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Análise da Focalização das Transferências para a Amostra Total

CAPÍTULO 4: ANÁLISE DOS ÍNDICES DE POBREZA, ERRO DE

5.3 Análise dos Resultados para Amostra Total

5.3.3 Análise da Focalização das Transferências para a Amostra Total

Analisando o resumo dos resultados obtidos quando objetiva-se minimizar os índices de indigência (linha de pobreza igual a R$ 50,00 – Tabela 13) considerando a população como um todo, ou seja, utilizando todos os dados da amostra, observa-se que para reduzir o número de pobres, P0, e o hiato de pobreza, P1, devem-se adotar políticas que considerem a

composição das famílias que contêm um maior número de filhos com idade de 0 a 18 anos, de cor preta, atendendo a famílias em que o chefe não seja o chefe do domicílio (Modelo 1). Mas para minimizar o índice com maior aversão a pobreza, ou seja, reduzindo o número de famílias (pessoas) mais pobres dos pobres, P2, tem-se que adotar políticas que além de

vislumbrar atender às famílias que atendam às características descritas acima, deve-se priorizar aquelas que habitam na região Nordeste, da zona rural, que não tenham acesso a saneamento básico e coleta de lixo, mesmo que morem em domicílios (casas) próprios que tenham paredes e telhados duráveis, com acesso à energia e disponham de fogão a gás (Modelo 2).

No entanto, quando comparados os resultados para P1 e P2 com os resultados obtidos

pela aplicação do Bolsa-Família, nota-se que os índices alcançados por este programa são menores, o que sugere que os critérios de elegibilidade já adotados são mais adequados para a minimização do hiato de pobreza, P1, e do índice de pobreza FGT, P2.

Nota-se que a proporção de famílias (pessoas) que tem renda estimada menor ou igual a R$ 50,00, mas que não são beneficiadas com a transferência - erro de cobertura I, será reduzida quando adota-se políticas que busquem observar as características consideradas no Modelo 1, quando minimiza-se o número de pobres, P0, e o índice de pobreza FGT, P2.

Enquanto que, ao considerar a minimização o hiato de pobreza, P1, tem-se que adotar políticas

que estejam atentas às características consideradas no Modelo 2, ambas descritas acima. Observa-se ainda que é a adoção das características consideradas no Modelo 1 que

proporciona a menor proporção deste tipo de erro e que este se dá a um nível bem inferior ao apresentado pelo programa aqui analisado, passando de 87,2% para 58,3%.

Analisando o erro de cobertura II, que objetiva reduzir a proporção de pessoas que declara-se pobre mas que não são beneficiadas, vê-se que se deve considerar as características do Modelo 2, quando estima-se P0 e P1. Mas para a otimização de P2, o modelo mais

apropriado para reduzir a proporção deste tipo de erro é o Modelo 4 (Tabela 13). Além disso, este último modelo proporciona o menor valor para o erro de cobertura II, bem como pode reduzir este tipo de erro quando comparado com os resultados do programa Bolsa-Família, apresenta o valor de 87,2% podendo passar a 70,33%. Assim, deve-se considerar todas as características aqui analisadas, tais como características regionais, de composição da família e de propriedade de bens duráveis e acesso a serviços básicos, bem como a formação educacional e de ocupação do chefe da família, como descrito na análise dos dados urbanos.

Nota-se que o Modelo 2 dispõe dos melhores resultados para o erro de vazamento I e II, exceto pelos valores do erro de vazamento I encontrados quando minimiza-se P1 e P2, neste

caso torna-se mais adequado o uso do Modelo 3, para definir os critérios de elegibilidade deste tipo de política. Porém, somente os resultados dos erros de vazamentos I e II estimados pela minimização de P2 apresenta proporção inferior ao estabelecido pelos critérios do Bolsa-

Família, revelando-se como o mais adequado a minimizar tais erros quando minimiza-se P0 e

P1.

