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Análise categorial das três edições estudadas da premiação

CAPÍTULO 4: Análise dos projetos de inclusão produtiva nos municípios de São

4.3. Análise categorial das três edições estudadas da premiação

Análise categorial do conteúdo do Guia Paulista permitiu destacar entre, os 45 finalistas, o total de 171 projetos de inclusão produtiva, com uma média de 57 projetos por edição e com a variável de 3 a 4 projetos inscritos por município. Classificados por suas principais características, os projetos foram divididos em dez eixos de ação. Na figura a seguir, é possível visualizar os eixos de ação que foram utilizados por esta pesquisa e o volume de projetos que cada eixo possui.

Figura 8 – Número de projetos por eixo de classificação.

Fonte: Autor desta pesquisa.

O eixo de incentivo fiscal possui dois projetos, um no município de São José do Rio Preto, apresentado na 5ª edição, e o outro em Aguaí, na 7ª edição. Esses projetos têm como objetivo reduzir a tributação a fim de fomentar e atrair outros empreendimentos para o município.

Apesar da mesma política de incentivo, esses dois municípios possuem características únicas e necessidades diferentes. São José do Rio Preto tem cerca de oitenta mil empregos formais e mais de vinte e seis mil empreendimentos registrados, o incentivo fiscal ali favorece um segmento específico, o de tecnologia, atraindo grandes indústrias para a região, criando empregos e estimulando a economia local. O município

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Volume de projetos por eixo de classificação

de Aguaí possui seis mil empregos formais e mil e setecentas empresas registradas, busca incentivar e favorecer o desenvolvimento de todos os microempreendedores com a cobrança do imposto único de 30 reais.

O eixo de crédito e microcrédito possui três projetos, sendo um do município de Embu, apresentado na 5ª edição, e os outros dois de São José dos Campos, apresentados na 5ª e na 6ª edição. Em ambos os municípios, foi criada uma organização que concede empréstimo de pequena monta para os empreendedores locais. Segundo Monzoni (2008), projetos como esses criam instituições que prestam serviços financeiros de forma adequada para a população de baixa renda, normalmente excluída do sistema financeiro tradicional, oferecendo produtos, processos e gestão diferenciada ao micro e pequeno empreendedor.

O eixo de cooperativismo e associativismo conta com oito projetos voltados à formação de grupos de pessoas especializadas em algum tipo de serviço, uma resposta eficiente às dificuldades encontradas no mercado atual. Na 5ª edição, os municípios de Boituva, São Roque e Capivari apresentaram quatro projetos. Dois deles foram realizados em Capivari, os quatro restantes foram apresentados, na 7ª edição, pelos municípios de Botucatu, Campina do Monte Alegre, Piracicaba e Mogi das Cruzes. Os projetos receberam benefícios dos mais variados, como: orientações jurídicas, crédito rural, cursos de capacitação em arte, artesanato e confecção. Os municípios de Piracicaba e de Campina do Monte Alegre apresentaram projetos similares, que estimulam as cooperativas rurais a produzirem leite.

Os projetos relacionados ao cooperativismo e ao associativismo possuem enfoque na socioeconomia solidária e proporcionam diferentes impactos sobre o espaço local e regional. Segundo Bocayuva (2001), os desempregados e trabalhadores informais encontram nesses projetos a oportunidade de se organizarem e se estabelecerem, tendo acesso ao mercado formal de trabalho.

O eixo de acesso ao mercado conta com onze projetos, que foram implementados em Itararé, na 5ª edição, em Novo Horizonte, Peruíbe, Piracicaba, São José do Rio Preto e São José dos Campos, na 6ª edição, e em Aguaí, Mogi das Cruzes e São Sebastião da Grama, na 7ª edição. O acesso ao mercado pode ser realizado pelo

apoio e incentivo à exportação e pelas compras realizadas, com recursos públicos, direcionadas às micro, pequenas e médias empresas regionais, requisito da Lei Federal 8.666.

