docente parecia estar construindo um caminho no qual o ensino de letras não começaria pelas vogais isoladas e só depois pelas consoantes, também isoladas. Nesse caminho, parece que, para a docente, o reconhecimento das letras poderia ser ensinado a partir de palavras que faziam parte do contexto da turma. Aqui cabe destacar que não encontramos atividades de cobrir pontilhados nem fichas envolvendo cópia de vogais em sua sala.