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Capítulo 2. Estabelecimento de uma Metodologia de Abordagem à Lâmina Crivosa do

2 Materiais e Métodos

2.3 Análise da Lâmina Crivosa

Após a mensuração das estruturas cranianas, procedeu-se à análise direta da LC. A lâmina de cada um dos crânios foi fotografada com uma máquina fotográfica Canon EOS 600D com recurso a uma objetiva Canon 18-35 mm. As fotografias foram tiradas a uma distância de 16,5 cm (distância entre a objetiva da máquina fotográfica e o limite de corte no crânio). Como a distância entre a superfície caudal da LC e o limite de corte do crânio (dentro da cavidade craniana) não é igual para todos os crânios, a distância total entre a superfície caudal da LC e a objetiva da máquina fotográfica (DT) (somatório da distância entre o limite caudal da lâmina e o limite de corte e a distância entre o limite de corte e a objetiva da máquina fotográfica) foi tida em conta na calibração realizada posteriormente para a mensuração das dimensões da lâmina. Uma vez obtidas as fotografias, as imagens foram transferidas para meio informático sob o formato JPEG e trabalhadas com recurso a dois softwares: Photoshop CS6 (Adobe) para tratamento de imagem e Image proplus 6 (MediaCybernetics), um software de análise de imagem com diversos recursos de aquisição de imagem, contagem, mensuração e classificação automática de objetos.

Inicialmente todas as fotos foram subtidas a tratamento com Photoshop CS6. Neste software, com recurso à ferramenta “Laço”, procedeu-se ao destacamento da LC da restante imagem captada de forma a garantir que apenas esta porção é submetida a mensuração na fase posterior (Figura 21). As imagens finais da LC destacada foram guardadas mais uma vez no formato JPEG.

Figura 20: A) Identificação da largura (L) e comprimento (C) usados na determinação do IS; B) Corte de um dos

crânios com serra de fita vertical; C) Identificação do local de corte do crânio; D) Observação do aspeto cranial da cavidade craniana e superfície caudal da LC após corte do crânio.

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Antes da análise da LC propriamente dita é necessário realizar a calibração do sistema de mensuração do software Image Proplus 6 . Esta calibração tem de ser realizada para cada crânio, sempre tendo em conta a DT. O software dispõe da ferramenta “Spatial Calibration” que permite criar perfis de calibração de forma intuitiva. Sabendo a DT, um objeto cujas dimensões sejam conhecidas deverá ser fotografado a uma distância igual a este valor (Figura 22). Assim o software é capaz de criar um perfil de calibração baseado na comparação das dimensões do objeto conhecido e do objeto a ser estudado (neste caso as dimensões da LC) desde que se garanta que a distância a que a fotografia de ambos foi tirada seja a mesma. Neste caso os perfis foram criados usando como objeto de referência uma moeda de dimensões conhecidas e as unidades escolhidas foram o milímetro (mm).

Figura 21: A) Imagem original da LC e suas envolvências ósseas; B) Aplicação da ferramenta “Laço” para

destacamento da LC; C) Imagem final da LC isolada.

A)

B)

C)

Figura 22: Criação de um perfil de calibração com

recurso à ferramenta “Spatial Calibration”. Neste caso indica-se o diâmetro da moeda em mm (24,25 mm) e essa dimensão será usada como base na mensuração das dimensões da LC.

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Uma vez criado o perfil de calibração, as imagens da LC foram importadas para o software Image proplus 6 e foi selecionado o perfil de calibração com o qual a se procedeu à análise da imagem. De seguida a imagem foi submetida a um processo de segmentação através da ferramenta “Perform segmentation” que permite dividir uma imagem digital em diferentes regiões de forma a simplificar a representação da mesma e facilitar a sua análise. Neste caso o software baseia-se no histograma de distribuição de cores da imagem original para originar uma imagem binária onde os forâmenes da lâmina surgem a branco e toda a restante imagem surge e preto (Figura 23). Desta forma é muito mais simples proceder à contagem e mensuração das dimensões dos forâmenes da LC sem interferências das variações de cores observadas na imagem original. Além disso a segmentação da imagem facilita ainda uma análise qualitativa da LC, nomeadamente permitindo estudar com maior pormenor o padrão de distribuição dos forâmenes na superfície da mesma.

