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5  AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO CUIDADO COM A

5.2  OS CONTEÚDOS DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO

5.2.2  Os conteúdos semânticos das representações sociais do cuidado à

5.2.2.3  Análise de contraste considerando o tipo de diálise

No grupo de pessoas em hemodiálise, identifica-se que a representação sobre o cuidado à saúde e à doença está associada a um olhar masculino, de pessoas com idade de 24 a 30 anos, com destaque para a idade entre 51 e 59 anos.

Embora exista adulto jovem em hemodiálise, a grande maioria corresponde à fase adulta, com tempo na terapia, à maioria, superior a dez anos, escolaridade ensino médio e superior, e estado conjugal referido sem companheiro.

No grupo da diálise peritoneal, prevalecem os participantes femininos, abarca uma caracterização distinta para faixa etária entre 41 a 50 anos, tempo de

135 tratamento entre seis meses e cinco anos, escolaridade ensino fundamental e quanto ao estado conjugal todos vivem com o companheiro. Observa-se que oposto à hemodiálise, a rede de apoio neste tipo de diálise se configura de forma diferente.

As representações sobre o cuidado com a saúde e a doença do grupo em hemodiálise estão pautadas em condutas apoiadas na necessidade de hemodiálise continua, no braço da fístula, pois o potássio mata e existe a dificuldade com a sede e alimentação as quais envolvem aspectos restritivos pronunciados ao controle. Portanto, produz um enfoque negativo sobre o viver da pessoa que se submete ao tratamento de hemodiálise. A Classificação Hierárquica Ascendente permitiu ampliar o entendimento do contexto das limitações compartilhadas e expressas pelo grupo através dos vocabulários: falta e requer que está ligada a hemodiálise e complicações e as dificuldades associadas à quantidade e necessidade de informação sobre a doença.

As subcategorias revelam que o aspecto restritivo alimentar, salino e hídrico é consensualmente manifestado pelo grupo e, portanto, consiste em um elemento que embasa a autogestão do cuidado à saúde e a doença, através da escolha e tomada de decisão necessária e complementar ao tratamento dialítico. Este grupo aponta que a DRC é algo é ruim, que invade e agride, consequentemente, entendem que o sintoma da doença é o sofrimento. Esse entendimento lhes permite alcançar a literacia ou conjunto de capacidades utilizadas para compreender e usar a informação na vida pessoal, e consequentemente, afiançar que o conhecimento sobre a DRC deva ser ampliado em qualidade e quantidade.

Para a pessoa em hemodiálise, a representação do tratamento marcada pelo sofrimento frente às dificuldades em manter o cotidiano regrado relacionado às privações e prazeres. Nota-se que o impacto psicossocial entre a DRC e fase final da doença, especificamente, na hemodiálise é intenso e consiste em um fator estressante em que coexistem sentimentos ambivalentes em relação à doença e a terapêutica. Eles sentem-se aprisionados e incomodados por serem dependentes.

A experiência em relação ao cuidado com a saúde e a doença neste grupo conforma uma determinação de que a pessoa deve posicionar-se sobre o cuidado alimentar, salino, hídrico e evitar falhas à terapêutica para impedir complicações.

Neste sentido a autogestão do cuidado para a pessoa em hemodiálise é atribuída e experimentada de maneira particular, ela conjuga esforço, escolhas e tomadas de decisões quanto a seguir uma rotina. A pessoa com DRC negocia com o sintoma da doença e faz pequenas transgressões para a autogestão do cuidado.

A análise semântica demonstra que para o grupo de diálise peritoneal as representações sobre o cuidado com a saúde e a doença são marcadas pela

associação do vocábulo diálise ligado a noite o que indica que para estas pessoas, a diálise a noite envolve condutas e cuidados com a mão, o uso do álcool, de bolsa, a higiene, o ambiente, a máquina para evitar a peritonite, e o familiar compõe a rede de apoio para o cuidado no tratamento.

A classificação Hierárquica Ascendente revela que além desses aspectos, a palavra marido associa-se a tranquilidade, que clarifica o entendimento que o auxilio recebido do cônjuge fortalece e atua positivamente sobre o cuidado, pois modela vínculos e oferece conforto físico e mental. O vocábulo pensamento ligado à limpeza e higiene, bols e academia, reafirma a importância em seguir condutas higiênicas para evitar a peritonite, e que desta forma é possível manter as atividades de lazer.

Também entendem que as informações necessárias ao cuidado estão associadas ao fato de vir na consulta, com auxílio da filha e obtidas através da televisão. Neste sentido, evidencia-se que o conhecimento obtido proporciona as condições ideais para o cuidado.

As representações do grupo diálise peritoneal foram caracterizadas por uma visão positiva do cuidado associada à rede de apoio. Assim, o sentido subjetivo em torno do cuidado compartilhado com os familiares se organiza a partir de sua produção e atua em diferente contexto. Isso colabora para qualificar o cuidado de forma distinta, ou seja, indica que realizar o cuidado nesta condição é tranquilo. As pessoas em diálise peritoneal relatam que o cuidado deve apoiar-se em condutas de higiene e limpeza, pois existe a iminência da peritonite. Portanto, a abordagem do cuidado é calcada no conhecimento clínico por meio das consultas o que confia sua legitimidade biologicista, física, predominante.

No domínio de autogestão da doença relacionada ao cuidado neste grupo observa-se: as pessoas conseguem gerir os efeitos da condição de saúde na atividade da vida, existe a partilha no cuidado da diálise com os familiares e comparecem as consultas regularmente.

A analogia entre os diferentes tipos de diálise considera que, para as pessoas do tratamento de hemodiálise, o adoecer e ter saúde é visto como limitante em relação à própria vida, e no tratamento de diálise peritoneal existe aspectos limitantes, mas que não impedem de fazer planos e continuar seus projetos de vida.

A respeito dos domínios de autogestão, observam-se em ambas as modalidades, que a pessoa com DRC em diálise, mantém o controle dos sinais e sintomas de alerta precoce.

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6 A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DO CUIDADO COM A SAÚDE E A