• Nenhum resultado encontrado

4.2 FASE DE EXECUÇÃO

4.2.3 Análise de conteúdo

A análise de conteúdo, “conjunto de técnicas de análise das comunicações” (BARDIN, Análise de conteúdo, 2011, p. 37) foi a técnica escolhido para análise das fontes selecionadas e identificação de boas práticas de governança de TI aplicáveis ao setor público.

4.2.3.1 Sobre a análise de conteúdo

Inicialmente, a análise de conteúdo era vista como “uma técnica de investigação que tem por finalidade a descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto na comunicação” (BERELSON; LAZARSFELD, 1948 apud BARDIN, 2011, p. 24).

No início dos anos cinquenta, uma das principais problemáticas relacionadas à ela tratava da obsessiva exigência por rigor e objetividade. Tal exigência levou alguns de seus defensores a concluir que o esforço necessário à sua aplicação era maior do que os resultados obtidos (BARDIN, 2011, p. 25).

Em resposta às múltiplas indagações, em meados daquela década, desenvolveram-se novos considerandos metodológicos e epistemológicos. Sob a perspectiva metodológica estabeleceu-se uma dicotomia entre abordagem quantitativa, preocupada com a frequência com que certas características apareciam no conteúdo; e a abordagem qualitativa, interessada na constatação de presença ou ausência de determinadas características de conteúdo em um documento ou fragmento de mensagem (BARDIN, 2011). Sob a perspectiva epistemológica afloram duas concepções: o modelo representacional, sustentado por G. E. Osgood (1959), e o modelo instrumental, defendido por A. George (1959).

De maneira grosseira, arrogamo-nos o direito de dizer que 'representacional' significa que o ponto importante no que diz respeito à comunicação é o revelado pelo conteúdo dos itens léxicos nela presentes, isto é, que algo nas palavras da mensagem permite ter indicadores válidos sem que se considerem as circunstâncias, sendo a mensagem o que o analista observa. Grosso modo, 'instrumental' significa que o fundamental não é aquilo que a mensagem diz à primeira vista, mas o que ela veicula, dados o seu contexto e as suas circunstâncias. (POOL apud BARDIN, 2011, p. 26)

A partir deste momento, desenvolveram-se técnicas como a análise das asserções avaloradas de uma mensagem, a análise de co-ocorrência, a medição de significações, a adaptação da análise de conteúdo ao computado e às novas mídias, a análise de conteúdo de comunicações, entre outras. A exigência de objetividade tornou-se menos rígida e a combinação de técnicas qualitativas e quantitativas (estatísticas) passaram a ser aceitas. Com isso, a análise de conteúdo deixou de ser meramente descritiva e passou a exercer função inferencial, contribuindo para identificação de causas e efeitos (BARDIN, 2011, p. 27).

Mediante a aplicação dos métodos de análise de conteúdo, busca-se superar incertezas acerca do conteúdo e da interpretação; e enriquecer a leitura, ir além das aparências. Esses objetivos, que embora aparentemente antagônicos podem coexistir, evidenciam a dicotomia perene entre o desejo de rigor e a necessidade de descobrir; entre a função de administração da prova, confirmação ou informação de entendimento, e a função heurística, exploratória, com vistas a aumentar a propensão de descoberta (BARDIN, 2011).

Com a evolução das técnicas e com a ampliação do entendimento dos elementos envolvidos em sua aplicação, firmou-se uma nova definição do que seja análise de conteúdo, segundo a qual esta pode ser entendida como:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens. (BARDIN, 2011, p. 48).

4.2.3.2 Método aplicado

No contexto desta pesquisa, a análise de conteúdo foi feita com base no método proposto por Laurence Bardin, cujo desenvolvimento organiza-se em torno de três polos cronológicos: a pré-análise; a exploração do material; e a análise e interpretação dos resultados (BARDIN, 2011, p. 125).

Figura 21 - Três polos cronológicos da análise de conteúdo

O trabalho envolveu a leitura “flutuante” dos documentos; a formulação de hipóteses; a identificação de dimensões de análise; a definição de codificadores; e o estabelecimento de regras de recorte, categorização e codificação; aplicação piloto da técnica; exploração sistemática do material e aplicada, a cada uma das fontes, a técnica de análise definida. Ao final foi feito o tratamento dos dados, baseado em análise estatística, síntese e seleção de resultados, inferência e interpretação.

Para apoiar à realização destes trabalhos adotou-se a ferramenta QSR NVivo 10, por se tratar de um software direcionada para a área acadêmica, testado internacionalmente e que vem se firmando como uma boa ferramenta de apoio à realização de pesquisas qualitativas que envolvem a análise de conteúdo (Apêndice H).

5 ANÁLISE DE CONTEÚDO

A aplicação da bibliometria possibilitou a identificação e seleção de 14 fontes potencialmente relevantes para o estudo (Quadro 5) que, após leitura e análise preliminar demonstraram aderência aos critérios seleção estabelecidos e ao objetivo desta pesquisa.

Quadro 5 - Fontes selecionadas

ID FONTE REFERÊNCIA

A IT governance structures, processes and relational mechanisms: Achieving IT/business alignment in a major Belgian financial group

(De Haes & Van Grembergen, IT governance structures, processes and relational mechanisms: Achieving IT/business alignment in a major Belgian financial group., 2005) B Information technology governance best practices in Belgian

organisations

(De Haes & Van Grembergen, Information technology governance best practices in Belgian organisations., 2006)

C Analysing the relationship between it governance and business/it alignment maturity

(De Haes & Van Grembergen, Analysing the relationship between it governance and business/it alignment maturity. , 2008)

D The IT organization modeling and assessment tool: correlating IT governance maturity with the effect of IT

(Simonsson & Johnson, The IT organization modeling and assessment tool: Correlating IT governance maturity with the effect of IT, 2008) E The IT organization modeling and assessment tool for IT

governance decision support

(Simonsson, Ekstedt, & Johnson, The IT organization modeling and assessment tool for IT governance decision support, 2008)

F A Bayesian network for IT governance performance prediction (Simonsson, Lagerström, & Johnson, A Bayesian network for IT governance performance prediction, 2008)

G Public sector IT governance: from frameworks to action (Raup-Kounovsky, Hrdinová, Canestraro, & Pardo, 2009)

H IT governance to fit your contexto: two U.S. case studies (Raup-Kounovsky, Canestraro, Pardo, & Hrdinová, 2010)

I Making the most of IT governance software: understanding implementation processes

(Heier, Borgman, & Hofbauer, Making the most of IT governance software: Understanding implementation processes, 2008)

J Ricochet of the magic bullet: revisiting the role of change management initiatives in IT governance

(Borgman & Heier, Ricochet of the magic bullet: Revisiting the role of change management initiatives in IT governance, 2010)

K Towards a multisourcing maturity model as an instrument of IT governance at a multinational enterprise

(Herz T. , Hamel, Uebernickel, & Brenner, 2011)

L IT governance mechanisms in multisourcing: a business group perspective

(Herz T. , Hamel, Uebernickel, & Brenner, 2012)

M Types of shared services business models in public administration

(Joha & Janssen, 2011)

N The social network structure of alignment: a literature review (Walentowitz, Beimborn, Schroiff, & Weitzel, 2011)

Documentos relacionados