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Capítulo 2. Estabelecimento de uma Metodologia de Abordagem à Lâmina Crivosa do

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3.2 Caracterização Morfológica da Lâmina Crivosa

Usando as fotografias obtidas e os softwares de tratamento de imagem referidos, foi possível transformar as LC dos seis animais em imagens digitais discretas em 2D. Estas reconstruções 2D possibilitaram uma aproximação à LC e suas características e a realização de um estudo anatómico comparativo (referente tanto à anatomia macroscópica como anatomia pormenorizada) que permitiram a definição de características gerais da morfologia da LC do cão. Em todos os animais, a LC pode ser descrita como uma estrutura côncava, perfurada, a nível do osso etmoide, no limite posterior da CN e no limite cranial da cavidade craniana. Porções de osso não perfurado suportam a superfície perfurada numa direção latero-medial. A sua superfície caudal é bissectada pela crista galli, permitindo estabelecer, lateralmente a esta, duas depressões que recebem cada um dos BO. Em cada lado da crista galli observam-se uma série de forâmenes de maiores dimensões, sendo que a LC é perfurada num plano dorsomedial por um conjunto de forâmenes também de dimensões significativas. Os forâmenes de menores dimensões distribuem-se na periferia da lâmina, em torno das regiões não perfuradas e os localizados na região central de cada metade da lâmina dispõe-se num padrão tendencialmente sigmoide (Figura 29). Embora numa primeira abordagem as duas metades da LC aparentem simetria, uma observação mais atenta e o recurso à ferramenta de segmentação permite perceber que não se estabelece uma simetria total entre estas (Figura 30).

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Figura 29: A) Foto da LC normal e B) Foto da LC segmentada. As setas vermelhas demonstram a

disposição sigmoide dos forâmenes mais pequenos no centro de cada metade da lâmina; As setas

verdes indicam as duas fileiras de forâmenes de maiores dimensões laterais à crista galli; O *

evidência a localização dos forâmenes de maiores dimensões de posição dorsomedial; As linhas azuis limitam as regiões não perfuradas em torno das quais os forâmenes de menores dimensões se dispõem.

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3.3 Análise da Lâmina Crivosa

Os valores obtidos na análise da LC dos seis crânios segundo a metodologia enunciada anteriormente estão expostos na Tabela 3:

Além dos dados da Tabela 3, procedeu-se ainda à determinação do coeficiente de correlação de Pearson (r) entre as três variáveis em estudo, que expressa a força de uma relação linear. O número de forâmenes da LC varia entre os diferentes crânios, podendo indicar-se como média para este parâmetro o valor de 143,17 ± 17,97 forâmenes por lâmina. O número de forâmenes cresce com o aumento da área de superfície da LC, com um coeficiente de correlação de Pearson de 0,47 entre as duas variáveis. A correlação entre a área total ocupada pelos forâmenes e a área total da lâmina é ainda maior (r = 0,78) permitindo estabelecer uma relação em que se pode prever a área ocupada pelos forâmenes na lâmina a partir da área da

Figura 30: A assimetria entre as metades esquerda e

direita da LC é evidenciada dividindo a imagem da lâmina segmentada em duas metades de iguais dimensões.

Tabela 3: Resultados obtidos a partir da análise das LC dos seis crânios em estudo. , Média; σ, Desvio-padrão.

(valores arredondados a duas casa decimais).

Crânio 1 2 3 4 5 6 N.º de forâmenes 170 149 114 144 141 141 Forâmenes pequenos 120 119 80 109 106 113 Menor forâmen (mm2) 0,004 0,004 0,004 0,004 0,004 0,004 Forâmenes grandes 50 30 34 35 35 28 Maior forâmen (mm2) 5,20 4,12 2,43 3,24 1,21 6,55 (mm2) 0,46 0,32 0,29 0,30 0,20 0,63 σ (mm2) 0,71 0,64 0,43 0,49 0,27 1,33

Área de superfície da lâmina crivosa (mm2) 747 547,36 612,96 586,34 579,61 679,42

Área ocupada pelos forâmenes (mm2) 78,63 47,87 32,53 43,79 28,51 89,11

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própria LC. A relação entre o número total de forâmenes da LC e a área ocupada pelos mesmos é ligeiramente menor (r= 0,54) (Figura 31). O número de forâmenes de maiores e de menores dimensões varia entre as diferentes lâminas, mas a média da percentagem de forâmenes para todas as lâminas é de 75,27 ± 4,31 % para forâmenes pequenos e 24,73 ± 4,31 % para forâmenes grandes. Em todas as lâminas a área dos forâmenes mais pequenos ronda os 0,004 mm2; já para os maiores forâmenes, a média da área é de 3,79 ± 1,9mm2. O maior forâmen encontrado apresenta 6,55 mm2 e pertence ao crânio 6. A área total ocupada pelos forâmenes é, em média, 53,41 ± 24,86 mm2, correspondendo a uma percentagem média de 8,35 ± 3,1 % da lâmina ocupada pelos mesmos.

Figura 31: Gráficos de regressão linear de relação das três variáveis em estudo. A área ocupada pela PC e a área

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Os resultados obtidos a partir do estudo individual das duas metades de cada uma das LC encontram-se expostos na tabela 4:

Nenhuma das LC estudadas apresenta simetria total entre as duas metades. De facto, as duas metades da LC diferenciam-se entre si tanto pela localização e disposição dos forâmenes (Figura 30) como pelo número total de forâmen, como evidenciado na Tabela. Tendencialmente o número de forâmenes é maior na metade direita da lâmina (em quatro das seis lâminas), assim como a área ocupada pelos forâmenes na lâmina (também em quatro das seis lâminas). No entanto a percentagem da lâmina ocupada pelos forâmenes não varia significativamente entre as duas metades da lâmina e apresenta valores médios de 8,16 ± 3,53 % para a metade esquerda e 8,48 ± 2,30 % para a metade direita, valores próximos daquilo que se observa na lâmina como um todo. O número total de forâmenes em cada lâmina não é o mesmo na Tabela 3 (contagem direta) e na Tabela 4 (somatório da contagem de cada metade). Esta diferença advém do facto de as duas metades da LC não serem simétricas. O corte realizado para a divisão das duas metades e o seu estudo individual leva à departição de um ou mais forâmenes em dois, forâmenes estes que serão contabilizado duas vezes, nas duas metades, nas suas contagens individuais (Figura 30). Esta dupla contabilização levará, obviamente, a um número total de forâmenes superior ao obtido na contagem normal. A proporção de forâmenes de maiores e menores dimensões nas metades da lâmina é de 94,23 ± 7,76 % para os forâmenes pequenos e 5,77 ± 7,76 % para os forâmenes grandes nas metades esquerdas das lâminas e 81,36 ± 10,73 % para os forâmenes pequenos e 7,75 ± 10,21 % para os forâmenes grandes nas metades direitas das lâminas.

Tabela 4: Resultados obtidos a partir da análise de cada umas das metades da LC (valores arredondados a duas

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3.4 Correlação entre as Características da Lâmina Crivosa e as