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Análise da entrevista com professoras do projeto

Grupo 1 Nível Insipiante

2 Professoras do projeto: As questões voltadas às professoras foram construídas baseadas no constructo Gestão de stakeholders internos (formação de equipe), cujo objetivo

4.3.2 Análise da entrevista com professoras do projeto

As respostas das professoras quanto ao projeto social foram positivas em diversos aspectos. Todas se sentiram participantes importantes durante a sua execução, considerando o projeto como seus, além de se sentirem como criadoras dele:

Lógico! Sem dúvida! Todo e qualquer projeto que envolve a escola a gente sempre se dedica ao máximo. E, também, quando envolve as crianças e as mesmas se interessam no assunto.

Desde que a gente faça parte, a gente já se sente criadora. Vem um e já dá um ideia. Vem outro e dá outra ideia. Então, o projeto não vem pronto e, aos poucos, o projeto vai se modificando e se adaptando à realidade da escola (PROFESSORA 1).

Sim. A gente tem a sensação de que esse projeto é nosso. Era um projeto de leitura. A gente incentivava e trabalhava e questão da leitura em sala de aula, interpretação de textos... Tinha muito a ver com o trabalho que a gente fazia em sala de aula. Era um trabalho que casava com o nosso, que complementava o nosso trabalho em sala de aula.

Era dado um livro para a gente trabalhar, que falava sobre folclore, que tinha muito a ver com textos brasileiro, com estórias da cultura brasileira. Então, você podia acrescentar a sua dinâmica de trabalho nele. Era proposto um trabalho, mas ele não vinha engessado para você. Você poderia trabalhar o projeto dele dentro do seu trabalho (PROFESSORA 2).

A sensação de participante da organização durante a execução do projeto social também foi sentida pelas professoras:

Eles davam treinamentos. Tinha um momento em que a usina parceira promoveu palestras e orientações pedagógicas de como trabalhar o conteúdo do projeto com professores de outros municípios que estavam desenvolvendo o projeto também. Essas reuniões e trocas de experiências ajudaram o projeto acontecer. Havia um livro do projeto para cada série. Você não desenvolvia o livro sozinho (PROFESSORA 1).

Com certeza! Tivemos reuniões para falar sobre a organização do projeto (PROFESSORA 2).

As declarações registradas pelas respondentes confirmam as ideias defendidas por Buchholz e Rosenthal (2005) e Valdez-Vasquez e Klotz (2013), onde os stakeholders internos devem se sentir como partes integrantes do projeto social, sentindo-se como se o projeto fosse seus.

Quanto à existência de profissionais com perfis diversificados participando do projeto, as docentes responderam positivamente à questão. Para elas, haviam tanto profissionais da área, como pedagogos, quanto de outras áreas, como funcionários da própria empresa. Possuíam formação superior, com especialização na área de atuação, de ambos os gêneros e de diversas raças.

Quando perguntadas sobre a participação dos gestores da empresa na execução do projeto social, as respostas também foram positivas:

O que a gente achava muito interessante é que os gestores e os funcionários se envolviam. Tinha uma participação muito grande de todos os funcionários. Eles davam a impressão para nós que a usina tinha conseguido contagiar a todos com aquela ideia do projeto (PROFESSORA 1).

Eles sempre tem a acrescentar. A gente nunca sabe tudo. Eles sempre tem algo a crescentar ao nosso trabalho em sala de aula (PROFESSORA 2).

O conhecimento trazido por esses profissionais contribuíram de forma significativa para o crescimento das professoras:

Quando eles vinham, a usina dava toda a orientação técnica. A participação deles era somente nas atividades do projeto, não em sua gestão (PROFESSORA 1).

Toda experiência trazida por esses profissionais é positiva (PROFESSORA 2).