Muitos prefeitos desenvolveram projetos que priorizam a compra ou contratação de serviço das MPEs, enquanto outras localidades compram os itens da merenda escolar de fornecedores rurais locais. Os projetos mais diferenciados estão em Novo Horizonte, que criou o Programa de Acesso a Mercados (PAM), com o objetivo de aumentar a competitividade dos grupos setoriais por meio de consultorias, e no município de São José do Rio Preto, que criou a Agência de Desenvolvimento em Comércio Exterior com a finalidade de aumentar a exportação dos produtos locais.

O eixo de formalização possui quatorze projetos com o objetivo de sensibilizar e conscientizar os empreendedores informais, oferecendo serviços de suporte e apoio e apresentando os principais ganhos (como o acesso ao crédito e aos cursos oferecidos pelo SEBRAE) que os empreendimentos podem adquirir por meio da formalização. Os municípios que apresentaram esses projetos foram: Embu, na 5ª edição, Peruíbe, São Sebastião, Santo André, Taboão da Serra e Votuporanga, na 6ª edição, e Sorocaba, Botucatu, Piracicaba, Ribeirão Preto, Torrinha e Osasco, na 7ª edição.

Figura 9 – Número de projetos de incentivo a formalização por edição.

Fonte: Autor desta pesquisa.

A maioria dos projetos de incentivo à formalização procuram conscientizar a população e oferecem recursos e orientação para os empreendedores informais, disponibilizando os dados necessários para a aquisição do alvará de funcionamento. O

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projeto que mais se destaca, pela sua dinâmica, é o da prefeitura de Piracicaba, que criou o setor de Economia Informal da Secretaria Municipal do Trabalho, com o objetivo de formar um banco de dados dos vendedores ambulantes que passaram por cursos de capacitação. Como mostra a figura 9, esse tipo de ação pública vem se tornando comum entre os municípios paulista.

O eixo das incubadoras abrange as prefeituras que desenvolveram os dezessete projetos com o objetivo de incentivar, estimular e promover a criação de novos pequenos empreendimentos, oferecendo estrutura física e apoio administrativo. Os empreendimentos incubados acabam por se aproximarem fisicamente de outras empresas do mesmo ramo, gerando novas relações de trabalho que auxiliam o próprio empreendimento e todo o mercado regional. Os municípios que criaram novas incubadoras, na 5ª edição, foram Jaboticabal, Novo Horizonte, Piracicaba, Ribeirão Preto, São Carlos, São José dos Campos, São João da Boa Vista, São José do Rio Preto, na 6ª edição, foram os municípios de São Sebastião da Grama, São José dos Campos, São José do Rio Preto, Marília, Piracicaba e Ribeirão Preto e, na 7ª e última edição, foram Aguaí, Botucatu e São Sebastião da Grama.

Figura 10 – Número de projetos de incentivo de incubadoras por edição.

Fonte: Autor desta pesquisa.

A maioria dos municípios desenvolveu incubadoras que beneficiam as MPEs direcionadas à tecnologia, com as exceções de São José dos Campos e de São Sebastião da Grama, que desenvolveram um espaço para os pequenos empreendedores da área de

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aeronáutica. São Sebastião da Grama também desenvolveu outras duas incubadoras, uma de cultura (com o Projeto Guri e a orquestra sinfônica) e a outra voltada para o meio ambiente.

O eixo de desburocratização contempla as dezenove iniciativas que facilitam e aceleram o processo de abertura e de fechamento das MPEs, ONGs, cooperativas ou parcerias entre os diversos tipos de instituição. Os municípios que apresentaram esse tipo de proposta, na 5ª edição, foram Embu, Jaboticabal, Santa Cruz do Rio Pardo, São José dos Campos e Sorocaba, na 6ª edição, foram Colina, São Sebastião da Grama, São Roque, Marília, Piracicaba e Santo André e, na 7ª edição, foram Votuporanga, Mogi das Cruzes, Piracicaba, Bauru, Sorocaba e Ribeirão Preto.

Figura 11 – Número de projetos de desburocratização por edição.

Fonte: Autor desta pesquisa.

