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2. Materiais e Métodos

2.4. Análise da População do Estudo

A população do estudo foi avaliada semanalmente sempre pelo mesmo médico veterinário da área de reabilitação que realizou o exame de NRF. A avaliação teve início a uma quinta-feira, após a qual foi respeitada a regra dos 7 dias. Uma vez que os animais se encontravam integrados num programa de NRF intensivo, a avaliação decorreu sempre entre o período das 17h ás 19h. A população do estudo foi avaliada segundo a EBNRF que contempla a avaliação sensorial, a avaliação dos reflexos espinhais periféricos e a avaliação do tónus muscular, que foram realizadas sempre no mesmo consultório, e com o doente colocado sempre na mesma superfície de exame, em decúbito lateral. A avaliação do movimento, a avaliação da coordenação locomotora e da proprioceção, e a avaliação de defeitos de movimento, foram realizadas num corredor delimitado de 6 metros. Por sua vez, todo o exame foi filmado como já referido na admissão da população do estudo.

No parâmetro de avaliação do movimento, os doentes que apresentavam movimento involuntário na estimulação da marcha, tinham ajuda do técnico de reabilitação com suporte do

42 peso através da elevação da cauda, enquanto os doentes que apresentavam movimento voluntário na estimulação da marcha, tinham ajuda com suporte do peso pelo peitoral.

Embora as avaliações tenham sido semanais, o balanço da taxa e do nível de recuperação funcional da população do estudo, através da EBNRF, foi feita em dois períodos específicos, às 4 semanas e às 8 semanas após o início do protocolo de NRF. Após a alta médica, todos os animais foram reavaliados ao fim de 15 dias na consulta de seguimento, tendo sido feito o balanço, através da EBNRF, entre a pontuação à saída do HVA/CRAA e 15 dias após a alta médica.

A funcionalidade foi considerada presente quando o animal era capaz de se levantar, manter estação ativa, dar no mínimo 3 passos, sendo capaz também de urinar e defecar voluntariamente, ou com uma pequena ajuda do tutor.

2.5.

Escala Básica de Neurorreabilitação Funcional (EBNRF) de

avaliação e monitorização de cães com lesão toracolombar

De modo a preencher os critérios referidos na introdução dos materiais e métodos, a escala foi elaborada com base nos padrões de evolução dos doentes com lesão medular toracolombar descritos na área das neurociências e nos padrões de evolução observados ao longo de 10 anos por parte do médico veterinário da área de reabilitação, pertencente ao HVA/CRAA.

A EBNRF é uma escala de pontuação (de 0 a 4) que abrange 5 categorias essenciais na avaliação de um doente neurológico: a avaliação sensorial, a avaliação dos reflexos espinhais periféricos, a avaliação do tónus muscular, a avaliação do movimento e a avaliação da proprioceção e coordenação. Sendo a EBNRF, uma escala de pontuação, a avaliação final de um cão com lesão toracolombar consiste na soma dos pontos referentes a cada categoria, que por sua vez permite categorizar os animais quanto ao prognóstico, em mau prognostico, prognostico moderado e bom prognostico. Por sua vez, todos os cães classificados com bom prognóstico foram integrados numa 6ª categoria da EBNRF que se refere à avaliação de defeitos de movimento, de modo a permitir reajustes no protocolo de NRF, com o objetivo de reduzir os défices neurológicos residuais e aumentar a funcionalidade do doente (tabela 4).

