• Nenhum resultado encontrado

3.3 GOVERNANÇA DE TI

3.3.3 Viabilizadores

De acordo com De Haes e Van Grembergen (2008), existem três viabilizadores da governança de TI: estruturas, processos e mecanismos de relacionamento.

As estruturas englobam as unidades organizacionais, os papéis e as responsabilidades pela tomada de decisão (VAN GREMBERGEN; DE HAES, 2010). Dependendo da forma como estejam organizadas potencializam, ou dificultam, a comunicação e o relacionamento entre as partes interessadas (administradores de negócio, administradores de TI, conselho diretor, etc) (VAN GREMBERGEN; DE HAES, 2010). No que se refere a esse tema, Herz, Hamel, et al. (2012), assim como De Haes e Van Germbergen (2010) são favoráveis à existência de comitês diretivos de TI e ressaltam a importância do CIO ter acesso direto ao CEO.

Os processos, por sua vez, se relacionam com aspectos como a formalização e a institucionalização de instrumentos de apoio à tomada de decisão estratégica de TI e ao monitoramento de resultados (VAN GREMBERGEN; DE HAES, 2010). Essas práticas buscam, entre outras coisas, garantir que o comportamento diário da TI esteja em conformidade com as políticas definidas e a estratégia de negócio (VAN GREMBERGEN; DE HAES, 2010). No que se refere a esse assunto, Herz, Hamel, et al. (2012) destacam a importância dos

processos de gestão de portfólio, de controle e de prestação de contas. Ressaltam, ainda, a importância de se definir metodologias de gestão e de se instituir um projeto de governança.

Já os mecanismos de relacionamento, estão associados à buscam pela participação ativa e a atuação colaborativa de executivos corporativos, gestores de negócio e de TI (VAN GREMBERGEN; DE HAES, 2010). Neste ponto Herz, Hamel, et al. (2012), assim como os outros dois autores, destacam a importância do papel e atuação das liderança de TI.

De forma geral, o ITGI (2012a) destaca a importância da realização de benefícios, da otimização de risco e da otimização de recursos para o sucesso da governança de TI. Conforme Simonsson, Lagerström e Johnson (2008), o objetivo da governança de TI não se limita ao alcance da eficiência, mas também à viabilização de negócios organizacionais.

3.3.4 Pesquisas recentes

Em termos acadêmicos, somente na base de dados Scopus, podem ser localizadas 15

mais de 1900 fontes, publicadas entre 1972 a 2013, que abordam, especificamente, a temática governança de TI. A seguir apresentaremos uma síntese de artigos selecionados, como forma de exemplificar algumas inquietudes dos pesquisadores e questões analisadas.

De Haes e Van Grembergen (2005), no artigo intitulado IT governance structures, processes and relational mechanisms: achieving IT/business alignment in a major Belgian financial group, descreveram como as organizações podem implementar a governança de TI utilizando uma mistura de processos, estruturas e mecanismos de relacionamento. De modo mais específico, analisam como a governança de TI foi implementada em um dos maiores grupos financeiros da Bélgica a KBC.

No ano seguinte, os mesmos autores apresentaram teorias, modelos e práticas relacionada ao domínio da governança de TI, derivando questões e proposições de pesquisa acerca destas (DE HAES; VAN GREMBERGEN, 2006). Dois anos depois interpretaram esses elementos e analisaram a relação existente entre a governança de TI e o nível de maturidade do alinhamento TI/Negócio (DE HAES; VAN GREMBERGEN, 2008).

Em 2008, Simonsson e Johnson apresenta uma ferramenta de modelagem e avaliação da TI, que auxilia no processo de identificação da capacidade organizacional de operacionalizar boas práticas de governança, como as propostas pelo modelo Cobit. Esse instrumento também permite avaliar a efetividade da TI e correlaciona-la com a maturidade organizacional no que se refere à tecnologia da informação.