Tais respostas convergem para as mesmas ideias de Buchholz e Rosenthal (2005) e Valdes-Vasquez e Klotz (2013), que indicam como fator de geração de valor a atuação de equipes com perfis diversificados nos projetos sociais, incluindo a participação de gestores nesses trabalhos. A contribuição deixada para os beneficiários e sociedade foram, na opinião das respondentes, fundamentais para o sucesso do projeto.

Na integração entre equipe participante do projeto, seus beneficiários e demais partes interessadas, o parecer das respondentes demonstrou uma harmonia entre todos os envolvidos. Após os trabalhos, havia encontros para interação entre todos:

A integração era muito boa. Os pedagogos e os palestrantes vinham fazer as orientações do projeto e, depois que a gente fazia o trabalho, tinham um encontro para interação da escola com os funcionários da usina. Nesse dia, que parece que era uma vez a cada dois meses, eles vinham para a escola e desenvolviam atividades de

recreação com as crianças: brincadeiras, gincanas, leitura e outras atividades que eram feitas pelos funcionários da empresa (PROFESSORA 1).

Os projetos sempre envolvem os professores, os alunos, os pais e a comunidade escolar como um todo. Há uma troca de informações e todos levam aprendizado para a casa (PROFESSORA 2).

A integração entre equipes do projeto e partes interessadas também é defendida por Buchholz e Rosenthal (2005) e Valdes-Vasquez e Klotz (2013). Essa integração é fator determinante no momento de construção de equipes para a execução dos projetos.

As respostas também foram positivas quando questionadas sobre a boa condução das funções administrativas, organizacional e de pessoal no projeto. Mesmo as respondentes não possuindo acesso à documentação que formalize a prática, essa avaliação ocorreu e foi bem conduzida:

Hoje, não temos acesso a essa documentação, mas foi feito, sim, uma avaliação formal. Na época, todo mundo gostava de participar do projeto. Às vezes, a prefeitura faz convênios com empresas, mas nem sempre os projetos sociais têm a ver com aquilo que a gente está trabalhando. às vezes, ele é meio que imposto. A prefeitura tenta usar a educação como "vitrine". Nesse projeto, isso não aconteceu. Ele conseguiu contagiar os professores. Pelo que percebi, não foi um projeto apenas para a prefeitura se aparecer ou somente para cumprir tabela. É um projeto viável, sério... (PROFESSORA 1).

A gente pergunta aos alunos o que eles acharam. Que eu me recordo, houve algo por escrito. A coordenadora da época fez como se fosse um relatório. Também nós respondemos algumas perguntas (PROFESSORA 2).

O material didático, na opinião da professora 1, foi considerado de ótima qualidade. Alguns exemplares dos livros utilizados ficaram na biblioteca da escola.

Buchholz e Rosenthal (2005) e Valdes-Vasquez e Klotz (2013) também apontam que a boa condução administrativa, organizacional e de pessoal deve constar na avaliação do projeto social, fazendo parte do mesmo, corroborando com os depoimentos levantados pelas professoras.

No tocante à existência de pessoas da comunidade na participação do projeto, as respostas foram negativas. Não houve participação de pessoas fora da escola durante os trabalhos:

Foi só professores e funcionários da escola. Todos eles participavam do treinamento. As duas escolas municipais de ensino fundamental trabalharam o projeto em suas turmas dos períodos da manhã e tarde (PROFESSORA 1).

Ao contrário do observado na entrevista, Buchholz e Rosenthal (2005) e Valdes- Vasquez e Klotz (2013) também argumentam que a participação de pessoas e profissioanis da

comunidade dentro de um projeto social agrega valor a todos os participantes, beneficiários e sociedade em torno. Essa participação não foi vista nem percebida durante a entrevista com as professoras.

Na execução das entrevistas com as professoras, o pesquisador notou que havia uma preocupação evidente por parte delas em não expor possíveis deficiências na condução do projeto, ressaltando apenas aspectos positivos do trabalho. A professora 1 ainda conseguiu se expressar com maior desenvoltura, justificando suas respostas, ao passo que a professora 2 se limitou a dar respostas sucintas, sem muitas explicações.