As medidas de desburocratização apresentam-se fortes e crescentes ao longo das edições, mostrando o interesse das administrações públicas em facilitar a formalização dos empreendimentos, simplificando a expedição de notas fiscais e a obtenção de guia de recolhimentos de impostos pela internet, acelerando a emissão de certidões, disponibilizando alvará instantâneo e abrindo empresas em até 24 horas.

O eixo de aglomerados possui vinte e três projetos que criaram clusters de empreendimentos, por meio de Arranjos Produtivos Locais (APL) ou Parques Industriais. Esse tipo de projeto oferece espaço físico para empresas que possuam

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correlação entre as suas atividades, criando vínculos de produção e proporcionando trocas de informação, conhecimento e tecnologia. Os municípios que apresentaram esse tipo de projeto, na 5ª edição, foram Jaboticabal, Novo Horizonte, Ribeirão Preto, Santos, São João da Boa Vista, São José do Rio Preto, São José dos Campos, São Sebastião da Grama e Sorocaba, na 6ª edição, foram Colina, Marília, Piracicaba, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, São Sebastião da Grama e Votuporanga, e na 7ª, foram Jaboticabal, Osasco, São Sebastião da Grama e Votuporanga.

Figura 12 – Número de projetos de aglomerados por edição.

Fonte: Autor desta pesquisa.

O eixo de aglomerados conta com sete projetos de APL, especializados em tecnologia, confecção, reciclagem, combustível e saúde. Conta também com seis Parques Tecnológicos e cinco Distritos Industriais. Os cinco projetos restantes estão relacionados à concessão de terrenos.

O último eixo, o de educação e capacitação, apresenta quarenta e um projetos relacionados à formação do indivíduo, oferecendo as competências necessárias para a inclusão no mercado de trabalho formal. Esse processo cria novas características regionais, como um sistema econômico sustentável e uma comunidade socialmente mais justa. Os municípios que apresentaram projetos educacionais, na 5ª edição, foram Itararé, Jaboticabal, São Sebastião da Grama, Santa Cruz do Rio Pardo, São João da Boa Vista, Mogi das Cruzes e Ribeirão Preto, na 6ª edição, foram Colina, Novo Horizonte, Ituverava, São Sebastião da Grama, Boituva, Peruíbe, São Roque, Votuporanga, Taboão da Serra, Ribeirão Preto, São José dos Campos, Santo André e

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São José do Rio Preto e, na 7ª edição, Campina do Monte Alegre, Torrinha, Guararema, Aguaí, Jaguariúna, Votuporanga, Bauru, Mogi das Cruzes, Sorocaba, Ribeirão Preto e São Sebastião da Grama.

Figura 13 – Número de projetos de educação e capacitação por edição.

Fonte: Autor desta pesquisa.

Diversos projetos possuem características técnicas, oferecendo cursos de capacitação nas áreas de confecção, artesanato, culinária e turismo. Os municípios que possuem o apoio de outras instituições, como SEBRAE, SENAI e Centro Paula Souza, contam com propostas mais profundas em termos de conteúdo e didática. O Centro Paula Souza está presente em quatro projetos, no município de São Sebastião da Grama, onde promove cursos de cafeicultura em uma escola rural, abordando o comércio do café na bolsa de valores e o mercado de exportação. O SENAI apoia projetos distintos em cinco municípios. Entre eles, há a parceria com a Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades (SUTAC), de São Roque, que pretende capacitar e cadastrar mais de 3 mil pessoas em uma central de currículos. Também se destacam é as ações dirigidas à indústria, em Santa Cruz do Rio Pardo, que já proporcionou treinamento a mais de 7 mil pessoas. Esses projetos têm o objetivo de capacitação, mas em áreas diversificadas. O SEBRAE atua em sete municípios diferentes, tendo como foco sempre a disseminação do empreendedorismo.

Todos os outros trinta e seis projetos que não se enquadraram nos e ixos aqui determinados foram unidos, formando o grupo dos “projetos diversificados”. Este grupo

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N° de projetos no eixo de educação e

capacitação

foi dividido em outros dez subgrupos de ação – apoio técnico, evento de conscientização, inclusão social, infraestrutura, macro tendências, mix de serviços, participação política, promoção do turismo local, trabalho verde e tecnologia e informação. A tabela 11 apresenta a frequência desses projetos ao longo das edições, enquanto o gráfico expõe o volume de projetos em cada subgrupo:

Tabela 11 – Frequência dos outros projetos por edições

Edição Número de projetos Edição Número de projetos Edição Número de projetos

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Fonte: Autor desta pesquisa.