TABELA 13: Valores estimados para os Índices de pobreza, Erro de Cobertura, Erro de Vazamento, considerando a linha de indigência de R$ 50,00 – Amostra total.

Modelos Índices de Pobreza Erro de Cobertura Erro de Vazamento Número de Famílias Beneficiadas Número de Pessoas Beneficiadas P0 I II I II Modelo 1 0,0176 0,8356 0,8704 0,6766 0,6958 462 3340 Modelo 2 0,0200 0,8365 0,8563 0,6079 0,6513 691 3771 Modelo 3 0,0207 0,8372 0,8569 0,6089 0,6645 720 3884 Modelo 4 0,0240 0,8573 0,8604 0,6295 0,6811 716 3851 P1 I II I II Modelo 1 0,0132 0,6856 0,8236 0,6549 0,6850 1274 6387 Modelo 2 0,0133 0,6831 0,8077 0,6613 0,6785 1708 7306

Modelo 3 0,0140 0,7224 0,8274 0,6490 0,7081 1674 6615 Modelo 4 0,0167 0,7327 0,8287 0,6784 0,7360 1784 7207 P2 I II I II Modelo 1 0,0098 0,5830 0,7465 0,5622 0,5688 1049 8471 Modelo 2 0,0093 0,6912 0,7516 0,4885 0,5022 1012 7120 Modelo 3 0,0098 0,6658 0,7333 0,4880 0,5060 1148 7962 Modelo 4 0,0122 0,6538 0,7033 0,4960 0,5102 1346 9334

Fonte: Elaborado pelo autor

Obs.: Estas estimações não consideram os valores estimados de renda negativa.

M1: Modelo 1 estimado usando as variáveis do conjunto 1 (características regionais - Localização e as características demográficas e de raça).

M2: Modelo 2 estimado usando as variáveis do conjunto 2 (conjunto 1 + características que indicam acesso a serviços e a propriedade de bens duráveis).

M3: Modelo 3 estimado usando as variáveis do conjunto 3 (conjunto 2 + características de formação educacional).

M4: Modelo 4 estimado usando as variáveis do conjunto 4 (conjunto 3 + características de ocupação e composição da renda).

RQ 50: Estimação por regressão quantílica (0,5 quantil). Orçamento gasto igual a R$ 131.735,00

85.376 observações.

Quando deseja-se reduzir os índices de pobreza (linha de pobreza igual a R$ 100,00), deve-se adotar políticas que buscam observar as características consideradas no Modelo 1, ou seja, as políticas devem atender às família que têm um maior número de componentes com idade de 0 a 18 anos e que dividem o domicílio com outras famílias, de cor preta, em que o chefe da família não é chefe do domicílio. Exceto para a minimização de P2, neste caso a

política já estabelecida pelo governo na implementação do Bolsa-Família estabelece um índice de pobreza FGT pouco menor que o obtido pela simulação da otimização.

Para reduzir o erro de cobertura I e II, cada tipo de índice de pobreza apresenta resultados diferentes. A otimização de P0 não estabelece uma proporção de erro inferior ao já

estabelecido pelo programa Bolsa-Família. No entanto, as otimizações de P1 e P2, indicam que

deve-se observar as características consideradas nos Modelo 4, com exceção do erro de cobertura I estimado pela minimização de P1, neste caso o modelo mais indicado é o de

número 1, que considera as característica de localização e de composição da família. Por sua vez este modelo apresenta a menor proporção do erro de cobertura I - deve-se estabelecer políticas que busquem atender às famílias que apresentam correlações negativas entre

características e renda, tais como: deve-se atender às famílias com crianças, adolescentes e jovens de 0 a 18 anos de idade.

Mas se o objetivo é reduzir a proporção de pessoas que se declaram pobres mas que não recebem o benefício - o erro de cobertura II, deve-se buscar políticas que caracterizem os pobres considerando como critérios de elegibilidade as características presentes no Modelo 4, ou seja, a política de transferência terá que considerar todas as características analisadas neste estudo, caracterizando os pobres conforme descrito na seção anterior.