Uma vez pronta a segmentação, pôde proceder-se à contagem e mensuração dos forâmenes da LC. Estas operações foram realizadas com recurso à ferramenta “Count/Size” que tem de ser calibrada antes da sua utilização. Em primeiro lugar é necessário selecionar as medidas que pretendemos mensurar e ainda o intervalo de valores que queremos considerar. Neste caso selecionou-se a medida “Area” (que permite contar e mensurar a área de todos os forâmenes) e como intervalo de valores a considerar indicou-se zero milímetros (0 mm) como valor mínimo e cem milímetros (100 mm) como valor máximo para garantir que todos os forâmenes são contabilizados seja qual for a sua dimensão. Estabelecidos os parâmetros a considerar na contagem/mensuração, a ferramenta “Count automatic bright objets” permite contar e mensurar todos os objetos brancos (neste caso, os forâmenes da LC) dentro do intervalo de valores estabelecidos. Os resultados são depois exibidos através da ferramenta

Figura 23: Imagem da LC após segmentação. As zonas a branco

representam os forâmenes e as zonas a preto todo o tecido ósseo envolvente.

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“Measurement data” que indica o número total de objetos (forâmenes) contabilizados e o valor (área) de cada um deles (Figura 24).

O software oferece ainda a ferramenta “Statistics” que realiza uma análise estatística rápida da imagem segmentada, indicando, nomeadamente, as dimensões do maior e menor forâmen, média e desvio-padrão das dimensões dos mesmos bem como o somatório total dos forâmenes, ou seja, a área total ocupada pelos forâmenes na LC (Figura 25).

A partir de uma análise rápida dos forâmenes distribuídos na superfície da LC é possível perceber discrepâncias de dimensões entre os forâmenes maiores e mais pequenos. Através da ferramenta “Auto-classification” é possível dividir automaticamente os forâmenes em dois grupos, forâmenes de menor dimensão e forâmenes de maior dimensão e apresentar os resultados numa tabela (Figura 26). O limiar de classificação é a média entre o valor da área do maior e do menor forâmen (acima deste valor o forâmen é considerado grande e abaixo deste valor o forâmen é considerado pequeno).

A)

Figura 24: A) Contagem automática do número de

forâmenes: todos os objetos contados aparecem a vermelho e a identificação de cada um (1, 2,…) surge a branco; B) Pormenor de uma tabela de resultados indicando o número dos objetos contabilizados e a área de cada um deles.

B)

A)

Figura 25: Exemplo de tabela de análise estatística da

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De forma a determinar que percentagem da LC é ocupada por forâmenes, e sabendo já o valor somatório da área ocupada por todos os forâmenes da lâmina, é necessário conhecer a área total da mesma para se proceder a esta determinação. Para tal, a imagem destacada da LC é mais uma vez processada no software Photoshop CS6 onde, com recurso à ferramenta “exposição” é possível, mediante calibração deste parâmetro para valores de -20, transformar a foto da lâmina destacada numa imagem negra com o mesmo formato da lâmina original (Figura 27). Depois disto, submetendo esta nova imagem à ferramenta “Count/Size” do software Image proplus 6 e utilizando o perfil de calibração usado na abordagem à imagem original, é possível determinar a área total da LC e posterior determinação da percentagem de área ocupada pelos forâmenes na mesma.

De forma a determinar se há variações significativas entre as duas metades da LC no que toca a número e área dos forâmenes encontrados e sua distribuição, procedeu-se ainda a

A) B)

Figura 26: A) Divisão do número de forâmenes em duas

categorias: os forâmenes de menor dimensão aparecem a vermelho e os forâmenes de maior dimensão surgem a verde;

B) Tabela de resultados do número de objetos considerados de

maiores ou menores dimensões e respetiva percentagem na contagem total.

Figura 27: Imagem do perfil da LC após ser submetida à ferramenta

“exposição” no software Photoshop CS6. Nesta fase é fácil observar uma assimetria na forma e dimensões das duas metades da LC.

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uma análise idêntica à realizada para a lâmina como um todo para cada metade, direita e esquerda, individualmente (Figura 28).