Figura 14 – Número dos outros projetos no subeixo de classificação.

Fonte: Autor desta pesquisa.

O projeto que oferece um mix de serviço – balcão de emprego, programa de apoio ao trabalhador e o banco do povo – foi desenvolvido na Casa do Trabalhador, em São Carlos.

Com o projeto de participação política, Osasco, criou o Fórum Municipal de Desenvolvimento Econômico Sustentável, abrindo um amplo canal de diálogo entre o poder público, as empresas e a sociedade civil.

Com projetos de tecnologia e informação, o município de Campina do Monte Alegre criou o Programa Campina na Rede, que levou internet gratuita para todo o

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N° de projetos na sub-divisão dos projetos

diversificados

município, enquanto Ribeirão Preto investe nos empreendimentos de biotecnologia e tecnologia da informação.

Os projetos de inclusão social foram apresentados pelos municípios de São Sebastião da Grama e Sorocaba. O primeiro criou o Centro Recreativo e Cultural Cidade do Futuro, programa socioeducativo, cultural e de inclusão digital, enquanto o segundo desenvolveu a Clínica Profissionalizante, para incluir dependentes químicos no mercado de trabalho e na cadeia de valor.

Os dois únicos projetos relacionados às macro tendências foram apresentados pelo município de Sorocaba, que se propôs a seguir as exigências do Programa Cidades Sustentáveis, que abrange diversos eixos de atuação: governança, bens naturais comuns, equidade e cultura de paz, planejamento e desenho urbano, cultura para a sustentabilidade, educação para a sustentabilidade e qualidade de vida, economia local dinâmica, consumo responsável, melhor mobilidade e ação local para a saúde. Sorocaba também adotou o conceito de Cidade Educadora, criado em Barcelona, conta o apoio do Ministério da Educação (MEC), e seu objetivo é criar novos projetos e atividades para o desenvolvimento da educação local.

Bauru, Jaboticabal e Jaguariúna separam alguns dias de seu cale ndário para realizarem eventos sobre conscientização do trabalho formal, apresentando suas vantagens, como o acesso aos mercados, aos cursos de capacitação e a outros benefícios disponibilizados pela administração pública e pelo próprio SEBRAE.

O apoio técnico é realizado pela prestação de serviços (a revitalização dos pequenos comércios, a assessoria de recursos humanos), pela análise do solo de propriedades rurais e pela concessão temporária de equipamento (como o trator). Esses projetos foram apresentados pelos municípios de Boituva, Itararé, Guararema, Mogi das Cruzes e São Sebastião da Grama.

Os projetos relacionados ao emprego verde – projetos de microbacias, usina de reciclagem de resíduos da construção civil, fábrica de sabão ecológico, cooperativa dos catadores de materiais recicláveis e o Projeto Ecotudo – foram apresentados pelos municípios de Santa Cruz do Rio Pardo, São Carlos, Sorocaba, Itararé e Votuporanga.

Boituva, Botucatu, Jaboticabal, Piracicaba e São Sebastião da Grama realizaram projetos que promovem o turismo local, como a revitalização do Rio Piracicaba e a melhoria do atendimento nos hotéis, hospitais e escolas.

Os sete projetos de relacionados à infraestrutura foram realizados em Santos, Ituverava, Marília, Piracicaba, Novo Horizonte e Votuporanga. Os projetos cuidam de reformas das casas e revitalizações de ruas, pontes e estradas, com a exceção de Santos, que fez uma intervenção urbana na área portuária para a construção de um novo terminal de navios de cruzeiros e também apresentou o Projeto Santos Novos Tempos, que tem como objetivo a macrodrenagem da zona nordeste da cidade, com obras de contenção nas encostas dos morros e a construção de moradias populares.