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CAPÍTULO 2: Processo do desenvolvimento endógeno

2.4. Iniciativas locais na América Latina

Atualmente, com o contexto de incertezas em escala internacional, as cidades e suas regiões competem para manterem seus investimentos, procurando formas inovadoras de superar os desafios e limitações da própria política pública, a fim de promover o desenvolvimento local.

Os países europeus deram início às políticas de desenvolvimento local ainda na década de 1980. Desde então, vêm ocorrendo mudanças nos processos utilizados, devido à nova demanda e à complexidade regional. O relatório da SMEPOL12 apresenta

algumas políticas possíveis para solucionar dificuldades na área de recursos humanos, financeira, tecnológica e estratégica (Nauwelears & Wintjes, 2000).

Ao longo dos anos 1990, os países em desenvolvimento deram início aos estudos sistemáticos sobre a importância das políticas de desenvolvimento local, que se tornam cada vez mais conhecidas na América Latina, principalmente pelas pesquisas realizadas pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) (Barquero, 2002).

2.4.1. O laboratório brasileiro

O Brasil tem sido um importante laboratório para o acúmulo de novas experiências em relação aos projetos de desenvolvimento local devido ao seu tamanho territorial, à sua variedade climática e a sua diversidade biológica e cultural. As pesquisas, análises e discussões realizadas sobre essas experiências não buscam modelos prontos para serem imitados, já que o mimetismo é um processo que não atende às características distintas de cada região do país (Sachs, 2003).

Devido a seu caráter único, as experiências brasileiras de desenvolvimento local devem ser analisadas em vários níveis, começando por sua história, objetivos, processos

realizados e resultados alcançados. Esta análise torna viável comparar a trajetória de projetos semelhantes de algumas regiões, avaliando os resultados alcançados e identificando as melhores práticas para as diversas situações.

Como exemplo, citamos Vieira (2002) que apresenta as pequenas produções e o modelo de desenvolvimento realizado em Santa Catarina, que, apesar de seu tamanho pequeno demográfico, possui uma economia diversificada, com arranjos produtivos locais de prestigio nacional e internacional. O Estado realizou a integração entre os agronegócios e a agricultura familiar, além disso, suas atividades relacionadas ao turismo não se apoiam em grandes resorts nem em cadeias de hotéis de luxo. O estado de Santa Catarina se desenvolveu e institucionalizou o debate e a negociação entre os atores sociais, através de fóruns regionais e agências de desenvolvimento.

Nesses e em outros projetos, por todo o Brasil, é importante a presença do SEBRAE, que planeja, organiza e desenvolve ações de cunho social, sempre em busca do desenvolvimento dos pequenos e médios empreendedores. Além da formulação e implementação desses projetos, o SEBRAE realiza análises de diversas práticas e promove uma série de premiações, trazendo “uma rica colheita de boas praticas” que servem “de exemplo a outras iniciativas do gênero”, como comenta Sachs (2003. p.149).

Este segundo capítulo teve como objetivo mostrar como o processo de desenvolvimento endógeno e a implementação de políticas públicas podem corroborar para a diminuição da pobreza e do trabalha espúrio.

O próximo capitulo procurou estudar o SEBRAE a partir da sua constituição. Aborda o seu foco de atuação e os seus eventos de premiação. Discorre sobre sua importância para os micro e pequenos empreendedores nacionais e sobre suas ações de fomento e propagação de boas práticas de inclusão produtiva.

Síntese – Capítulo 2

Neste capitulo, abordamos o processo de desenvolvimento endógeno, aquele que ocorre de dentro para fora das regiões, a partir do acúmulo de recursos econômicos, buscando anular o estado inerte de algumas localidades. Ele acontece por meio de atividades especificas, como a difusão das inovações e do conhecimento, a organização flexível de produção, o desenvolvimento urbano do território e a flexibilidade e complexidade institucional, e assumindo as prefeituras como uma unidade gestora da cidade e do seu contorno rural. Assim, as iniciativas de desenvolvimento são deslocadas para um nível local.

O processo de desenvolvimento endógeno apresenta-se como um instrumento de ação das políticas de desenvolvimento econômico local. Ele busca soluções para a passividade das administrações centrais e dos atores locais diante da alta concorrência nacional e internacional. Para institucionalizar este processo de elaboração e de implementação das ações locais, é necessário boa comunicação entre os atores envolvidos – poder público, poder privado e grupos sociais – para determinar, em conjunto, a melhor estratégia de desenvolvimento, a qual pode ocorrer por meio de mudanças radicais ou a partir de pequenos passos. Mesmo assim, a resposta das regiões aos desafios impostos pela globalização só se tornam operacionais diante de um conjunto de ações que se diferencia por localidade, sistema produtivo, cultura popular e administração pública.

Os municípios realizam suas intervenções a partir das políticas públicas que incluem, em sua definição, a intenção, que cria a situação para sua existência, e a ação de implementação, já que não há política pública se não houver a sua materialização. Assim, o processo de implementação das políticas publicas é o conjunto de ações que transformam as intenções dos atores locais em situação real, como a qualificação da população, os incentivos fiscais, etc.

Enfocamos o papel da CEPAL, que foi a principal fonte de estudos sobre as políticas de desenvolvimento local na America Latina ao longo da década de 90. Também foi apresentada a importância do Brasil para o desenvolvimento e acúmulo de

novas experiências em relação a novos projetos. Foi ressaltado que essas experiências de desenvolvimento local possuem um caráter único e devem ser analisadas em vários níveis, evitando o mimetismo e assumindo as características distintas das regiões.