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5  AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO CUIDADO COM A

5.1  AS ESTRUTURAS DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO

5.1.5  Análise comparativa das estruturas das representações sociais do

A análise comparativa dos respectivos termos indutores “cuidado com a doença” e “cuidado com a saúde” entre os grupos em diferentes tratamentos dialíticos possibilitou alguns pontos de reflexão. Observa-se semelhança e uniformidade nos conteúdos representacionais centrais do cuidado com a saúde e a doença quanto à noção positiva dos hábitos de vida, com destaque para a alimentação. Estes achados

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reafirmam a significação dos conteúdos representacionais identificada na análise global do tratamento dialítico. Desempenham a função de geração e consistem no elemento mais estável da representação, que assegura a continuidade em contextos móveis.

(ABRIC, 1998).

No grupo da hemodiálise, alguns aspectos como os conteúdos centrais das representações de cuidado com a doença são fortemente marcados pelos elementos negativos avaliativos do controle, ao contrário da noção positiva de dimensão biomédica associada ao cuidado com a saúde neste grupo. Foi identificado o compartilhamento de elementos de dimensão negativa avaliativa e biomédica na periferia próxima de ambos os termos indutores. A análise deste grupo evidencia um aspecto já identificado na análise global de que a periferia mostra defesa dos elementos do NC, o que é confirmado na periferia distante pela aproximação de dimensão negativa.

Assim como no grupo da hemodiálise, houve compartilhamento, em ambos os termos indutores, em relação à presença de elementos de dimensão afetiva na periferia distante. Observa-se polaridade negativa ligada aos conteúdos da representação de cuidado com a doença e positiva ligada aos conteúdos representacionais do cuidado com saúde na periferia distante. Quanto às dimensões, houve compartilhamento da noção avaliativa em ambos os termos e divergências quanto à inclusão da dimensão social no cuidado com a doença e dimensão de bem estar no cuidado com saúde.

Ocorreu ainda divergência entre estes termos quanto ao reforço à noção negativa avaliativa do controle e dimensão biomédica no cuidado com a doença, presença de subsídios da dimensão social na periferia do cuidado com a doença e da dimensão de bem-estar na periferia do cuidado com a saúde. Mais uma vez, o grupo apresenta a reafirmação da tendência de manter a defesa dos elementos do NC no objeto cuidado com a doença e o aparecimento da função de regulação dos elementos da NC no objeto cuidado com saúde.

No grupo da diálise peritoneal, os conteúdos centrais da representação de cuidado com a saúde apontam a noção negativa em ambos os termos indutores, de dimensão biomédica no cuidado com doença, e noção de dimensão avaliativa no cuidado com a saúde. Ainda divergem quanto ao acréscimo de conteúdos centrais de bem-estar, no caso do cuidado com a saúde.

Assim, este grupo sinaliza que os conteúdos representacionais do objeto cuidado com a saúde apresentam uma significação com tendência negativa voltada para o controle e a dimensão biomédica ligada à doença, diferente da análise global e similar ao grupo da hemodiálise. A organização do NC demonstra que a estabilização

dos conteúdos ocorre em torno de elementos positivos, como apontado anteriormente na análise global, mas diferentemente do grupo da hemodiálise.

A periferia neste grupo, como verificado no tratamento de hemodiálise, indica compartilhamento da dimensão afetiva. Também, de forma similar, houve polaridade em relação aos elementos negativos associados ao cuidado com a doença e os subsídios positivos ligados ao cuidado com a saúde. A diferença foi que a dimensão social, que neste grupo, é incluída no cuidado com saúde em paralelamente à dimensão de bem-estar e destaque para essa dimensão, na segunda periferia relacionada ao termo indutor cuidado com a saúde, o que se reafirma entre os elementos de contraste.

Portanto, revela-se compartilhamento da dimensão negativa no conteúdo central de ambos os tratamentos. E essa tendência é marcada fortemente no grupo da hemodiálise, que identifica o controle como necessário. O tratamento de diálise peritoneal mostra na periferia elementos novos, passíveis de transformação e que reforçam os elementos de bem-estar do NC, com uma tendência à positividade.

Considera-se que não existem representações diferentes entre os tratamentos, somente compartilhamento de conteúdos, cujo sentido se assemelha, e possuem organização diferente do NC.

Ressalta-se que a dimensão funcional do corpo associada ao cuidado com a doença no grupo da hemodiálise (limite de atividade) e diálise peritoneal (trabalho) marca as dificuldades vivenciadas pela pessoa com DRC em tratamento dialítico. Essas evocações acham-se consoantes com a abordagem de Pereira, Santos e Rosi (2012) de que a pessoa com DRC tem sua capacidade funcional reduzida por apresentar anormalidades fisiológicas frequentes, como fraqueza muscular, fadiga e tolerância diminuída para atividade física. E, consequentemente, essas alterações demandam modificação nas relações sociais, privações do trabalho, alterações financeiras e ausência de experiências que proporcionem prazer. (PEREIRA; GUEDES, 2009).

Como a definição de uma representação centra-se no núcleo, observa-se que o cuidado com a saúde e a doença no grupo da diálise peritoneal contextualiza a saúde entre a dimensão do bem-estar, biomédica e avaliativa. Especificamente, o acréscimo da dimensão de bem-estar no grupo (“tranquilidade”u, , , “descanso”) vai ao encontro da abordagem de Reis, Oliveira e Gomes (2009), que caracteriza a saúde como a capacidade de se sentir bem diante da vida e do mundo e abarca a funcionalidade orgânica, saudável.

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5.2 OS CONTEÚDOS DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO CUIDADO COM A