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7.3 Sistema de certificação privado coordenado por uma rede varejista

7.4.2 Análise da competitividade do sistema público-privado

Na certificação público-privada foram apontados como pontos positivos a tradição na certificação, como também, o reconhecimento do selo do IBD no meio da agropecuária orgânica. Outros pontos relevantes são: a importância de padrões escritos de certificação, tanto nacionais, como internacionais; a rede de inspetores capacitados e a união dos integrantes do movimento orgânico, desde os órgãos representativos do setor até as comunidades produtoras.

Quando se avaliam os pontos negativos, os principais deles apontados foram: a demora na aprovação da legislação orgânica no país: a burocracia das Instituições Públicas e a falta de divulgação da filosofia orgânica.

Na análise da competitividade, os direcionadores instituições, norma e direitos de propriedade, constituíram um grupo de impacto negativo ao sistema. Isso se deu principalmente, pela demora de anos da legislação específica do setor. Durante esse período, o setor desenvolveu suas atividades amparado pela instrução normativa 007/99, do Ministério da Agricultura, publicada em maio de 1999. Apesar desta instrução apresentar regras básicas de funcionamento, ela não garantia todos os direitos de explorarão econômica da atividade, por isso, houve a necessidade de elaboração de leis específicas.

No mesmo ano da divulgação da instrução 007/99, iniciou-se a discussão, nos órgãos colegiados, a respeito da legislação, e, em 23 de dezembro de 2003, foi aprovada a Lei no 10.831, que dispõe sobre a agricultura orgânica, e dá outras providências de regulamentação do setor.

Mesmo com a aprovação, era necessário o sancionamento da lei pelo presidente da república, ficando assim, demonstrada a burocracia e lentidão da máquina pública.

Discussões entre, a Casa Civil, o Ministério da Agricultura e a Vigilância Sanitária demoraram quatro anos; sendo a lei sancionada apenas em 27 de dezembro de 2007, através do decreto 6.323.

O impacto pela falta de legislação não teve conseqüências maiores para o setor devido a existência da instrução normativa 007/99, de outras normativas auxiliares, pelos acordos realizados com os órgãos de certificação internacionais, o apoio do Ministério da Agricultura no sentido de não paralisar a produção no decorrer da regulamentação e, ainda, a união do setor produtivo, que conseguiu manter o desenvolvimento da atividade orgânica no país.

Todos os entrevistados foram unânimes em afirmar que a produção orgânica é carente de pesquisas específicas. Existem instituições interessadas que vem desenvolvendo trabalhos importantes para o setor, mas esse esforço ainda é pequeno. Esse direcionador não causou impacto negativo ao sistema, devido ao esforço das entidades públicas e, principalmente, privadas na busca de conhecimento em outros países, para difundi-los na agropecuária brasileira.

Os trabalhos em agricultura orgânica apresentam estratégia de produção que garantem produtos dentro dos padrões de referência. Há uma discussão comparando a qualidade dos produtos orgânicos e a daqueles convencionais. A partir disso, pode-se afirmar que a certificação é bem feita e causa impacto positivo.

Nesse caso, a utilização de recursos tecnológicos é baixa, principalmente pelos pequenos produtores. Existem, inclusive, correntes ideológicas que não são favoráveis a alguns processos inovadores. Então, como a produção de carne é bastante artesanal, este direcionador, na competitividade, acaba tendo impacto neutro.

O apelo da produção artesanal, com grande preocupação ecológica, faz com que a estratégia de produção de carne orgânica seja extremamente atraente devido ao crescente

público consumidor interessado nesse tipo de produto. Portanto, este direcionador tem impacto positivo, e sua contribuição não é ainda maior, devido à necessidade de melhor coordenação das parcerias e dos agentes envolvidos na produção.

A opção pela agricultura orgânica está alicerçada em aspectos de filosofia de vida, sendo o mercado, atualmente, demandante de produtos, com pouca concorrência, e possuindo o diferencial de até 30% a mais, em alguns casos, no valor pago pelo produto. Esse conjunto de fatores auxilia a decisão do investimento específico na agricultura orgânica. Ressalta-se que esses investimentos são de longo prazo devido à necessidade de conversão da agricultura convencional em orgânica.

As operações comerciais são feitas pontualmente, não existindo contratos de fornecimento de animais para abate. Entretanto, há comprometimentos críveis muito fortes e uma dependência entre produtores, frigoríficos e certificadores para a atuação no mercado. Apesar da maior freqüência das transações comerciais, o conjunto de direcionadores quase controláveis acaba tendo impacto neutro na competitividade, motivado, particularmente, pela diminuição das ações oportunistas e pelo constante nivelamento de informações nas relações entre os parceiros.

Por fim, o mercado da agricultura orgânica mundial cresce muito rapidamente e é altamente demandante. Essas condições fazem com que a participação de mercado seja positiva. Porém, pensando-se em estratégias futuras, os parceiros do caso estudado já buscam aprimorar seus processos, e contam com um novo marco legal para dar condições maiores ao crescimento da atividade.

A análise comparativa dos direcionadores relacionados a esse caso pode ser observada na Quadro 19 e na figura 29.

Quadro 19 – Análise comparativa da competitividade caso certificação público-privado.

Direcionadores de competitividade AIN BIN NEU BIP AIP

1 - Instituições e Normas X

2 - Direitos de Propriedade X

3 - Infra-estrutura técnica cientifica X

4 – Qualidade X

5 – Tecnologia X

6 - Estratégia competitiva X

7 - Especificidade dos ativos X

8 - Freqüência das transações X

9 - Assimetria de informações X

10 - Oportunismo dos agentes X

11 - Competição e novos concorrentes X

12 - Incerteza nacional/internacional X

13 - Participação de Mercado X

AIN: direcionador de alto impacto negativo; BIN: direcionador de baixo impacto negativo; NEU: direcionador de impacto neutro; BIP: direcionador de baixo impacto positivo; AIP: direcionador de alto impacto positivo. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 -1 0 1 Inpacto na competitividade 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 Direcionadores

Direcionadores de competitividade - Caso Certificação Público-privado

(1) Instituições e normas; (2) Direitos de propriedades; (3) Infra-estrutura técnica científica; (4) Qualidade; (5) Tecnologia; (6) Estratégia competitiva; (7) Especificidade dos ativos; (8) Freqüência das transações; (9) Assimetria de informações; (10) Oportunismo dos agentes; (11) Competição e novos concorrentes; (12) Incerteza nacional/internacional; (13) Participação de mercado.