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TABELA 4 ESCALA BÁSICA DE NEURORREABILITAÇÃO FUNCIONAL (EBNRF) DE AVALIAÇÃO E MONITORIZAÇÃO DE CÃES COM LESÃO TORACOLOMBAR

Escala Básica de Neurorreabilitação Funcional (EBNRF) de avaliação e monitorização de cães com lesão toracolombar

Avaliação Sensorial

Sensibilidade à dor profunda ausente nos dígitos, períneo e vulva 0

Sensibilidade à dor profunda ausente nos dígitos, e diminuída no períneo e vulva. Sensibilidade à dor superficial ausente

1 Sensibilidade à dor profunda ausente/diminuída nos dígitos, e presente no períneo e vulva. Sensibilidade à dor superficial diminuída

2 Sensibilidade à dor profunda ausente/diminuída nos dígitos, e presente no períneo e vulva. Sensibilidade à dor superficial presente

3

Sensibilidade à dor profunda presente nos dígitos, períneo e vulva 4

Avaliação dos Reflexos Espinhais Periféricos

Arreflexia 0

Reflexo patelar e reflexo tibial cranial diminuídos, mas reflexo flexor ausente 1

Reflexo patelar, reflexo tibial cranial e reflexo flexor diminuídos 2

Reflexo patelar e reflexo tibial cranial normal/aumentados, mas reflexo flexor diminuído, e reflexo extensor cruzado ausente/presente

3

Reflexos espinhais periféricos normais 4

Avaliação do Tónus Muscular

Hipotonicidade dos músculos extensores e flexores, sem estação ativa assistida 0

Hipertonicidade dos músculos extensores e hipotonicidade dos músculos flexores, com estação ativa assistida, mas sem estação ativa

1 Espasticidade dos músculos extensores e hipotonicidade dos músculos flexores, com estação ativa, mas com movimento passivo difícil a ausência de ROM

2

Hipertonicidade dos músculos extensores e hipotonicidade dos músculos flexores, com estação ativa, mas com alguma resistência ao movimento articular (com redução de cerca de 50% do ROM)

3

Tónus muscular dos músculos extensores e dos músculos flexores normal ou ligeira hipotonicidade dos músculos flexores, com estação ativa

4

Avaliação do Movimento

Movimento voluntário/involuntário ausente dos MP no TR, TRA e marcha 0

Movimento voluntário ausente dos MP no TR, TRA e marcha, mas movimento involuntário presente dos MP no TR e TRA, mas ausente em marcha

1

Movimento voluntário ausente dos MP no TR e marcha, mas presente no TRA, e com movimento involuntário presente dos MP no TR, TRA e marcha, embora sem estação ativa e não se levante

2

Movimento voluntário presente dos MP no TR e TRA, mas ausente na marcha, e com movimento involuntário presente dos MP no TR, TRA e marcha, embora com estação ativa, mas não se levante

3

Movimento voluntário/involuntário presente dos MP no TR, TRA e marcha, com estação ativa e levanta-se

4

Avaliação da Coordenação locomotora e da Proprioceção

Coordenação entre MT e MP < 10% do tempo*; +/- DPP 0

Coordenação entre MT e MP entre 10-25% do tempo*; +/- DPP 1

Coordenação entre MT e MP entre 25-50% do tempo*; sem DPP 2

Coordenação entre MT e MP entre 50-75% do tempo*; sem DPP 3

Coordenação entre MT e MP 󠄑> 75% do tempo*; sem DPP 4

Mau Prognóstico (0-9) Prognóstico Moderado (10-14) Bom Prognóstico (15-20)

Subclasse para doentes com Bom Prognóstico

Avaliação de Defeitos de Movimento

Cruzamento dos MP e/ou arrastamento dos MP e/ou marcha em base ampla > 75% do tempo*

0 Cruzamento dos MP e/ou arrastamento dos MP e/ou marcha em base ampla entre 50-75%

do tempo*

1 Cruzamento dos MP e/ou arrastamento dos MP e/ou marcha em base ampla entre 25-50%

do tempo*

2 Cruzamento dos MP e/ou arrastamento dos MP e/ou marcha em base ampla entre 5-25% do

tempo*

3 Cruzamento dos MP e/ou arrastamento dos MP e/ou marcha em base ampla < 5% do

tempo*

4

Legenda: TR – tapete rolante; TRA – tapete rolante aquático; ROM – range of motion; MP – membros pélvicos; MT – membros torácicos; Tempo* – tempo de o doente percorrer 6 metros; DPP – défice de posicionamento propriocetivo

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