Em continuidade a esse estudo, Simonsson e Johnson publicaram, ainda em 2008, dois artigos. O primeiro, em parceria como Ekstedt, apresentam uma ferramenta de avaliação e de modelagem organizacional da TI (ITOMAT) e discorre como esta pode ser utilizada para suportar processos decisórios relacionados à governança de TI. O segundo, em parceria como Lagerstrom, utiliza redes Bayesianas para a predição do desempenho da governança de TI.

Seguindo outra linha de pesquisa, Raup-Kounovsky et. al, estudaram a forma como as organizações norte americanas estavam estruturadas em termos de governança de TI, isto é que modelos estruturais adotavam (centralizado, descentralizado e/ou federativo) e que resultados vinham alcançando (RAUP-KOUNOVSKY; CANESTRARO et al., 2010). Em 2009, os mesmos autores, apresentaram um protótipo de modelo de governança de TI direcionado para o governo norte americano (RAUP-KOUNOVSKY; HRDINOVÁ et al., 2009).

Visando compreender como se dá o processo de implementação da governança de TI, Heier, Borgman e Hofbauer (2008), publicaram estudo no qual explicitam o processo de implementação de softwares de apoio à governança de TI adotado por diversas organizações.

Seguindo essa mesma linha de investigação, Borgman e Heier (2010) tentaram identificar qual a melhor abordagem para implantação de boas práticas de governança de TI: revisar processos e adotar boas práticas de gestão de mudanças e/ou partir diretamente para a implantação de ferramentas (software) de apoio. Contrariando a expectativa inicial dos pesquisadores, a implantanção direta de ferramenta, mesmo sem a revisão prévia dos processos de trabalho, se mostrou uma alternativa viável para a institucionalização de boas práticas de governança de TI.

Diferentemente dos outros pesquisadores, Herz e Hamel et. al. (2011), preocuparam-se com questões relacionadas ao uso da estratégia de multisourcing, ou de provimento de serviços por múltiplos fornecedores (internos e externos). Segundo esses autores, os modelos de maturidade em multisourcing contribuem para a melhoria da governança de TI, uma vez que promovem a transparência, tornam possível o monitoramento contínuo e contribuem para a adoção de boas práticas de governança e gestão no ambiente corporativo.

Em continuidade a esse trabalho, os mesmos autores publicaram, em 2012, um artigo intitulado IT governance mechanisms in multisourcing: a business group perspective. Neste buscam compreender como as unidades de negócio utilizam os mecanismos16 de governança

em um ambiente de TI onde o multisourcing é adotado, descrevem os mecanismos de TI utilizados e apresentam possíveis formas de implementação desses.

No décimo terceiro artigo analisado, Types of shared services business models in public administration, Joha e Janssen (2011) utilizaram o modelo unificado de modelagem de negócio (UBMF) para explorar três estudos de caso relacionados ao provimento concentrado de serviços para múltiplas unidades organizacionais (Shared Services Centers – SSCs). Basicamente esses autores analisaram quatro dimensões: a estrutura de governança, a estratégia utilizada, a natureza dos serviços e a orientação a usuários. Ao final destacaram a importância de se incorporar, nas discussões acerca do modelo de governança a ser adotado no setor público, questões relacionadas à governança de serviços compartilhados.

No último artigo analisado, Walentowitz, Beimborn, et al. (2011), revisaram 16 outros artigos e identificaram 7 componentes de relacionamento que contribuem para a melhoria da governança. Neste sentido destacam a importância de se (1) fortalecer as relações entre executivos de TI e de negócio, de modo a potencializar a troca de conhecimento entre eles; (2) instituir estruturas informais de interação e alinhamento entre pessoas envolvidas, ou não, nos projetos em desenvolvimento; (3) melhorar a comunicação e o compartilhamento de conhecimentos e objetivos, entre TI e Negócio, em nível de alta administração; (4) melhorar a comunicação e o compartilhamento de conhecimentos, entre TI e Negócio, em nível operacional; (5) mensurar o grau e/ou a densidade de comunicação e relacionamento entre TI e negócio, tanto em nível executivo quanto operacional; (6) otimizar a frequência e a qualidade das interações entre profissionais de TI e de negócio; e (7) otimizar o grau de centralidade dos executivos de TI dentro de uma rede baseada em interação.

Documentos relacionados