Objetivando obter menores proporções do erro de vazamento I e II, tem-se que estabelecer políticas que busquem identificar os indivíduos pobres considerando as características do Modelo 4 e 3, quando estima-se P0 e P2, respectivamente. Sendo que é o

modelo 3 que apresenta s menor proporção deste tipo de erro (Tabela 14), isto é, dá-se quando adota-se políticas em que as pessoas pobres são identificadas considerando as característica de localização, composição da família, propriedade de bens e acesso a serviços básicos, além de observar o nível educacional dos componentes da família. Esta composição reduzirá a proporção do orçamento gasto com pessoas que não são declaradamente pobres de 37,85% para 11,16% e diminuirá a proporção de pessoas que não tem renda declarada na PNAD para classifica-la como pobres, porém que são beneficiadas pelo programa, de 37,85% para 11,82%. Considerando os dois tipos de erros de vazamentos, isto equivale a uma redução de desperdícios de recursos em cerca de R$ 35.160,07 e de R$ 34.290,62, respectivamente.

Por outro lado, a estimação de P1 não dispõe proporções de vazamentos inferior ao

apresentado pelo adoção do Bolsa-Família. Porém vale relembrar que os valores dos erros de cobertura e vazamento calculados para este programa foram realizados levando em consideração algumas suposições descritas na seção 3.4, que podem sub-estimar tais proporções, assim deve-se observar esta análise comparativa com cautela.

TABELA 14: Valores estimados para os Índices de pobreza, Erro de Cobertura, Erro de Vazamento, considerando a linha de indigência de R$ 100,00 – Amostra total.

Modelos Índices de Pobreza Erro de Cobertura Erro de Vazamento Número de Famílias Beneficiadas Número de Pessoas Beneficiadas P0 I II I II Modelo 1 0,0360 0,9430 0,9193 0,3247 0,3875 343 2111 Modelo 2 0,0461 0,9428 0,9126 0,2935 0,3647 543 2717

Modelo 3 0,0466 0,9432 0,9134 0,3020 0,3838 541 2715 Modelo 4 0,0494 0,9511 0,9143 0,2495 0,3421 499 2461 P1 I II I II Modelo 1 0,0210 0,8057 0,8797 0,4121 0,4594 1807 7164 Modelo 2 0,0244 0,8217 0,8675 0,4247 0,4461 2179 8426 Modelo 3 0,0252 0,8283 0,8713 0,4370 0,4605 2134 8187 Modelo 4 0,0279 0,8302 0,8669 0,4193 0,4477 2231 8516 P2 I II I II Modelo 1 0,0158 0,8886 0,8907 0,2251 0,2332 454 4113 Modelo 2 0,0168 0,8733 0,8588 0,1142 0,1275 783 5993 Modelo 3 0,0175 0,8357 0,8330 0,1116 0,1182 1068 7834 Modelo 4 0,0202 0,8278 0,8240 0,1209 0,1323 1164 8638

Fonte: Elaborado pelo autor

Obs.: Estas estimações não consideram os valores estimados de renda negativa.

M1: Modelo 1 estimado usando as variáveis do conjunto 1 (características regionais - Localização e as características demográficas e de raça).

M2: Modelo 2 estimado usando as variáveis do conjunto 2 (conjunto 1 + características que indicam acesso a serviços e a propriedade de bens duráveis).

M3: Modelo 3 estimado usando as variáveis do conjunto 3 (conjunto 2 + características de formação educacional).

M4: Modelo 4 estimado usando as variáveis do conjunto 4 (conjunto 3 + características de ocupação e composição da renda).

RQ 50: Estimação por regressão quantílica (0,5 quantil). Orçamento gasto igual a R$ 131.735,00